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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A CIDADANIA, O ESPÍRITO OLÍMPICO E SUAS PRECIOSAS LIÇÕES

“Espírito Olímpico

O que mais me impressiona nesses XXX Jogos Olímpicos é o congraçamento de todas as nações. Há mais países representados nessa grande festa do esporte (204) que na ONU (193). E pela primeira vez todos os comitês olímpicos nacionais enviaram atletas mulheres, inclusive Arábia Saudita, Catar e Brunei. Nos estádios londrinos são relevadas todas as diferenças e divergências políticas, econômicas, ideológicas, religiosas e étnicas. Ali, 29 modalidades de 26 esportes irmanam Israel e Irã, Estados Unidos e Cuba, Coreia do Norte e Coreia do Sul.

Foi na cidade grega de Olímpia que os jogos surgiram, há 4.500 anos, como um ritual religioso de homenagem aos deuses e fortalecimento da paz entre as cidades-estado. Em 392, eles foram proibidos pelo imperador romano Teodósio I. Séculos depois, em 1896, eles renasceram em Atenas, que sediou os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna.

As Olimpíadas são o prenúncio de um outro mundo possível, o mundo solidário no qual a humanidade viverá como uma grande família. Em uma família, as pessoas são diferentes, possuem talentos e aptidões distintos, mas todos têm os mesmos direitos e oportunidades. Assim deveriam viver os 7 bilhões desde planeta que ocupa a terceira órbita do sistema solar, e onde – dizem – há vida inteligente.

Nas Olimpíadas as disputas entre os 10,5 mil participantes são apenas esportivas. De fato, a maior disputa é a do atleta consigo mesmo, frente ao desafio de superar as marcas vitoriosas de desempenho de sua modalidade esportiva. Nas competições não há rancor ou humilhação da parte de quem é derrotado. Há sim um gáudio e ufanismo dos atletas e países que conquistam medalhas de ouro, sem que isso traga ressentimento àqueles que não sobem ao pódio.

Nem tudo, entretanto, são rosas na história dos Jogos Olímpicos modernos. Em 1936, a Alemanha de Hitler sediou o evento – pela primeira vez transmitido por TV. Embora os nazistas exaltassem a superioridade de uma suposta raça ariana, foram os negros norte-americanos que conquistaram as medalhas de ouro do atletismo. Um deles, Jesse Owens, pendurou quatro no pescoço. A irritação de Hitler foi aplacada com a conquista, pelos esportistas alemães, do maior número de medalhas de ouro, 33. Os EUA ficaram em segundo lugar, com 24. Foi naquele ano em Berlim que se criou o ritual do cortejo da tocha olímpica.

Outro momento trágico ocorreu também na Alemanha, nas Olimpíadas de 1972. Em 5 de setembro, terroristas de uma organização denominada Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica e ocuparam os dormitórios da delegação israelense. Ameaçaram executar um refém a cada hora caso não fossem soltos 200 prisioneiros árabes dos cárceres de Israel. As competições foram suspensas no decorrer das negociações e o Comitê Olímpico Internacional (COI) chegou a cogitar o cancelamento do evento. A polícia interveio, deixando um saldo de 18 mortos, entre os quais 11 reféns, cinco terroristas, um policial e um piloto de helicóptero.

Bilhões de pessoas param diante de aparelhos de TV para assistir à abertura dos Jogos Olímpicos. Cada país anfitrião procura oferecer o melhor de sua arte na inauguração do evento. Os ingleses brilharam numa mistura de história, entretenimento, humor, tecnologia e música. O que mais me chamou a atenção na cerimônia de abertura foi a ênfase do sistema de saúde britânico, o National Health Service (NHS). Equivale ao nosso SUS, com a diferença de que é tido como o melhor do mundo.

O Brasil abrigará, em agosto de 2016, as XXXI Olimpíadas. A presidente Dilma prometeu, em Londres, que a abertura dos jogos, no Rio, haverá de superar a de Londres. Teve início, portanto, a competição pelo glamour. E Dilma já fez uma sugestão de coreografia: uma escola de samba.

