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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS GRAVES DESAFIOS DA APRENDIZAGEM INFANTIL E A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ESTADO NA SUSTENTABILIDADE


“A dificuldade de aprendizagem infantil
        A dificuldade de aprendizagem interfere diretamente na vida social de crianças. Muitas vezes, o insucesso escolar causa desinteresse, insegurança e baixa autoestima, contribuindo com a evasão escolar. Segundo o último censo escolar, divulgado pelo Ministério da Educação em 2017, um em cada 10 alunos abandona a escola da rede pública no país. O estudo revelou, ainda, que 11,6% dos alunos são reprovados no final do 3º ano do ensino fundamental e é nessa fase que, teoricamente, eles concluem o aprendizado da leitura, escrita e as operações matemáticas.
         Tal desinteresse pelos estudos pode ter como principais causas fatores neurobiológicos, apesar de aspectos psicológicos, emocionais e físicos também influenciarem essa condição. Por isso é tão importante o trabalho multidisciplinar de pais, professores, psicólogos, fonoaudiólogos, médicos e outros profissionais capacitados para efetuar um diagnóstico preciso da criança.
         A dificuldade de aprendizagem é um problema substancial no ensino brasileiro e ocorre, principalmente, durante os processos de alfabetização e de letramento. Sim, existe uma diferença sensível entre esses conceitos. Enquanto a alfabetização é o desenvolvimento das capacidades de ler e escrever, o letramento vai além dessas habilidades. Um indivíduo letrado utiliza leitura e a escrita no dia a dia, a partir da análise crítica e interpretação de códigos para o uso social.
         Para que o processo de aprendizagem seja mais efetivo, a criança precisa desenvolver o hábito de ler e estar inserida no contexto cultural da sociedade, podendo relacionar leitura, interpretação e escrita com o mundo ao seu redor. Durante esse processo, o estudante pode apresentar dificuldades para se concentrar, ler, escrever, falar, soletrar, ouvir ou efetuar contas matemáticas. Às vezes, ele consegue se comunicar bem, mas apresenta problemas ao compreender ou escrever.
         Há as crianças extremamente criativas e habilidosas, mas que não conseguem se concentrar ou ficar paradas por um mínimo período de tempo, deixando de finalizar tarefas e até mesmo brincadeiras. Alguns alunos não conseguem lembrar o que as pessoas falaram e perdem o material escolar com facilidade. Há, também, crianças que confundem palavras e ordens numéricas, ou sentem dificuldade de compreender e executar instruções.
         No ambiente escolar, cabe ao educador identificar as dificuldades da criança e buscar o auxílio de outros profissionais para a intervenção apropriada, conforme as necessidades de cada aluno. Já os pais precisam manter um relacionamento saudável com a instituição de ensino, acompanhando a vida escolar dos filhos e assumindo a responsabilidade pelo desenvolvimento das crianças, modelando seus comportamentos e identidades. Os pais ainda têm o papel de motivá-los e apoiá-los sempre que demonstrarem algum tipo de dificuldade, pois comportamentos contrários podem desestimulá-los diante das adversidades.
         Ademais, é fundamental ter em mente a singularidade de cada criança. Por mais que algumas apresentem algum tipo de transtorno de aprendizagem, todas irão aprender, em suas vidas, que o que muda é o tempo que levam para assimilar o conteúdo, já que algumas aprenderão de forma mais rápida do que outras. A receita para lidar com a dificuldade de escolaridade é manter um ambiente de aprendizado adequado, no qual os educadores sejam presentes e atenciosos com os alunos, estimulando-os a desenvolver habilidades para que saibam lidar com os obstáculos e o acompanhamento de profissionais especializados.”.

(ÂNGELA MATHYLDE. Organizadora do Congresso Internacional Brain Connection e representante brasileira no Grupo de Investigação Clínica em Saúde e Educação da União Europeia/G3TES, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de novembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de novembro de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de SEBASTIÃO VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR., advogado e conselheiro do Instituto Millenium, e que merece igualmente integral transcrição:

“Um Estado pagão
        Com o estabelecimento do padrão dólar em Bretton Woods e diante de uma Europa devastada pelos horrores da guerra, o mundo ocidental viu o surgir de uma estratégica ascensão americana, através de uma pauta de dominação bélica associada a acordos comerciais expansionistas. Com o fim da Guerra Fria e, em especial, com a queda do Muro de Berlim, a ordem global assistiu à afirmação hegemônica dos EUA e o fim da bipolaridade estabelecida com o bloco soviético. Durante praticamente duas décadas, o liberalismo americano vicejou de forma absoluta, sem adversários ou ameaças substantivas, gerando uma era de grande estabilidade, crescimento econômico e desenvolvimento tecnológico superlativo.
         Comum um sopro, a vida mudou. A queda das Torres Gêmeas apresentou a ameaça terrorista. Poucos anos depois, a bancarrota do Lehman Brothers expôs as vísceras de um sistema financeiro descontroladamente alavancado e geneticamente corrompido por instrumentos de crédito fictícios. A ação rápida do FED garantiu a liquidez do sistema bancário, inundando o mundo com dólares a rodo. No entanto, quando aquilo que é escasso se torna farto, há uma inerente perda de valor monetário. E, assim, velhos players foram se reorganizando para mostras as unhas em um dinâmico e imprevisível tabuleiro mundial, com renovadas peças da China, Europa, Rússia e uma boa parte do eixo Ásia-Pacífico.
         Em recente artigo na The Economist, a inteligência superior de uma ordem política pós-liberal, baseada na cooperação internacional e não, em conflitos armados, clamando para o enfrentar de três graves desafios contemporâneos: risco nuclear, mudanças climáticas e disrupção tecnológica. Infelizmente, isso tudo é distante para nós. Enquanto o mundo discute o futuro, a América Latina tenta vencer as amarras do passado.
         No Brasil, temos o paradoxo de tentar ser pós-liberais, desconhecendo o que foi o próprio liberalismo. Infelizmente, nossa cultura, em vez do livre mercado, sempre privilegiou o estatismo patrimonialista. Na verdade, somos um Estado pagão: paga tudo e qualquer coisa, sem se preocupar em gerar receitas que garantam o adimplemento subsequente. Não é à toa, portanto, que o dinheiro acabou em nosso federalismo falido.
         Ora, a conhecida máxima de que é preciso enriquecer antes de envelhecer passou batida em nosso país. A insensatez política e a irresponsabilidade governamental gerou um passivo previdenciário impagável, escorado em direitos adquiridos impossíveis. Sim, o pressuposto fático da aquisição de uma direito é a sua possibilidade jurídica. Mas vivemos em um país atípico: aqui, negociam-se medidas provisórias para se garantir injustiças perpétuas.
         Sem cortinas, o surgimento eficaz de um ordem pós-liberal tem como pressuposto o nascer de novas estruturas de poder que sejam aptas e capazes de satisfazer os pulsantes anseios da sociedade contemporânea. A tecnologia da informação deu voz aos invisíveis, habilitando-os a participar no fluido ecossistema das redes sociais. A partir daí, os tradicionais mecanismos de controle das massas viraram pó, quebrando a bússola de navegação dos puídos instrumentos da política. Vivemos, assim, uma ebulição democrática com políticos da Era Glacial.
         Por tudo, os arranjos institucionais do século 21 estão em processo de formação. Se existe uma considerável dose de certeza com relação ao que não queremos, ainda não há um consenso razoável sobre os métodos e formas de poder que irão pautar a sociedade democrática. Todavia, é óbvio que o futuro não pertencerá a um falido Estado pagão. A questão é: será que o nosso povo quer pagar o preço de ser livre para prosperar ou será que seguiremos pobres e empobrecendo?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 278,69% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 301,36%; e já o IPCA, em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,56%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


   

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A CIDADANIA, O DESPERTAR DE CONSCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO E OS HORIZONTES DA INDÚSTRIA COMPETITIVA

“Despertar de competências e habilidades
        O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) provocou uma grande revolução na forma de entrada dos alunos da educação básica nas universidades brasileiras e, consequentemente, gerou uma mudança no perfil do professor em sala de aula. Os cursos de licenciatura não acompanham as mudanças que têm sido feitas, levando em conta novos estudos e resultados de pesquisa. Isso fez com que os docentes manifestassem a mesma prática pedagógica, isto é, não fazendo de sua sala de aula um grande espaço de diálogo. Ensinava-se um conteúdo extenso em um curto período, esperando que os estudantes fossem capazes de decorá-lo para os antigos vestibulares.
         A Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizada para correção do Enem, leva em conta, entre outras coisas, as competências e habilidades usadas pelo candidato para responder cada questão, ou seja, os alunos devem saber problematizar as disciplinas. Atualmente, pensar o ensino por habilidades e competências é estabelecer uma metodologia de trabalho que privilegie a aprendizagem significativa por parte dos estudantes. A situação não é simples, pois requer esforços de todos os envolvidos no processo educativo, exigindo profundas alterações no foco do ensino para a aprendizagem, procurando construir um novo significado para os conteúdos trabalhados em sala de aula. O cenário obriga a refletir que um ensino para a transmissão de conhecimento pronto e fechado não é mais válido. Apesar de ser esse um modelo muito utilizado, pois facilita a vida e o grande elo entre as famílias e a escola, ele não atende mais às demandas sociais. Não basta somente reter diversas informações. É necessário que essas informações se transformem em conhecimento e possam ser articuladas para a resolução de problemas. Portanto, é fundamental professores que perguntem e famílias que não busquem apenas respostas quando, por exemplo, ajudam seus filhos a resolver um “para casa” ou a estudar para provas. A formação de competências e habilidades multidisciplinares deve ser promovida antes e, acima de tudo, adotando uma postura incondicional de investigador e de aprendiz. Promovendo uma educação dialógica em que nós, professores, nos livremos do estigma de “senhores do saber” e possamos exercer a postura de construtores de cidadãos. Uma educação que não tema os “nãos” a serem enfrentados e crie ecos na mente de cada estudante. Também não podemos esquecer a época em que fazer um curso de datilografia era importante. O mundo mudou com o acesso a uma tecnologia que não tínhamos anteriormente. É preciso, então, entender essa evolução como uma aliada, sendo um instrumento para transformar informação em conhecimento, avaliar a razoabilidade de um argumento, estabelecer comparações e fazer estimativas, habilidades essenciais para o homem do século 21. A educação por competências e habilidades pode ser uma alternativa ao modelo positivista, deslocando o foco do ensino para o aprendizado e colocando professores e alunos na posição de agentes investigadores, possibilitando que o alune se torne agente de seu próprio conhecimento e o professor um mobilizador da pesquisa e das perguntas e problemas.
         É no ensino básico que o estudante começa a compreender fenômenos, a enfrentar problemas e construir argumentos. É quando se constrói um cidadão capaz de pensar os problemas em seu entorno e elaborar propostas de intervenção solidária na sociedade. Assim, pensar a formação integral nessa fase da educação é pensar um indivíduo que seja consciente. Trata-se de uma função para todos nós, professores da educação básica: despertar consciências. A nossa missão e o nosso dever.”

