sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A CIDADANIA, O ESPORTE, A EDUCAÇÃO E O BEM QUE É FAZER O BEM

“Esporte e educação
        Sabemos lidar muito bem com as coisas, máquinas, os processos concretos. Contudo, não é tão fácil tratarmos daquilo que é subjetivo e se refere ao mundo das emoções e das relações humanas. Em diversas disciplinas e matérias de estudo aprendemos as técnicas e o racionalismo que traça planos e métricas apontando diretrizes e padrões que funcionam muitas vezes nas pranchetas, mas que na vida real, de sangue, suor e lágrimas, emperram. Quando isso acontece vemos profissionais de grande calibre técnico e trabalhadores competentes se desequilibrarem e perderem o rumo. É por isso que o esporte faz parte da educação. As competições entre times e seleções de diferentes colégios, clubes e países ensinam muito.
         É pelo esporte que a vida de um aluno pode ficar mais sadia, a partir do momento em que as derrotas, as vitórias e também os empates, o trabalho em conjunto, a preparação e a busca por resultados e pelo mérito por uma conquista, ganham total conexão com a nossa vida. Desde cedo, um esporte como o vôlei, o basquete, o futebol ou o remo ensina a importância do espírito de coletividade, esforço em equipe colaborativo e a interdependência entre cada membro da mesma seleção. Cedo também, quanto o esporte é individual, como o tênis, a esgrima, o atletismo, a natação, aprendemos a conhecer e superar nossos próprios limites físicos, que, necessariamente, estão ligados aos mentais e emocionais. Desse somatório, surgem cidadãos melhores. O esporte como plataforma educacional é assim extremamente valioso para fazer a juventude entender que a vida adulta é cheia de altos e baixos, tem momentos de glória e de tristeza e, nesse cair e levantar, nos ensina a caminhar com mais confiança, com mais maturidade e respeito aos outros. Entender a perda em qualquer competição esportiva é tão importante quanto saber ganhar. O perdedor de hoje pode ser o novo campeão de amanhã, quando, ao analisar suas falhas, percebe como o outro time ou o atleta vencedor planejou sua trajetória, aproveitando com mais seriedade e dedicação seus treinamentos, tendo maior foco no resultado desejado. O campeão de hoje sabe que precisa se superar e ir além da sua conquista momentânea para manter-se no pódio, e que muitas vezes, apesar de toda a sua preparação, o inusitado pode acontecer e mudar os rumos dos acontecimentos. O esporte complementa a educação formal quando oferece um aprendizado valioso sobre nosso limites físicos, mentais e emocionais, ensinando o jovem atleta sobre espírito coletivo, colaboração, superação, disciplina e também técnica, conhecimento e saúde.
         Trabalhar o esporte e seu valor educacional para nossos jovens é uma prioridade para o Brasil. Escolas fundamentais, de ensino médio e instituições de educação superior, públicas ou privadas, precisam estar atentas e conscientes de seu papel nessa integração, além das salas de aula. O investimento certamente será precioso e vai deixar um verdadeiro legado para a vida de nossa juventude. Sabemos que a educação tem o poder de transformar vidas e mudar realidades. Lembrando Pierre de Coubertin, considerado o pai da Olimpíada Moderna, o esporte é capaz de forjar cidadãos melhores, pois “não estamos neste mundo para viver nossa vida, e sim a dos outros. As maiores alegrias, desse modo, não são as que nós mesmos aproveitamos, e sim as que oferecemos ao próximo”. Esse é o espírito para construirmos uma sociedade melhor.”

(LUIZ ANTÔNIO GAULIA. Gerente de sustentabilidade do Grupo Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de agosto de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5 de dezembro de 2014, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fazer o bem faz bem
        Frases de efeito são pronunciadas em discursos estéreis e repetitivos, como mero recurso retórico. Muitos repetem ditos conhecidos apenas para sustentar argumentações frágeis. “Fazer o bem faz bem” é uma expressão que pode ser considerada frase de efeito, e até servir de enfeite em para-choque de caminhão. Também é possível ser slogan de alguma campanha, embelezando agendas, calendários e outros recursos midiáticos. Mas, a partir da convocação feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – a vivência do Ano da Paz –, “fazer o bem faz bem” deve sintetizar um programa de vida pessoal, com o propósito humanístico e espiritual de contribuir para a conquista da paz.
         Há uma preocupação geral em vista da superação das violências, desde aquelas praticadas contra a integridade física das pessoas até as que são classificadas como crimes “do colarinho branco”. “Fazer o bem faz bem” pode ser uma fonte de inspiração para a transformação social. Cultivar essa compreensão certamente ajuda a promover a qualidade de vida, fazendo com que cada indivíduo torne-se instrumento cidadão a serviço da paz. Trata-se de tarefa cristã, um propósito simples com efeito revolucionário. Fazer o bem é oferta que enriquece a pessoa, que contribui para mudar cenários desoladores das muitas violências que comprometem o avanço de uma cultura da disputa, da mesquinhez, do individualismo.
         Fazer o bem inclui, acima de tudo, no pluralismo da cultua contemporânea, o diálogo na construção de convicções e entendimentos. Do contrário, cresce a ditadura do “achismo” e a rigidez de pensamento, que geram juízos inadequados. As consequências são preconceitos e distanciamentos que só favorecem a violência. Fazer o bem que faz bem requer competência humanística e dialogal, a ser permanentemente aprendida e, sobretudo, exercitada, para que não se multiplique a cultura beligerante de ataques desnecessários. Em vez de apontar para os outros e indicar o que devem fazer, é necessário que cada indivíduo avalie se está fazendo o bem.
         Na contemporaneidade, partilha-se o privilégio singular de poder acompanhar processos, ter acesso a dados, poder aproximar-se de pessoas, comunidades e ambientes com recursos nunca disponibilizados. Ao mesmo tempo, essa facilidade pode se transformar em uma arma que coloca seres humanos em confronto, com resultados lamentáveis e irreversíveis. Os muitos recursos são apropriados, em diversas ocasiões, para alimentar violências, fundamentalismos, radicalismos e tantas situações de hostilidade entre grupos, povos, nações e indivíduos. Diante de todos, está uma realidade complexa que pede atenção e cuidado. É preciso buscar caminhos para superar, por exemplo, a postura de certos indivíduos que, atrás de seus computadores, maquinam coisas, copiam e compartilham outras, submetem o mundo aos seus próprios critérios e, assim, ajudam a consolidar autoritarismos.
         “Fazer o bem faz bem”, para ser além de uma simples frase de efeito, deve remeter a um propósito e se efetivar como compromisso. Uma oferta ao outro que se transforma em ganho. Lógica de se ganhar pelo simples fato de se ofertar. Um caminho que se opõe à ilusão de que só se ganha quando se retém, que atacar é a melhor defesa e que a indiferença é remédio para não se deixar afetar pelo sofrimento alheio. Também é contramão da patologia de não se gostar de reconhecer o bem que o outro faz.
         O dito “fazer o bem faz bem”, transformado em programa de vida, ajudará na compreensão de que o diálogo é prioritário no gosto pelo respeito à sacralidade de cada pessoa. Tudo isso é fundamental para que prevaleça a honestidade no desempenho de papéis sociais, políticos, eclesiais e cidadãos. A preparação para o Natal é oportunidade de ouro para compreender que Deus é amor, a grande revelação de Jesus, com sua encarnação, a referência necessária e indispensável para encontrarmos supremas razões que nos tornem paladinos seguros da dignidade humana e corajosos construtores da paz, pela força de fazer o bem que faz bem.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!

  

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