Mostrando postagens com marcador PUCCAMP. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador PUCCAMP. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A CIDADANIA, AS LUZES DA BIOTECNOLOGIA E A FORÇA DO AMOR NA SUSTENTABILIDADE

“Biotecnologia: a medicina do futuro
        A biotecnologia representa hoje a nova fronteira da ciência. Ela trata de questões relativas à clonagem de seres vivos (inclusive do homem), às pesquisas com células-tronco, à engenharia genética, à pesquisa e produção de alimentos etc. Como toda a ciência da qual decorrem produtos tecnológicos que podem ser usados para o bem ou para o mal, a biotecnologia ainda provoca polêmica. Desse modo, esse assunto merece um amplo debate público. Em última instância, a manipulação dessa ciência pode proporcionar o domínio de um grupo de seres humanos por outro, para fins exclusivamente comerciais e condenáveis do ponto de vista dos valores humanísticos que se universalizaram na história da civilização.
         Por outro lado, a biotecnologia pode trazer enormes benefícios à humanidade em várias áreas. Justamente por representar ameaças terríveis e promessas animadoras e redentoras, ela vem suscitando debates acalorados e polarizando opiniões. O tema, portanto, é efervescente.
         Não se pode negar que, com o advento da tecnologia, a medicina avançou a passos largos, especialmente nas últimas duas décadas. Cada vez mais pesquisadores se debruçam sobre o aprimoramento de técnicas capazes de diminuir o sofrimento físico e psíquico dos seres humanos, seja tratando, corrigindo e curando, seja substituindo partes combalidas do organismo por outras saudáveis, em uma busca constante por longevidade com qualidade de vida. A base dessa construção se deu pela compreensão e pelo domínio de eventos físicos, químicos e biológicos que nos cercam.
         Nesse contexto, surgiu a medicina regenerativa. Sua área de atuação se dá na aplicação de princípios de engenharia e de ciências da saúde para promover a substituição ou a regeneração de células, tecidos ou órgãos humanos com o objetivo de restaurar as funções normais do organismo.
         Esse ramo da medicina se tangibiliza de diferentes formas, tanto por meio da substituição ou troca de tecidos e órgãos danificados como pela realização de implantes celulares, em uma tentativa de fazer um organismo debilitado se recuperar.
         É nesse ponto que a medicina regenerativa e as células-tronco se cruzam. As células-tronco têm sido as principais responsáveis pela evolução das técnicas de regeneração, muito em função da alta capacidade que têm de autorrenovação e de se diferenciar como outras células com funções específicas.
         Elas são classificadas em diferentes tipos: existem as células-tronco embrionárias, geradas no momento da formação de um feto, e as células-tronco adultas, encontradas em todo o organismo humano. Por muito tempo, considerou-se que as células embrionárias fossem as únicas capazes de se transformar em diferentes tecidos, mas estudos recentes certificam que as células adultas, como as provenientes da medula óssea e do dente de leite, por exemplo, também têm essa característica de diferenciação.
         Com isso, descortinou-se um novo horizonte para os pesquisadores, que estão dedicados a transformar em realidade clínica as pesquisas científicas voltadas ao tratamento de doenças hematológicas, degenerações no globo ocular, diabetes, artroses, doenças cardíacas, esclerose múltipla, entre outras. Essa evolução vem ratificar o que antes encontrava-se no ramo da expectativa: a medicina regenerativa pode se consolidar como a mais promissora revolução de saúde em um futuro próximo e como uma das maiores conquistas da humanidade.
         Não há como negar que a regência da farmacologia em tratamentos envolvendo o uso de medicamentos irá dividir espaço, em pouco tempo, com tratamento biológicos de alta previsibilidade. É também fato que que o caminho traçado pela ciência, construído com base no uso sistemático do método científico e sob evidências sólidas e validadas, traz periodicamente mudanças profundas de paradigmas no âmbito tecnológico, institucional e cultural.
Para que o uso de células-tronco se torne cada vez mais uma realidade clínica e que isso ocorra com toda a transparência, serenidade e lucidez necessárias, é fundamental que a disseminação desse conhecimento em construção se dê em todos os níveis de modo claro, objetivo e despido de alegorias.
         De acordo com o professor Shinya Yamanaka, Prêmio Nobel de Medicina em 2012, “os cientistas devem concentrar-se nas pesquisas, e os políticos e as empresas devem contar com a prova concreta gerada a partir de estudos científicos para informar direções futuras”. Dessa forma, retornaremos ao berço embalados pelas mãos da biologia e sua imensidão de possibilidades e segredos a serem desvendados.”.

