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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ DA QUALIFICAÇÃO DOS AJUSTES ECONÔMICOS E AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE (38/132)


(Dezembro = 38: faltam 132 meses para a Primavera Brasileira)

“De ajuste em ajuste
        Durante o último quinquênio, a economia brasileira vivenciou três experiências de ajuste tendo em comum a disciplina fiscal, as privatizações, as desregulamentações, a reorientação das despesas públicas etc., acompanhando a agenda doutrinária de uma versão ampliada do Consenso de Washington. Todas as mudanças deixaram alguns resultados positivos para o equilíbrio e a consistência da macroeconomia de curto prazo do país. Dois desses resultados merecem destaque: o controle consistente do processo inflacionário e a melhoria relativa das finanças públicas federais, particularmente com a bem-sucedida reforma da Previdência.
         De ajuste em ajuste, tendo como fundamento uma política de austeridade fiscal expansionista, o que se ganhou em termos de políticas econômicas de curto prazo ocasionou perdas em termos dos objetivos das políticas de desenvolvimento sustentável de médio e longo prazo. Enquanto se buscava uma taxa de inflação civilizada e um equilíbrio melhor das contas consolidadas do governo federal, as taxas de desemprego e de subemprego se expandiram, cresceu muito o número de brasileiros mais pobres e miseráveis, ampliou-se o nível das desigualdades de renda e de riqueza, encolheu-se o campo de oportunidades para os nossos jovens.
         Enfim, um desencontro entre os objetivos de curto prazo, condicionados pela política econômica, e os objetivos de médio e de longo prazo, imprescindíveis para a sociedade se desenvolver sendo competitiva globalmente, com justiça social e sustentabilidade ambiental. Não se pode, pois, esperar que as soluções dos nossos problemas de estrutura (os de médio e de longo prazo) fiquem cronologicamente condicionadas pelas soluções dos problemas de conjuntura (os de curto prazo).
         O papel do tempo na análise dos problemas econômicos sempre foi uma questão controversa. Em 1923, Keynes, o principal economista do século XX, procurava estabelecer uma noção clara do que seria o curto prazo. Para ele, no curto prazo, há um passado que já transcorreu e trouxe, para o presente, a acumulação de um estoque de capital físico (fábricas, áreas agricultáveis, infraestrutura e econômica e social), um dado perfil de distribuição de renda e de riqueza, uma força de trabalho com diferentes qualificações, os fundamentos das instituições políticas e sociais e certo grau de degradação do capital natural etc. Políticas econômicas de curto prazo devem ser operadas dentro das restrições impostas por um tempo histórico e irreversível.
         Entretanto, uma sequência quase interminável de políticas de estabilização, como vem ocorrendo no último quinquênio, pode impactar sensivelmente a distribuição funcional e pessoal da renda nacional, a estrutura e a qualidade da oferta de serviços públicos tradicionais, os níveis de riscos e de incertezas dos investimentos diretamente produtivos etc. Ou seja, de ajuste em ajuste, o que se pensava ser tão somente política explícitas de curto prazo vai se tornando políticas implícitas de médio e de longo prazo.
         Como diz o poeta Mário Quintana: “O passado é lição para refletir. Não para repetir”. E a nossa lição é pôr em marcha um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, cujas ações programáticas possam vingar num ambiente macroeconômico de ajustes fiscais e financeiros, rigorosos e recorrentes.”.

