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quarta-feira, 3 de junho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ESPERANÇA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E OS FUNDAMENTOS CIVILIZATÓRIOS NOS NOVOS HORIZONTES DA SUSTENTABILIDADE


“Manifesto de esperança
        Em tempos de pandemia da Covid-19, temos consumido muitas informações, sobretudo as vinculadas na internet. De que modo reagimos às intempéries? Como bom mineiro, me faço a seguinte pergunta: como nosso espírito mineiro enfrenta tudo isso?
         Trazemos conosco a mesma realidade do rio, que contorna os percalços e acidentes geográficos. Na linguagem atual, o mineiro é resiliente. A resiliência é a capacidade de se recuperar de situações difíceis e aprender com elas. É o poder de recuperação diante dos desafios.
         Minas é marcada pelas montanhas e acidentes geográficos. As Gerais, ao contrário, têm uma vegetação rala, mais seca, mais planícies. Ambas trazem, a seu modo, as dificuldades em seu bojo. Político mineiro e mais longevo ministro da educação do Brasil, Gustavo Capanema retrata um pouco além: “no do Sul, a calma, a paciência, a serenidade; no da Zona da Mata, a bravura, a dureza, a teimosia, a energia, a pugnacidade; no das montanhas e da mineração, o idealismo, o sonho, a filosofia, o quixotismo.”.
         O mineiro não enfrenta, não bate de frente, encarapaça-se, engaiola-se para não se magoar, nem se ferir, nem ferir o outro. Sente antecipadamente a dor do seu próximo. É a forma que encontra de cuidar carinhosamente do seu semelhante. O quanto isso é valioso agora! Para isso, é preciso força. Aquela que vem de dentro da gente e que, se a gente acredita, brota como uma semente lançada.
         O olhar que se volta para os desafios de hoje é o mesmo que se dirige para o horizonte e nos traz a esperança de que seguiremos nessa odisseia humana para tempos mais fraternos, mais geradores de vida. Por isso é preciso ter clareza de que precisamos seguir uma rotina adaptada ao momento, fazer coisas que nos dão prazer, não nos isolar do contato afetivo, pelos meios possíveis, e ter consciência de que este momento vai passar.
         Mineiro reclama, esbraveja. Faz isso como um desabafo, mas logo está disposto a recomeçar. Ele é um louco-teimoso! Mas, ao mesmo tempo, tem a paciência de esperar e prosseguir renovando suas energias. É assim que a cor da esperança do mineiro tem a marca de sua persistência e ânimo. Esperamos um amanhã, breve e cheio de reencontros.
         O escritor mineiro Rubem Alves, ao se perguntar onde está sua esperança, escreve: “Minha esperança está numa multidão de indivíduos, independentemente do seu lugar social ou econômico, que vivem possuídos pelo sonho da vida, da beleza e da bondade”. Por isso, esperança, Minas Gerais! Siga sua missão, levadas por bons mineiros e mineiras de alma e corações leves, porque os dias logo voltarão ao normal.”.

