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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A CIDADANIA, A SAÚDE ALIADA À SIMPLICIDADE E A ÂNCORA DA LIBERDADE

“A saúde e as pequenas coisas
        Em 1913, William Osler, um dos grandes médicos da humanidade, proferiu uma conferência para os estudantes de medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, em que defendia uma filosofia de vida que, em suas palavras, “é um hábito a ser adquirido de modo gradativo, repetida e frequentemente; é a prática de viver só o dia de hoje e para o trabalho do dia; viver a vida de cada dia.” Uma proposta que segue uma linha parecida com o conselho do poeta Horácio à sua amiga Leucone: carpe diem (colha, aproveite o dia), com adaptações e aprimoramentos para a prática médica. Seguindo essa mesma linha, diversos movimentos desenvolveram, cada um a seu modo, a proposta de viver cada dia com suas demandas. Um dos exemplos é o Alcoólicos Anônimos, surgido em 1935, que tem como uma de suas orientações viver o presente: “Só por hoje”. De forma semelhante, existem outros movimentos filosóficos e religiosos que trabalham nessa perspectiva.
         As palavras de Osler, ditas no século passado e reforçadas por várias iniciativas no campo da saúde e de outras áreas sociais, podem parecer ultrapassadas e óbvias para alguns. Para outros, soam como algo inalcançável e descolado da realidade atual, tão cheia de novidades, correrias e avanços tecnológicos. Entretanto, não obstante as diferentes observações e críticas, temos que admitir que nos trazem um convite à reflexão: muitas vezes preocupados com o que passou ou com o que virá, deixamos escapar a oportunidade de viver as pequenas coisas do cotidiano.
         Pode parecer estranho para alguns, mas existe uma forte relação entre a saúde e as pequenas coisas. Os pequenos gestos de atenção, de acolhimento e de alegria são geradores de saúde. Os esforços para perdoar, compreender, ter compaixão do outro, ser mais tolerante e ético contribuem também para uma vida mais saudável. Por outro lado, tem sido comentado vastamente que uma vida construída na raiva, na mágoa e no estresse tem probabilidade bem maior de resultar em doenças psicossomáticas.
         As palavras de Osler são sábias: “Um hábito a ser adquirido de modo gradativo, repetida e frequentemente”. Hoje, costumamos falar em comportamento aprendido, em mudança cultural, entre outras expressões. Sem dúvida, um desafio. É certo que muitas vezes os problemas da vida, as dificuldades que nos acometem, podem nos tirar a tranquilidade e a serenidade. Deixamos escapar as oportunidades de realizar pequenos gestos de carinho e atenção. Mas isso faz parte do humano. O importante é não perdermos o foco, o que vale para a nossa vida particular e para as nossas relações na sociedade.
         No âmbito sociopolítico e econômico, com tristeza observamos nos acontecimentos atuais como as pequenas coisas foram negligenciadas. Atitudes de respeito e ética ficaram no esquecimento. O desejo desenfreado em obter vantagens e satisfazer os próprios interesses tem conseguido causar sofrimento e indignação a uma nação inteira. O país está doente.
         No que diz respeito aos atendimentos da área da saúde, observamos que muitas demandas, mesmo que não percebidas e admitidas prontamente pelas pessoas, têm como pano de fundo os desencontros, as culpas e as insatisfações, sobretudo relacionadas às relações interpessoais, muitas vezes tensas e sem calor humano.
         O desafio de dar novo sentido e significado às pequenas coisas do dia a dia está presente na caminhada de todos nós. Para uns mais, para outros menos. É uma reflexão que cada um deve fazer e tem também a ver com o olhar sobre a vida e a capacidade de fortalecer as escolhas feitas ou de caminhar em direção a outros rumos, exercendo a liberdade.
         A valorização das pequenas coisas é fundamental para a construção de relações fraternas e solidárias nos ambientes familiar, de trabalho e na sociedade. O exercício diário, de viver as pequenas coisas e “a vida de cada dia”, como dizia Osler, certamente resultará em saúde e em melhor qualidade de vida.”

(ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO. Médico, mestre em medicina, professor do curso de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de setembro de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de DEBORA ROICHMAN, presidente do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte (IFL), e que merece igualmente integral transcrição:

“Liberdade, ainda que tardia
        Mais ou menos engajados, brancos ou negros, patrão ou empregado, participantes ou não de manifestações e panelaços, a sensação de mal-estar é generalizada. Estamos fartos, entojados do combo ineficiência, mentira, omissão, corrupção, inflação, recessão e desemprego. A que ponto precisaremos chegar?
         O Brasil parece estar preso ao estigma do país do futuro. Em um passado não muito distante, pensou-se  que decolaríamos como na imagem do Cristo estampada na capa do The Economist e, de fato, houve crescimento e desenvolvimento social. Crescemos, sim, com crédito farto e barato, incentivo ao consumo e surfamos no boom das commodities. Investimentos em infraestrutura e as reformas ficaram em segundo plano.
         No melhor estilo pão e circo, as boas notícias e o clima favorável foram utilizados de maneira inescrupulosa e eleitoreira, de forma a garantir a perpetuação no poder. A ambição de transformar as conquistas de curto prazo em vantagens nas urnas, aliada à intervenção e ao viés ideológico, resultou em péssimo momento econômico e político que estamos vivendo hoje.
         Mas por que a decolagem falhou? Afinal, o que impede o Brasil de avançar? O peso do Estado que esmaga o cidadão e a arrogância populista de nossos líderes. Em todo o mundo, observa-se uma correlação direta entre liberdade econômica e prosperidade. Não há maior promotor de desenvolvimento do que o capitalismo. O caminho para a prosperidade passa pelo empreendedorismo. Trabalhadores, patrões e empregados, livres para criar e investir, gerando riqueza, emprego e usufruindo do fruto de seu trabalho.
         O Estado nada produz. É moroso e corrupto. O cidadão não suporta mais trabalhar para sustentar a adiposa, anacrônica e ineficiente máquina pública. Por isso, é preciso desconstruir a cultura, muito enraizada na cabeça dos brasileiros, de que o Estado deve resolver todos os problemas.
         Nada mais atual e pertinente ao momento que estamos vivendo hoje, no Brasil, que a famosa citação da importante escritora e filósofa Ayn Rand: “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui de quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se  converte em autossacrificio; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
         A questão fundamental é: vamos aceitar que a nossa sociedade seja condenada? Vamos, ainda que indignados, cruzar os braços e assistir ao que estão fazendo com o país?
         Não. Penso que o caminho para uma profunda e duradoura mudança passa por conscientizar o indivíduo sobre seu poder como agente de transformação da sociedade! O remédio será amargo, e o resultado não virá no curto prazo, mas nem por isso a decisão de colocar o país de volta no eixo pode ser adiada.
         A escolha bem fundamentada e consciente precede a ação. Já o estopim da ação é sempre individual. Apenas indivíduos livres e conscientes de sua responsabilidade, construirão um país mais livre, ético, competitivo e próspero.
         O caminho para o Brasil que queremos depende de todos nós, mas, fundamentalmente, de cada um de nós. Pense nisso em um sentido mais amplo e, também, nas próximas eleições: a liberdade, além de um princípio constitucional, é uma aspiração humana universal. Portanto, não se engane, caro leitor: quanto maior for o Estado, menos livre será o cidadão.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”