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segunda-feira, 21 de maio de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DA GESTÃO NAS NOVAS TECNOLOGIAS E A LUZ DAS LIDERANÇAS NA SUSTENTABILIDADE


“O novo gestor e a informação inteligente
        E começa a mudança. Vivemos a era do cliente, do “p” de pessoas, centrada nas demandas de um público altamente conectado, e que entendeu bem o quanto a tecnologia impactou o consumo e a relação com as marcas. O diferencial competitivo das empresas, agora, está em conhecer as pessoas, os clientes e se conectar com eles de forma inovadora. No novo cenário, tamanho e escala são menos relevantes. A questão é quão conectada com o cliente uma empresa é e qual a velocidade com que essa empresa é capaz de inovar e adaptar-se, criando seu próprio caminho.
         Uma evidência da teoria da era do cliente como propulsora da transformação digital é a dura competição a qual estamos assistindo no comércio eletrônico, e-commerce, e como os consumidores podem encontrar alternativas rapidamente. Nesse contexto, a fidelização de clientes é um desafio ainda mais árduo. Não basta ter preços acessíveis. Hoje, por exemplo, uma rede de supermercados deve gerar uma experiência de compra realmente positiva, que encante o cliente e que supere a sua expectativa entregando uma experiência única.
         As mudanças no comportamento do consumidor, as estratégias competitivas e a inexorável forças das novas tecnologias estão batendo, simultaneamente, à nossa porta. Os processos são cada vez mais complexos, com um número muito maior do que antes de fatores que influenciam a tomada de decisões. Um novo meio de comunicação, a Internet, conquistou a imaginação dos empresários, o voto dos consumidores e o dinheiro do mercado.
         A Internet mudou de forma singular e radical o conceito de valor do serviço, mais do que qualquer outra coisa, desde o surgimento do telégrafo. Todas as empresas dependem de informações e conhecimentos obtidos em vários tipos de interação. A manutenção de qualquer base de informações, por sua vez, depende da natureza da tecnologia utilizada. Como uma extensão da interação humana numa rede de relacionamentos cada vez mais presente, a Internet é revolucionária por redefinir os modelos de negócios e o futuro do marketing.
         Com o novo comportamento do consumidor digital, surge, também, o novo gestor 4.0, que deve ter mais conteúdo, domínio da alta tecnologia e acesso às redes sociais. Um momento da verdade é precisamente aquele instante em que o cliente entra em contato com qualquer setor de um supermercado, por exemplo, e, com base nesse contato, forma uma opinião sobre a qualidade do serviço.
         Hoje em dia, as empresas devem pensar de dentro para fora, por meio de estratégias de endomarketing, preparando os funcionários para o propósito da organização. Um empacotador de supermercado, enquanto empacota as compras, está constantemente domando decisões. Quantos produtos colocar em uma sacola? Qual é o peso confortável? Com segmentar os produtos? Como tratar os clientes? Pode até não parecer complexo, mas envolve muitas variáveis do cliente (idade, gênero, entre outros). As empresas que conseguem ter o seu propósito sólido ao longo do tempo costumam investir muito na seleção e promoção de pessoas que simbolizam seus valores e o posicionamento da empresa.
         Estar bem informado, com informações inteligentes, é de suma importância para o sucesso do novo gestor na elaboração de estratégias customizadas e tomadas de decisão seguras. O novo profissional, focado em pessoas, precisa saber quem é o seu cliente, conhecer e entender as suas expectativas, saber o que ele está comprando, gerenciar o resultado, a experiência e a relação com o cliente em tempo real. Pense nisso!”.