(CHRISTINA FABEL. Diretora pedagógica do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ROBERTO DE SOUZA PINTO, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), e que merece igualmente integral transcrição:

“Indústria competitiva
        O Brasil é um país com enorme potencialidades, diversidades e riquezas, que, se bem aproveitadas e incentivadas, são decisivas para a construção de uma estrutura econômica, social e cultural mais sólida e eficiente. Na formação de nossa identidade nacional, no âmbito macroeconômico, o Brasil ficou conhecido por ser um país exportador de commodities, principalmente porque os principais produtos que vão para o exterior são minério de ferro, soja, óleos brutos de petróleo, café e açúcar. Mas isso não basta. Precisamos assumir um protagonismo no cenário internacional e construir uma identidade que mostre a nossa força no desenvolvimento e fabricação de produtos de transformação.
         Temos exemplos concretos de companhias brasileiras que ganharam destaque internacional, exportando tecnologia 100% nacional para todo o mundo, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), líder do mercado global de jatos comerciais. Mas precisamos multiplicar esses exemplos para que as nossas forças não sejam apenas as belezas naturais, carnaval e futebol (enquanto ainda podemos). Apesar desses casos de sucesso, o Brasil ainda precisa avançar a passos largos para criar subsídios para o desenvolvimento constante da nossa indústria. E isso passa, necessariamente, pelo aprimoramento das nossas tecnologias de produção, para fazermos frente às maiores potências do planeta, como a Alemanha. O país europeu ocupa, hoje, o terceiro lugar na lista de países exportadores de café (atrás do Brasil e do Vietnã), tendo conseguido esse feito sem cultivar uma muda. Por meio do investimento em soluções tecnológicas, infraestrutura e logística (facilitada por uma eficiente malha ferroviária), os alemães se tornaram os maiores compradores do grão brasileiro e passaram a revender uma parte do volume importado para outros países por um preço mais elevado. A outra parcela começou a ser transformada em cápsulas, cujo destino também é o exterior.
         Um artigo publicado recentemente pela revista inglesa The Economist diz que, em vez de construir indústrias e investir na ampliação da nossa produção e na formação de mão de obra qualificada, o Brasil optou por erguer shoppings e outros espaços destinados ao consumo final. É verdade. Precisamos investir em capital humano, necessitamos de uma indústria inovadora e arrojada e do apoio do governo para transformar esse cenário. E esse modelo já existe no país, conhecido como tríplice-hélice, que traz resultados incríveis, uma vez que cria uma sinergia perfeita e uma atuação conjunta de três agentes: as instituições de ensino, que formam pessoas, a indústria, que absorve a mão de obra e estimula o seu constante aprimoramento, e o governo, que cria subsídios e políticas de apoio e incentivo a esses atividades.
         A tríplice-hélice é empregada, por exemplo, no Vale da Eletrônica, um dos maiores polos de tecnologia do país, localizado em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais. A estrutura de gestão permitiu que o Arranjo Produtivo Local (APL) construísse uma identidade própria e consolidasse a imagem de um cluster que é sinônimo de qualidade, inovação e que compete diretamente com os principais players no Brasil e no mundo. Com isso, o APL criou uma ambiência propícia para que as 153 empresas da região desenvolvessem 45 novos produtos com alta tecnologia a cada 30 dias, que concorrem, por exemplo, com os eletrônicos chineses. O Vale da Eletrônica, atualmente, é referência em diversos segmentos, como radiodifusão e segurança. Abriga empresas líderes de mercado e fabrica soluções que se destacam em todo o mundo, como o Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial (ISDB-T), modelo nacional de TV Digital, que é um dos mais avançados do mercado internacional e o segundo mais utilizado no planeta, alcançando 562 milhões de pessoas em 16 países.
         O APL também possui um dos mais importantes programas de incubação de empresas do Brasil, que oferece capacitação e consultorias para que jovens empreendedores montem o seu próprio negócio, resultando no surgimento de novas empresas todos os anos no polo. Somado à atuação dos agentes envolvidos no modelo da tríplice-hélice, também está o trabalho de entidades que realizam a gestão e desenvolvem iniciativas para alavancar ainda mais o potencial da produção industrial local, como o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), que está completando 25 anos de atuação em Santa Rita do Sapucaí.
         A indústria brasileira precisa se reinventar. Para isso, é necessário desenvolvermos novas tecnologias e pensarmos modos de produção e gestão mais eficientes, como a tríplice-hélice, para tornar nossos produtos e processos mais inteligentes e competitivos no cenário internacional. Por meio da atuação estratégica e da integração entre governo, empresas e instituições de ensino, é possível haver um melhor aproveitamento dos nossos recursos, com o objetivo de tornar a nossa atividade industrial mais moderna e complexa. Somente dessa forma iremos construir de fato uma identidade de país protagonista no mundo, que também exporta tecnologia e que possui uma economia estruturada, sólida e sustentável.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

