“É
preciso gerenciar o desempenho dos processos
A experiência adquirida
em vários ambientes de negócios tem reforçado a nossa convicção de que a boa
gestão requer, como premissa, o uso intensivo de indicadores. Sem eles, o
exercício se torna uma aventura de alto risco. Com eles, tudo tende a ficar
mais fácil, na medida em que os indicadores jogam luz sobre as questões com as
quais lidamos e, na claridade, aumentam as nossas chances de tomar decisões
mais adequadas.
Assim
é que “mediu, melhorou”. Essa assertiva, simples e vigorosa, é a percepção que
vem se confirmando consistentemente ao longo do tempo, seja na vida pessoal,
seja no trabalho ou nos demais relacionamentos.
Os
gestores, além de computadores, têm muitas ferramentas, extraordinárias e de
baixo custo, muito embora nem sempre boa parte deles suspeitem do tesouro que
têm. Entre as boas e indispensáveis ferramentas estão os indicadores (ou indicadores
de desempenho), que permitem conhecer o estado atual dos objetos com que lidam
(processos, produtos/serviços e projetos), naturalmente sem deixar de
considerar a essencialidade de qualidade das pessoas que compõem as suas
equipes. É senso comum que o exercício da (boa) gestão requer a utilização
adequada de indicadores, sem os quais é até possível dirigir uma organização,
mas será impossível controlá-la.
Não
dispor de indicadores adequados, como é relativamente comum em não poucas
organizações, é estar despreparado para comandar equipes, programas e projetos.
Saber identificar e interpretar indicadores é condição indispensável para
evitar que, em qualquer tipo de atividade, os gestores corram riscos
desnecessários. Quando os gestores sinceramente aplicados não dispõem de
indicadores adequados, o efeito mais comum é ter percepção de que estão
desesperadamente ocupados e que não há tempo para solucionar as múltiplas e
inadiáveis demandas. Essa síndrome, geralmente, é resultado apenas de uma
armadilha preparada por eles mesmos, em face de, por falta de referências ou
medidas, serem incapazes de determinar os gargalos, separando o que é
importante do que é urgente.
Nesse
contexto nebuloso, há tendência de os gestores desenvolverem a chamada
“cegueira do ambiente”, condição que os torna incapazes de chegar às raízes dos
problemas. Agem por impulso, tratando apenas os efeitos, não as causas dos
problemas. Ora, se a causa está presente, é uma questão de tempo os mesmos
problemas se repetirem, embora sejam, enganosamente, vistos como “novos”.
Tais
gestores, como de praxe, tendem a vislumbrar a primeira, mais imediata e mais
enganosa solução: “Precisamos de mais gente”. Não percebem que eles mesmos são
os responsáveis pela situação, que estimula e alimenta um ambiente de trabalho
cada vez pior para tudo e para todos.
O fato
relevante é sabermos em que grau nós governamos a situação (processos sob
controle) ou se somos governados pelos acontecimentos (processos fora de
controle). Nas organizações mais competentes, provavelmente, os seus processos
estarão todos sob controle. Nesse caso, estaremos vivendo sob um ambiente de
planejamento consciente e, portanto, de previsibilidade dos resultados. Gerar e
manter esse ambiente previsível, isto é, gerenciável, é um dos grandes
objetivos da gestão organizacional.
Quando
os processos são medidos, é possível revelar informações sobre sua realidade de
resultados, habilitando o gestor a tomar decisões mais apropriadas. As medidas
são a fonte mais segura e insuspeita para tomar decisões consistentes. Por
outro lado, o feeling e a sensibilidade são atributos de natureza
essencialmente subjetiva e, portanto, de cunho meramente emocional. Sem dúvida,
esses atributos são também indispensáveis para se chegar às decisões acertadas.
Todavia, são as medidas que agregarão o caráter mais racional e objetivo às
decisões.
São as
medidas realizadas que permitem as comparações e, em boa parte,
instrumentalizam o gestor para reconhecer e atribuir aos responsáveis o mérito
devido, pelo bom ou pelo mau resultado alcançado.