(Geraldo Trindade. Bacharel em filosofia e teologia e padre na Arquidiocese de Mariana, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, página A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Em breve
        A passagem da pandemia deixará o mundo diferente. As previsões são de um ambiente socioeconômico revolto, segundo a McKinsey & Company, uma das maiores consultorias de gestão, que atende as mais importantes corporações e fundações do planeta. Distribuiu aos seus clientes no mês de maio um estudo global de tendências comportamentais e mercadológicas decorrentes da pandemia e no qual analisa o quadro que desponta no horizonte pós-Covid-19.
         Nas considerações iniciais encontram-se a China e o continente asiático, passando pela Europa, pelo Norte e pelo Sul da América, seguindo o percurso do coronavírus e traçando os momentos vivenciados em cada país.
         O estudo lista as perdas dos setores econômicos mais atingidos. Em primeiro lugar a indústria aeronáutica, seguida por petróleo e gás, instituições bancárias, seguradoras, automotivo, moda, agricultura, financeiro, eletroeletrônicos, alimentação. Só a tecnologia digital não perdeu espaço, e apenas o farmacêutico cresceu – 20%.
         A queda do PIB prevista para 2020 encontra o Brasil como o país mais penalizado do planeta, com queda de 8,6%, e o menos impactado, a China, com queda de 4,4%. A média mundial é prevista em 6,5% em relação a 2019. Nessa triste realidade pesa a qualidade dos políticos nacionais. Se em outros países se uniram contra o inimigo (Covid-19), aqui a instabilidade levou a maioria a se aproveitar para incendiar o ambiente. Sempre usando da estratégia surrada do “quanto pior, melhor”, dos pedidos de impeachment. Políticos sem responsabilidade social, refratários às consequências, com visão que não vai além do próprio umbigo, blindados em salários e prerrogativas escandalosas, despreparados moral e socialmente.
         Se a China voltará aos níveis de produção de 2019 já em 2021, a previsão da McKinsey para o Brasil é de retornar ao “antes” apenas em 2023. Os três meses de isolamento custarão três anos para recuperar a perda de empregos e receitas públicas. Mais uma vez o despertar do gigante, deitado em berço esplêndido, sofrerá atraso imperdoável.
         Os Estados Unidos e a Europa também se recuperarão plenamente apenas em 2023.
         A China já está batizada a conquistar mais penetração nos mercados globais com suas gigantescas corporações, as mais capitalizadas, e, ainda, apoiadas por um governo centralizado, determinado e sem oposição interna. Superará em ordem de grandeza os rivais e assumirá o vértice mundial.
         O Brasil desponta como uma das fronteiras de expansão dos interesses da China, com destaque para matérias-primas estratégicas e produtos agrícolas que abastecem suas distantes indústrias de transformação e alimentam 1,4 bilhão de habitantes.
         O Brasil, que prefere exportar seus recursos em vez de transformá-los, que abdicou de seu potencial estratégico, será teatro de uma nova colonização asiática.
         A previsão de retorno à plena normalidade sanitária é prevista para o fim de 2021, quando uma vacina deverá desmontar as medidas excepcionais. Até lá não se registrarão novas explosões de contágio, mas retornos de ocorrências que encontrarão barreiras numa população mais prevenida, protegida e retraída.
         Viajará menos, consumirá em casa, cuidará mais de sua estética, ficará mais tempo no mundo virtual, consumirá mais alimentos frescos, privilegiará a proteção de sua saúde, escolherá produtos mais econômicos, confortáveis, ambientalmente corretos.
         Assistiremos a uma escalada de atitudes para ter ar e águas mais limpas, de cuidados com a reciclagem, com produtos sustentáveis que colaboram com a despoluição do planeta e do clima.
         As fontes energéticas renováveis deixarão o carvão e o petróleo como última e rara opção em 2030.
          O consumo será mais consciente, as compras pela internet crescerão em ritmo vertiginoso, e as pessoas exigirão informações claras do que vão consumir. A fidelidade às “marcas” sofrerá uma reviravolta, a afetividade com as antigas poderá ser substituída por uma ligação mais forte com outras marcas alinhadas com o “novo” tempo. Nisso uma oportunidade enorme para quem souber entender a nova onda.
         A incerteza econômica levará à procura por lojas e marcas com preços menores, que ofereçam uma relação custo-benefício mais conveniente. Entretanto, a “origem correta” e consoante a sustentabilidade ambiental pesará nas escolhas como nunca, em detrimento do preço.
         A permanência em casa com a família crescerá, pois nelas se terá um local mais seguro, sem risco de contágio. Disso as melhorias habitacionais e adaptações das residências para atividades profissionais e de convivência prolongada com seletas companhias.
         As metrópoles, em geral poluídas e barulhentas, perderão seu apelo. Haverá migração para locais “naturais”, que ofereçam saúde e qualidade de vida, e acessibilidade.
         O estudo detecta que as empresas “resilientes” terão oportunidade de se expandir em detrimento das mais conservadoras e acomodadas.
         A consultoria McKinsey sugere a urgência em qualquer empreendimento de reequilibrar custos, fechar setores não estratégicos, enxugar despesas, repensar as rotinas, rever a linha de produtos, simplificar, reinventar à luz da nova realidade.
         Dois terços dos entrevistados acham “mais importante do que antes limitar impactos de mudanças climáticas”.
         A experiência pandêmica deixará, em breve, as empresas realmente resilientes, mas contundentes em revelar seus propósitos, em gerar ação, tomar partido e reforçar a conexão afetiva com os consumidores, as vencedoras do novo tempo.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, em abril, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





quarta-feira, 23 de maio de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TRANSCENDÊNCIA NA ARTE DA COMUNICAÇÃO E OS DESAFIOS DA INTERNET NA SUSTENTABILIDADE


