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segunda-feira, 9 de maio de 2011

A CIDADANIA, A DÉCADA PERDIDA E A CONSTRUÇÃO DA LIBERDADE

“LIBERDADE E

autoritarismo

Pensamento e ação de Oliveira Vianna marcaram a política brasileira da primeira metade do século 20, inclusive na constituição da Justiça do Trabalho, que acaba de completar 70 anos

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REALISMO JURÍDICO

[...] Além da questão do enquadramento patronal, o objetivo de Vianna de que o direito e a Justiça do Trabalho se estendessem imediatamente ao campo também não se realizou – outra vitória das camadas dominantes, que retardaram tal processo por pelo menos três décadas. Mas seria desejável que seu projeto político se cumprisse plenamente? Provavelmente não, pois apesar dos elementos positivos, tal projeto tinha o defeito incontornável de fazer a sociedade brasileira hipotecar a liberdade a um Estado paternalista, conduzido por uma elite necessariamente neutra e altruísta – um patronato político composto não por homens, mas por anjos, como ironizou Raymundo Faoro.

Assim, se tem pertinência o diagnóstico de Vianna sobre o privatismo que nos faria pouco acostumados à liberdade cívica, a solução não pode ser nem um Estado tutor, como ele desejava, nem o salve-se quem puder do neoliberalismo, em que só desfrutam da liberdade os mais fortes. A liberdade só floresce quando exercida, e com o primado da coisa pública, da redução da desigualdade e da lei universal. A Justiça e o direito do trabalho, apesar dos percalços, já contribuíram para o fortalecimento da cidadania no Brasil, mas só realizarão toda a sua potencialidade nesse sentido quando seu contexto mais amplo de atuação for o de uma sociedade e de um Estado efetivamente públicos e democráticos.”

(RUBENS GOYATÁ CAMPANTE, que é doutor em sociologia e pesquisador do Centro de Memória da Justiça do Trabalho de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de maio de 2011, Caderno PENSAR, página 3).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição e caderno, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de CULTURA, que merece INTEGRAL transcrição:

“Década perdida, tarefa por fazer


A notícia da morte de Osama bin Laden parece ter alimentado um sentimento de vitória que tem profundas raízes simbólicas. Dez anos depois da caça mais globalizada da história, a morte do líder da Al-Qaeda parece pender a balança para o lado da justiça. O fato de se tratar de um terrorista da pior qualidade serve ainda para remarcar de heroísmo a ação e dar a ela, como é comum na história contada a posteriori, um sentido teleológico, quase uma comprovação de que o modelo de organização social do Ocidente é superior. O mundo fica melhor sem Bin Laden. No entanto, a pretexto da mesma guerra ao terror, muito se perdeu nesses 10 anos, principalmente em termos de abrangência de análise. A surpresa das revoltas nos países árabes é prova da cegueira que vinha tomando conta do mundo.

Até pouco tempo atrás todas as nações pareciam seguir uma única receita. Com o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, com a consequente desmontagem das experiências ditatoriais inscritas sob a falsa bandeira do socialismo, parecia que tudo ia bem no mundo e que o único ditador de plantão era Fidel Castro. Na falsa lógica da antiga realpolitik, a única ameaça a ser levada a sério era a perspectiva de um Estado socialista. Isolada economicamente, a capitulação do regime de Fidel era questão de tempo e a sobrevivência do regime de Fidel apenas um bom exemplo do atraso e incapacidade de convivência com os valores democráticos. Cuba era uma espécie de museu de horrores vivo, uma prova do que esperava quem desobedece ao consenso político das democracias liberais.

Um movimento surgido dentro da ordem constitucional, iniciado na América Latina, no entanto, começou a matizar essas certezas. Sem que se tornasse processo propriamente revolucionário, já que eram amparados nos instrumentos democráticos das eleições e da liberdade na organização popular, países como o Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai e, em certa medida, a Argentina passaram a demonstrar flexibilidade de práticas políticas e administrativas, com tendência à distribuição de renda e valorização dos instrumentos de democracia direta. Ligados ao projeto de busca de alternativas de poder, que gerou amplo debate no âmbito de fóruns internacionais, resgatavam ainda a procura de novo desenho geopolítico, rompendo antigas alianças comerciais verticalizadas e desvantajosas com fortalecimento de novas parcerias horizontais.

No fim do ano passado, com a eclosão das revoltas no mundo árabe, sobretudo no magreb, a partir da Tunísia e Egito, a situação dos dois blocos – o do consenso europeu-norte-americano do capitalismo financeiro, por um lado; e dos novos atores geopolíticos da América Latina, de outro – mostrou que o mundo não estava preparado para o que viria a seguir. Erraram todos. A origem do equívoco, sobretudo na demora em apoiar as ações libertárias dos países revoltosos, estava não no desconhecimento da dinâmica política interna das nações, mas no interesse que dominava a relação. Nesse sentido, a chamada guerra ao terror foi um elemento de despolitização poderoso. Tudo se passava como se, do lado de lá da cortina religiosa e fundamentalista, a democracia e a liberdade fossem impossíveis. O 11 de setembro deixou o mundo árabe sem horizontes políticos.

O que o ocidente, que hoje se arma numa aliança a partir da Otan e da ONU, fez à época foi criar um cenário ieológico de inviabilidade política na região. Essa operação deu certo, principalmente, pelo fato de os países europeus, EUA e Israel fincarem uma base de operações econômicas produtivas entre os governos aliados na área. Essa lógica, da aliança estratégica militar (no caso de Israel) e econômica baseada na exploração do petróleo (demais países), respondia pelo apoio aos “nossos ditadores”. De repente o mundo ocidental (e sua imprensa sempre pouco crítica e ignorante em matéria de mundo árabe), “descobriu” que Fidel não estava sozinho na galeria de ditadores.

A relação de desprestígio da política interna da região fez com os diversos países árabes, hoje revoltosos, buscassem elementos próprios para compor sua política de oposição aos arranjos a que foram submetidos. Como os defensores da democracia haviam decidido a inviabilidade estrutural entre mundo árabe e liberdade, os Estados da região tiveram que partir do esforço interno para fazer valer o potencial de crítica, oposição, organização popular e alternativas de poder. Por isso as revoltas do Egito e Tunísia surpreenderam duplamente: o mundo não tinha consciência de seus ditadores nem da força própria para se opor a eles. Quando a situação se espalhou para outros países, ficou patente que havia, fazia décadas, um forte anseio por democracia na região, que vinha sendo contido pelo apoio do mundo ocidental, que sempre fez questão de qualificar a política árabe como uma guerra de forças tribais pré-modernas. Para eles, o melhor eram os ditadores carimbados na testa com o selo da fidelidade aos interesses ocidentais.

De certa forma, foi a indigência política ocidental em ampliar o diálogo de forma franca que muitas vezes encaminhou países com rica tradição política, como o Irã, para alternativas fundamentalistas. Isolados no concerto internacional, sem perspectiva de diálogo no campo da democracia (já que os processos internos eram fraudados com a ajuda internacional, o que manteve o país entregue a uma elite corrupta), a população recorreu à defesa nacionalista mais viável, no caso o Estado litigioso.