(PAULO HADDAD. Economista e professor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de novembro de 2019, caderno A.PARTE, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de EDUARDO AMAT SILVA, professor do Centro Universitário Unihorizontes, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fim de festa
        A crise dos subprimes em 2008, aquela que seria ou deveria ser apenas uma marolinha para a economia brasileira e que acabou por fazer um enorme “estrago”, não só aqui, mas como em boa parte do mundo, nos levou a uma reflexão, enquanto o mundo inteiro se encontrava numa situação periclitante devido aos efeitos maléficos que ocasionaria nas suas economias. No caso brasileiro, optou-se por continuar mantendo um crescimento econômico à custa de incentivos e subsídios, já que alguns gurus econômicos não observavam maiores contratempos para a economia mundial, quiçá para a economia brasileira. É de bom tom relembrar que tal comportamento tem, também, como comparação, o período conhecido como Milagre Econômico, na década de 70 do século passado, em que ocorreu o choque do petróleo, quando o preço do barril mais que quadruplicou na época, e enquanto o mundo inteiro se resguardava dessa crise, vislumbrando um baixo crescimento econômico, o Brasil achou por bem manter seu crescimento elevado, nem que fosse para legitimar o regime militar, a qualquer custo. O resultado implacável foi a década perdida, com crise da dívida externa, inflação e baixo crescimento nos anos 80.
         Nos dias atuais, segundo alguns analistas econômicos, a tendência para o Brasil é manter as taxas de juros em patamares mais baixos, ou civilizados, como se queira, já que o ambiente, a princípio, é favorável devido às decisões que o governo vem tomando, que em certo grau agradam e atendem às expectativas do mercado, como, por exemplo, a a aprovação do teto constitucional para gastos futuros, as reformas trabalhista e da Previdência, embora não se quer dizer que tais fatos se concretizarão conforme se queira.
         A partir daí, não havendo maiores solavancos na economia brasileira, os juros deverão se manter dentro dos padrões esperados, ressaltando que não havendo vontade política, no próximo governo, para manter as reformas, o risco de um aumento na taxa de juros subirá consideravelmente. Contudo, um paralelo a ser feito, neste caso, diz respeito à conjuntura internacional. Após anos de taxas de juros próximas de zero nas economias desenvolvidas, o que se observa é que, em breve, deverão ocorrer pequenos aumentos nos juros, o que, num médio prazo, trará consequências ao Brasil.
         Numa outra esfera, discute-se muito a questão dos efeitos da inteligência artificial no modo de produção como se conhece atualmente. Nos próximos 50 anos, presume-se que haverá a substituição do homem pela máquina, no tocante à condução de diversas operações nas mais diversas áreas, como, por exemplo, finanças, saúde, pesquisas etc. Porém, o emprego humano, como o conhecemos hoje, perdurará, já que as máquinas têm difícil compreensão das sutilezas e emoções humanas. Mas, mesmo assim, tal mudança, para o caso brasileiro, deverá se dar num longo prazo, talvez muito longo, prazo devido às características estruturais da nossa economia, em que as relações de forças entre governo, empresa e trabalhadores não permitirão a possível destruição criadora de Schumpeter, e muito menos os neoludistas de plantão que estarão a postos para tomar as devidas providências, sejam elas quais forem, no tocante à substituição do homem pela máquina.
         A partir daí, poderia se discutir sobre os bitcoins, robóticas, novas tecnologias, isto é, qualquer inovação que permita uma economia aumentar a sua produtividade, de modo a incrementar o desenvolvimento econômico, o que por sinal se observa nas economias desenvolvidas. Porém, essa discussão no Brasil sempre esbarra a ótica social, que há de sempre falar mais alto, sendo que pouquíssimas vezes se consegue um meio-termo.
         O fato é que sempre houve e há muitos discursos, discussões, grupos de estudo, relatórios e tudo mais que possa municiar de informações e embasar decisões, de modo a se pensar que não se sabe o que deveria, de fato, ser feito. Porém, por sermos uma eterna economia em desenvolvimento, os passos são dados de forma morosa, sem pressa, pois ainda não se sabe quando chegaremos a ser desenvolvidos, mas ao alcançar esse patamar, aí sim, tudo estará resolvido.
         Assim, a economia brasileira tem definitivamente certas idiossincrasias no seu dia a dia. Há um sentimento de que sempre chegamos ao fim da festa, quando todos já se regozijaram. Eis que o país aparece fazendo algumas indagações acerca da festa, que já se encontra no seu fim. Sorte ou displicência? É algo a ser observado, analisado de uma maneira mais séria, até para se saber quando e se chegaremos ou não atrasados nas festas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 317,24% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,54%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A GRAVE VOZ DOS FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS E OS DESAFIOS DA QUALIFICAÇÃO DAS LIDERANÇAS E INSTITUIÇÕES NA SUSTENTABILIDADE


“Constituição e meio ambiente 
ecologicamente equilibrado
        Tem sido difícil sensibilizar a opinião pública brasileira sobre a atual crise ambiental que o país atravessa. A sociedade permanece politicamente conformista, mesmo sendo informada de que restam apenas 8% da nossa exuberante Mata Atlântica e que o desmatamento já atingiu mais de 20% da prístina Floresta Amazônica, sendo que muitas das nossas bacias e microbacias hidrográficas estão se transformando em lixões a céu aberto, além, é claro, das mudanças climáticas, que vêm provocando inúmeras catástrofes nas metrópoles, nas zonas costeiras e nos principais biomas do país. Como dizia Victor Hugo, é trinte pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.
         Mais grave do que o atual descaso em relação à destruição dos ativos e dos serviços ambientais para as atuais e futuras gerações é a perspectiva do que se apresenta no horizonte da nova administração do governo federal. Pelo pouco que já foi dito oficialmente, já é possível observar pelos menos três pressupostos equivocados e preconceituosos dos seus principais protagonistas.
         Primeiro: as organizações não governamentais e os movimentos sociais têm um papel imprescindível na concepção e na implementação das políticas públicas ambientais. A obrigação social da sustentabilidade, como tem insistido Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia de 1994, não pode ser deixada por conta do mercado, uma vez que o futuro não está adequadamente representado no mercado – pelo menos o futuro mais distante. O Estado deve servir como gestor dos interesses das futuras gerações, por meio de políticas que utilizem mecanismos regulatórios ou de mercado, adaptando a estrutura de incentivos a fim de proteger o meio ambiente global e a base de recursos para as pessoas que ainda vão nascer. As organização não governamentais e os movimentos sociais se credenciam para negociar politicamente os interesses do bem-estar social sustentável das atuais e futuras gerações em termos de uso e do não uso dos ativos e serviços ambientais, ora preservando-os, ora evitando seu uso predatório.
         O segundo equívoco ou preconceito latente ou tácito nos dizeres da nova administração é considerar os recursos ambientais como bem livres ou não econômicos. Karl Menger, pensador austríaco e um dos principais formuladores do liberalismo econômico, escreveu, em 1870, que a humanidade tem de prestar atenção nos processos de desenvolvimento econômico e tecnológico que transformam, ao longo do tempo, bens não econômicos ou livres em bens econômicos. O que era lixo, resíduos ou dejetos (bagaços de cana, sobra de alimentos, produtos plásticos, etc.) podem tornar-se bens econômicos (energia, adubo orgânico, material de construção, etc.). Além do mais, tem se expandido enormemente a demanda para produtos intensivos direta e indiretamente de recursos ambientais, tornando-os quase todos bens econômicos.
         Finalmente, vem a questão distributiva sobre quem paga os custos ecológicos das decisões das instituições e dos agentes econômicos. Os grupos sociais de renda mais elevada têm condições de pagar pelos serviços ambientais que, eventualmente, faltam para a população em geral, como ar puro em suas residências e escritórios, condomínios em áreas preservadas, acesso a praias não poluídas, etc. Por outro lado, os brasileiros mais pobres não têm liberdade para escapar das mazelas do entorno ambiental degradado. Lembremo-nos do Artigo 225 da Constituição: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.”.