“A arte da comunicação
        Estamos constantemente aprendendo a nos comunicar, a desenvolver diariamente a capacidade de nos relacionar saudavelmente com as pessoas. Comunicar é a comunhão de ideias, objetivos, conflitos, concordâncias e discordâncias. Comunica-se também pelo olhar, pelo silêncio, pelos gestos. Pode levar a algum resultado ou a lugar nenhum. E por mais informal que seja determinado encontro, a comunicação revela a sua presença, a sua importância e a sua delicadeza.
         Uma palavra mal colocada, uma expressão mal usada pode ser a semente de um conflito mais pesado. E os gestos falam, traduzindo o que é dito pela boca ou escutado pelos ouvidos. Uma fala alegre em uma expressão corporal fechada e sisuda mata o que está sendo dito. Comunicar é a participação do cérebro e do corpo, transmitindo e recebendo mensagens.
         Transversalmente a uma boa comunicação está a capacidade de interação, a habilidade de estar inteiro e, principalmente, a intenção sincera voltada para a construção de algo. Interagir com conceitos prontos sobre as pessoas é destruir a comunicação saudável. A ideia é não julgar quem quer que seja. Segundo Marshall Rosenberg, psicólogo americano, criador do método Comunicação Não Violenta, é necessário observar, sentir e contactar com a própria necessidade em nossos encontros, em vez de julgar e analisar. O autor acrescenta que escutar profundamente a nós mesmos e aos outros promove o respeito, a atenção e a empatia.
         Ele define a empatia como a “compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo”. Estar inteiro em um encontro formal ou informal é a anterioridade para uma boa comunicação. Rubem Alves nos convida a jogarmos frescobol em nossas relações. O frescobol é uma atividade que cada jogador torce para o outro acertar a bola, em contraposição ao tênis, que os jogadores jogam para vencer o adversário, tentando identificar o seu ponto fraco. Jogar frescobol nas relações, buscando o melhor do outro, é a base para uma comunicação saudável.
         Segundo Marshall Rosenberg o modo como as pessoas falam, a entonação de voz utilizada, a intensidade usada, bem como a capacidade de escutar e de estar inteiro na relação é a chave para a resolução de conflitos. Ocorre que as pessoas, em sua maioria, aprenderam a julgar, a ridicularizar, a competir, a querer mostrar que são mais importantes que as outras, a vangloriar seus atributos em detrimento da qualidade das outras pessoas.
         Em seu livro Mindset, a psicóloga da Universidade de Stanford Carol Dewek propõe uma mudança de modelo mental, de um mindset fixo recheado de preconceitos, verdades absolutas, crenças limitadoras, punições e culpas por erros cometidos para um midset de crescimento repleto de possibilidades, de infinidades, onde o erro é parte da história e importante no processo de aprendizado.
         Propõe a eliminação de rótulos como “você é inteligente” ou “você é burro” para uma referência voltada para o incentivo à dedicação e capacidade de alcançar resultados pelo esforço. Ser ou não ser inteligente são é o que interessa e sim o esforço que está sendo feito para alcançar algo. Se estivermos à capacidade intelectual do outro e não a suas possibilidades de crescimento como pessoa, a comunicação estará fadada ao insucesso.
         Portanto, a maneira de pensar, os valores e crenças interferem na condução da comunicação. Procure estar disponível, aberto, inteiro e sem armadilhas ou defesas em seus relacionamentos. Deixo um último recado que vem do eminente psiquiatra e terapeuta familiar sistêmico Milton Erickson, que propõe às pessoas tornarem-se inocentes sem serem ingênuas.”.

(MÁRCIO ANDRADE BORGES. Psicólogo, mestre em administração, sócio da RH Pequenas Empresas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de maio de 2018, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de maio de 2018, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de RODRIGO CRISTIANO ALVES, professor de jornalismo, publicidade e propaganda do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste), e que merece igualmente integral transcrição:

“Se está na internet, questione!
        ‘Se está na internet, então é verdade’. Talvez seja o jargão mais ouvido nos últimos anos, principalmente depois que inventaram as mídias sociais (porque rede social já existia desde que o mundo é mundo e, o melhor, ela não passa de uma rede de conhecidos e amigos), só que poderíamos dizer que temos uma rede social digital. E as mídias digitais se tornaram um celeiro de produção de mentiras.
         Convenhamos, gostamos sim de uma mentira e, muitas vezes, contamos uma. Faço uso das palavras de Joseph Goebbels, o assessor de comunicação de Hitler, que dizia que uma mentira contada mais de mil vezes se torna uma verdade. Não se trata de um incentivo à mentira, mas uma constatação de que somos tendenciosos a acreditarmos no que se repete à exaustão. O dito popular diz que “a mentira tem perna curta”, mas na internet as mentiras costumam ter pernas bem longas e andam numa rapidez impressionante, na verdade, na velocidade de um clique.
         Sabemos que, desde os primórdios da civilização, a mentira foi utilizada sozinha ou juntamente com a força para a manutenção e/ou conquista do poder. E sobre as mídias essas sempre tiveram papel preponderante também para ajudar a proliferar notícias falsas, seja por meio digital ou impresso. O jornalismo sensacionalista ou os “tabloides”, que em determinado momento já assumiram noticiar mentiras, maquiaram verdades ou proferiram pós-verdades por motivos econômicos e/ou políticos. Ganharam anabolizantes e estão cada vez maiores e mais fortes.
         A fake News, que deixou de ser exclusividade das mídias sensacionalistas, agora pode ser feita por qualquer pessoa com um computador ou celular na mão e uma ideia na cabeça. A facilidade de criação de sites e o fenômeno de propagação das notícias por qualquer pessoa, além da disseminação instantânea das notícias, alimentou de forma assustadora esse fato. Mas como nasce uma fake News? A receita é simples: apresente um título sensacionalista, termos técnicos que transmitam minimamente veracidade, palavras de ordem, como cientistas britânicos afirmam, a Nasa noticiou, ou frases imperativas iniciadas com: cuidado, fiquem atentos, é preciso proteger (...).
         Ainda é interessante salientar que, no caso das fake news, o poder do anonimato é utilizado para divulgar notícias negativas, degradantes, difamadoras e, como às vezes se tratam de equipes profissionais armadas de técnicas e de softwares, elas conseguem “gritar” mais alto na Internet, criando um verdadeiro desequilíbrio. Ou seja, a proteção de uma tela pode suprimir o medo de ser descoberto como autor da notícia falsa.
         WhatsApp, Facebook, Instagram, Twitter, Blogs, sites, Youtube, não importa a mídia, a fake news estará lá e de forma onipresente e podemos atribuir esse fenômeno à tão recente e desejada inclusão digital. Quase todos, agora, têm acesso à internet e, consequentemente, podem cair nas mentiras, ou criá-las. Grupos de Whatsapp e Facebook lideram o ranking das notícias falsas, principalmente pelo fato do poder de compartilhamento. Às vezes, não é preciso compartilhar, o próprio algoritmo da internet se encarrega de lhe apresentar algum post publicado por seus amigos ou conhecidos, que contenham informações mentirosas. O que acontece é que o sistema não reconhece se é verdade ou não, apenas lhe apresenta o conteúdo com base nos seus interesses, curtidas em publicações, pesquisas na internet, quem você segue ou que o você comenta.
         Agora, com a polarização política, não só no Brasil, mas em todo o mundo, e com as vozes polifônicas da internet, as fake news têm criado um novo profissional em produzir notícias falsas para determinados grupos partidários, confundindo o eleitorado e quase obrigando (ou não) à escolha de um lado. Podemos, inclusive, citar a comissão especial criada nos Estado Unidos que investiga o fenômeno da interferência da internet nas últimas eleições presidenciais americanas, que levaram ao poder Donald Trump. Agora, imagina o que a pós-verdade e a fake news farão no Brasil nas eleições desse ano. Cuidado com os bots, fake news, trolls e haters.
         Essa bolha que as redes sociais nos colocam mostra a interferência direta no nosso comportamento social: de dar voz aos que encontram seus pares na internet e compartilham do seu ódio e preconceito de forma coletiva, que dá voz às minorias (que é um fenômeno positivo), que reforça crenças, mesmo que equivocadas. Estamos sendo acalentados pelo algoritmo que nos apresenta novos mundos, que pode nos dar mais conhecimento e talvez menos sabedoria, e que nos deixa menos humanos. Isso tem mudado o mundo, não sei se para melhor ou para pior. De qualquer forma, sempre que estiver navegando na internet e uma “bruxa malvada” ou uma “serpente” lhe oferecer uma suculenta maçã faça três perguntas básicas: quem produziu essa maçã? Ela vem de plantações confiáveis? O que querem me oferecer por meio dessa maçã? Na dúvida, não aceite, ou melhor, questione! Não é só porque está na internet que a informação é verdadeira.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em abril, chegou a 2,76%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