FALHA NOSSA Se o realismo político e econômico da pior espécie guiou os interesses dos países ricos, a situação em meio ao chamado bloco bolivariano não foi melhor. Aliás, exatamente pelas ideias libertárias, era de se esperar que a solidariedade com as insurreições fosse apresentada na primeira hora, o que não ocorreu. Contribui para esse erro moral a preocupação em não dispersar alianças antiamericanas na região, sobretudo com a Líbia do coronel Kadafi. O que a queda de Mubarak provocou no Egito a partir de janeiro, em sua ampliação para revoltas em outras ditaduras aliadas ao Ocidente, gerou silêncio nos dois lados do mundo. Se os países da Europa foram lentos em acusar o golpe e escolher entre princípios e interesses, as nações com governos populares da América Latina não fizeram papel mais digno, como analisou Ignacio Ramoner na edição do mês passado do Le Monde Diplomatique.

A opção, sobretudo quando o movimento alcança países que proclamam o chamado sociolismo árabe, como a Síria e a Líbia, parecia se dar entre a defesa dos movimentos insurrecionais contra ditaduras indefensáveis e a garantia de laços estratégicos com aliados antiamericanos. De um lado a fidelidade aos povos em luta contra a opressão, de outro o realismo cínico da não intervenção em assuntos internos (princípio diplomático sempre atacado pela esquerda em sua defesa da precedência dos direitos humanos e na defesa da vida das populações civis).

A morte de Bin Laden não cessa a guerra ao terror e não significa um avanço nas relações políticas internacionais. O mundo já não suporta maniqueísmos e simplismos. A situação continua tensa, os riscos reais e as alternativas reduzidas. É preciso que um duplo esforço seja empreendido, deixando de lado a defesa setorial de vantagens corporativas no campo econômico para pensar numa política global. De um lado, a diplomacia ocidental precisa incorporar ações mais pragmáticas e efetivas de aproximação com o mundo árabe. A destemida defesa das liberdades por parte de sociedades manietadas por “ditadores amigos” mostra que compreendemos pouco de liberdade e democracia, achando sempre mais fácil se escudar em noções como tribalismo e fundamentalismo para desqualificar o diálogo.

O segundo campo de ação precisa ser assumido de forma determinada por todas as nações empenhadas na resolução dos conflitos na região, em defesa de valores universais, consensualmente defendidos em fóruns legítimos, como a ONU. A intervenção em países que promovem a morte de civis que lutam por liberdade não pode ser escondida pela capa da independência e dos assuntos internos. A busca de legitimidade dessas intervenções precisa ser construída, sob o risco de deixar na mão de poucos países a tarefa de se arvorarem como defensores da liberdade. Não precisamos de outra Guerra no Iraque – nem de aceitar como inevitável a estratégia da execução sumária como forma de fazer justiça. Precisamos de um mundo que saiba se defender preventivamente de situações que gerem governos como o de Sadam Hussein e Muamar Kadafi. Sem esquecer, é claro, de quem os colocou no poder, sob o risco de repetir a farsa com outros rostos e com a mesma violência.”

Eis, pois, mais páginas com RICAS e PROFUNDAS abordagens e REFLEXÔES que nos DESCORTINAM a COMPLEXIDADE dos caminhos da PAZ, da LIBERDADE e da JUSTIÇA no mundo moderno... São GIGANTESCOS DESAFIOS que mais ainda nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA RIO + 20 em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES DE 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A CIDADANIA NA LUTA PELA ELIMINAÇÃO DA POBREZA

“Por amor ao outro

O Fórum das Letras de Ouro Preto, que terminou na segunda-feira, teve como tema a literatura africana de expressão portuguesa. Durante seis dias, dezenas de escritores de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde dialogaram com seus colegas brasileiros. O público, que este ano quase dobrou em relação às edições anteriores, teve à disposição uma gama de debates e temas, que foram da literatura ao cinema, passando pelo jornalismo, história, religião e ecologia. Num tempo que cultua a pressa e a superficialidade, o fórum deu uma lição de calma e conteúdo; num momento em que todos exibem títulos de posse de saber, o encontro se deu a portas abertas, sem necessidade de crachá de qualquer espécie, dos burocráticos aos ideológicos.

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NOVA CHAVE O Fórum de Ouro Preto parece assumir feição própria. E sobre isso cabe uma reflexão de ordem mais política. Na sociedade contemporânea acostumamos a deixar sempre para o outro a função de fazer o mundo funcionar. A responsabilidade é sempre dos políticos, dos dirigentes, da elite, dos pais, dos patrões, dos mandantes. O cidadão, mesmo que cobre espaço de avanço da cidadania, quer tudo garantido pela lei e exercido pela autoridade pública.

Marcuse, num ensaio intitulado “Ultrapassar o conceito de massas”, defendia que o processo social e a revolução se instalavam em indivíduos grávidos de necessidade de libertação. Só os que vão além do egoísmo são capazes de mudanças. O maior desafio revolucionário não se dá em grandes estruturas, mas no indivíduo. A passagem decisiva para transformar o mundo, lendo o filósofo com liberdade, se dá no trajeto do homem solitário para o homem solidário.

Ronald Laing, ao definir o “homem dividido”, alertava para esse duplo vínculo, entre as demandas do individualismo e o compromisso com todos os homens. Não é preciso dizer para que lado anda pesando essa divisão do ego. No nosso cotidiano competitivo, as pessoas só se dispõem a fazer algo que sirva para elas, que lhes dê lucro. A visão de comunidade só é possível para quem também se vê como parte do grupo. A nova chave política deve somar os anseios coletivistas com a mudança da sensibilidade individual.

O que isso tem a ver com o Fórum das Letras? Muito. Organizar um evento que não dá lucro, voltado para temas que não tornam os outros mais poderosos, que não exige mais que interesse e curiosidade, que se esmera em melhorar as pessoas é uma ação política meritória. A isso se soma o cuidado em se fazer o trabalho com cuidado e distinção, dando a todos a sensação de participar de uma situação civilizada. Além disso, dá para imaginar a carga de tarefas, que vão do desenho intelectual ao cumprimento das demandas operacionais de toda ordem.

A organizadora do evento, a escritora Guiomar de Grammont, simbolizou, com seu comportamento eficiente, inteligente, elegante e afetivo, a possibilidade de mobilizar uma equipe em direção a objetivos que vão além do sucesso do Fórum para se tornar um ganho de alma para cada participante. Foi, como toda ação que vale a pena, algo feito pelo amor ao outro.