Torço para que, em 2016, o Brasil exiba ao mundo o melhor de sua música, dança e tecnologia de efeitos especiais, mas também mostre como o nosso povo tem assegurado os três direitos fundamentais do ser humano: alimentação, saúde e educação. Para tanto é preciso, desde agora, dobrar o investimento nessas áreas. Se queremos superar Londres, não basta fazê-lo na forma, mas também no conteúdo, para que as Olimpíadas do Rio não sejam apenas uma festa na terra de um povo semianalfabeto e carente de recursos para acesso às boas condições de saúde.”

(Frei BETTO, autor do romance Minas do ouro (Rocco), entre outros livros, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de agosto de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE, OLÍMPICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de outubro de 2012, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de LEÔNIDAS OLIVEIRA, que é presidente da Fundação Municipal de Cultura, e que também merece INTEGRAL transcrição:

“Barcelona, Londres e BH

Os Jogos Olímpicos de Londres deixaram importante legado. O momento é singular para uma analogia com o Brasil, que se encontra às portas da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Na capital inglesa vimos uma espécie de síntese e evolução dos eventos anteriores. Londres não se espelha em Barcelona – o exemplo paradigmático para o mundo –, mas aproveita o que a Catalunha ofereceu de melhor e avança, sobretudo no cuidado detalhista com o meio ambiente.

Além da renovação de várias áreas da cidade, o conjunto de intervenções se deu a partir de um plano de sustentabilidade ambiental e social baseado em questões como mudanças climáticas, lixo, biodiversidade e qualidade de vida. O objetivo era criar mudanças duradouras, para além do próprio local, no sentido de expandir o sentimento de cuidado com o meio ambiente e sua relação com o habitante.

Em Pequim, a questão ambiental havia sido tratada com ênfase, mas ainda muito ligada ao espetáculo urbanístico. Em Londres, a versatilidade foi a força motriz, a ideia era pensar na cidade em sua totalidade e no uso posterior. Alguns edifícios serão desconstruídos e transferidos para ouros pontos da cidade para outros usos. Essa flexibilização e a relação com as necessidades da cidade buscaram não cometer os erros de localização dos jogos e usos contíguos de Atenas, que se tornou um espaço vazio, de Pequim e até mesmo de Barcelona – cuja cidade olímpica não conseguiu absorver a cultura catalã em suas ruas, criando uma espécie de bolsão, o que se repete no Rio dos Jogos Pan-americanos.

O compromisso ambiental em Londres chama a atenção. Na área do atual parque olímpico, havia 1,3 milhão de toneladas de lixo – 95% foram reutilizados para criar edifícios.

Ainda é cedo para conclusões. No entanto, há questões já fundamentais. Trata-se de colocar a cidade à disposição das intervenções? Ou os projetos devem ser feitos para a cidade?

Partindo dessa premissa do desenvolvimento sustentável, a resposta reside na necessidade de pensarmos projetos para a cidade, evitando que não contemplem o equilibro do meio ambiente urbano, a cultura, a participação da comunidade e o legado que tais eventos devem deixar para a melhoria continuada da qualidade de vida da população.

Trata-se, claro, de criarmos projetos para eventos, mas tendo como protagonista a cidade e tudo o que ela significa. Em outras palavras, é preciso compreender o planejamento estratégico urbano de grandes eventos como impulsionador do consenso e da transformação social por meio do desenvolvimento sustentável – e, de forma ampla, para além daquele momento.

ESTRATÉGIA Barcelona é exemplo exitoso nos momentos em que se planejam e projetam espaços para grandes eventos. Mas o que significa de fato o exemplo catalão? Certamente, o ponto-chave foi a criação de uma cultura de projeto urbano continuado e participativo. As Olimpíadas deixaram um grande legado em termos de elaboração contínua de estratégias territoriais, o que permanece como dispositivo organizador das atuações em diversos âmbitos do planejamento urbano e seus desdobramentos sociais. Isso efetivou alterações sociais significativas, criando inter-relações entre agentes e áreas aparentemente desconexas na busca por um sistema urbano em que cultura e patrimônio cultural foram eixos de condução.

