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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ DA QUALIFICAÇÃO DOS AJUSTES ECONÔMICOS E AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE (38/132)


(Dezembro = 38: faltam 132 meses para a Primavera Brasileira)

“De ajuste em ajuste
        Durante o último quinquênio, a economia brasileira vivenciou três experiências de ajuste tendo em comum a disciplina fiscal, as privatizações, as desregulamentações, a reorientação das despesas públicas etc., acompanhando a agenda doutrinária de uma versão ampliada do Consenso de Washington. Todas as mudanças deixaram alguns resultados positivos para o equilíbrio e a consistência da macroeconomia de curto prazo do país. Dois desses resultados merecem destaque: o controle consistente do processo inflacionário e a melhoria relativa das finanças públicas federais, particularmente com a bem-sucedida reforma da Previdência.
         De ajuste em ajuste, tendo como fundamento uma política de austeridade fiscal expansionista, o que se ganhou em termos de políticas econômicas de curto prazo ocasionou perdas em termos dos objetivos das políticas de desenvolvimento sustentável de médio e longo prazo. Enquanto se buscava uma taxa de inflação civilizada e um equilíbrio melhor das contas consolidadas do governo federal, as taxas de desemprego e de subemprego se expandiram, cresceu muito o número de brasileiros mais pobres e miseráveis, ampliou-se o nível das desigualdades de renda e de riqueza, encolheu-se o campo de oportunidades para os nossos jovens.
         Enfim, um desencontro entre os objetivos de curto prazo, condicionados pela política econômica, e os objetivos de médio e de longo prazo, imprescindíveis para a sociedade se desenvolver sendo competitiva globalmente, com justiça social e sustentabilidade ambiental. Não se pode, pois, esperar que as soluções dos nossos problemas de estrutura (os de médio e de longo prazo) fiquem cronologicamente condicionadas pelas soluções dos problemas de conjuntura (os de curto prazo).
         O papel do tempo na análise dos problemas econômicos sempre foi uma questão controversa. Em 1923, Keynes, o principal economista do século XX, procurava estabelecer uma noção clara do que seria o curto prazo. Para ele, no curto prazo, há um passado que já transcorreu e trouxe, para o presente, a acumulação de um estoque de capital físico (fábricas, áreas agricultáveis, infraestrutura e econômica e social), um dado perfil de distribuição de renda e de riqueza, uma força de trabalho com diferentes qualificações, os fundamentos das instituições políticas e sociais e certo grau de degradação do capital natural etc. Políticas econômicas de curto prazo devem ser operadas dentro das restrições impostas por um tempo histórico e irreversível.
         Entretanto, uma sequência quase interminável de políticas de estabilização, como vem ocorrendo no último quinquênio, pode impactar sensivelmente a distribuição funcional e pessoal da renda nacional, a estrutura e a qualidade da oferta de serviços públicos tradicionais, os níveis de riscos e de incertezas dos investimentos diretamente produtivos etc. Ou seja, de ajuste em ajuste, o que se pensava ser tão somente política explícitas de curto prazo vai se tornando políticas implícitas de médio e de longo prazo.
         Como diz o poeta Mário Quintana: “O passado é lição para refletir. Não para repetir”. E a nossa lição é pôr em marcha um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, cujas ações programáticas possam vingar num ambiente macroeconômico de ajustes fiscais e financeiros, rigorosos e recorrentes.”.