Que o outro não exista como um número ou patente, mas como um indivíduo que dialoga com seu tempo com mais repertório, informação e compartilhamento, é o mérito maior dessa história toda. Algo que não serve para nada, que não dinheiro para ninguém e que não discrimina. E ainda teve a palavra iluminada e humilde de Adélia Prado e o urgente grito pela salvação da mãe Terra proferido por Leonardo Boff. Além de nos revelar melhor a fraternidade que nos une aos irmãos do outro lado do Atlântico. Não podia ser melhor.”
(JOÃO PAULO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de novembro de 2010, Caderno PENSAR, página 2).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 novembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de MAURO WERKEMA, Jornalista, que merece INTEGRAL transcrição:

“Eliminação da pobreza

A erradicação da pobreza extrema não é tarefa fácil. Na verdade, não há, em todo o mundo, modelos universais para tal tarefa para países com crônicas e gritantes desigualdades, herdadas de cinco séculos de desequilíbrios econômicos e sociais, como o Brasil. Trata-se de ação prioritária, continuada, coletiva, multissetorial, interdisciplinar e sustentada por fortes recursos públicos e privados, se o objetivo é tirar populações da condição de miserabilidade sem que essa intervenção seja mero populismo paternalista. Ou seja: não é só dar o peixe mas garantir que as pessoas aprendam a pescar, o que exige ações integradas e simultâneas de educação, de profissionalização, de geração e criação de empregos, de oferecer moradia e saúde. Enfim, que o ser humano degradado, retirado do mercado de consumo e de produção, possa adquirir as qualidades de cidadão efetivamente em interação ativa na sociedade emergente, em processo de reconstrução psicológica e cultural, como um efetivo agente de mudança.

É claro que é possível. Mas em que tempo, com quais modelos e recursos e com tipo de gestão? São respostas difíceis, possíveis na teoria, mas certamente complexas na prática, especialmente no campo das condutas humanas, de seres vivos desclassificados socialmente, sem visão de perspectiva e sem consciência de que podem mudar. No campo ideológico, em que historicamente sempre se travou esse debate, se crê que não é possível uma sociedade de classes médias sem alteração dos modelos contidos nas ordens política e econômica. De qualquer maneira, a campanha presidencial já teve um grande mérito, que foi colocar o tema da eliminação da pobreza extrema ou, pelo menos, a redução das desigualdades, na agenda das discussões de primeira linha. E a presidente Dilma parece disposta a enfrentar o desafio. Esperamos todos que a promessa de campanha se torne realidade e que a sociedade como um todo, não só a classe política e o governo, mas empresários, igrejas, universidades, entidades de toda natureza, possa se engajar nessa grande, ética e meritória meta.

O Brasil é hoje a oitava economia do mundo e pode ser a quinta, em poucos anos. Mas ocupa a 73ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Hoje, cerca de 30 milhões de brasileiros, equivalentes a 15% da população, vivem com menos de R$ 140 por mês, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Há 10 anos eram 57 milhões. Os indigentes, pobres extremos, são cerca de 11 milhões. Embora a criação de empregos seja o vetor principal na redução da pobreza, outros fatores devem ser conjugados, conforme os especialistas em políticas sociais. Educação e, sobretudo, a vertente da formação profissional são os dois coadjuvantes principais, promotores verdadeiros da elevação social não paternalista, pois possibilitam a mudança humana, a autoestima, a recriação do ser produtivo e com inserção na população economicamente ativa.

Erradicar a miséria tem sido o ideal de todos os sistemas ou ideologias políticas que colocam a justiça social como meta fundamental. Sua conquista perfaz, sem dúvida, toda e qualquer ética política e não só da esquerda idealista, quase sempre romântica e ingênua, mas sempre humanista. Se o Brasil tem a oportunidade de construir uma sociedade mais igualitária e efetivamente caminhar nesta direção, pela via pacífica e institucional, como esforço coletivo de alto conteúdo cívico e ético, mesmo em prazo mais longo, estará dando ao mundo um histórico e formidável exemplo de capacidade de realização, de profundo sentido humanista.”

Eis, pois, mais páginas com RICAS e PROFUNDAS REFLEXÕES que orientam nossos melhores ESFORÇOS no sentido de uma das transformações mais RADICAIS que os tempos hodiernos estão a EXIGIR, e nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, EDUCADA, QUALIFICADA, IGUALITÁRIA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS necessários e previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A CIDADANIA NO PROCESSO DE JUNTAR OS CACOS

“Por que foi tão ruim?

[...] DEUS E O DIABO O Brasil não é um país simples. Mas se pode sintetizar seus problemas em três grandes fontes e, a partir delas, ensaiar formas de superação e avanço. A questão básica: somo um país rico com muita injustiça e muita gente pobre. Para mudar essa situação, é necessário um esforço de compreensão que aponte de onde partimos e por que atolamos nessa contradição.

Há razões estruturais, que não são destino inelutável. Somos resultado da colonização concentradora, escravocrata, que desvaloriza o trabalho e cria o monopólio da terra. Em seguida – segunda questão estrutural –, nosso processo de desenvolvimento e industrialização foi armado, durante a ditadura militar, em cima da produção de bens de consumo de luxo, o que deformou o mercado interno e concentrou ainda mais a renda, além de impedir o amadurecimento de formas de participação popular. Mais recentemente, com o neoliberalismo e a financeirização da economia, a hegemonia do capital especulativo concentrou ainda mais a renda e empobreceu o Estado, que foi se retirando de suas funções sociais e de garantia da infraestrutura para o crescimento. No salve-se quem tiver competência do mercado, demandas populares são sempre signo de atraso. Moderno é não ter direitos trabalhistas e privatizar riquezas estratégicas, por exemplo.

Se a eleição é o momento de passar o país a limpo, o que se esperava das campanhas e dos candidatos eram propostas para mudar esse quadro: como resolver a questão da terra, como dinamizar o mercado interno, como crescer com distribuição de renda, como dar ao Estado condições de sustentar as demandas sociais, como democratizar o jogo político e ampliar os espaços de participação. Cada candidato tinha propostas para todos esses pontos.

Eles sabiam disso, a imprensa e os eleitores também. Preferiram discutir deus e o diabo. Deus entrou na questão do aborto. O diabo pôs seu rabo nas demais trapalhadas e manipulações a que fomos submetidos por muitos meses. Foi muito ruim, mas acaba amanhã.”
(JOÃO PAULO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de outubro de 2010, Caderno PENSAR, página 2).

Mais uma IMPORTANTE, e também OPORTUNA, contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, Caderno CULTURA, edição de 4 de novembro de 2010, Caderno CULTURA, página 10, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Cartas da prisão (Agir), entre outros livros, que merece INTEGRAL transcrição:

“Juntando os cacos

Campanha eleitoral, apurado o resultado das urnas, funciona como abalo sísmico: súbito, o que era findou, a estrutura política se encontra alterada e o que será ainda não se firmou (o que só ocorrerá depois de 1º de janeiro de 2011).

Deveria existir uma psicanálise do poder, à qual Shakespeare e Machado de Assis dariam excelentes contribuições. Talvez exista. Eu é que, em minha sobeja ignorância, não a conheço.

Não é fato que o processo eleitoral tudo desarruma? É um festival de contradições e contrariedades: amigos se tornam inimigos, inimigos viram correligionários; irmãos discutem com irmãos; princípios ideológicos cedem lugar a interesses eleitoreiros; propostas são encobertas por meras promessas; o discurso ético quase nunca coincide com o modo como se financia a campanha...

E ainda há cidadãos que se recusam a votar, têm raiva de políticos, vociferam contra tudo e contra todos, esquecendo o elementar, meu caro Watson: o ódio destrói quem odeia e não quem é odiado. Este nem sequer fica sabendo das repetidas ofensas proferidas ao seu nome.