(CLAUDIO SHIMOYAMA. CEO do Grupo Datacenso e diretor da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-PR), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de maio de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de JOÃO DEWET MOREIRA DE CARVALHO, engenheiro agrônomo, e que merece igualmente integral transcrição:

“A brevidade eterna
        A Bíblia é o livro mais lido na história humana. Além de ser o que maior influência exerceu em grande parte dos povos. Nela, os salmos são uma das partes mais admiradas. Pois eles explicitam, em forma poética, os questionamentos feitos pelo homem quanto aos seus misteriosos caminhos e os inúmeros dilemas enfrentados na luta pela sobrevivência e convivência social. E, tudo isso, dentro de sua curta existência.
         Aliás, esse efêmero existir inerente à raça humana é relembrado no Salmo 103, em sábia poesia: “Já o homem, sua vida é como a erva; ele floresce como a flor do campo. Quando o vento passa, desaparece. E ninguém sabe para onde foi”. Sendo, então, essa mensagem de efemeridade repisada por toda a Bíblia. Ressaltando sempre que todos os que vivem na terra são apenas breves forasteiros e peregrinos.
         Curioso é o fato que, apesar dessa brevidade existencial ser do conhecimento geral, muitos parecem seguir seu curso ignorando essa incontestável verdade. Pois, para isso, basta observar a arrogância, corrupção e vaidade incomensurável sempre presentes em diversos indivíduos. Principalmente nos que se encontram revestidos de poder. Quer seja na coisa pública ou no setor privado.
         Certamente, inúmeras são as explicações justificadoras para tais comportamentos. No entanto, a questão é saber se existem mecanismos que possam ser criados a fim de eliminar, ou pelo menos amenizar, esses procedimentos tão nocivos à coexistência harmônica na sociedade. E, dessa forma, melhorar a qualidade de vida comunitária nacional. Ou será que tal empreendimento está além da capacidade humana? Não havendo solução?
         Em resposta a tal questionamento, os poucos líderes de destaques na história que merecem ser chamados de estadistas diriam que sim, solução existe. Até mesmo Shakespeare, o bardo genial, não acoitava tamanha resignação ao fracasso. Pois, ele, diante da imensa sagacidade humana vista diariamente no seu tempo, contornando difíceis problemas com soluções criativas, forjou a seguinte expressão: “Que obra de arte é o homem!”. Evidenciando, assim, que o homem é capaz de realizar conquistas inimagináveis.
         E tudo isso se aplica, especialmente, ao Brasil. Pois a surpreendente criatividade brasileira ainda é a esperança para tornar os aparentes impossíveis em realidades plausíveis. Trazendo com isso alento de que nem tudo está perdido. Mesmo em questões que envolvam altíssimo grau de complexidade, como a de transformar a herança de históricos ineficientes governos corruptos em futuros modelos de eficiência, responsabilidade e competência. Evitando-se, dessa forma, a recorrência dos corrompidos modos operacionais cristalizados, sempre presentes e responsáveis por muita devastação no país.
         Por isso, todo cuidado é pouco. Pois com a proximidade das eleições, toda a nação deve ficar atenta para não cair nas velhas armadilhas políticas das antigas raposas inescrupulosas. Sempre prontas a vender o antigo sistema corrompido em uma nova embalagem. E, com isso, enganar a muitos.
         Por isso, para que ocorra uma benéfica transformação do país, torna-se necessário a escolha de novos líderes, capazes e visionários. Líderes que queiram doar a si mesmo no intuito de construir um novo Brasil sobre o alicerce de valores condizentes com a dignidade humana. Líderes inovadores e construtores de um futuro diferente de tudo que já tenha sido feito no mundo. Haja vista, os peculiares desafios a serem enfrentados.
         Sendo urgente a plena reestruturação de suas contas públicas, de forma a possibilitar uma forte retomada sustentada do crescimento econômico. Além do que, possa com essa equilíbrio também garantir a solvência financeira da nação em momentos de crise internacional.
         Deve, também, ser extinto o grande número de indevidos privilégios e mordomias públicas. Fontes primárias de déficit. E geradores permanentes de instabilidade na contabilidade nacional. Eliminando direitos amorais. Pois como disfarce para a manutenção desse status quo, foram criados sacrilégios jurídicos totalmente abomináveis, de forma a dar aparência de legalidade à verdadeiros atos de lesa-pátria.
         E, além de tudo, que através da boa governança surjam também, em abundância, oportunidades para todos os que queiram, através do esforço próprio, se fazer na vida. Com isso, criando um país em que não haja mais vergonhosas articulações nos bastidores dos poderes visando conduzir notórias nulidades a posições de destaque. Mas, em seu lugar, sobressaia a existência de uma sociedade meritória, onde a capacidade pessoal, além do irrepreensível caráter, sejam atributos basilares.
         Pois só assim, apesar da brevidade da vida, o verdadeiro líder estadista que conduzir dessa forma o Brasil, ao findar da sua existência, tornar-se-á eterno. Paradoxalmente, eternizando a brevidade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em março, chegou a 2,68%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





