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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A CIDADANIA, A CRIANÇA, A SOLIDARIEDADE E O PUDOR

“Crime contra a criança

Infelizmente vemos diariamente na mídia desrespeitos aos direitos humanos no Brasil. Agressões e crimes violentos principalmente contra grupos sociais mais vulneráveis como crianças, mulheres, negros, pobres e homossexuais. E quantos ficam escondidos da imprensa no puro anonimato e sofrimento? Todos representam graves violações de direitos e causam indignação na população. Porém, os crimes hediondos expostos e principalmente cometidos contra esses grupos vulneráveis causam repulsa e abalam a nossa credibilidade de povo civilizado. Podemos dizer que crimes hediondos são atos revoltantes causando profunda e consensual repugnância por ofender, de forma grave, valores morais como piedade, fraternidade, solidariedade e respeito à dignidade da pessoa humana. Infelizmente outro crime hediondo veiculado recentemente nos abalou.

Em São Paulo, o pai de um menino de 3 anos confessou ter matado o próprio filho. Um dia após completar três anos e o pai ter lhe presenteado com uma bicicleta, a criança foi levada pelo pai para passar o fim de semana juntos. No caminho, ele teria parado o carro em um posto de gasolina e agredido a socos a criança, que estava na cadeirinha, até que ela ficasse inconsciente. O pai relatou à polícia que estava sob o efeito de drogas e que a criança agonizou durante aproximadamente meia hora antes de morrer e, quando percebeu que a criança tinha morrido, dirigiu o carro até deixar o corpo próximo ao meio-fio de uma rua. O corpo foi encontrado por um vigia e a polícia já pediu a prisão temporária do acusado.

Infelizmente tragédias que chocam pela crueldade, pela natureza dos atos e pela incompreensão e perplexidade. A gravidade dos fatos nos remete a várias perguntas: como pode um pai ser tão cruel com o próprio filhinho? Sendo ele consumidor de droga, poderia ter a guarda de um filho no fim de semana? Houve omissão da própria família e do Estado no cumprimento do seu papel de zelar pelas crianças? Sendo usuário de droga, o culpado pode se beneficiar ou o caso se compara à atual decisão do Supremo Tribunal Federal quanto ao uso de bebida ao dirigir? Quando uma pessoa ingere uma substância psicoativa, ela já deve presumir que esse ato pode provocar uma tragédia e ser culpada? No mesmo raciocínio, podemos dizer também que um cônjuge ao cometer adultério deve presumir que o ato moralmente incorreto pode induzir a tragédias na família e que ele pode ser responsabilizado?

Vivemos numa sociedade que prioriza o imediatismo, o consumismo, o prazer fácil, a fragilidade do caráter, o mau exemplo e, de certa forma, até o descompromisso. Parece ser saudável não ter compromisso e pensar-se uma pessoa livre. Mas esses excessos de individualismo, egoísmo e descompromisso têm gerado grandes tragédias e equívocos. Importante repensar valores e dar uma trégua a esse automatismo comportamental social vigente e refletir sobre as nossas prioridades e virtudes. A comoção frente a um crime como esse mostra uma tendência crescente de intolerância e indignação a essas práticas generalizadas de ilícitos e transgressões aos direitos e à dignidade humana.

Será que é hora de dar um basta à crise moral, ética e de impunidade que vivemos? Temos visto várias expressões desse descontentamento social. O filme Beleza americana retratou em 2000 de forma crítica os valores e os costumes da decadente sociedade americana/ocidental. Depois Dogville também nos brindou com outra excelente e bem elaborada crítica à sociedade americana e ocidental, mostrando valores fúteis e mesquinhos movendo ações vis de cidadãos no dia a dia.

Analisando a situação de mulheres e homens na contemporaneidade e especificamente no Brasil, quer crer na sabedoria de escolhermos sempre o melhor para nós e para a coletividade. E cito as sábias palavras do psicanalista Jurandir Freire Costa, em O vestígio e a aura – corpo e consumismo na moral do espetáculo: “Seja como for, o carro da história não tem marcha a ré. Querendo ou não, somos todos contemporâneos, e este é o nosso mundo. As novas experiências corporais fazem parte da nossa identidade, e compete a cada um fazer delas uma ponta para a autonomia ou uma reserva a mais de sofrimento e destruição. Apostemos na melhor hipótese. Afinal, a futilidade, a ganância e a violência só conseguiram, até hoje, empolgar os tolos, os medíocres e os arrogantes. E, na maioria dos casos e dos fatos, sempre fomos mais do que isso”. Com certeza, a formação de cidadãos cultos e sensíveis aos direitos humanos inibe vulgarização, desrespeitos, violações de direitos, crimes e violências brutais.”
(VIVINA DO C. RIOS BALBINO, Psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e caderno, edição de 11 de novembro de 2011, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Solidariedade e pudor

A crise mundial tem raízes que ultrapassam as camadas das cifras e dos índices econômicos e financeiros. Isso se comprova quando análises acuradas revelam o quanto burocratas e políticos têm responsabilidades determinantes na configuração da crise. As análises mostram que o povo paga um preço pelos representantes escolhidos. Algumas dessas escolhas são feitas à revelia da população, definidas pelos partidos, por exemplo. O povo também sofre com aqueles que têm um poder que não e legitimado pelo voto ou pela aprovação da maioria.