Terminado o pleito para as funções legislativas, cada candidato tem o direito de se olhar no espelho. Há eleitos que estufam o peito aliviados, sentem o doce beijo de Narciso – nem tanto como belo, e sim como poderoso – e se esquecem de reparar que, no fundo do espelho, há uma multidão de pessoas, seus eleitores, a quem devem a vitória eleitoral e a quem estão obrigados a não decepcionar.

Os derrotados se dedicam ao triste balanço: tanto esforço, tantas viagens e reuniões, tantos apertos de mãos e cafezinhos; e, sobretudo, tanto dinheiro despendido para... nada! Epa, não é bem assim! Para nada não. E o investimento eleitoral a longo prazo? Afinal, mereci uns tantos votinhos, tornei-me conhecido, criei um potencial base de sustentação política. Claro, esperava mais, julgava-me mais elegível que outros concorrentes... Mas seu que não sou de se jogar fora. Quem sabe nas próximas eleições...

De fato, gastos eleitorais são pesados. Deus meu, quantas dívidas! Alguns candidatos derrotados fizerem fofrem de DPE: Depressão Pós-Eleitoral.

Mas não nos enganemos. Uns tantos derrotados fizerem seu pé de meia. É a tal “sobra de campanha”. Sobra? Na verdade, quinhão retirado do milhão. Nada como um dinheirinho extra caído do céu. Ou melhor, das mãos dos eleitores. Com a vantagem de dispensar prestação de contas ou pagamento de tributos.

Depois do bate-boca de quem foram os responsáveis pela derrota (a vitória é quase sempre exclusivamente do candidato), o prêmio de consolo de uns tantos é a tradicional boquinha assegurada por quem foi eleito. Não virei deputado ou senador mas, felizmente, o companheiro ali agora é governador; aquele de elegeu senador; o outro, deputado. Quem sabe me consolam com uma nomeação! O dinheiro não sai mesmo do bolso deles. Vem dos cofres públicos. Se for preciso, até topo assinar receber cinco, embolsar três e deixar dois para o companheiro que agora me estende a mão...

Muitos vitoriosos não se aguentam de tanto de tanto convencimento. Adeus patrão, adeus relógio de ponto, adeus rotina! Agora é não pisar em falso para não cair do palanque. O que mais importa, desde hoje, é tratar de garantir a reeleição daqui a quatro anos.

Quem foi eleito para o Executivo trata de montar sua equipe de governo atento às alianças, aos correligionários bem votados, porém não eleitos, às promessas mais repetidas.

Os derrotados amargam a boca de fel. Como aconteceu? Tudo indicava que eu seria eleito. Cadê as pesquisas fajutas, os puxa-sacos, o coro do “já ganhou”? Ganhei foi experiência. E perdi meses dando braçadas, engolindo água para, na hora H, morrer na praia.

E nós, eleitores? Votamos por votar ou estamos dispostos a cobrar duro de quem elegemos? Sim, sei que alguns foram às urnas porque a lei obriga. É o time do voto facultativo. Estou fora! Darei meu apoio a tal bandeira no dia em que pagar imposto também for facultativo. Por que devo sustentar economicamente a máquina do Estado e não decidir quem a ocupa?

Não basta delegar e se sentir representado. É preciso participar: fazer todo tipo de pressão sobre os eleitos, nossos servidores. E reforçar os movimentos sociais, a sociedade civil organizada, para que haja permanente controle social do poder público. Sobretudo, exigir transparência e competência.

Ah, a política...”

Estamos, portanto, diante de mais COMPETENTES e PERTINENTES reflexões que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, CRÍTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES como TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ACIDADANIA, A LIBERDADE E A HONRA (16/44)

(Outubro = mês 16; Faltam 44 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)

“História é tudo

Há algumas décadas, coleção de livrinhos de bolso destinada a leitores iniciantes fez o maior sucesso no mercado brasileiro, lançada pela Editora Brasiliense. Era a Primeiros passos, que ainda está em cartaz, com mais de 300 títulos lançados. A série criou desdobramentos no mesmo formato e com o mesmo empenho em apresentar temas de interesse, em linguagem não especializada, com o propósito didático (no bom sentido da palavra) e preocupação na formação de leitores. Nasciam assim a Encanto radical, com pequenas biografias, e Tudo é história, com ensaios monográficos sobre temas da história mundial e brasileira.

[...] De todo esse amplo conjunto, fica a certeza de que há leitor interessado. E, ainda, que a história tem função social que apenas começa a ser exercida entre nós. Mais que conhecer o passado para iluminar o presente, trata-se de disciplina prospectiva. Como defende o historiador mineiro Caio César Boschi em Por estudar história, destinado a estudantes que, cada vez mais, descobrem na área campo que vale a pena: “A história é caminho para a utopia, não no sentido de um ideal inatingível, mas de manter viva a esperança. Ontem semeamos a realidade de hoje; hoje semeamos a de amanhã. A história pode nos ajudar a realizar essa semeadura com lucidez, anunciando futuro mais justo e fraterno”.

Que a história nos ajude a votar melhor em 3 de outubro. Há muito o que mudar e melhorar no Brasil.”
(JOÃO PAULO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de setembro de 2010, Caderno PENSAR, página 2).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na Revisa VEJA, edição 2184 – ano 43 – nº 39, de 29 de setembro de 2010, de autoria de LYA LUFT, que é escritora, e que merece INTEGRAL transcrição:

“Liberdade e honra

Até os 7 anos, menina numa cidade do interior, acreditei na cegonha. (Papai Noel tinha entrado pelo ralo pouco antes. Cegonha era mais complicado.) No tempo da inocência, a honra e a liberdade do povo me pareciam ser o natural objetivo de todo político e de toda autoridade, o bem da família seria o desejo de todos os pais, retribuir o cuidado deles seria empenho de todos os filhos. O bem seria recompensado, o mal punido. Simples assim. Mas somos apenas pobres humanos: não só os bons ocupam postos importantes, e influenciam milhões de pessoas. Palavras como “ética” e “moralidade” (não moralismo), no privado e no público, se tornariam antiquadas. Muitos pais veriam abalada sua autoridade num mundo onde a meninada é exposta aos piores modelos, às vezes sem uma orientação amorosa e firme em casa.

Amadurecendo mais, vi entre líderes bem-intencionados, os que escutam sua gente e buscam atender às suas necessidades, aqueles que visam ao interesse próprio, fortuna e poder sempre maiores. Em nossa política atual, é de meter medo a dança de estranhos ritmos em que lealdade e coerência parecem estar de castigo num canto da sala. Em que se desprezam publicamente leis e regras, e quem reclama ou denuncia é considerado um importuno, um chato, condenado ao isolamento e ao ridículo. Em que se fazem negociatas e se cometem ilegalidades com a maior calma, dezenas de partidos firmam acordos e fusões improváveis, os eleitores andam descrentes e a população despolitizada.