        

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A CIDADANIA, A CATEDRAL, A MORAL, A JUSTIÇA E A DEMOCRACIA


“Em nossas mãos

Neste Domingo da Divina Providência, o segundo do tempo pascal, iniciaremos a construção da Catedral Cristo Rei, uma obra em nossas mãos. Na verdade, a construção já começou há um bom tempo. Basta olhar o caminho até aqui percorrido e as muitas conquistas alcançadas. No próximo domingo, iniciaremos a execução da obra, que se desdobrará em muitas fases. Conforme a dinâmica própria da construção de uma igreja, esse momento importante envolve cada um, por ser uma obra de todos. Para chegarmos a essa etapa decisiva, muitos passos foram dados, amadurecidos e vividos no tempo e na história da Arquidiocese de Belo Horizonte, hoje com seus 92 anos.
          Reverente é a memória de dom Antônio dos Santos Cabral, primeiro arcebispo da nova capital mineira, que aqui chegou para instalar a nova diocese. Com a capital nova, um caminho novo e tudo por começar. E começou com arrojo e abnegação missionária, reconheça-se, dotando esse caminho com preciosidades, das paróquias criadas, os religiosos e religiosas convidados, o apoio à educação católica, particularmente com a criação da Universidade Católica, com uma singular presença na comunicação do seu tempo, a instituição do Santuário Arquidiocesano da Adoração Perpétua, pérola da arquidiocese, na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, por ele escolhida como a catedral provisória e, particularmente, o cuidado especial com os mais pobres.
         Dom Antônio desenhou um horizonte largo e trilhou um caminho de riquezas incontestáveis, deixando uma herança que pediu e, certamente, pedirá de seus sucessores uma coragem de gigantes na fé e uma simplicidade evangélica própria de quem deposita confiança incondicional em Deus. O que dom Cabral plantou, nessa história da Arquidiocese de Belo Horizonte, tem florescido graças ao desvelo corajoso e confiante de seus sucessores, de leigos e leigas, padres, religiosos, bispos e em diálogo e cooperação com segmentos diferentes, construtores da sociedade pluralista. Uma sociedade que em Minas Gerais tem uma história de riquezas incontáveis, com homens e mulheres marcados pela força da fé e apreço aos valores da família, da solidariedade e da cultura.
         Nesse conjunto de feitos e fatos, eventos e conquistas, lutas e sacrifícios, está sempre no horizonte o compromisso de fidelidade ao projeto de Jesus Cristo, missão dada a Ele pelo Pai e por Ele dada à sua Igreja, com a escolha dos seus apóstolos, numa ininterrupta tradição. Entre desdobramentos que se tornaram passos novos, proféticos e novas respostas ao longo do tempo, permaneceu aqui o projeto da Catedral Cristo Rei, até iniciada por dom Cabral, não continuada pelas vicissitudes do tempo e das circunstâncias. Certamente, por desígnio de Deus providente, ficou como legado e tarefa a essa geração das primeiras décadas do terceiro milênio, como oportunidade única de um exercício de solidariedade e comunhão.
         As muitas etapas até aqui vividas e trabalhadas para a construção da Catedral Cristo Rei, incluindo debates e discernimento, aquisições e doações, formação de consensos e entendimentos, providências concretas vencendo burocracias e respeitando legalidades, claridade a respeito do instrumento que se terá para servir mais e melhor, prepararam esse histórico 7 de abril, Domingo da Divina Misericórdia. Será o momento em que se iniciam novas fases, que se sucederão dando forma à edificação, na medida do exercício de solidariedade, apoio e comunhão efetiva de todos. A Catedral Cristo Rei será um grande centro de irradiação da fé e do sentido de transcendência, valores que sustentam a cultura que permanece e a sociedade que se quer justa e fraterna.
         Ao longo dessa caminhada rumo à catedral, cada vez mais pessoas compreendem a importância da obra e vislumbram o que acontecerá no coração dessa igreja-mãe. Em primeiro lugar, uma ação evangelizadora profética e encarnada, que articula e fortalece a rede de comunidades de fé, entendidas como lugar do acolhimento fraterno e da escuta da palavra de Deus, transformando vidas e criando, pelos valores do evangelho, as convicções necessárias que geram conversões, engajam cidadãos solidários e justos.
         Esse coração de serviços a partir do evangelho significará o fortalecimento de uma Igreja, como indica e quer o papa Francisco, não autocentrada, mas capaz de dialogar com todos, articular-se com o diferente, ser cada vez mais servidora dos pobres e sofredores, em cooperação. Lá estará o conjunto das obras sociais da arquidiocese no seu Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política, que se articula e incentiva o desenvolvimento de outras iniciativas, de diversas paróquias e instituições, pequenas e grandes, de muitos lugares. Também será lugar dedicado à expansão da Rede Catedral de Comunicação Católica, para fazer, como recomenda Jesus, seu evangelho proclamado. Espaço importante para a arte e a cultura, com o inteligente projeto do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, bem como da educação, sendo coerente com a tradição de formação integral.
         A Catedral Cristo Rei será a casa do povo de Deus, isso é, de todos. Um espelho maior do que deve ser cada comunidade, em diálogo, cooperação e amor. Conto com a participação efetiva de cada um, em profunda comunhão e simplicidade, nesse caminho bonito que levará à edificação da Catedral Cristo Rei, uma obra em nossas mãos.”
(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO. Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de abril de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 6 de abril de 2013, caderno PENSAR,  primeira página, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