    b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  




        

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A CIDADANIA, A SAÚDE ALIADA À SIMPLICIDADE E A ÂNCORA DA LIBERDADE

“A saúde e as pequenas coisas
        Em 1913, William Osler, um dos grandes médicos da humanidade, proferiu uma conferência para os estudantes de medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, em que defendia uma filosofia de vida que, em suas palavras, “é um hábito a ser adquirido de modo gradativo, repetida e frequentemente; é a prática de viver só o dia de hoje e para o trabalho do dia; viver a vida de cada dia.” Uma proposta que segue uma linha parecida com o conselho do poeta Horácio à sua amiga Leucone: carpe diem (colha, aproveite o dia), com adaptações e aprimoramentos para a prática médica. Seguindo essa mesma linha, diversos movimentos desenvolveram, cada um a seu modo, a proposta de viver cada dia com suas demandas. Um dos exemplos é o Alcoólicos Anônimos, surgido em 1935, que tem como uma de suas orientações viver o presente: “Só por hoje”. De forma semelhante, existem outros movimentos filosóficos e religiosos que trabalham nessa perspectiva.
         As palavras de Osler, ditas no século passado e reforçadas por várias iniciativas no campo da saúde e de outras áreas sociais, podem parecer ultrapassadas e óbvias para alguns. Para outros, soam como algo inalcançável e descolado da realidade atual, tão cheia de novidades, correrias e avanços tecnológicos. Entretanto, não obstante as diferentes observações e críticas, temos que admitir que nos trazem um convite à reflexão: muitas vezes preocupados com o que passou ou com o que virá, deixamos escapar a oportunidade de viver as pequenas coisas do cotidiano.
         Pode parecer estranho para alguns, mas existe uma forte relação entre a saúde e as pequenas coisas. Os pequenos gestos de atenção, de acolhimento e de alegria são geradores de saúde. Os esforços para perdoar, compreender, ter compaixão do outro, ser mais tolerante e ético contribuem também para uma vida mais saudável. Por outro lado, tem sido comentado vastamente que uma vida construída na raiva, na mágoa e no estresse tem probabilidade bem maior de resultar em doenças psicossomáticas.
         As palavras de Osler são sábias: “Um hábito a ser adquirido de modo gradativo, repetida e frequentemente”. Hoje, costumamos falar em comportamento aprendido, em mudança cultural, entre outras expressões. Sem dúvida, um desafio. É certo que muitas vezes os problemas da vida, as dificuldades que nos acometem, podem nos tirar a tranquilidade e a serenidade. Deixamos escapar as oportunidades de realizar pequenos gestos de carinho e atenção. Mas isso faz parte do humano. O importante é não perdermos o foco, o que vale para a nossa vida particular e para as nossas relações na sociedade.
         No âmbito sociopolítico e econômico, com tristeza observamos nos acontecimentos atuais como as pequenas coisas foram negligenciadas. Atitudes de respeito e ética ficaram no esquecimento. O desejo desenfreado em obter vantagens e satisfazer os próprios interesses tem conseguido causar sofrimento e indignação a uma nação inteira. O país está doente.
         No que diz respeito aos atendimentos da área da saúde, observamos que muitas demandas, mesmo que não percebidas e admitidas prontamente pelas pessoas, têm como pano de fundo os desencontros, as culpas e as insatisfações, sobretudo relacionadas às relações interpessoais, muitas vezes tensas e sem calor humano.
         O desafio de dar novo sentido e significado às pequenas coisas do dia a dia está presente na caminhada de todos nós. Para uns mais, para outros menos. É uma reflexão que cada um deve fazer e tem também a ver com o olhar sobre a vida e a capacidade de fortalecer as escolhas feitas ou de caminhar em direção a outros rumos, exercendo a liberdade.
         A valorização das pequenas coisas é fundamental para a construção de relações fraternas e solidárias nos ambientes familiar, de trabalho e na sociedade. O exercício diário, de viver as pequenas coisas e “a vida de cada dia”, como dizia Osler, certamente resultará em saúde e em melhor qualidade de vida.”

(ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO. Médico, mestre em medicina, professor do curso de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de setembro de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de DEBORA ROICHMAN, presidente do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte (IFL), e que merece igualmente integral transcrição:

“Liberdade, ainda que tardia
        Mais ou menos engajados, brancos ou negros, patrão ou empregado, participantes ou não de manifestações e panelaços, a sensação de mal-estar é generalizada. Estamos fartos, entojados do combo ineficiência, mentira, omissão, corrupção, inflação, recessão e desemprego. A que ponto precisaremos chegar?
         O Brasil parece estar preso ao estigma do país do futuro. Em um passado não muito distante, pensou-se  que decolaríamos como na imagem do Cristo estampada na capa do The Economist e, de fato, houve crescimento e desenvolvimento social. Crescemos, sim, com crédito farto e barato, incentivo ao consumo e surfamos no boom das commodities. Investimentos em infraestrutura e as reformas ficaram em segundo plano.
         No melhor estilo pão e circo, as boas notícias e o clima favorável foram utilizados de maneira inescrupulosa e eleitoreira, de forma a garantir a perpetuação no poder. A ambição de transformar as conquistas de curto prazo em vantagens nas urnas, aliada à intervenção e ao viés ideológico, resultou em péssimo momento econômico e político que estamos vivendo hoje.
         Mas por que a decolagem falhou? Afinal, o que impede o Brasil de avançar? O peso do Estado que esmaga o cidadão e a arrogância populista de nossos líderes. Em todo o mundo, observa-se uma correlação direta entre liberdade econômica e prosperidade. Não há maior promotor de desenvolvimento do que o capitalismo. O caminho para a prosperidade passa pelo empreendedorismo. Trabalhadores, patrões e empregados, livres para criar e investir, gerando riqueza, emprego e usufruindo do fruto de seu trabalho.
         O Estado nada produz. É moroso e corrupto. O cidadão não suporta mais trabalhar para sustentar a adiposa, anacrônica e ineficiente máquina pública. Por isso, é preciso desconstruir a cultura, muito enraizada na cabeça dos brasileiros, de que o Estado deve resolver todos os problemas.
         Nada mais atual e pertinente ao momento que estamos vivendo hoje, no Brasil, que a famosa citação da importante escritora e filósofa Ayn Rand: “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui de quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se  converte em autossacrificio; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
         A questão fundamental é: vamos aceitar que a nossa sociedade seja condenada? Vamos, ainda que indignados, cruzar os braços e assistir ao que estão fazendo com o país?
         Não. Penso que o caminho para uma profunda e duradoura mudança passa por conscientizar o indivíduo sobre seu poder como agente de transformação da sociedade! O remédio será amargo, e o resultado não virá no curto prazo, mas nem por isso a decisão de colocar o país de volta no eixo pode ser adiada.
         A escolha bem fundamentada e consciente precede a ação. Já o estopim da ação é sempre individual. Apenas indivíduos livres e conscientes de sua responsabilidade, construirão um país mais livre, ético, competitivo e próspero.
         O caminho para o Brasil que queremos depende de todos nós, mas, fundamentalmente, de cada um de nós. Pense nisso em um sentido mais amplo e, também, nas próximas eleições: a liberdade, além de um princípio constitucional, é uma aspiração humana universal. Portanto, não se engane, caro leitor: quanto maior for o Estado, menos livre será o cidadão.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     


      

     

quarta-feira, 8 de julho de 2015

A CIDADANIA, A SABEDORIA DOS ESSÊNIOS E OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