(PAULO HADDAD. Economista e professor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de novembro de 2019, caderno A.PARTE, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de EDUARDO AMAT SILVA, professor do Centro Universitário Unihorizontes, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fim de festa
        A crise dos subprimes em 2008, aquela que seria ou deveria ser apenas uma marolinha para a economia brasileira e que acabou por fazer um enorme “estrago”, não só aqui, mas como em boa parte do mundo, nos levou a uma reflexão, enquanto o mundo inteiro se encontrava numa situação periclitante devido aos efeitos maléficos que ocasionaria nas suas economias. No caso brasileiro, optou-se por continuar mantendo um crescimento econômico à custa de incentivos e subsídios, já que alguns gurus econômicos não observavam maiores contratempos para a economia mundial, quiçá para a economia brasileira. É de bom tom relembrar que tal comportamento tem, também, como comparação, o período conhecido como Milagre Econômico, na década de 70 do século passado, em que ocorreu o choque do petróleo, quando o preço do barril mais que quadruplicou na época, e enquanto o mundo inteiro se resguardava dessa crise, vislumbrando um baixo crescimento econômico, o Brasil achou por bem manter seu crescimento elevado, nem que fosse para legitimar o regime militar, a qualquer custo. O resultado implacável foi a década perdida, com crise da dívida externa, inflação e baixo crescimento nos anos 80.
         Nos dias atuais, segundo alguns analistas econômicos, a tendência para o Brasil é manter as taxas de juros em patamares mais baixos, ou civilizados, como se queira, já que o ambiente, a princípio, é favorável devido às decisões que o governo vem tomando, que em certo grau agradam e atendem às expectativas do mercado, como, por exemplo, a a aprovação do teto constitucional para gastos futuros, as reformas trabalhista e da Previdência, embora não se quer dizer que tais fatos se concretizarão conforme se queira.
         A partir daí, não havendo maiores solavancos na economia brasileira, os juros deverão se manter dentro dos padrões esperados, ressaltando que não havendo vontade política, no próximo governo, para manter as reformas, o risco de um aumento na taxa de juros subirá consideravelmente. Contudo, um paralelo a ser feito, neste caso, diz respeito à conjuntura internacional. Após anos de taxas de juros próximas de zero nas economias desenvolvidas, o que se observa é que, em breve, deverão ocorrer pequenos aumentos nos juros, o que, num médio prazo, trará consequências ao Brasil.
         Numa outra esfera, discute-se muito a questão dos efeitos da inteligência artificial no modo de produção como se conhece atualmente. Nos próximos 50 anos, presume-se que haverá a substituição do homem pela máquina, no tocante à condução de diversas operações nas mais diversas áreas, como, por exemplo, finanças, saúde, pesquisas etc. Porém, o emprego humano, como o conhecemos hoje, perdurará, já que as máquinas têm difícil compreensão das sutilezas e emoções humanas. Mas, mesmo assim, tal mudança, para o caso brasileiro, deverá se dar num longo prazo, talvez muito longo, prazo devido às características estruturais da nossa economia, em que as relações de forças entre governo, empresa e trabalhadores não permitirão a possível destruição criadora de Schumpeter, e muito menos os neoludistas de plantão que estarão a postos para tomar as devidas providências, sejam elas quais forem, no tocante à substituição do homem pela máquina.
         A partir daí, poderia se discutir sobre os bitcoins, robóticas, novas tecnologias, isto é, qualquer inovação que permita uma economia aumentar a sua produtividade, de modo a incrementar o desenvolvimento econômico, o que por sinal se observa nas economias desenvolvidas. Porém, essa discussão no Brasil sempre esbarra a ótica social, que há de sempre falar mais alto, sendo que pouquíssimas vezes se consegue um meio-termo.
         O fato é que sempre houve e há muitos discursos, discussões, grupos de estudo, relatórios e tudo mais que possa municiar de informações e embasar decisões, de modo a se pensar que não se sabe o que deveria, de fato, ser feito. Porém, por sermos uma eterna economia em desenvolvimento, os passos são dados de forma morosa, sem pressa, pois ainda não se sabe quando chegaremos a ser desenvolvidos, mas ao alcançar esse patamar, aí sim, tudo estará resolvido.
         Assim, a economia brasileira tem definitivamente certas idiossincrasias no seu dia a dia. Há um sentimento de que sempre chegamos ao fim da festa, quando todos já se regozijaram. Eis que o país aparece fazendo algumas indagações acerca da festa, que já se encontra no seu fim. Sorte ou displicência? É algo a ser observado, analisado de uma maneira mais séria, até para se saber quando e se chegaremos ou não atrasados nas festas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 317,24% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,54%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