Não acho que tudo tenha piorado. Nunca fui saudosista. Prefiro a comunicação imediata pela internet a cartas que levavam meses. Gosto mais de trabalhar no computador do que usar a velha máquina de escrever, que tinha lá seu charme. Mas, se nossa qualidade de vida melhorou em muitas coisas, é claro que saúde, estradas, moradia, saneamento, universidades e escolas estão cada vez mais deteriorados, e uma parcela vasta deste nosso povo ainda vive em nível de miséria. Não me canso de comentar as crianças que brincam diante do seu barraco, com barro que não é terra com água mas terra com esgoto. Ainda sofre e morre gente nas filas do SUS e nos corredores de hospitais sobrecarregados, com profissionais de saúde pagos e exaustos.

Alardeia-se que a nossa economia vai bem, mas estimulam-se os ingênuos a comprar o que em breve não vão poder mais pagar, formando uma crescente bolha de inadimplência. Impostos exorbitantes e burocracia emperrada travam grande parte do nosso progresso. A corrupção escancarada e sua irmã fatal, a impunidade, nos afrontam, a nós que que não somos um povo de bandidos e malandros, mas de gente trabalhadora, às vezes conformada – o que é ruim. E, enquanto isso e mais ainda perdurar, qualquer desvio de dinheiro e esforço para objetivos que não sejam resolver tais problemas é, mais que ilegítimo, cruel.

Os que me lêem mais uma vez dirão que sou pessimista e repetitiva: sou apenas uma observadora atenta, preocupada com este país onde os políticos e líderes honrados correm o risco de se tornar estranhos no ninho. Pois é neles que eu aposto: nos decentes que não buscam vantagem pessoal, mas o bem do povo – que somos todos nós, do gari ao intelectual, da dona de casa à universitária, dos morenos aos louros de olhos azuis. Todos precisam colaborar, com consciência e responsabilidade conduzidas por uma imprensa independente, real veículo de informação em qualquer país.

Essa imprensa sem algemas é essencial para o crescimento de uma nação, coluna principal de qualquer democracia, sinal de um povo maduro e autônomo. Mas estão-se levantando sobre nós nuvens, sombras, ameaças de um controle da imprensa que nos deixaria infantilizados, quando precisamos de informação isenta para manifestar nossa vontade nas urnas. Não dá mais para acreditar na cegonha: sem saber exatamente o que acontece, não vamos poder agir. E a gente precisa cuidar do nosso próprio destino, com liberdade e honra – como merecemos.”

São, pois, REFLEXÕES e CONSIDERAÇÕES como estas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR as suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências da MODERNIDADE, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 10 de março de 2010

A CIDADANIA, A ÉTICA, O NASCIMENTO E A MORTE

“Celebrando a ética

A celebração do Dia Internacional contra a corrupção, no último domingo, vem reafirmar que este é um mal que grassa e se alastra. Por isso mesmo, também em nível mundial, mobiliza a atenção e a ação de cidadãos e de instituições da sociedade, de forma mais acentuada na última década: em 1996, a Organização dos Estados Americanos (OEA) criou a convenção interamericana contra a corrupção; em 1997, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma organização internacional que congrega os países mais industrializados do mundo, expediu recomendações de combate à corrupção; em 2003, a ONU criou a Convenção das Nações Unidas contra a corrupção; em 2004, a ONU estabeleceu, como 10º princípio do Pacto global, o combate à corrupção; também em 2004, o Fórum Econômico Mundial criou a “Iniciativa parceira contra a corrupção”; e, em 2006, no Brasil, o Instituto Ethos criou o Pacto empresarial pela integridade e contra a corrupção.

Certamente que a corrupção e o desrespeito aos princípios éticos não constituem doença nova.Aristóteles já se ocupava do tema, definindo a questão ética como exercício dos princípios morais, vinculando-a aos costumes dos povos, envolvendo as relações entre pessoas e instituições, entre cidadãos e no seio do Estado. Entre todos, o tempo todo. E mais: desde os primórdios, o conceito ético surgiu ligado à democracia e hoje, em todo mundo, o estágio ético de uma sociedade define o seu grau de evolução – ou involução.

Embora sejam doenças mundiais e milenares, a corrupção e o desrespeito à ética não devem e não podem ser encarados com passividade, nem com o fatalismo que pode levar à omissão. Pelo contrário, devem ser combatidos com rigor, em uma cruzada que exige a participação de todos. Afinal, além de minar o que a sociedade tem de mais precioso, que são os seus valores éticos e morais, causam danos irreparáveis também ao desenvolvimento econômico e social. No mundo, a corrupção provoca prejuízo anual de US$ 3 trilhões. No Brasil, consome R$ 10 bilhões todos os anos, conforme mostram estudos da Fundação Getúlio Vargas. É um volume de recursos que representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e aproximadamente 50% de todos os recursos previstos no Orçamento Geral da União (OGU) para a realização de investimentos produtivos. [...]”
(ROBSON BRAGA DE ANDRADE, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de dezembro de 2007, Caderno OPINIÃO, página 11, sob o título Celebrando a ética).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de abril de 2007, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, que merece INTEGRAL transcrição:

“Nascimento e morte

A cultura da morte parece governar o destino do mundo. Há mesmo certo prazer mórbido em acompanhar a apresentação cada vez mais repetida de ações que apontam o tempo todo para a finitude, como se a vida não valesse mais a pena. O curioso nessa operação é que a vida que não vale mais nada é sempre a vida do outro. O culto da morte é uma face do egoísmo. Entender que, no cenário de guerra que toca hoje a política, a economia, a religião e até as relações pessoais, a alternativa mais forte é o extermínio do outro (o diferente, o desempregado, o apóstata, o inimigo íntimo) é penetrar nesse reino no qual a morte é a senhora.

Os dois extremos da existência, o nascimento e a morte, podem ser considerados fundamentos de duas das mais importantes atitudes do homem: a política e a filosofia. Só faz política quem aposta que o nascimento muda toda a configuração do mundo. A ação política é condicionada pela fé no homem como inaugurador do sentido da existência. Cada pessoa que nasce traz com ela a possibilidade de mudança radical no destino da humanidade. Criar um mundo em que a dignidade da existência seja garantida em sua singularidade é o objetivo maior da política. “Para que houvesse início, o homem foi criado”, a frase de Santo Agostinho, sempre lembrada por Hannah Arendt, aponta para a força inaugural da política: o nascimento é a antecâmara renovada do exercício da humanidade.

Já a filosofia, em sua dimensão metafísica, parece ser moldada pela idéia da morte, pela constatação, entre cética e cínica, que o mundo, deixado à sua sorte, caminha de forma inexorável para o fim. A metafísica é perfumada pela finitude. A certeza da morte, mais que ameaça, é destino, caminho que inclusive altera o sentido da vida. Quem não pensa na morte não filosofa. A saída, se é que precisamos de uma saída, foi tentada por muitos pensadores, sobretudo os que afirmaram que, mais que temer a morte é preciso apostar na vida. Mesmo siderada pela morte, há uma filosofia do sim e uma filosofia do não. Em outras palavras, da vida como valor supremo, por um lado; e do “ainda não-morte” como contingência inescapável, por outro.