“Purificação e sabedoria de cura dos essênios
        Nas partículas dos alimentos de origem animal as vibrações são mais lentas, mais densas, com respeito às partículas que compõem o corpo humano – principalmente se esse corpo for habitado por uma consciência que tenha contato, percepção e vivência da realidade interna, espiritual. Quando uma partícula de origem animal é ingerida pelo homem, há sempre uma mescla de vibrações heterogêneas a serem assimiladas.
         Essa afirmação não exclui o cuidado que se deveria dedicar ao reino animal, reino que tanto necessita do contato humano amoroso para se desenvolver. Com base também nesse ponto, a ingestão de carne é algo que deveria ser totalmente excluída da vida dos que trilham o caminho espiritual.
         Uma pessoa com um corpo físico, energético e mental purificado, e até certo ponto depurado, emite vibração que pode ser comparada a uma melodia, que tanto mais harmônica é, mais o indivíduo expressa uma consciência espiritual mais elevada. Não são todos os seres humanos que se encontram nesse estágio, mas os que se preparam para ele percebem claramente essa verdade e se esforçam para manifestá-la.
         Sob esse prisma algumas informações relativas à vida dos essênios podem ser inspiradoras.
         Os essênios viveram na Palestina e tinham seres afins em várias comunidades na Síria, na região hoje denominada Israel, e do norte da África. Sua capacidade de curar e sua pureza eram fruto de uma vida interior consciente. Sabe-se, por exemplo, que uma disciplina rigorosa era assumida pelos membros dessa Irmandade. Uma consciente busca de pureza, de modo a permitir a expressão da energia espiritual, trazia-lhes dos planos internos indicações sobre os processos aos quais deveriam aderir, principalmente no que se refere à purificação dos corpos físico e energético.
         Além disso, entre eles quem preparava o alimento era um iniciado, pois os essênios sabiam que quanto mais elevado é estado de um ser, maior a sua sensibilidade e percepção, e mais sublime a energia canalizada por meio dele.
         Os essênios tinham, por exemplo, um profundo conhecimento das propriedades da água; a ela associavam a energia da “Mãe Universal”, como fonte de vida e purificação, aquela que lava as máculas da vida terrestre. Consideravam a água um elemento miraculoso e sagrado, quando tocada pela energia superior. Assim como os alimentos, também os batismos, os banhos e os jejuns à base de líquidos eram sempre preparados e acompanhados pelos mais sábios da Irmandade.
         Os essênios sabiam que, num ambiente consagrado, a imersão do corpo numa água que contivesse algumas essências propiciava um relaxamento da rede energética do indivíduo. 
         O conhecimento de leis de profunda sabedoria reflete-se nos padrões de vida assumidos por grupos ligados a uma colaboração direta com o propósito divino para a Terra. Assim, os essênios amavam a virtude, e em seus encontros sempre a louvavam.
          Tinham estreita ligação com o Reino Angélico e com outras manifestações da Vida do Criador. Mesmo sendo monoteístas, reconheciam que, assim como um raio de luz ao atravessar um prisma desdobra-se em muitas cores, a Consciência Única, Deus, ao manifestar-se na matéria, expressa-se de muitas formas. Esse grau de compreensão permitia-lhes ver a todos como irmãos.
          A vida dos essênios nada mais era que a vida do Espírito.”
  
(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de abril de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

         Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2432 – ano 48 – nº 26, de 1º de julho de 2015, páginas 76 a 78, de autoria de Gustavo Ioschpe, economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Por que você não faz nada?
     O grupo que publica a revista The Economist tem um braço de pesquisas, chamado Economist Intelligence Unit. Um dos seus produtos é um indicador conhecido como Democracy Index, que anualmente analisa quase 200 países e quantifica, com base em dezenas de indicadores, a força da democracia de cada país.
         Na edição de 2014 (disponível em twitter.com/gioschpe) o Brasil aparece em 44º lugar entre 167 países (o campeão é a Noruega, e a Coreia do Norte é a lanterninha). O resultado nos coloca na segunda categoria, das Democracias Falhas. Abaixo das Democracias Plenas, mas acima dos Regimes Híbridos e dos Regimes Autoritários. O ranking olha para cinco atributos.
         O curioso é que, em três dos cinco, temos notas condizentes com as das melhores democracias do mundo: processo eleitoral, liberdades individuais e funcionamento do governo. Por que, então, vamos para a segunda divisão? Porque em participação política, de zero a 10, nossa nota é 4,44, a mesma de Mali, Zâmbia, Uganda e Turquia, e abaixo da de países como Iraque, Etiópia, Quênia e até Venezuela.
         Este é o paradoxo da democracia brasileira: lutamos tanto por ela, e não a usamos. Uma geração inteira brigou pelo retorno da democracia representativa, a cidadania ativamente demonstra suas vontades, e elas são canalizadas por seus representantes. Na versão brasileira, a democracia não começa na urna: termina nela. Parece que apertar uma tecla a cada quatro anos é a nossa concepção de governo “do povo, pelo povo e para o povo”. Verificado o desastre, voltamos às urnas, quatro anos depois, para eleger a mesma combinação de ineptos e corruptos. E, mesmo sabendo do insucesso do modus operandi, nós o repetimos. Alguém já disse que um dos sinais da loucura é continuar fazendo a mesma coisa e esperar que o resultado seja diferente...
         E o melhor é quanto reclamamos, furibundos, das pessoas que nós mesmos colocamos no poder. Muita indignação e pouca ação, os males da nossa democracia são
         Até entendo que, em algumas questões mais etéreas e distantes, como pedaladas fiscais e comissões em sondas petrolíferas, pareça mais complicado fazer algo. Também entendo que algumas camadas da população – aquelas que nem bem alfabetizadas são e que precisam trabalhar de sol a sol apenas para garantir a sobrevivência – não tenham compreensão, tempo nem energia para se engajar nas causas públicas. Mas não consigo entender como é que gente instruída e preparada, que frequentemente já passou algum tempo em países desenvolvidos e rapidamente identificou neles as virtudes que nos faltam, aqui parece achar que o problema não é com ela. E, apesar de pesquisar o assunto há uns quinze anos, confesso que entendo menos ainda essa apatia quando o tema é a educação nacional, que tem um papel tão importante na preparação para a vida dos nossos maiores tesouros (nossos filhos). Como podemos deixar que nossas escolas sejam as porcarias que são, produzindo iletrados ignorantes aos milhões, todo ano? A propósito, o problema não se restringe às escolas públicas. Como já mencionei aqui diversas vezes, 80% a 90% da diferença de desempenho entre nossas escolas públicas e particulares é explicável pela condição sociocultural do alunado. Se você colocasse o seu filho em uma escola pública, o desempenho dele cairia só 10% a 20%, portanto. Claro que temos, em um país com as dimensões do Brasil, excelentes escolas particulares e públicas também. Mas, em geral, as escolas públicas são péssimas e as privadas, apenas um pouco menos ruins.
         O que me leva a você. Por que você não faz nada? Certamente você se importa com a qualidade da educação que seu filho vai receber, não? Sei, você não tem tempo. Trabalho, casa, correria etc. Agora me diga uma coisa: você vê novela? Seriado americano? Acompanha o seu time de futebol? Dorme mais de sete horas por noite? Se respondeu “sim” a alguma dessas perguntas, desculpe, mas tempo você tem. Até porque, como veremos abaixo, não precisa de muito tempo, não. Eu sei, ninguém é de ferro, todo mundo precisa relaxar. Mas primeiro o trabalho, depois a diversão. Como se divertir quando o país está claramente indo para o buraco? Você planeja mandar seus filhos para a Suíça ou eles morarão no país que você construir? Caso o plano seja continuar por aqui, que tal arregaçar as mangas.
         Ah, talvez a sua discórdia seja conceitual. Você acha que já paga imposto que chega e que não pode fazer o seu trabalho e o do político também. Concordo. Mas, como diz o ditado, na prática, a teoria é outra. Tenho más notícias para você: é a sua inércia que permite que os seus eleitos não façam nada (ou, pior, que façam a coisa errada). Louis Gerstner, ex-CEO da IBM, dizia que “people don’t do what you expect, but what you inspect”: não adianta esperar, é preciso inspecionar, conferir, pressionar. O cidadão apático é o viabilizador dos maus líderes. Eles vivem em uma relação simbiótica em que todo o resto do país e parasitado. Por que nossos líderes não implantam, por exemplo, um sistema que consiga alfabetizar todos os alunos no 1º ano? É simples: porque, para fazê-lo, vão precisar se incomodar com os professores e os sindicatos da categoria. Precisará fixar metas, exigir empenho e resultados, olhar para processos, mudar material didático, coibir faltas, idealmente conseguir que as faculdades de sua região formem um profissional decente em vez do repetidor de slogans e teorias que produzem hoje. Isso dá trabalho e conflito. Por que o fariam? Porque a população deveria reconhecer o esforço e valorizá-lo. E aí a contrariedade de meia dúzia ficaria irrelevante em relação ao aplauso de milhares. Mas, no Brasil, esse aplauso não vem. Porque os pais e alunos nem sabem quão ruim é sua escola e, quando descobrem, deixam por isso mesmo. Há muitos casos, que nem Freud explica, em que pais e alunos defendem greves absurdas de professores, que prejudicam enormemente o aprendizado de nossos jovens. A mensagem para os líderes bem intencionados é clara: convém não fazer nada. Ninguém vai reclamar. Se o seu prefeito ou governador soubesse que você valorizaria uma ação mais incisiva, a maioria deles tomaria as suas dores, não tenha dúvida.
