“A
revolta de todos: os miseráveis brasileiros
Peço licença para
dizer, depois de várias pesquisas e com a dignidade que sempre presidiu às
minhas ideias, que o recente movimento social brasileiro é o maior movimento
social do mundo e de todos os tempos, justamente porque não tem nenhuma
liderança; sem cor política e sem pragmatismo; porque é um movimento ditado e
conduzido por Deus, e, portanto, não necessita de compassos, prumos, formas e
nem de martelos.
Lembro-me,
obedecidas as proporções, da revolta social contida e descrita no livro Os miseráveis, de Vitor Hugo, talvez a
maior obra humanitária e social de todos os tempos, cujo valor intangível fez
cair o véu dos olhos daquele grande contingente miserável, escrutando a pobreza
material, social e moral a que estavam, diariamente, submetidos.
Agora,
nós, os miseráveis brasileiros, estamos a nossa pobreza material, moral e
social que os escroques impuseram à nação brasileira durante tantos e tantos
anos. Não é mais possível que numa república que diz assegurar,
constitucionalmente, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança, que a maior parte de sua sociedade seja constituída de
escravos.
Nós,
os miseráveis brasileiros, buscando alcançar a alma da nação brasileira,
acordamos em inédito movimento social, fazendo com que a mesma recebesse na
fronte rajadas de luz e presenciasse uma chuva de estrelas. Agora, estamos
aprofundando nas galerias subterrâneas do nosso sofrimento, para que a nossa
mente não se afogue mais nas galerias da mentira, e fazendo com que a
ventilação chegue perto das janelas e possamos respirar, descansando e
renovando o nosso espírito.
Buscamos,
agora, a verdade, que, como disse Epimênides, “é aquela que alumia a terra,
sustenta a justiça, governa a república, confirma o que é claro e aclara o que
é duvidoso”.
Como
já disse, o inédito movimento social brasileiro é obra ditada por Deus, repleta
de misericórdia e, como tal, um alívio ou um remédio para a miséria humana
brasileira, material, social e moral e para que a dignidade humana não continue
sendo enganada pela voz dos canalhas e daqueles que sempre se alimentaram nas
maminhas da corrupção.
A
verdade veio à tona, com o inédito movimento social brasileiro e ainda que no
mar da mentira a assaltar os corsários da traição, do engano, da maldade e da
aleivosia, não conseguirão rendê-la. Por mais que a falsidade faça por
afogá-la, não conseguirá, porque quanto mais as águas da tormenta quiserem
sumi-la, ela se levantará dentro das ondas, como o sol nascente quando se eleva
sobre o horizonte, descobrindo seu rosto iluminado.
Por
meio do inédito movimento social brasileiro, gritamos à nação, num grito único
e estrondoso: somos contra a mentira perene dos déspotas políticos! Contra a
maior carga tributária do mundo! Contra a humilhação e desonra que somos
submetidos todos os dias! Onde estão os meus direitos constitucionais à saúde e
à educação? Onde estão os meus direitos constitucionais à segurança pública e à
segurança jurídica? Não aguentamos mais essa famigerada “ditadura bancária!”
Não aguentamos mais a desfaçatez de se tentar calar a imprensa séria do nosso
país! Não aguentamos mais aquela imprensa corrupta, estrategicamente calada e
que sempre mamou nas tetas do poder corrupto, cujo paroxismo da bajulação já
atingiu a raia do ridículo! Não aguentamos mais a incúria de se tentar, a
qualquer preço, a destruição das instituições sérias do nosso país! Não
aguentamos helicópteros voando às custas do dinheiro público.
Destarte,
o inédito movimento social brasileiro tem como sua principal virtude a
magnificência que, agora, há de ser medida pela grandeza de nossa nação e pela
grandeza do seu povo, que sabe não ser a política uma atividade profana, mas um
instrumento para a realização duradoura daquelas condições necessárias aos
cidadãos para o fortalecimento de suas qualidades pessoais; de suas funções; de
sua vida material, intelectual, religiosa e moral. Certo é que, apesar de ter
ganho a batalha, ainda não ganhamos a guerra, na medida em que não se fez,
estrategicamente, a leitura do inédito movimento.
Na
verdade, como resposta às nossas reivindicações, estão tentando nos oferecer verdadeiros
factóides políticos. Absurdos inconstitucionais. Mentiras, somente mentiras,
tais como plebiscito para a reforma política; o direito do pré-sal (que não se
sabe quando vai aparecer); e a contratação de médicos estrangeiros, tudo para
salvar a saúde brasileira. Não vou reduzir o número dos ministérios porque isso
não é necessário para frear a “gastança” desenfreada do dinheiro público, e que
a inflação brasileira está dentro da meta governamental.
Miseráveis,
também, aqueles cujas almas são repletas de hipocrisia, porque no alto de seu
absolutismo a paciência é fingida, a prudência é a malícia e a temperança é a
pior das corrupções: a da alma. Oportuno lembrar o imperador Gordiano quando,
presenciando às escuras como andavam muitos chefes de governo, costumava dizer:
“Miserável é o rei a quem se calam as verdades”.
Devemos
continuar gritando: não aguentamos que a desgraça continue sopesando sobre os
nossos ombros, desesperando as nossas almas e despedaçando os nossos corações.