Talvez por isso a alternativa mais consistente construída pelo homem para rever esse destino tenha sido o investimento na política. No lugar de se afundar no término da existência, o homem que crê na política dirige sua atenção para a vida que começa. Há, ainda uma humildade fundante no pensamento político: tudo é feito na certeza de que não partilharemos do resultado final de tanto trabalho e empenho. O futuro em política não pode ser ameaça de vazio, mas constatação da continuidade da presença do homem em sua dimensão mais significativa, o fato de pertencer à humanidade.

A situação se complica, como se constata hoje, quando a ação política é banalizada ao extremo, os políticos perdem a dimensão pública, os jovens são afastados de seus caminhos por tentações mais imediatas e egoísticas. A vitória do apoliticismo é um round a mais no triunfo da morte sobre a vida. Recuperar a dimensão existencial da política (como algo criador de sentido e capaz de unir as pessoas em torno de projetos comuns) é tarefa dura. Mas parece ser, por ora, o único antítodo viável. No entanto, quando se pensa em política, é preciso indicar muitas vezes novos campos ainda não trilhados, que vão além das ideologias conhecidas, para obrigar a novos esforços teóricos e práticos. É preciso reinventar a política, mas sem abandonar o que ela tem ensinado ao homem até aqui.

O caso da ecologia é um exemplo dessa capacidade de manter e renovar que deve presidir todo ato político. A ciência da ecologia, há algumas décadas, mostrou problemas e questões que se tornaram bandeiras importantes e que hoje retornam à cena como urgentes. Capturada por várias tendências, a ecologia ganhou o mais difícil campo de batalha, o coração das pessoas, e hoje se esforça para conquistar também a cabeça. Infelizmente, parece não haver força moral que supere a força do interesse. Talvez, como lembrou já nos anos 80 do século passado o filósofo Felix Guatari, seja preciso ampliar o campo da ecologia além da defesa do ambiente para outras dimensões, que muitas vezes escapam às ideologias políticas convencionais. No livro As três ecologias, Guatari afirma que, além da ambiental, há a ecologia mental e a ecologia social. De alguma maneira ela já antecipava o limite da ação política ecológica tradicional, caso ela não se voltasse também para outras formas de poluição. Limpar as cabeças é fundamental.

Uma das vias para isso está na mudança de paradigmas da política, na teoria e na prática. No campo teórico, assim como Guatari levanta novas possibilidades de um “velho” conceito, é possível pensar que outras dimensões da política estão a exigir a mesma capacidade de invenção. Uma das saídas pode estar na ampliação da base racional da política além da ciência e da razão tradicional, com a incorporação de outras dimensões, sobretudo estéticas, psicológicas e espirituais. Há novas exigências dos homens e mulheres, que parecem não ganhar ambiente nas teorias convencionais. Já no que toca à ação política prática, é igualmente urgente a criação de novos modelos que apelem, com a mesma força, para a razão e emoção. A solidariedade, que hoje se dispersa em ações sem substância, embora meritórias, no campo individual, parece reclamar sua presença no território da política. As pessoas querem melhorar o mundo, só os políticos profissionais ainda não perceberam que estão atualmente na vanguarda do atraso, caso deixem passar batido esse impulso ético que anima as consciências.

Outro exemplo que mostra a necessidade de reinvenção da política, e que pode voltar a fazer dela um pólo de atração das pessoas de bem, está no campo da cultura. Fazer política cultural, quase sempre, tem sido traduzido como forma de intervir na economia da cultura. Como se no núcleo mesmo da cultura não houvesse problemas, passa-se a discutir formas de acesso, financiamento e descentralização. Todas essas áreas são muito importantes, fundamentais mesmo, mas não dão conta do maior problema da cultura hoje: a qualidade. É sempre difícil falar em qualidade, num terreno em que o gosto individual predomina. O que é qualidade para um pode não ser para outro. No entanto, existem elementos que parecem mostrar um esgarçamento das possibilidades, em nome da facilidade. A cultura se divorciou da educação (não há mais educação para a cultura) e ocupou o campo do divertimento. Tomada como lazer (que não deixa de ser uma condição psicológica importante), as obras de cultura passaram a ocupar apenas o território da sensação, não mais da inteligência.

Uma das formas de se perceber essa operação está na entronização da facilidade. Tudo que é lento, difícil, exigente, articulado, marcado pela história interna das artes e do pensamento, tudo isso ganha a pecha de erudito, quando não pernóstico, reclamando o prazer da fruição imediata, como prova dos noves da boa realização da obra cultural.

Com isso, criou-se uma geração (como querem fazer crer os críticos saudosos de uma mentirosa era de ouro, quase sempre a deles), mas uma categoria de pessoas orgulhosas da ignorância. Há uma arrogância satisfeita em não saber. Um obscurantismo gozoso, uma troca da inteligência pelas sensações imediatas.

Abertura ao aprendizado, recomposição da política e busca da totalidade parecem três tarefas que valem a pena para se alcançar a mudança do quadro de superabundância da morte, da ignorância e da alienação. Não é tarefa para amanhã, mas não pode deixar de começar hoje.”

Eis, pois, páginas de apurado cunho PEDAGÓGICO que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL para a DIGNIDADE NA POLÍTICA, a CIDADANIA E QUALIDADE, que permita a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, e que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, como exigência de uma NOVA ERA, do CONHECIMENTO, da LUZ, da PAZ e da FRATERNIDADE num mundo GLOBAL, BELO e FASCINANTE...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A AMIZADE NA CIDADANIA (8/52)

(Fevereiro = Mês 8; Faltam 52 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)

“[...] O livro dos mandarins (Editora Alfaguara), recentemente lançado, fala da rotina e das diatribes de Paulo, que persegue o sonho de ocupar na China uma vaga criada pelo banco multinacional onde trabalha, almejando depois outra função em Londres.

[...] Mais: é um livro que faz pensar sobre nossa história recente, sobretudo neste momento de crise avassaladora de valores que atinge o Brasil, em que há um despudorado silêncio quanto ao convívio entre a política e a corrupção, fruto de uma simbiose criminosa e tantas vezes camuflada entre o público e o privado. [...]”
(RONALDO CAGIANO, in artigo “Mundo em CRISE S/A”, publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de janeiro de 2010, Caderno PENSAR, página 3, sobre o livro de Ricardo Lisias).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, também de 30 de janeiro de 2010, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de CULTURA, que merece INTEGRAL transcrição:

“Dois amigos, duas cidades

Santo Agostino, já no século 4, foi sábio em muita coisa, da psicologia à teologia. E o foi também em política. Uma de suas intuições dizia respeito a duas ordens de amores, que geravam duas formas de sociedade. Para cada tipo de amor (o amor dos homens e o amor de Deus), uma cidade. É claro que ele defendia o amor cristão e a cidade de Deus. Mas a ideia que um sentimento sustenta um projeto de civilização é forte o suficiente para entender alguns os impasses que vivemos ainda hoje como homens falhos, em busca de um mundo que nos permita conviver com nossos defeitos e, mesmo assim, apresentar o melhor de nós como projeto. Só quem conhece seus defeitos pode querer melhorar e colocar limites a si mesmo no trato com o outro.