         “Mas fazer o quê?”, você se pergunta. A primeira coisa é fazer o dever de casa. Escolha a escola do seu filho de forma a maximizar o aprendizado dele, não o seu conforto. Escola boa não é a escola perto de casa: casa boa é a casa perto da escola, isso sim. Como saber se a escola do seu filho é boa? O primeiro bom indicador é o Enem, e, para as públicas, também o Ideb. Depois, é importante visitar a escola, conversar com pais de alunos. Peça para conversar com o  diretor da escola. Diretor que recebe os alunos no portão de entrada, diariamente, e está aberto ao diálogo com os pais é um bom sinal. Diretor que visita as salas de aula com frequência também. Procure uma escola que tenha a infraestrutura em dia (salas limpas e arrumadas, com cadeiras, carteiras e quadro-negro), não aquelas que investem em balangandãs tecnológicos, a maioria dos quais não tem eficácia comprovada. Veja também como a escola seleciona professores (o ideal é que ela faça com que o candidato a lecionar dê uma aula a uma banca examinadora e que privilegie os que vêm de boas universidades; o modelo a ser evitado é aquele que só se preocupa com o resultado de uma prova/concurso). Pergunte também se a escola diferencia seus professores, se procura saber quem são os melhores e os piores, e se faz alguma coisa para reter os melhores (nas escolas privadas, o salário é a ferramenta óbvia; mas mesmo nas públicas é possível e desejável que os melhores professores sejam acompanhados e estimulados. Fuja das escolas que tratam os desiguais de forma igual). Veja também se a direção da escola estabelece e comunica metas claras de aprendizagem. O ideal é que todos saibam os conteúdos e habilidades que os alunos precisam dominar em cada matéria, de cada bimestre, de cada série. Escolas opacas, na linha do “fica tranquilo, nós é que entendemos disso”, costumam ter os piores resultados.
         Em segundo lugar, escolhida uma escola boa, os pais não devem relaxar e terceirizar. Precisam ter certeza de que o filho está recebendo dever de casa, diariamente, e que seus deveres estão sendo corrigidos. É importante que haja avaliação permanente (a boa e velha prova) e que o aluno tenha de estudar constantemente. É difícil absorver um conhecimento e levá-lo à memória de longo prazo sem repetição contínua, e a prova é que garante que o mesmo material será revisto com cuidado (além de servir de termômetro para que o professor calibre sua didática quando nota que muitos alunos não aprendem bem). Evite escolas com muita avaliação “moderna”, tipo autoavaliação, trabalho em grupo etc. Já disse um sábio que o único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é o dicionário. Na vida e na escola por motivos realmente sérios (se você faz com que ele perca uma semana de aula para leva-lo à Disney em época conveniente para você, depois não vá querer que ele aprecie a importância da educação... Se você diz uma coisa e faz outra, seus filhos replicarão aquilo que você faz). Certifique-se também de que seu filho trata professores e colegas com respeito. E compareça às reuniões de pais da escola.
         Depois de fazer isso pelo seu filho, faça-o por alguém que terá dificuldades de fazer o mesmo. Uma empregada, um colega de trabalho, um amigo mais perdido na vida: tem muita gente que passou poucos anos na escola ou se sente inferiorizada socialmente, a ponto de não ousar questionar a escola do filho. Precisamos quebrar essas barreiras. Todo mundo paga pela escola do filho, que via mensalidades, quer via impostos. A escola pública é nossa, não de seus funcionários. Eles devem nos prestar contas, não o contrário. Ajude aqueles que têm mais dificuldades para entender isso. E dê aos filhos dessas pessoas chances parecidas com as do seu filho.
         Se você realmente não tem tempo, doe dinheiro a boas instituições. Há dezenas. Fundação Lemann, Insper, Todos pela Educação... Essas eu conheço e recomendo, mas procure aquela que se encaixa na sua filosofia.
         Indo do privado para o público: faça pressão nos seus representantes locais. Cada cidade terá o seu problema: tenha apenas a preocupação de pressionar por algo que melhore o aprendizado dos alunos, não a infraestrutura da escola ou algo secundário. Recomendo uma lei que obrigue que os resultados de cada escola sejam divulgados publicamente. Está tudo pronto no site www.idebnaescola.org.br. Pode acreditar: às vezes não é preciso mais do que dez pessoas que liguem ou mandem e-mails a um vereador para que o projeto seja aprovado.
         Finalmente, vote direito. Escolha prefeitos e governadores que melhoraram os indicadores de aprendizado dos seus alunos. Não nos que investem mais, que distribuem laptops, que falam de planos mirabolantes ou mostram vídeos em que beijam criancinhas na época de campanha. Vote em quem entrega resultado medido pelo Ideb. Para deputados, veja se o candidato fala de meios – salário de professor, investimento, ensino integral – ou de fins. Prefira os que falam de fins (aprendizado) e que não presumem que aquilo que é bom para o professor é bom para o aluno.
         Eu sei, você não é especialista. Há muito mais coisas que você poderia fazer se fosse. Mas não precisa ser. Na maioria de nossas escolas, nem o básico do óbvio é feito; se você ajudar com esse pequeno empurrão, e ajudar alguém a se ajudar também, pode ter certeza de que fará uma enorme diferença.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ano ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...