        
          

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ NA TRAVESSIA PARA A HARMONIA E A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA NA SUSTENTABILIDADE

“O sentido da vida não se perde por 
causa da desordem da corrupção
        Quem olha o panorama brasileiro sob a ótica da ética não deixa de ficar desolado e entristecido.
         Um presidente não é apenas portador do poder supremo de um país. O cargo possui uma carga ética. Ele deve testemunhar os valores que quer que seu povo viva. Aqui temos o contrário: um presidente tido por corrupto não só por acusação de políticos, mas por investigação séria da Polícia Federal e de outros órgãos, como o Ministério Público. Mas, devido, à desmesurada vaidade do cargo e à total falta de respeito ao país, ele se mantém à base de corrupção feita à luz do dia, comprando votos de deputados e oferecendo outras benesses. E os deputados, gaiamente, se deixam corromper, aproveitando a ocasião para conquistar funções e outros benefícios. A República apodreceu de vez. Temos que refundar o Brasil sobre outras bases.
         A despeito disso tudo, não deixamos a esperança morrer, embora, nesse momento, no dizer de Rubem Alves, trate-se de uma “esperança agonizante”. Mas ela ressuscitará dessa agonia e nos resgatará um sentido de viver. Se perdermos o sentido da vida, o próximo passo poderá ser o completo cinismo e, no termo, o suicídio.
         A despeito da desesperança e da existência do absurdo diante do qual a própria razão se rende, acreditamos ainda na bondade fundamental da vida. O homem comum se levanta, perde precioso tempo de vida nos ônibus superlotados, vai ao trabalho, luta pela família, se preocupa com a educação de seus filhos, sonha com um Brasil melhor, é capaz de gestos generosos e, em casos extremos, arrisca a vida para salvar um inocente. O que se esconde atrás desses gestos cotidianos e banais? Esconde-se a confiança de que, apesar de tudo, vale a pena viver porque a vida, em sua profundidade, é boa e foi feita para ser levada com coragem, a qual produz autoestima e sentido de valor.
         Há aqui uma sacralidade que não vem sob o signo religioso, mas sob a perspectiva do ético, do viver corretamente. O sociólogo austríaco-norte-americano Peter Beger escreveu um livro brilhante, relativizando a tese de Max Weber sobre a secularização completa da vida moderna, com o título “Um Rumor de Anjos”: A Sociedade Moderna e a Redescoberta do Sobrenatural” (Vozes, 1973). Aí descreve inúmeros sinais que mostram o sagrado da vida e o sentido que ela sempre guarda, a despeito de todo caos e dos contrassensos históricos.
         Trabalho apenas um exemplo que me vem à mente, banal e entendido por todas as mães que acalentam seus filhos. Um deles acorda sobressaltado: teve um pesadelo, percebe a escuridão, sente-se só e é tomado pelo medo. Grita pela mãe. Esta se levanta, toma o filho no colo e, no gesto primordial da magna mater, cerca-o de carinho e de beijos, fala-lhe de coisas doces e sussurra: Meu filhinho, não tenhas medo; sua mãe está aqui. Está tudo bem e está tudo em ordem, meu querido”. O menino deixa de soluçar. Reconquista a confiança da noite e um pouco mais e mais um pouco, adormece.
         Essa cena tão comum esconde algo radical que se manifesta na pergunta: será que a mãe não está enganando a criança? O mundo não está em ordem, nem tudo está bem. Contudo, estamos certos: a mãe não está enganando seu filhinho. Seu gesto revela que, não obstante a desordem, impera uma ordem mais fundamental. O conhecido pensador Eric Voegelin, em “Order and History” (1956), mostrou magistralmente que todo ser humano possui uma tendência essencial para a ordem.
         A tendência para a ordem implica a convicção de que a vida possui sentido. Que, no fundo da realidade, não vigora a mentira, mas a confiança, o consolo e o derradeiro aconchego.
         Assim, cremos que, acabado o tempo da grande desolação por causa da corrupção que destrói a ordem, voltaremos a celebrar e desfrutar o sentido bom da existência.”.