A recente situação dramática no Haiti mostra, com sua face mais cruel, que, assim como há dois amores, existem dois tipos de amizade. O país, que carrega a história nobre de ter sido sede da primeira luta vitoriosa de libertação dos escravos feita pelos próprios cativos animados pelos princípios da Revolução Francesa, se tornou, em razão mesma de sua ligação orgulhosa com a liberdade, um território temido pelo contágio com a defesa da igualdade. As nações ricas isolaram o país como quem se defende de um câncer social. A liberdade servia aos europeus, mas era perigosa em territórios onde a dominação era lucrativa. Entregue ao cruel jogo dos interesses internacionais, o Haiti se viu dominado historicamente pela França, Espanha e Estados Unidos e se torno o mais pobre país das Américas.

Hoje, depois da tragédia que matou dezenas de milhares de pessoas, se percebe um esforço internacional para ajudar o país e promover sua reconstrução. É a face de uma forma de amizade, humanizada pelo sofrimento, que se dispõe a recuperar um crime secularmente imposto ao povo. É claro que o sentimento é nobre e a solidariedade real, mas é também indicativa de duas formas de amizade que, como os amores agostinianos, podem gerar dois projetos de intervenção no Haiti. Há o amor de iguais e o amor de desiguais.

O primeiro impulsiona a política, o segundo a economia. O mundo, hoje, é território do afeto de desiguais, da competição tornada método de civilização. É preciso ser sincero e objetivo: a concorrência (que está na base de produção e das relações humanas no mundo pós-industrial) é ótima para produzir mercadorias, mas nada demonstra que sirva para tornar os homens melhores. Um homem competitivo é um homem (no sentido antropológico) pior, ainda que produza mais e prospere economicamente.

A amizade de iguais é a base da boa política. Basta fazer um pequeno exercício de autoanálise: quem é seu amigo, o que ele tem que o distingue o torna digno de afeto? Certamente não é a excelência nem a perfeição. Escolhemos nossos amigos por uma imponderável vontade de gostar e ser gostado. Nossos amigos são pessoas comuns, que se destacam dos outros porque aceitamos seus defeitos e sabemos que eles aceitarão os nossos. A amizade é uma operação de humildade: conhecemos nossos limites, mas entendemos que mesmo assim podemos partilhar a dimensão humana com outros que nos completam. A competição não cabe no terreno da amizade. Quem disputa não ama.

MELHOR E PIOR Por isso a amizade é a chave para a política e para a vida social. E é exatamente por isso que é preciso destacar sua alta produtividade social. Numa sociedade madura, a civilidade é a dimensão pública da amizade. Quem trata o outro, na sua indefinição pessoal de cidadão, como um igual não fura filas, não frauda, não sonega, não corrompe, não mente, não trapaceia. Cidadania é o nome da amizade vivida publicamente. Talvez seja por isso que nos agrade tanto participar de momentos de cidadania explícita, de amizade pública, como os movimentos de ajuda humanitária. Fazer o bem é uma forma de exercitar o que temos de melhor: ser amigo do outro. Qualquer outro.

Mas não se trata de uma operação assim tão fácil. O outro, que nos enternece, também nos ameaça: disputa os mesmos cargos, os mesmos objetos de status, a mesma distinção social. Nosso tempo é de exclusão, de acirrada disputa para se destacar do outro e justificar a existência na posse de exemplos sofisticados de singularidade e celebridade. Tudo está a indicar que vencer o outro é o caminho do paraíso. É assim no mercado de trabalho, no terreno da produção e até do conhecimento estandartizado pela burocracia falsamente meritocrática das universidades. A cultura da competição dá provas de sua eficácia em termos de resultado, enquanto vai piorando as pessoas moralmente. Com isso, a presença do outro (nosso amigo civil imaginário) pode se tornar fonte de ameaça. A saída é destronar a política em nome dos interesses de grupos, que se isolam como se constituíssem células isoladas, que terminam por criar um espaço privatizado de clubes, condomínios fechados, sociedades defesas do contato com a alteridade. A forma de amizade que vence, nesse contexto, é a dos desiguais que se protegem de outros desiguais. O outro é uma ameaça. Qualquer outro.

COOPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE A saída para esse impasse não está em, candidamente, trocar a competição pela colaboração, mas compreender que cada uma deve funcionar em seu território. À produção de mercadorias, a saudável competição que gera eficiência, excelência e economia; ao mundo social que deseja se humanizar, a cooperação e a solidariedade. É o que faz das ações meritórias aos desconhecidos algo tão reconhecidamente bom e prazeroso. As raízes dessa divisão podem ser localizadas num tempo, um tanto fluido, que deu origem, na mesma quadra temporal, ao capitalismo moderno e ao iluminismo. O mesmo que aprendeu a produzir com eficiência descobriu a noção de espaço público, que é um bem de todos, não privatizável, objeto do império da lei e que diz respeito a todos. O homem-cidadão é irmão do homem-econômico. Os ideais de regulação humana do iluminismo (as célebres noções de igualdade, liberdade e fraternidade) precisam se manter operativos para que a vida social e as conquistas políticas sigam adiante, independentemente de governantes ou do espírito da época. É preciso que o homem goste de ser humano, o que o coloca como amigo potencial de todos os outros homens. Fora disso, o mundo que se divide entre guetos e enclaves, tocado pelo medo.

O Haiti é um Estado nacional que, nos últimos anos, foi objeto de intervenção internacional com o objetivo de recuperar condições de governança e autonomia, mantidas por forças de paz. A lógica que perseverava era a da indigência própria em alterar sua situação de dissolução política em razão de sucessivos governos autoritários, mantidos pelos próprios países que, em seguida, em seguida, se ofereceram para ajudar a nação a sair do buraco cavado para eles. Há uma tendência de enfraquecer os Estados nacionais em nome de interesse do mercado transnacional privatizante, dissolvendo as leis no caldo da cultura do mercado. Em tal situação, o cidadão se torna cidadão-consumidor.

Quando, no entanto, essa política encontra contextos pobres, como no Haiti e em alguns países da África, o interesse econômico imediato (a não ser que existam riquezas minerais ou franqueamento à exploração do trabalho) se dissolve. A saída tem sido a caridade, um esforço desigual de definir o outro por sua carência. Que a consciência mundial tenha despertado para sua responsabilidade é, pelo menos, um alento. A Aids, na África, por exemplo, não parece ter seduzido tanto depois que a doença se tornou tratável no Primeiro Mundo: o interesse não era humanitário, mas pessoal. Um cuidado gerado pelo risco de contágio não persevera em cultura de amizade.

Foi a falta de amizade que gerou a miséria no Haiti. Só a amizade pode salvá-lo agora. E pode resgatar o sentido da vida não apenas ao país destruído pela tragédia da natureza e inimizades da história. O mundo, como sonharam os iluministas, ou será um território de amigos ou não será. O futuro será uma praça ou um shopping. A escolha é urgente.”

Eis, pois, mais páginas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL pela AMIZADE, CIDADANIA E QUALIDADE, que possa permitir a PARTILHA de nossas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS de modo a tornar BENEFICIÁRIOS diretos TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS, como o EXIGE uma SOCIEDADE verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA.

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e ESPERANÇA!...