Nossa
torcida é para que os gestores reflitam diuturnamente sobre os benefícios de
adotarem a gestão de processos, combinado com o gerenciamento de indicadores,
levando em conta que “o processo de melhorias contínuas numa organização é uma
corrida sem linha de chegada”.”.
(MARIA ELISA
MACIEIRA. Professora do MBA em gestão de processos da FGV/Faculdade IBS, em
artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 12 de março de 2017, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
20 de abril de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de ALEXANDRE BOSSI
QUEIROZ, professor de contabilidade e finanças do Centro Universitário Uma,
e que merece igualmente integral transcrição:
“Controle,
corrupção e tribunais de Contas
A Operação Lava-Jato
tem mostrado à sociedade quão profundos são os esquemas de corrupção que
envergonham nossa nação e consomem boa parte do dinheiro público. Até então, os
principais denunciados são parlamentares e agentes políticos do Poder
Executivo. Com a deflagração, pela Polícia Federal, da Operação “O Quinto do
Ouro”, cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro que
foram presos sob acusação de participar de um esquema de pagamento de propina
oriunda de recursos desviados de contratos com órgãos públicos continuam
afastados de suas atribuições. Além disso, recente decisão do ministro Edson
Fachin, do Supremo Tribunal Federal, autoriza a abertura de inquérito contra um
membro do Tribunal de Contas da União.
O
Tribunal de Contas é o órgão governamental incumbido de fazer a auditoria
externa das administrações públicas. A ele compete verificar se o dinheiro
público está sendo aplicado com lisura e sem desvios. Em todos os estados da
federação, e no Distrito Federal, o agente público responsável pelo julgamento
das contas públicas são os conselheiros, também conhecidos como juízes de
contas públicas. Eles têm a função de fiscalizar a aplicação dos recursos
públicos, identificando malversações e punindo condutas ilegais ou inadequadas.
Nos
tempos atuais, em que se observa um crescente distanciamento da população pelas
estruturas de governo, que gastam cada vez mais e prestam menos serviços, e em
que escândalos de corrupção fazem parte de nosso cotidiano, as cortes de Contas
se constituem em um importante instrumento de controle dos atos e gastos dos
gestores públicos.
No
entanto, a atuação dos tribunais de Contas no Brasil tem sido falha,
intempestiva e totalmente distante dos olhos da população, que clama por
moralidade na gestão dos recursos públicos. Os diversos casos de desvio de
dinheiro público que, com frequência, aparecem nas primeiras páginas dos jornais
são prova de que os tribunais de Contas não andam exercendo, satisfatoriamente,
o seu papel fiscalizador.
O
principal motivo dessa ineficácia reside na forma como são indicados os
conselheiros dos tribunais de Contas. Para que o futuro conselheiro possa
exercer corretamente seu papel fiscalizador e julgador, espera-se que atenda a,
pelo menos, dois requisitos: imparcialidade e competência. Ser imparcial
deveria ser uma condição indispensável para a sua indicação. No entanto, o que
ocorre no Brasil é uma incoerência: o governador ou os deputados indicam o nome
de um aliado político que analisará e votará suas próprias contas. Bastante
duvidoso será o grau de independência de sua análise.
A
competência técnica é outro fator preponderante. É importante que o escolhido
tenha a formação e a experiência necessárias para a função que exercerá.
Afinal, o objeto de sua análise são as contas públicas e, portanto, deve ser
conhecedor de temas como contabilidade pública, execução orçamentária, os
passos das despesas e receitas governamentais, licitações e contratos, e
avaliação da gestão patrimonial, financeira e econômica. Desta forma,
escândalos como esse, envolvendo a quase totalidade dos conselheiros do
Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, mostram que já passou da hora de
repensarmos o atual modelo de constituição das nossas cortes de Contas,
eliminando de vez a prática de indicar políticos para fiscalizar políticos.
Nossa
população não merece tribunais de Contas corruptos, dispendiosos e
burocráticos, cuja atuação é de uma passividade preocupante diante dos diversos
casos de corrupção que assolam nosso país.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos
depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de
uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças
vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da
ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro/2017 a ainda estratosférica
marca de 481,46% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 326,96%; e já o IPCA
em março, no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,57%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...