(PAULO HADDAD. Economista e professor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de janeiro de 2019, caderno O.PINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de janeiro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Instituição e circunstância
        O inevitável envelhecimento das instituições pede permanente cuidado para que o exercício de tarefas e o alcance de metas não sejam comprometidos. Por isso, é fundamental a renovação dos contextos organizacionais – dinâmica que exige atenção cotidiana aos sinais de definhamento institucional. Assim, é possível intervir, no tempo certo, para evitar a degradação que costuma ocorrer de modo sutil e irreversível. Toda instituição, para cumprir sua missão, é desafiada a rearticular e fortalecer sua identidade. Esse processo exige eliminar a recuperação da genuinidade dos propósitos que justificam sua existência.
         O desafio maior está em realizar a indispensável estruturação com o objetivo de se alcançar a necessária renovação. E um fator determinante no êxito desse processo nas instituições é a competência de seus colaboradores. O ser humano, quando oferece o seu melhor, é capaz de alavancar contextos institucionais, mas, ao contrário, se age com mediocridade, pode comprometer até mesmo conquistas já consolidadas. Ter clareza dos valores, propósitos e missão que desencadearam a origem e a identidade de determinada organização conta muito para sua longevidade e vitalidade. O passo inicial em todo empreendimento é a definição de propósitos e serviços a serem oferecidos à sociedade em determinado contexto histórico. Quando o objetivo principal perde sentido, tornando-se algo desnecessário com a passagem do tempo, a tendência é que essa organização desapareça.
         Muitas instituições cumpriram sua tarefa na sociedade e, depois disso, saíram de cena. Tornaram-se apenas vagas referências na memória. Já outras organizações, com missões mais desafiadoras e contínuo trabalho nas diferentes etapas da história, permanecem sólidas, pela habilidade de se readaptar. Independentemente do papel que desempenham na vida cotidiana, as instituições dependem das atitudes de seus integrantes na superação dos muitos desafios próprios de sua missão. Somente a competência e a interação dos indivíduos que compõem os quadros das empresas poderão gerar as muitas dinâmicas necessárias à manutenção da qualidade dos desempenhos institucionais.
         Sabe-se que as mais variadas formas de organização social não se renovam por um movimento interno de suas estruturas patrimoniais, nem simplesmente por inspirar tradições enraizadas em contextos importantes. A luz que ilumina o caminho de cada instituição, evitando a perda de rumos, é alimentada por atuações inteligentes e humanísticas de todos os seus integrantes. É tarefa de quem integra cada organização vislumbrar novos caminhos e reinventar respostas perante os desafios próprios de cada época. A renovação organizacional depende, nesse sentido, dos que formam o “corpo vivo” da instituição.
         A conclusão evidente é que a mediocridade não compromete apenas desempenhos individuais, mas adoece grupos e organizações, podendo levar a prejuízos irrecuperáveis. A história revela, em diferentes etapas, que escolhas questionáveis, muitas vezes fundamentadas pela incompetência ou interesses espúrios, corroeram contextos institucionais. Afinal, o ato de gerenciar bem tem intrínseca relação com a atitude de bem escolher.
         Decisões circunstanciais, de quem cultiva mentalidade estreita e pobre, motivadas por medo ou conveniências, são ameaças às mais diferentes instituições que ainda têm muito a contribuir com a sociedade. Por isso, é urgente investir nas pessoas, capacitando-as a agir com lucidez nas diferentes responsabilidades próprias das esferas institucionais, seja em processos simples, seja nos mais complexos.
         É preciso compromisso com a missão da organização e não apenas buscar a manutenção do próprio status. Ser capaz de se adaptar às mudanças exigidas pelo mundo, necessárias na promoção do bem, para que as instituições estejam em sintonia com cada tempo da história.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a ainda estratosférica marca de 285,4% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 312,6%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,75%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.