“Esporte
e educação
Sabemos lidar muito bem
com as coisas, máquinas, os processos concretos. Contudo, não é tão fácil
tratarmos daquilo que é subjetivo e se refere ao mundo das emoções e das relações
humanas. Em diversas disciplinas e matérias de estudo aprendemos as técnicas e
o racionalismo que traça planos e métricas apontando diretrizes e padrões que
funcionam muitas vezes nas pranchetas, mas que na vida real, de sangue, suor e
lágrimas, emperram. Quando isso acontece vemos profissionais de grande calibre
técnico e trabalhadores competentes se desequilibrarem e perderem o rumo. É por
isso que o esporte faz parte da educação. As competições entre times e seleções
de diferentes colégios, clubes e países ensinam muito.
É pelo
esporte que a vida de um aluno pode ficar mais sadia, a partir do momento em
que as derrotas, as vitórias e também os empates, o trabalho em conjunto, a
preparação e a busca por resultados e pelo mérito por uma conquista, ganham
total conexão com a nossa vida. Desde cedo, um esporte como o vôlei, o
basquete, o futebol ou o remo ensina a importância do espírito de coletividade,
esforço em equipe colaborativo e a interdependência entre cada membro da mesma
seleção. Cedo também, quanto o esporte é individual, como o tênis, a esgrima, o
atletismo, a natação, aprendemos a conhecer e superar nossos próprios limites
físicos, que, necessariamente, estão ligados aos mentais e emocionais. Desse
somatório, surgem cidadãos melhores. O esporte como plataforma educacional é
assim extremamente valioso para fazer a juventude entender que a vida adulta é
cheia de altos e baixos, tem momentos de glória e de tristeza e, nesse cair e
levantar, nos ensina a caminhar com mais confiança, com mais maturidade e
respeito aos outros. Entender a perda em qualquer competição esportiva é tão
importante quanto saber ganhar. O perdedor de hoje pode ser o novo campeão de
amanhã, quando, ao analisar suas falhas, percebe como o outro time ou o atleta
vencedor planejou sua trajetória, aproveitando com mais seriedade e dedicação
seus treinamentos, tendo maior foco no resultado desejado. O campeão de hoje
sabe que precisa se superar e ir além da sua conquista momentânea para
manter-se no pódio, e que muitas vezes, apesar de toda a sua preparação, o
inusitado pode acontecer e mudar os rumos dos acontecimentos. O esporte
complementa a educação formal quando oferece um aprendizado valioso sobre nosso
limites físicos, mentais e emocionais, ensinando o jovem atleta sobre espírito
coletivo, colaboração, superação, disciplina e também técnica, conhecimento e
saúde.
Trabalhar
o esporte e seu valor educacional para nossos jovens é uma prioridade para o
Brasil. Escolas fundamentais, de ensino médio e instituições de educação
superior, públicas ou privadas, precisam estar atentas e conscientes de seu
papel nessa integração, além das salas de aula. O investimento certamente será
precioso e vai deixar um verdadeiro legado para a vida de nossa juventude.
Sabemos que a educação tem o poder de transformar vidas e mudar realidades.
Lembrando Pierre de Coubertin, considerado o pai da Olimpíada Moderna, o
esporte é capaz de forjar cidadãos melhores, pois “não estamos neste mundo para
viver nossa vida, e sim a dos outros. As maiores alegrias, desse modo, não são
as que nós mesmos aproveitamos, e sim as que oferecemos ao próximo”. Esse é o
espírito para construirmos uma sociedade melhor.”
(LUIZ ANTÔNIO
GAULIA. Gerente de sustentabilidade do Grupo Estácio, em artigo publicado
no jornal ESTADO DE MINAS, edição de
27 de agosto de 2014, caderno OPINIÃO, página
7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5
de dezembro de 2014, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Fazer
o bem faz bem
Frases de efeito são
pronunciadas em discursos estéreis e repetitivos, como mero recurso retórico.
Muitos repetem ditos conhecidos apenas para sustentar argumentações frágeis.