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A CIDADANIA E A DEMOCRACIA VÃO MUITO ALÉM DAS ELEIÇÕES

“Observações críticas
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2) A ética política é a ética daquele que exerce atividade política; mas atividade política na concepção de quem desenvolve o próprio argumento partindo da consideração de que a ética profissional não é o exercício do poder enquanto tal, mas do poder para a realização de um fim que é o bem comum, o interesse coletivo ou geral. Não é o governo, mas o bom governo. Um dos critérios tradicionais e continuamente renovados para distinguir o bom governo do mau governo é exatamente a avaliação da realização ou não desse fim específico: bom governo é aquele de quem persegue o bem comum, mau governo é aquele de quem persegue o bem próprio”.
(NORBERTO BOBBIO, in Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos; organizado por Michelangelo Bovero; tradução de Daniela Beccaccia Versiani. – Rio de Janeiro: Campus, 2000).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de setembro de 2007, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, que merece INTEGRAL transcrição:

“Muito além das ELEIÇÕES

Idéia de democracia precisa avançar além das garantias formais para contemplar novos direitos

As sociedades gostam de se dizer democráticas. Os detentores do poder político adoram colar em si a identificação de democratas. Há mesmo um partido que arrogou para si o nome inventado pelos gregos. Na vida privada e corporativa as pessoas querem ser reconhecidas como tal, usando a democracia ora como álibi, ora como explicitação da defesa de cumprimento de regras. A democracia, quanto mais falada, parece ser menos exercida.

Quem ama não escreve poemas de amor, bastando viver, tão grande é a ventura, sem se preocupar em nomear.explicar ou convencer o outro de seus paraísos. Como Cordélia, em Rei Lear, os amantes amam e calam, sendo o silêncio a mais explícita prova de sua verdade interior. Com os negócios públicos, parece ocorrer algo semelhante: quem mais se diz democrata, muitas vezes, precisa convencer o outro de seus propósitos, quando não a si mesmo de sua constância.

A política, uma das obras de civilização dos gregos, inventores da democracia, era definida por seus principais pensadores como uma forma de vida superior. Os gregos sabiam que a vida interior só tinha sentido quando realizada publicamente, com os outros. O melhor teste dos valores é dado exatamente por sua capacidade de nos fazer melhor na vida compartilhada. A política é conseqüência da psicologia; a justiça é uma derivação da ética.

Os dois mais importantes filósofos gregos, Platão e Aristóteles, definiam a política em sua ligação com a justiça. Só tem sentido fazer política se for para ampliar a justiça. Para Platão, a política era o caminho para uma forma superior de vida, a vida justa. Para alcançá-la, era necessário que o sábio governasse, que a razão ocupasse o lugar mais importante na determinação dos negócios públicos. O corajoso que tomasse conta da segurança, o concupiscente que trabalhasse para produzir cada vez mais, desde que, para cumprir o mais alto desígnio, o sábio governasse com justiça.

Aristóteles, mas (sic) prático que seu mestre, em vez de vida justa defendia como forma máxima de existência a vida boa. A realização política na arena pública era aquela que fizesse dos cidadãos homens mais completos e felizes. Para o estagirita, o homem era um animal político. E era o dado político em sua constituição que o tornava mais que animal. A política humaniza o bicho-homem. Só a política permite a felicidade.

Mas Aristóteles ia adiante. Ele sabia, muitos séculos antes de Marx, que a sociedade sempre se apresenta dividida, cindida entre interesses divergentes, marcada pela separação entre ricos e pobres. Como ele acreditava que a política tinha como condão melhorar a vida, defendia que, em suas primeiras funções, estava a obrigação em diminuir as desigualdades. Para Aristóteles, “política é a arte de igualar desiguais”. Se a quebra da desigualdade aponta, em algum momento, para a prática distributiva, Aristóteles, no entanto, sabia que num patamar não se podia admitir concentração: no poder. O poder político, para ser poder e para se configurar como político, tinha de ser acessível a todo cidadão.

Os ensinamentos dos clássicos estão mais atuais do que nunca. Hoje, há um descarnamento da democracia. Sua substância fundamental parece ter se perdido em nome de defesa de princípios meramente formais. Fala-se em democracia quando na maioria das vezes, depois de peneirados os argumentos, só sobram elementos instrumentais. Diz-se que uma sociedade é democrática porque realiza eleições, respeita a vontade da maioria, segue ordenamento legal consensual, funciona a partir do império da lei. São condições necessárias, mas não suficientes.

O desafio que coloca hoje para as sociedades precisa avançar além do regime de governo para a vitalidade da existência social. A democracia precisa ser vivida. Vida supõe mudanças, transformações, ampliações de espaços de liberdade e autonomia. Pensar a democracia como ser vivo obriga a defender sua dimensão necessariamente histórica. Se os gregos já percebiam a desigualdade social e inventaram o regime de governo para dar conta desse problema de civilização, o mundo contemporâneo está emparedado em procedimentos e perdendo a capacidade de enfrentar a desigualdade tornada método de relacionamento global.

É preciso reconhecer o funcionamento histórico da democracia. É hora de historicizar a política. Não é por acaso que, de um tempo para cá, volta a soar a sereia do fim da história, da morte das ideologias, do fracasso das grandes narrativas, do soçobramento das utopias. Negar a história em sua caminhada é uma operação reacionária, que empareda a política e torna a democracia uma lista de itens a serem praticados nos processos sociais estandardizados.

É curioso, por exemplo, como até mesmo a funcionalidade dos elementos democráticos pode ser anulada em interesse da idéia do fim da história. Nas últimas décadas, muitos governantes latino-americanos foram apeados do poder em nome de interesses “democráticos” expressos diretamente pela sociedade. Pode ser um avanço. E possível que seja a emergência da vontade direta do povo. No entanto, no caso da Venezuela, foi preciso um plebiscito (previsto pela Constituição) para validar o resultado de um procedimento democrático. Pode-se detestar Chávez, mas, sob o risco de má-fé, não se pode acusá-lo de fraturar a democracia.

A democracia a ser inventada para a nova desigualdade global precisa caminhar no sentido da invenção de direitos. A democracia clássica existia na exata medida em que defendia direitos sociais. A democracia que o mundo precisa só se justifica na capacidade de criar direitos que dêem conta da nova desigualdade. Garantir direitos é o primeiro passo. Ampliar direitos é o desafio.

O retorno aos gregos pode nos ensinar muito. Além da humildade, eles nos colocam no chão da política para perguntar sobre a vida mais plena, justa e feliz. Basta olhar para os lados para perceber que não estamos sendo plenos, justos e muito menos felizes. A política anda em baixa. A democracia foi abduzida pela obsessão dos procedimentos. A criação de novos campos de direito (entre eles o de propriedade, o mais difícil de ser tocado, principalmente numa sociedade como a nossa, siderada pela posse da terra de maneira quase teológica) pode pôr os homens em movimento.

A história não acabou. Mas não vai se realizar sozinha.”

Mais um efetiva contribuição que nos FORTALECE da oportunidade e necessidade de uma grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE para, novamente, DEPURARMOS a POLÍTICA e a DEMOCRACIA e construirmos, por meio de sua IMORREDOURA centralidade, uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, SUSTENTADAMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que PARTILHE suas IMENSAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS.

É o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA...

O BRASIL TEM JEITO!...