O entendimento das raízes dessa grave crise também tem tudo a ver com a falta de solidariedade e de pudor, tanto no exercício da cidadania quanto no cumprimento de responsabilidades assumidas. Quando se fala de pudor remete-se imediatamente à esfera da corporeidade e da sexualidade. Esse é um entendimento adequado. Porém, pudor tem a ver com o respeito devido à esfera existencial do próximo, com a capacidade de saber deter-se no limiar da casa alheia. Quando banido das diversas áreas do viver humano, gera prejuízos grandes. Todo ato de corrupção, seja qual for a sua medida, é conseqüência da falta de vergonha moral. E quando falta essa compostura o peso recai sobre os outros.

A falta de pudor na política é um desastre na busca de soluções visando ao bem comum. A fragilidade dos sistemas parlamentares é uma porta aberta para o atendimento de interesses corporativos, em detrimento do bem público. Sabe-se que os avanços tecnológicos, as novas configurações políticas e culturais no Ocidente, a partir da segunda metade do século 18, atingiram frontalmente o valor e o significado de pudor. O conceito passa a se referir fortemente à capacidade de olhar para dentro de si. Passa a ser, então, mais do que uma relação da pessoa com o outro. É também da pessoa consigo mesma, embora conte muito a mediação do outro. Conclui-se que o pudor é, portanto, um elemento essencial, constitutivo da pessoa.

Trata-se daquela indispensável vergonha moral, uma prerrogativa da condição existencial humana. A falta de pudor revela o comprometimento da vida interior, inclusive do patrimônio de valores que cada um guarda dentro de si. Perdida a vergonha moral, a pessoa experimenta um processo de esvaziamento de si mesma. É uma abdicação da dignidade, com uma consequente coisificação de si mesmo, um processo de despersonalização.

Deve-se reconhecer a importância ética desse sentimento enquanto se avalia a relação de cada pessoa consigo mesma, com os outros e com o mundo. A falta de pudor compromete o amor fraterno e atinge frontalmente a solidariedade. E atingida a solidariedade, a base para toda a ação, as atuações e intervenções buscarão somente o atendimento de interesses individuais. Na ausência da vergonha moral ocorre destruição da solidariedade, que é um princípio social e uma virtude. A falta desse sentimento compromete o direito da pessoa, o exercício do poder como serviço à dignidade e à vida.

A solidariedade como princípio ético social é determinante na qualificação das relações humanas. A falta de pudor inviabiliza o entendimento e a vivência dessa solidariedade como virtude moral. A solidariedade, quando acatada e vivida, contribui para um consequente ordenamento justo das instituições, constituindo um horizonte claro no balizamento da conduta humana.

O pudor resguarda a solidariedade como virtude social fundamental, ancorada na dimensão da justiça em busca do bem comum. Quando não se perde esse sentimento, evitando valer-se apenas do interesse particular, o bem do próximo conta de modo determinante. A expectativa pela aprovação da Ficha Limpa, o que deverá ser um caminho sem volta na Corte Suprema, é o mais contundente apelo para que se faça valer a moralidade administrativa como princípio fundamental.

Nesse horizonte clarividente, por certo, será diferente o exercício do poder. Afinal, mais do cifras e índices, o que contará é a credibilidade, uma característica de quem se pauta pela conduta ética e professa o princípio da solidariedade. A cidadania exige o pudor, efetivo caminho da superação de individualismos, para fazer valer a solidariedade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo GRAVES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de grandes TRANSFORMAÇÕES individuais e sociais que possam inserir o PAÍS no concerto das POTÊNCIAS já DESENVOLVIDAS e CIVILIZADAS, LIVRES e DEMOCRÁTICAS, a partir da PROBLEMATIZAÇÃO de questões CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância;
c) a CORRUPÇÃO, que campeia por TODOS os setores da vida NACIONAL;
d) o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES;
e) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, já atingindo o ASTRONÔMICO montante de R$ 2 TRILHÕES, a um custo de INSUPORTÁVEIS encargos, do que poderia substancialmente ELEVAR o nosso nível de INVESTIMENTOS e POUPANÇA...

Assim, e sabedores dos GIGANTESCOS DESAFIOS que nos são colocados, mais ainda nos MOTIVAMOS e nos FORTALECEMOS nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EUCA, QUALIFICADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE – e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...