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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A CIDADANIA NO PROCESSO DE JUNTAR OS CACOS

“Por que foi tão ruim?

[...] DEUS E O DIABO O Brasil não é um país simples. Mas se pode sintetizar seus problemas em três grandes fontes e, a partir delas, ensaiar formas de superação e avanço. A questão básica: somo um país rico com muita injustiça e muita gente pobre. Para mudar essa situação, é necessário um esforço de compreensão que aponte de onde partimos e por que atolamos nessa contradição.

Há razões estruturais, que não são destino inelutável. Somos resultado da colonização concentradora, escravocrata, que desvaloriza o trabalho e cria o monopólio da terra. Em seguida – segunda questão estrutural –, nosso processo de desenvolvimento e industrialização foi armado, durante a ditadura militar, em cima da produção de bens de consumo de luxo, o que deformou o mercado interno e concentrou ainda mais a renda, além de impedir o amadurecimento de formas de participação popular. Mais recentemente, com o neoliberalismo e a financeirização da economia, a hegemonia do capital especulativo concentrou ainda mais a renda e empobreceu o Estado, que foi se retirando de suas funções sociais e de garantia da infraestrutura para o crescimento. No salve-se quem tiver competência do mercado, demandas populares são sempre signo de atraso. Moderno é não ter direitos trabalhistas e privatizar riquezas estratégicas, por exemplo.

Se a eleição é o momento de passar o país a limpo, o que se esperava das campanhas e dos candidatos eram propostas para mudar esse quadro: como resolver a questão da terra, como dinamizar o mercado interno, como crescer com distribuição de renda, como dar ao Estado condições de sustentar as demandas sociais, como democratizar o jogo político e ampliar os espaços de participação. Cada candidato tinha propostas para todos esses pontos.

Eles sabiam disso, a imprensa e os eleitores também. Preferiram discutir deus e o diabo. Deus entrou na questão do aborto. O diabo pôs seu rabo nas demais trapalhadas e manipulações a que fomos submetidos por muitos meses. Foi muito ruim, mas acaba amanhã.”
(JOÃO PAULO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de outubro de 2010, Caderno PENSAR, página 2).

Mais uma IMPORTANTE, e também OPORTUNA, contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, Caderno CULTURA, edição de 4 de novembro de 2010, Caderno CULTURA, página 10, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Cartas da prisão (Agir), entre outros livros, que merece INTEGRAL transcrição:

“Juntando os cacos

Campanha eleitoral, apurado o resultado das urnas, funciona como abalo sísmico: súbito, o que era findou, a estrutura política se encontra alterada e o que será ainda não se firmou (o que só ocorrerá depois de 1º de janeiro de 2011).

Deveria existir uma psicanálise do poder, à qual Shakespeare e Machado de Assis dariam excelentes contribuições. Talvez exista. Eu é que, em minha sobeja ignorância, não a conheço.

Não é fato que o processo eleitoral tudo desarruma? É um festival de contradições e contrariedades: amigos se tornam inimigos, inimigos viram correligionários; irmãos discutem com irmãos; princípios ideológicos cedem lugar a interesses eleitoreiros; propostas são encobertas por meras promessas; o discurso ético quase nunca coincide com o modo como se financia a campanha...

E ainda há cidadãos que se recusam a votar, têm raiva de políticos, vociferam contra tudo e contra todos, esquecendo o elementar, meu caro Watson: o ódio destrói quem odeia e não quem é odiado. Este nem sequer fica sabendo das repetidas ofensas proferidas ao seu nome.

Terminado o pleito para as funções legislativas, cada candidato tem o direito de se olhar no espelho. Há eleitos que estufam o peito aliviados, sentem o doce beijo de Narciso – nem tanto como belo, e sim como poderoso – e se esquecem de reparar que, no fundo do espelho, há uma multidão de pessoas, seus eleitores, a quem devem a vitória eleitoral e a quem estão obrigados a não decepcionar.

Os derrotados se dedicam ao triste balanço: tanto esforço, tantas viagens e reuniões, tantos apertos de mãos e cafezinhos; e, sobretudo, tanto dinheiro despendido para... nada! Epa, não é bem assim! Para nada não. E o investimento eleitoral a longo prazo? Afinal, mereci uns tantos votinhos, tornei-me conhecido, criei um potencial base de sustentação política. Claro, esperava mais, julgava-me mais elegível que outros concorrentes... Mas seu que não sou de se jogar fora. Quem sabe nas próximas eleições...

De fato, gastos eleitorais são pesados. Deus meu, quantas dívidas! Alguns candidatos derrotados fizerem fofrem de DPE: Depressão Pós-Eleitoral.

Mas não nos enganemos. Uns tantos derrotados fizerem seu pé de meia. É a tal “sobra de campanha”. Sobra? Na verdade, quinhão retirado do milhão. Nada como um dinheirinho extra caído do céu. Ou melhor, das mãos dos eleitores. Com a vantagem de dispensar prestação de contas ou pagamento de tributos.

Depois do bate-boca de quem foram os responsáveis pela derrota (a vitória é quase sempre exclusivamente do candidato), o prêmio de consolo de uns tantos é a tradicional boquinha assegurada por quem foi eleito. Não virei deputado ou senador mas, felizmente, o companheiro ali agora é governador; aquele de elegeu senador; o outro, deputado. Quem sabe me consolam com uma nomeação! O dinheiro não sai mesmo do bolso deles. Vem dos cofres públicos. Se for preciso, até topo assinar receber cinco, embolsar três e deixar dois para o companheiro que agora me estende a mão...

Muitos vitoriosos não se aguentam de tanto de tanto convencimento. Adeus patrão, adeus relógio de ponto, adeus rotina! Agora é não pisar em falso para não cair do palanque. O que mais importa, desde hoje, é tratar de garantir a reeleição daqui a quatro anos.

Quem foi eleito para o Executivo trata de montar sua equipe de governo atento às alianças, aos correligionários bem votados, porém não eleitos, às promessas mais repetidas.

Os derrotados amargam a boca de fel. Como aconteceu? Tudo indicava que eu seria eleito. Cadê as pesquisas fajutas, os puxa-sacos, o coro do “já ganhou”? Ganhei foi experiência. E perdi meses dando braçadas, engolindo água para, na hora H, morrer na praia.

E nós, eleitores? Votamos por votar ou estamos dispostos a cobrar duro de quem elegemos? Sim, sei que alguns foram às urnas porque a lei obriga. É o time do voto facultativo. Estou fora! Darei meu apoio a tal bandeira no dia em que pagar imposto também for facultativo. Por que devo sustentar economicamente a máquina do Estado e não decidir quem a ocupa?

Não basta delegar e se sentir representado. É preciso participar: fazer todo tipo de pressão sobre os eleitos, nossos servidores. E reforçar os movimentos sociais, a sociedade civil organizada, para que haja permanente controle social do poder público. Sobretudo, exigir transparência e competência.

Ah, a política...”

Estamos, portanto, diante de mais COMPETENTES e PERTINENTES reflexões que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, CRÍTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES como TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...