“Fazer o bem faz bem” é uma expressão que pode ser considerada frase de efeito,
e até servir de enfeite em para-choque de caminhão. Também é possível ser
slogan de alguma campanha, embelezando agendas, calendários e outros recursos
midiáticos. Mas, a partir da convocação feita pela Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil – a vivência do Ano da Paz –, “fazer o bem faz bem” deve
sintetizar um programa de vida pessoal, com o propósito humanístico e
espiritual de contribuir para a conquista da paz.
Há uma
preocupação geral em vista da superação das violências, desde aquelas
praticadas contra a integridade física das pessoas até as que são classificadas
como crimes “do colarinho branco”. “Fazer o bem faz bem” pode ser uma fonte de
inspiração para a transformação social. Cultivar essa compreensão certamente
ajuda a promover a qualidade de vida, fazendo com que cada indivíduo torne-se
instrumento cidadão a serviço da paz. Trata-se de tarefa cristã, um propósito
simples com efeito revolucionário. Fazer o bem é oferta que enriquece a pessoa,
que contribui para mudar cenários desoladores das muitas violências que
comprometem o avanço de uma cultura da disputa, da mesquinhez, do
individualismo.
Fazer
o bem inclui, acima de tudo, no pluralismo da cultua contemporânea, o diálogo
na construção de convicções e entendimentos. Do contrário, cresce a ditadura do
“achismo” e a rigidez de pensamento, que geram juízos inadequados. As
consequências são preconceitos e distanciamentos que só favorecem a violência.
Fazer o bem que faz bem requer competência humanística e dialogal, a ser
permanentemente aprendida e, sobretudo, exercitada, para que não se multiplique
a cultura beligerante de ataques desnecessários. Em vez de apontar para os
outros e indicar o que devem fazer, é necessário que cada indivíduo avalie se
está fazendo o bem.
Na
contemporaneidade, partilha-se o privilégio singular de poder acompanhar
processos, ter acesso a dados, poder aproximar-se de pessoas, comunidades e
ambientes com recursos nunca disponibilizados. Ao mesmo tempo, essa facilidade
pode se transformar em uma arma que coloca seres humanos em confronto, com
resultados lamentáveis e irreversíveis. Os muitos recursos são apropriados, em
diversas ocasiões, para alimentar violências, fundamentalismos, radicalismos e
tantas situações de hostilidade entre grupos, povos, nações e indivíduos.
Diante de todos, está uma realidade complexa que pede atenção e cuidado. É
preciso buscar caminhos para superar, por exemplo, a postura de certos
indivíduos que, atrás de seus computadores, maquinam coisas, copiam e
compartilham outras, submetem o mundo aos seus próprios critérios e, assim,
ajudam a consolidar autoritarismos.
“Fazer
o bem faz bem”, para ser além de uma simples frase de efeito, deve remeter a um
propósito e se efetivar como compromisso. Uma oferta ao outro que se transforma
em ganho. Lógica de se ganhar pelo simples fato de se ofertar. Um caminho que
se opõe à ilusão de que só se ganha quando se retém, que atacar é a melhor
defesa e que a indiferença é remédio para não se deixar afetar pelo sofrimento
alheio. Também é contramão da patologia de não se gostar de reconhecer o bem
que o outro faz.
O dito
“fazer o bem faz bem”, transformado em programa de vida, ajudará na compreensão
de que o diálogo é prioritário no gosto pelo respeito à sacralidade de cada
pessoa. Tudo isso é fundamental para que prevaleça a honestidade no desempenho
de papéis sociais, políticos, eclesiais e cidadãos. A preparação para o Natal é
oportunidade de ouro para compreender que Deus é amor, a grande revelação de
Jesus, com sua encarnação, a referência necessária e indispensável para
encontrarmos supremas razões que nos tornem paladinos seguros da dignidade
humana e corajosos construtores da paz, pela força de fazer o bem que faz bem.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas;
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados; II – a corrupção, há
séculos, na mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses
privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida
nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem;
III – o desperdício, em todas as
suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata,
abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!