(LEONARDO BOFF. Teólogo e filósofo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de novembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de novembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de ADRIANO GIANTURCO, professor de ciência política do Ibmec/MG, e que merece igualmente integral transcrição:

“Os políticos e os cidadãos
        O prêmio Nobel de economia deste ano foi atribuído a Richard Thaler por seus trabalhos sobre racionalidade e economia comportamental. Ele teria demonstrado que os agentes econômicos não são “perfeitamente racionais”, como nos modelos mainstream, e que às vezes (ou muitas) cometem erros cognitivos e tomam decisões subótimas. Thaler e outros economistas comportamentais alegam que, então, o Estado poderia nos ajudar a tomar decisões melhores.
         Do ponto de vista da ciência política, esbarra-se em um problema tão banal quanto grave: o Estado é uma organização feita de pessoas que também têm desejos, interesses, ambições, falhas de caráter e erros cognitivos, tanto quanto os cidadãos, ou mais.
         Recentemente, os dinamarqueses Dahlmann e Petersen aplicaram um questionário a 954 políticos (dinamarqueses) mostrando dados de performances de escolas privadas e estatais. Para um grupo, as escolas foram chamadas “escola A” e “escola B”, para outro grupo “escola privada” e “escola estatal”. Perguntava-se quanto eles achavam que fosse a satisfação dos pais. No primeiro caso, foram capazes de responder corretamente; no segundo caso, não. Explicitar que algumas eram estatais e outras privadas os levou a responder segundo as próprias ideologias prefixadas. Até aqui, só confirmações de estudos já conduzidos no passado. Mas aí os dois pesquisadores aprofundaram a questão dando mais dados. Desta vez apresentaram elementos sobre o sucesso pós-operatório de hospitais privados e estatais. Resultado: os políticos que receberam mais informações, mesmo se refutassem as próprias convicções, erraram ainda mais, ou seja, distorceram as informações para suportar os próprios preconceitos.
         À cegueira ideológica se adicionam interesses privados e ignorância. Em Democracy e Political Ignorance, Ilya Somin mostra que votantes (vulgo eleitores) e políticos são igualmente ignorantes sobre política. Os segundos sabem mais de tecnicalidades de bastidores e de politics, mas pouco ou nada de policy. Afinal, quem os elege são esses mesmos eleitores ignorantes. Aí fica o dilema: as pessoas não seriam capazes de decidir para si, mas saberiam escolher um político que depois vai decidir eficientemente para ele e para os outros também.
         Em The myth of rational voter, Bryan Caplan demonstra que os votantes não erram casualmente de um lado e de outro, mas erram sistematicamente, apresentando um viés antimercado, um viés pró-emprego (em lugar de pró-produtividade) e um viés antiestrangeiro (ambos em questão de imigração e de abertura comercial), levando a decisões ineficientes para eles mesmos.
         Na mesma linha, Jason Brennan adiciona em The ethics of voting; Aganist Democracy e Compulsory voting como os votantes podem ser ignorantes, como tendem a votar mal e como, então, quando mais pessoas votam a qualidade média do voto cai. Ignorância, interesse privado e ideologia aqui também.
         Sobra uma terceira hipótese: nem os políticos, nem os votantes, mas os técnicos/burocratas. Como se eles também não respondessem a interesses privados, como se não fossem corruptíveis, como se tivessem informação perfeita para eles e para 200 milhões de pessoas, como se não fossem seres humanos imperfeitos.
         Weber e Mises já mostraram, faz tempo, como os burocratas tendem a focar em procedimentos (e não em resultados) e a fazer uma carreira política (e não meritocrática).
         William Niskanen dedicou a vida toda ao estudo da burocracia e demonstrou, amplamente, que burocratas respondem a lobistas e aos chefes políticos (e não ao usuário), têm incentivo a ampliar sempre mais a própria esfera de poder, a pedir sempre mais dinheiro, a não resolver o problema (pois acabaria a necessidade do emprego dele), a trabalhar menos e ganhar mais.
         Miglio mostra como os burocratas tendem a aumentar o gasto estatal, pois são pagos por meio dos impostos, e a votar para quem beneficia a classe estamental.
         Allison mostra que os técnicos decidem também levando em conta ciúmes entre colegas e a própria sobrevivência na organização burocrática.
         Portanto, não há alternativas, estamos condenados a errar sozinhos ou a receber ordens erradas de cima.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro/2017 a ainda estratosférica marca de 332,38% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,29%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em outubro, chegou a 2,70%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...