Isso implica compreender as identidades urbanas, os usos dos lugares, apropriações, ofícios e as pessoas. Seu reflexo na prática do desenho urbano significou a humanização de espaços. Barcelona tem inspirado várias intervenções diretas no Brasil, como o Cais Mauá, em Porto Alegre, e a revitalização da zona portuária carioca. Tendo o homem e a vida como centro, a perenidade das intervenções catalãs trouxe mais êxitos que em outros lugares, como Atenas, onde, desconectadas da vida da cidade e com projetos pontuais, as intervenções criaram bolsões de desenvolvimento durante as Olimpíadas de 2004.

Barcelona não trata a cidade de uma vez, o que seria impossível. Mas a diferença básica em relação a outros locais é o planejamento e a execução continuada de ações para além do evento, que permanecem até hoje. O modelo catalão - não se deve esquecer – é oriundo de longa trajetória e de experimentações no trato aos grandes eventos, como a Exposição Universal (1888), a Exposição Mundial (1929), os Jogos Olímpicos (1992) e o Fórum Universal das Culturas (2004).

Sob forte protagonismo da obra pública, as Olimpíadas reformaram a cidade e abriram-na ao mar, completaram a urbanização de Montjuïc, renovaram estruturas dos serviços subterrâneos e fecharam o anel de “rondas” (Dalt, Litoral), permitindo a redistribuição do intenso tráfego metropolitano para todas as direções e possibilitando maior união entre as pequenas e médias cidades do entorno de Barcelona. Isso dentro de uma concepção arquitetônica adequada, projetando o desenho urbano, a arquitetura, os espetáculos com as estéticas da época, ou seja, com o uso de expressões contemporâneas de cada momento.

Em Barcelona, houve profundo entendimento de que obras duradouras exigem ousadia na experimentação do design, visão que ainda falta amadurecer no Brasil. Concursos, intervenções anônimas, enfim, vanguarda, no sentido de dianteira no design, estão presentes na experimentada cultura catalã. E ganham fôlego nos grandes eventos. Como desdobramento, o reordenamento urbanístico como profundo respeito à história permitiu o desenvolvimento do setor dos serviços e proporcionou a crescente internacionalização da base produtiva, ressignificando a cidade tanto em sua totalidade quanto no aspecto local, como o Bairro de Gràcia, a rambla e o mar, que remetem para a discussão de importantes conceitos como identidade, lugar e territorialidade.

O mesmo se deu com a cidade medieval, a gótica, a moderna, fazendo conviver crescimento com preservação ao mesmo tempo em que se criava uma Barcelona com muitas coisas para ver, fomentando o turismo. Mas não somente de sucessos é feito o conjunto de ações. É consenso que muitos investimentos seriam mais rentáveis se fossem destinados a outras direções, como equipamentos urbanos para os cidadãos de áreas não atendidas. Ainda que o planejamento para grandes eventos tenha pretendido contemplar o todo, o entorno e as zonas centrais são as que mais recebem atenção e recursos.

Os casos barcelonês e londrino são fonte de aprendizado. Deles devemos compreender o planejamento integrado e contínuo aliado à escuta atenta das vozes das gentes e dos lugares que fazem a vida da cidade. Cabe ao Brasil avançar mais na questão do meio ambiente e, sobretudo, no fomento à cultura singular do país, diversa na raça e plural nas manifestações.

O Brasil e Belo Horizonte podem avançar mostrando quem somos e como vivemos sem falseamentos, mas firmes no propósito de fomentar as identidades de nossa cultura, mostrando-a como diferente e capaz de aglutinar referências diversas. Eis a nossa grande diferença. Portanto, é preciso diálogo e respeito à cidade, ao patrimônio e à nossa história. Aprender com essas experiências significa aplicá-las a nosso cotidiano tal como ele é na diversidade e, sobretudo, no aspecto urbanístico e das vocações de Belo Horizonte. Assim sendo, chegarão as certezas para propor ações corretas.

Se assim o fizermos, teremos a segurança de que avançaremos no bom planejamento urbano, na eficaz gestão da cultura para o grande evento que se avizinha. Deixaremos para a cidade um grande e duradouro legado.”

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, RICAS e OPORTUNDAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e mais o IMPERATIVO da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do ano de NASCIMENTO –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossa INSTITUTIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o já BRUTAL fosso das nossas DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...