(JOSÉ RICARDO MUNIZ. Membro da Sociedade Internacional de Pesquisas em Células-Tronco, doutor em ciência de materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ) e especialização em periodontia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de outubro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de novembro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Misericórdia e compaixão
        A Igreja Católica prepara um percurso de grande importância: a celebração do Ano Santo da Misericórdia, convocado pelo papa Francisco. Trata-se de um momento especial, celebrado no âmbito das comunidades de fé, que deve ecoar em todo o mundo, para vencer as muitas violências – física e moral, a corrupção e também a permissividade que contracena com a rigidez de grupos, alimentando fundamentalismos religiosos, políticos e culturais. A vivência desse tempo é oportunidade para tratar feridas que atingem a sociedade como um todo, inclusive a própria Igreja. O remédio para essas enfermidades é a prática da misericórdia.
         A audaciosa convocação do Ano Santo da Misericórdia comprova a intuição singular do papa Francisco no exercício de sua missão. É pelo caminho da misericórdia que a humanidade alcançará as mudanças e respostas que a contemporaneidade espera, com urgência. É remédio incidente. Pode ocorrer de se pensar, equivocadamente, que agir de modo misericordioso se trata de fraqueza e conivência. Mas, assinala o papa Francisco, reportando-se a palavras de Santo Tomás de Aquino, que a misericórdia não é sinal de fraqueza, é qualidade da onipotência divina.
         O início do Ano Santo da Misericórdia será marcado pela abertura da porta santa em Roma, pelo papa, no dia 8 de dezembro. Nas dioceses do mundo inteiro, no domingo seguinte, dia 13, essa porta será aberta para que qualquer pessoa entrar e experimentar o amor de Deus, que perdoa, consola e dá esperança. Isso significa que a vivência da misericórdia permite regeneração e nova compreensão da vida, um olhar compassivo sobre a humanidade, na direção de cada pessoa. Torna efetiva a possibilidade de se alcançarem novos sentimentos e um jeito de viver capazes de desenhar cenários na contramão da violência, da corrupção, da luta insana pelo poder e pelo lucro.
         A experiência da misericórdia alimenta a esperança. Permite a compreensão lúcida da fraternidade e da solidariedade. Bases que devem substituir a lógica perversa da economia que gera ganância, raiz de um “desenvolvimento” que recai como peso sobre os ombros de todos, particularmente dos pobres e indefesos. Para encontrar um rumo novo, todos são convocados a compreender que Deus é misericordioso, fonte da misericórdia. E Jesus Cristo é o rosto dessa misericórdia do Pai porque n’Ele, Jesus, a misericórdia se tornou viva, visível e chegou ao seu ápice. Esse é o mistério da fé cristã.
         Ser cristão é, portanto, contemplar o mistério da misericórdia, revelado por Jesus Cristo, fonte da alegria, da serenidade e da paz. Uma interpretação incidente, pois permite reconhecer que a misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao encontro de todos. Pertinente é a indicação do papa Francisco, quando sublinha que “a misericórdia é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação de nosso pecado”.
         Coluna mestra de sustentação da Igreja, a experiência da misericórdia é indispensável para conseguir respostas novas e transformadoras, diante dos desafios da atualidade. Sem o remédio da misericórdia, crescerão os fundamentalismos, não se controlará a intolerância, haverá sempre mais polarização de grupos políticos e religiosos, um contínuo desgaste da cultura da vida e da paz. Investir na misericórdia começa pela competência indispensável de perdoar, como Jesus indicou a Pedro, ao responder a sua pergunta a respeito de quantas vezes deve-se perdoar. O perdão é o núcleo central do Evangelho e da autenticidade da fé cristã. Por isso, Jesus mostra que a misericórdia não é apenas o agir de Deus Pai, mas é o verdadeiro critério para reconhecer quem são os verdadeiros filhos de Deus.
         O Ano da Misericórdia, experiência de fé na Igreja, com incidência na vida das famílias e comunidades, marcado por testemunhos, significativos gestos de reconciliação e perdão, é necessário para se alcançar nova etapa no cuidado das fraquezas e dificuldades dos irmãos. Um convite para que se busque a sabedoria da misericórdia. Em lugar de violência e disputas, que surja um tempo novo, pela força da misericórdia e da compaixão.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, em outubro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,93%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

      c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”