quarta-feira, 6 de abril de 2016

A CIDADANIA, O RESGATE DA UTOPIA E A INADIÁVEL REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO

“O resgate da utopia no sombrio 
contexto atual do Brasil e do mundo
        Face ao desamparo que grassa no Brasil e na humanidade atual, faz-se urgente resgatar o sentido libertador da utopia. Na verdade, vivemos no olho de uma crise da ordem política e do tipo de democracia que temos. Mais ainda, uma crise civilizacional de proporções planetárias.
         Toda crise oferece chances de transformação, bem como riscos de fracasso. Na crise, medo e esperança, expressões de raiva e de violência real ou simbólica se mesclam, especialmente nesse momento crítico da sociedade.
         Precisamos de esperança. Ela se expressa na linguagem das utopias. Estas, por sua natureza, nunca vão se realizar totalmente, mas nos mantêm caminhando. Acertadamente, observou o poeta Mário Quintana: “Se as coisas são inatingíveis... Ora!/ Não é motivo para não querê-las/ Que tristes os caminhos se não fora/ A mágica presença das estrelas”.
         A utopia não se opõe à realidade, antes pertence a ela, porque não é feita apenas por aquilo que é dado, mas por aquilo que é potencial e que pode um dia se transformar em dado. A utopia nasce desse “transfundo” de virtualidades presentes na história, na sociedade e em cada pessoa.
         O filósofo Ernst Bloch cunhou a expressão “princípio-esperança”, que entende o inesgotável potencial da existência humana e da história, que permite dizer “não” a qualquer realidade concreta, às limitações espaço-temporais, aos modelos políticos e às barreiras que cerceiam o viver, o saber, o querer e o amar.
         O ser humano diz “não” porque primeiro diz “sim”: sim à vida, ao sentido, a uma sociedade com menos corrupção e mais justa, aos sonhos e à plenitude ansiada. Embora realisticamente não entreveja a total plenitude no horizonte das concretizações históricas, nem por isso ele deixa de ansiar por ela com uma esperança jamais arrefecida.
         Jó, quase nas vascas da morte, podia gritar a Deus: “Mesmo que Tu me mates, ainda assim espero em Ti”. O paraíso terrenal narrado no Gênesis 2-3 é um texto de esperança. Não se trata do relato de um passado perdido e do qual guardamos saudades, mas é antes uma promessa, uma esperança de futuro ao encontro do qual estamos caminhando. Como comentava Bloch: “O verdadeiro Gênese não está no começo, mas no fim”. Só no termo do processo da evolução serão verdadeiras as palavras das Escrituras: “E Deus viu que tudo era bom”. Enquanto evoluímos, nem tudo é bom, só perfectível;
         O essencial do cristianismo não reside em afirmar a encarnação de Deus. Outras religiões também o fizeram. Mas é afirmar que a utopia virou eutopia (um lugar bom). Em alguém, não apenas a morte foi vencida, o que seria muito, mas ocorreu algo maior: todas as virtualidades escondidas no ser humano explodiram e implodiram. Jesus é o “Adão novíssimo” na expressão de São Paulo, o homem abscôndito agora revelado. Mas é apenas o primeiro dentre muitos; nós seguiremos a ele.
         Anunciar tal esperança no sombrio contexto atual do Brasil e do mundo não é irrelevante. Transforma a eventual tragédia da política, da Terra e da humanidade devido à dissolução social e às ameaças sociais e ecológicas numa crise purificadora.
         Vamos fazer uma travessia perigosa, mas a vida será garantida, e o Brasil, bem como o planeta, ainda se regenerará e encontrará um caminho que nos abra um futuro “esperançador”.
         Para os cristãos, a grama não cresceu sobre a sepultura de Jesus. A partir da crise da sexta-feira da crucificação, a vida trinfou. Por isso a tragédia não pode escrever o último capítulo da história, nem do Brasil, nem da Mãe Terra. Aquele o escreverá a vida em seu esplendor solar.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de RAFAEL ÁVILA, professor de relações internacionais do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH e diretor de inovação do Grupo Ânima, e que merece igualmente integral transcrição:

“Revolução na educação
        Se você perguntar a qualquer cidadão se ele pensa a educação como algo que promove a transformação individual, que modifica fundamentalmente a sociedade, que possibilita a introdução de uma mão de obra melhor qualificada, não há qualquer ponto de divergência. Todos dirão de maneira uníssona que sim, a educação é o caminho dessas transformações. Mas, da mesma forma que a educação é tratada como algo relevante no discurso, vemos que ela tem sido tratada como um objeto de menor empenho político e econômico.
         Também é notório para as pessoas que trabalham com a educação que estamos diante de desafios fora e dentro das salas de aula: estudantes desengajados; um ensino distante do mundo real; professores sem suporte mudanças; escolas que reproduzem um modelo que não dá conta do contemporâneo. Neste sentido, muitos propagandeiam a necessidade de uma revolução na educação. Mas o que é esta revolução?
         A proposta de (r) evolução na educação que pensamos passa pelas seguintes mudanças e ressignificações:
1)Dos objetos de aprendizagem. O que isso significa, senão o repensar de que, se queremos formar profissionais do futuro, as estruturas curriculares não podem reproduzir uma formação do passado ou orientada na perspectiva do presente? É preciso que o currículo tenha espaço para o que é essencialmente disruptivo e orientado para o futuro mesmo. Também, é preciso incorporar no ensino o desenvolvimento de habilidades suaves (soft skills), habilidades analíticas e não rotineiras combinadas com as habilidades socioemocionais. Vemos um geração inteira de bons técnicos, de dominadores de conteúdos, mas carentes de determinadas habilidades comportamentais.
2)Das formas de aprender e ensinar. Ou seja, precisamos aprimorar também os métodos e as metodologias de ensino e aprendizagem. Como disse acima, é precisos balancear conteúdos, conhecimentos técnicos, com soft skills. Porém, precisamos ainda introduzir um pouco mais de “mão na massa”. É o saber aliado com o fazer. Combinar boas doses de metodologias ativas com o ensino clássico, teórico-conceitual.
3)Dos papéis na educação. Não há mudanças sem ressignificação dos papéis dos estudantes, dos professores e da escola. Quem é responsável pelo quê? Uma proposta é o professor retomar a função de mentor, permitindo e incentivando legitimamente que o estudante se torne um ser auto direcionado, autônomo e autoproposto. Um professor mentor dará lugar ao professor conteudista, transmissor.
4)Dos espaços de aprendizagem. Espaços produzem efeitos na interação das pessoas e nas possibilidades de educação. Uma sala de aula tradicional permite um tipo de ensino; quando as carteiras se reúnem em círculos, isso possibilita outras configurações e, portanto, outras formas de interagir e aprender. Assim, uma verdadeira (r)evolução na educação entende que novos e renovados espaços de socialização de conhecimento e de aprendizagem potencializam novas formas de ensinar e aprender.
5)Das novas linguagens de educação. O digital entra não para substituir, mas para agregar. Falamos muito em uma educação móvel, educação em movimento, que acompanha o estudante onde ele estiver. Não é ensino presencial ou a distância somente, mas blended (híbrido). Porém, é ir além do blended, buscando uma educação realmente móvel, de e em múltiplas plataformas, com múltiplas linguagens. Falamos na incorporação de vídeos, pod-casts, microblogs, instrumentos de comunicação instantânea, jogos, redes sociais, todos com o propósito de educar também. A (r)evolução na educação faz com que ela ocorra de todas as formas, a todos os momentos e em todos os lugares. São novos papéis, novas mentalidades, um novo ecossistema.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

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- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
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