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quarta-feira, 23 de abril de 2014

A CIDADANIA, A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E A BUSCA DE SAÚDE E CALOR HUMANO

“Aprendizagem significativa
        
         A educação ganhou um novo viés com a transformação do perfil dos estudantes. A nova geração tem amplo acesso à internet e, por isso, não pode ser tratada como se chegasse à escola sem nenhuma vivência. A construção do conhecimento deve seguir sete passos para que a aprendizagem aconteça de forma significativa, fazendo com que a criança de fato compreenda o assunto e não apenas decore. A aprendizagem significativa é aquela que ocorre a partir do surgimento de um sentido pessoal por quem aprende, o que desencadeia uma atitude proativa para desvendar o novo e reconstruir conceitos que ampliam a habilidade de aprender cada vez mais. Todo conteúdo ensinado em sala de aula deve ser associado à história de vida do aluno, para que faça sentido em sua educação.
         Todo sujeito tem um conhecimento prévio, saberes e conexões mentais que não devem ser desprezados. Por isso, é necessário utilizar esse conhecimento, reforçá-lo e auxiliá-lo a buscar um novo aprendizado, utilizando um modelo didático dinâmico, uma vez que o aluno o aplica e o modifica constantemente. A concretização dessa aprendizagem resulta da execução do que se entende como os sete passos da construção do conhecimento: sentir, perceber, compreender, definir, argumentar, discutir e transformar. De acordo com a didática aplicada pelo professor, a sala de aula pode se transformar em um rico espaço laboratorial, cuja criança passa todas as fases do processo de aprendizagem (vivências do concreto e do manipulativo e registro das suas conclusões).
         O primeiro passo é o sentir, momento em que se trabalha com o concreto, manipulativo. A vivência do aluno é levada à sala de aula e se torna parte de um significado contextual e emocional. Após contextualizar o assunto, o educando precisa ser levado a perceber as características específicas do que está sendo estudado. É a etapa em que o aluno associa, relaciona, troca seu conhecimento prévio. A terceira fase é o ato de “compreender”. É quando se dá a construção do conceito para garantir a possibilidade de utilização do conhecimento em diversos contextos. Ocorre quando o professor enriquece o vocabulário do aluno com questões, jogos e situações-problema, relacionando as experiências dos estudantes com o conteúdo pragmático.
         O próximo ponto é “definir”, o que significa esclarecer um conceito. O aluno deve fazer isso com suas palavras para que o conceito seja claro. Ocorre quando o professor faz um trabalho interdisciplinar de produções utilizando vários gêneros textuais, como comparações das definições dos textos dos alunos e criação de um texto coletivo. Depois disso, o aluno precisa relacionar logicamente vários conceitos, o que ocorre por meio de texto falado, escrito, verbal e não verbal. Aqui, o aluno começa a argumentar com todo o vocabulário já pesquisado, desenvolvido por meio de teatro, trabalhos expositivos e ações. Em seguida, deve formular uma cadeia de raciocínio por meio da argumentação, ocorrendo a discussão, quando o professor volta às comparações, afunila a fundamentação e avalia a coerência dos conceitos, buscando a síntese e a solução.
         O último passo da construção do conhecimento é a transformação. É a intervenção na realidade. Ocorre quando o aluno se torna proativo, pronto para responder, resolver questões levantadas sobre a leitura feita. A partir desse momento, a criança compreende o assunto e tem uma vasta experiência. Quando o processo de aprendizagem valoriza as vivências do estudante, o aprendizado é muito mais efetivo do que seria com uma didática tradicional.”

(PAULA MOURA. Coordenadora do ensino fundamental I do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de abril de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, especialista em clínica médica e medicina de família e comunidade, e que merece igualmente integral transcrição:

“Doença e calor humano
        
         Na música Noites com sol, o compositor e cantor Flávio Venturini afirma que as “noites com sol são mais belas”. Tomamos por empréstimo essa frase para comentar sobre o impacto das doenças na vida das pessoas e seus familiares. Uso como analogia o lado sombrio da noite, que tem como companheiros o medo, a insegurança e as fantasias. A doença é como a noite, sobretudo nos casos graves, muitas vezes, incuráveis e/ou terminais. Uma atmosfera de insegurança toma conta dos doentes e de seus familiares. As reações das partes são diferentes; o que parece ser comum é a dificuldade em lidar com o novo ciclo da vida familiar.
         Com o surgimento dos casos graves ou crônicos das doenças, a pessoa pode encontrar dificuldade para aceitar e lidar de forma tranquila com a sua nova situação, ficando ora carente, ora sensível, ora hostil e frustrada com os resultados, muitas vezes, insatisfatórios. Os familiares se sentem perdidos, sem rumo, sozinhos, precisando de atenção e apoio para conduzir e/ou compartilhar a situação. Algumas vezes, a impressão para os doentes e familiares é de que a “noite” será interminável. Assim, os amigos, os profissionais da área da saúde, entre outros, fazem toda a diferença, e são luzes que podem transformar as noites escuras em noites com sol. Ter e poder contar com os amigos nos momentos delicados da vida é muito importante. Quando ocorre a doença, a amizade funciona como um sol. É impressionante o bem que faz a presença e a solidariedade dos amigos. São conhecidas as pesquisas realizadas pela Universidade de Harvard sobre os benefícios da amizade na saúde das pessoas.
         Os profissionais de saúde, quando sensíveis ao sofrimento da pessoa e dos familiares, são raios de luz na escuridão. Com a abordagem regada pela técnica e pelo humanismo, podem contribuir para que a convivência com a doença seja mais tranquila. No serviço privado de profissionais da área médica e de outras categorias profissionais, muitas pessoas construíram fortes e duradouros vínculos com os pacientes e seus familiares. No Sistema Único de Saúde (SUS), a estratégia de saúde da família (ESF) avançou na vinculação da equipe de saúde com os familiares dos doentes, com experiências muito ricas, humanas e vitoriosas.
         Imaginar os amigos e os profissionais como sol na noite nos remete ao lado belo da vida, em que a solidariedade abraça a existência e a valoriza. Entretanto, não é sempre assim. Em relação aos amigos, quando a doença chega, alguns se distanciam e, por diferentes razões – respeito aos familiares, indiferença ou descuido –, não se prontificam a conversar, não ligam, não dão notícia, não se envolvem. A vida corrida, o individualismo e a falta de solidariedade, muitas vezes, motivam o distanciamento das pessoas amigas dos doentes e familiares. Nas instituições para idosos, em suas diferentes modalidades, temos exemplos de abandono e de solidão. Analogamente, isso ocorre nos domicílios com os portadores de doenças crônicas em estágio mais avançado, que precisam se ausentar do trabalho ou do convívio social para obter tratamento e são esquecidos pelos amigos. Sem o calor da amizade, lidar com a doença é bem mais complicado. Quanto aos profissionais de saúde, um dos pontos fundamentais é o fortalecimento do vínculo com os pacientes e familiares. Não se cria vínculo em uma semana ou em um mês. Ele evoca identificação, empatia, partilha e confiança e, por isso, é construído por anos a fio.
         Temos acompanhado a ruptura de vínculos em vários serviços: profissionais que atendiam em um determinado plano de saúde e não o fazem mais (por atraso nos pagamentos, baixa remuneração, entre outros motivos); pessoas que migram de um plano de saúde porque estão descontentes com os serviços oferecidos; planos que são fechados e/ou vendidos; falta de fixação de profissionais em alguns serviços, sobretudo no setor público; valores muito altos de consultas e procedimentos, além de fatores ligados a pessoas (pacientes e familiares) e a profissionais, que, por suas características, não se abrem a novos vínculos, entre outros fatores. Em situações críticas (sintomas ou sinais preocupantes que sugerem doenças muito graves ou terminais), muitos familiares e pacientes sentem a falta de profissionais de referência, com os quais possam partilhar a dor e o sofrimento. Certamente, fatores socioculturais ligados ao individualismo e ao consumismo, além de modelos assistenciais fragmentados, interferem e contribuem nas relações superficiais, na falta e/ou fragilidade dos vínculos.
         No atendimento profissional, percebe-se que os melhores resultados surgem quando há apoio e atenção àquele que está doente e a seus familiares. Se as famílias tivessem profissionais e amigos com quem pudessem compartilhar suas dúvidas, preocupações e expectativas, o fardo seria mais leve. A presença dos amigos e dos profissionais torna as “noites escuras” em “noites com sol”. E “as noites com sol são mais belas”. Penso que precisamos considerar esses aspectos para que a vida seja mais suave e cheia de sentido.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios e de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, já se lançando também com raízes no mar, abaixo do mar...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (por exemplo, mesmo ameaças à reputação de empresas - públicas ou privadas - já significam perdas de energia, de valor, de mercado...) ;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...