Temos motivos de sobra para continuar lutando, para, afinal, conseguir que a
virtude e o amor ao nosso Brasil sejam infundidos em todas as veias de nosso
Estado como seiva e sangue reparadores.”
(RONALDO
CESAR DE FARIA. Procurador de Justiça, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de agosto
de 2013, caderno DIREITO & JUSTIÇA, página principal).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição,
caderno OPINIÃO, página 9, de
autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Legado
de lições da JMJ
A Jornada Mundial da
Juventude 2013 (JMJ), festa da fé realizada no Rio de Janeiro, deixa um legado
de lições a serem vivenciadas pela Igreja Católica e por toda a sociedade. Três
delas se destacam. Em primeiro lugar e acima de tudo está a evidência da significação
da presença e da centralidade de Deus na vida de cada pessoa e da sociedade.
Destaca-se também o testemunho luminoso do papa Francisco, configurado em
simplicidade, ternura, transparência e proximidade, na sua primeira visita
internacional, ainda bem no início de sua missão como sucessor do apóstolo
Pedro. E no coração desse cenário, obviamente, a razão da JMJ, a presença
maciça e envolvente dos jovens procedentes do mundo inteiro. Essas lições se
desdobram em muitas outras constituindo a JMJ como fonte de referência.
A
presença de Deus no coração de cada pessoa e no grandioso coração da multidão
reunida nas ruas e praças, no aconchego das famílias, nas igrejas ou nos
ambientes de trabalho e lazer, muda tudo. Abre caminhos na direção do bem e
fortalece a convicção de que o amor conduz à fundamental afirmação da vida,
lugar comum e inegociável do encontro de todos com suas afinidades e
diferenças. A análise simples do que ocorreu nas ruas da cidade do Rio de
Janeiro, particularmente nos eventos em Copacabana, especialmente a congregação
de mais de 3 milhões de pessoas na missa de envio, encerrando uma verdadeira
“maratona da fé”, comprova o diferencial em razão da centralidade de Deus. Sua
presença no coração de cada um configurou uma grande comunidade, pela fé e pelo
amor, de irmãos e irmãs de diferentes raças, línguas, povos, culturas e
procedências. Um nível de unidade e fraternidade, sem incidentes ou violências,
que só a presença amorosa de Deus consegue articular e manter.
Particularmente,
merece atenção o admirável silêncio ante o mistério ali celebrado. Silêncio
amoroso e de reverência que, certamente, Copacabana jamais presenciou. Essa
força de Deus é uma lição para uma nação laica, por suas razões
constitucionais, mas com um povo que preza e se sustenta pelo tesouro de sua
fé. Uma realidade que adverte e pede atenção de governantes e construtores
dessa sociedade pluralista. Que torna imprescindível considerar esse horizonte
de lições se quiserem dar consistência a projetos sociais e políticos no
atendimento das demandas do povo.
O
testemunho do papa Francisco, luminoso por seu caráter evangélico e pela
proximidade do seu jeito de ser ao de nosso mestre Jesus Cristo, ilumina o
horizonte do caminho missionário da Igreja. Verdadeiro discípulo do Senhor,
Francisco ajuda a sociedade a buscar, de modo imprescindível, a fraternidade e
a solidariedade. A proximidade junto a todos, especialmente pobres, sofredores,
crianças, sua palavra simples, direta e densa de interpelações, tudo cultivado
com a alegria de ser servidor de todos, consolida um rumo novo no caminho
evangelizador da Igreja. Oferece muito, ou quase tudo o que a sociedade
necessita aprender para ser mais justa e solidária.
Por
isso mesmo, o testemunho do papa Francisco, na gravidade de sua
responsabilidade e no peso da repercussão singular de seus gestos e palavras,
reafirma o horizonte que deve sempre orientar o caminho da Igreja e de todos os
discípulos de Jesus. É primordial essa sua missão como sucessor do apóstolo
Pedro, o escolhido por Cristo para presidir o colégio dos primeiros apóstolos.
Início do caminho bimilenar da Igreja Católica, que atravessa os tempos pela
força de testemunhos como o do papa Francisco.
Sua
missão assim vivida aponta decisivamente o rumo e o rosto de nossa Igreja.
Fortalece testemunhos, alarga o comprometimento com uma Igreja simples, pobre,
próxima, hospitaleira, que testemunha o evangelho de Jesus Cristo, nele
alavancando crescimentos. Virtudes reafirmadas de maneira eloquente na 5ª
Conferência dos Bispos Latino-Americanos e Caribenhos no Santuário de
Aparecida, em 2007, com presença e decisiva contribuição do então cardeal Jorge
Bergoglio. Esse testemunho do papa Francisco toca especialmente a juventude,
que tem uma presença envolvente, anseios e dinâmicas próprias dessa fase da
vida. Lições que indicam um lugar de escuta e de aprendizagem para introduzir
todos no tempo novo da Igreja e da sociedade.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas;
b)
o combate,
implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores
inimigos que são: I – a inflação, a
exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em
patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis;
c)
a dívida
pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da
União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a
exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; saneamento ambiental (água
tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana,
logística reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social;
sistema financeiro nacional; logística; segurança alimentar e nutricional;
segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; esporte,
cultura e lazer; turismo; comunicações; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...