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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NA CIDADANIA, A EDUCAÇÃO COMO CASO DE POLÍTICA

“Revisitando Mindlin

Foi em São Paulo. Em um ambiente nobre, ocupado por convidados ilustres. A Fundação Dom Cabral homenageava José Mindlin pela contribuição dele ao seu Conselho Curador. Em seu agradecimento, o homenageado começou assim: “Obrigado pelas coisas simples e bobas que dizem que eu fiz”. Um homem se autodefinindo em uma frase. Nada inesperado, vindo dele, que já havia dito a céu aberto. “Eu nunca me tomei muito a sério” (“mas sempre tomo a sério o trabalho, quando o estou fazendo”). Mestre do humor, com o qual o homem de espírito começa por troçar de si mesmo, assim era esse empresário fundador da Metal-Leve e um dos líderes do empresariado durante o processo de abertura política, promotor da cultura e o maior colecionador de livros raros do Brasil.
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Tomemos a cultura como os traços pessoais e permanentes na vida de um povo. Identifiquemos esses traços, tratemos de tomá-los como indicadores do perfil desse povo. Se fomentarmos e realizarmos esse perfil, na linha da observação e respeito aos traços da nossa individualidade, teremos então construído um país e edificado uma nação. Este o ponto em que se encontraram as contribuições do criador do Centro Nacional de Referência Cultural, o designer Aloísio Magalhães, este em sua capacidade de criar, e José Mindlin, em sua obstinação em fazer acontecer. Dá o que pensar a observação do alcance do organismo concebido em 1976 para unir, em visão integral, o processo de desenvolvimento econômico, a preservação dos valores na formação cultural do país e o papel do desenho industrial na definição de uma fisionomia própria dos produtos brasileiros. Para ser bem avaliado o ponto central aqui tratado, convém relembrar esta advertência de Aloísio Magalhães: “Será que o povo brasileiro pretende desenvolver-se no sentido de se tornar uma nação rica, poderosa, porém uma nação sem caráter?”.

O foco na cultura, por meio da sistematização de uma ação que priorize o jeito de ser do homem brasileiro, é a chave para fazer eclodir o único Brasil capaz de dar certo. O Brasil cantado pelo mundo na Aquarela de Ari Barroso; o Brasil brasileiro. Aí a essência de como deve ser percebido o conceito de sustentabilidade. Assim se vê que José Mindlin antecipou em décadas a visão de um Brasil do qual vamos ficando mais perto. Vamos tratar de estar atentos às suas ideias, ainda que, por imposição do destino do homem, só possamos conversar com ele agora por escrito.”
(LINDOLFO PAOLIELLO, Jornalista, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de outubro de 2010, no Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e mesma edição, Caderno CULTURA, página 10, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, que merece INTEGRAL transcrição:

“Educação, caso de política ou de polícia

O IBGE divulgou, em 17 de setembro, a Síntese de Indicadores Sociais em 2010. O IBGE é um órgão do governo federal. Portanto, não está a serviço da oposição nem dos detratores do governo Lula. Felizmente, é sério e isento. Os dados concernentes à educação no Brasil são estarrecedores.

Em 2009, 14,8% dos jovens de 15 a 17 anos se encontravam fora da escola. E 32,8% daqueles que tinham entre 18 e 24 anos deixaram os estudos sem completar o ensino médio. (Haja mão de obra desqualificada e candidatos ao narcotráfico...)

Comparado aos demais países do Mercosul, o Brasil tinha a maior taxa de abandono do nível médio – 10% dos alunos. Na Argentina, 7%; no Uruguai, 6,8%; no Chile, 2,9%; no Paraguai, 2,3%; e na Venezuela, 1%.

Por que nossos jovens abandonam a escola? Os principais fatores são a falta de recursos para pagar os estudos e o reduzido número de escolas públicas; o desinteresse; a constante repetência, provocada por pedagogias ultrapassadas, desmotivação e frequente ausência de professores; a dificuldade de transporte e a necessidade de ingressar precocemente no mercado de trabalho.

Para se ter um aluno empenhado em fazer um bom ensino médio, é preciso que a motivação seja despertada na pré-escola e no ensino fundamental. Ora, como alcançar esse objetivo se nossas crianças ficam, em geral, apenas quatro horas por dia na escola? A média latino-americana é de seis horas!

Apesar disso, houve avanços no últimos 10 anos, quando quase dobrou o número de jovens de 18 a 24 anos que concluíram o ensino médio ou ingressaram na universidade. Se em 1999 apenas 29,6% dos alunos terminaram o ensino médio, em 2009 o índice subiu para 55,9%. Em 1999, 21,7% tinham 11 anos de estudos (tempo suficiente para completar o ensino médio). Em 2009, 40,7% frequentaram a escola durante 11 anos. Em 1999, 7,9% ingressaram na universidade; em 2009, 15,2%.

Em 2009, 30,8% dos jovens entre 18 e 24 anos concluíram algum curso de qualificação profissional. Em 2004, apenas 17,2%. Este avanço se deve ao empenho do governo em multiplicar o número de escolas técnicas, bem como o sistema S (Senai, Senac etc.), e as bolsas de estudos concedidas via ProUni.

Por trás dos dados positivos se escondem desigualdades gritantes. Em 2009, 81% dos jovens de 15 a 17 anos entre os 20 mais pobres estavam na escola. Entre os 20% mais ricos, o índice subia para 93,9%. Graças ao sistema de cotas e ao ProUni, dobrou o número de universitários com mais de 25 anos que se declaram negros: 2,3% em 1999, e 4,7% em 2009. Já o índice dos que se declaram brancos é quatro vezes maior: 15%.

O Brasil conta com 3,6 milhões de crianças com menos de 4 anos de idade e é ínfimo o número de creches para elas. O que significa que estão sujeitas a graves desvios pedagógicos por longo tempo de exposição à TV, permanente convivência com adultos ou idosos, muitas vezes entregues a vizinhos enquanto os pais cumprem o horário de trabalho. A Constituição assegura, no capítulo II - Dos direitos sociais, “assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos idade em creches e pré-escolas.” Quantas empresas cumprem?

Segundo o IBGE, entre 0 e 14 anos de idade há, no Brasil, uma população de pouco mais de 54 milhões de pessoas. Dessas, 5 milhões, ou 10,9% do total, vivem em situação de risco, em moradias sem água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo. O Nordeste concentra a maior parte dessas crianças: 19,2%. E o Maranhão e o Piauí lideram essa estatística. A pesquisa apontou ainda que quase 39,4% dos alunos do ensino fundamental frequentam escolas sem rede de esgoto e 10% delas não contam nem com água potável.

Falta muito a fazer. Enquanto a educação brasileira não alcançar o nível mínimo de qualidade, continuaremos a ser uma nação desigual, injusta, subdesenvolvida e dependente. Também pudera. Embora a Constituição exija que sejam aplicados 8% do PIB na educação, o investimento do governo nessa área não chega a 5%. E o orçamento do Ministério da Cultura para 2011 é inferior a 1%.

Não é de estranhar o nepotismo na Casa Civil e os Tiriricas na corrida eleitoral. Além de educação, falta ao Brasil vergonha na cara. Desse jeito, o descaso da política para com a educação acaba virando caso de polícia, tamanho o crescimento da violência urbana.”

Eis, pois, mais páginas LÚCIDAS e CONTUNDENTES que, por DESNUDAR secular MAZELA, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...