Moralmente
  INVIÁVEL
         
         Nas últimas semanas, as principais questões políticas e econômicas do Brasil deixaram de ser modernas para apontar para padrões medievais. No contínuo que se estabelece entre o passado patrimonialista e o futuro cidadão, parece que andamos alguns furos para trás. Saíram do ar questões como ampliação de direitos, distribuição de renda e poder e participação social para retornar temas que dizem mais do campo moral que da seara propriamente política.
         São casos como o comando da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, a eleição para a Presidência do Senado de um político que renunciou ao mandato em outra ocasião para se manter no jogo político em vez de enfrentar o julgamento (numa inequívoca confissão de culpa) e da PEC das Domésticas, com a nítida reação de classe média conservadora, que toma o que é de direito como quebra de um pacto colonial escravista ainda insepulto na sociedade brasileira.
         À primeira, vista, trata-se de temas que dizem respeito à política e à economia, no entanto, a forma como se concretizam na vida prática da sociedade os reveste de elementos bem mais básicos, ancilares, pré-modernos. Não está em jogo, no caso do Congresso, a questão da representação em si, mas da forma como ela foi conspurcada em razão de interesses particulares; no tocante à PEC das Domésticas, o que parece ser o centro da questão é mais a estrutura social brasileira que os direitos trabalhistas propriamente ditos. O país vive processo de regressão da política. Do fundo do abismo, a senzala nos mira. A sala de estar não suporta os rumores que vêm da cozinha.
         Há algumas décadas, a palavra de ordem no Brasil era “ética na política”. Com o esgarçamento dos vínculos entre sociedade e Estado, o caminho de recuperação da confiança pública passava necessariamente pela retomada de valores cidadãos, republicanos e democráticos. O movimento pela ética denunciava formas de submissão do Estado a interesses privados, corrupção e ausência de controles populares e democráticos. Lutar pela ética era o caminho do resgate da política.
         Hoje, a ética parece ter deixado lugar para o campo semântico menos amplo da moral. As questões acima passam a ser tratadas como desvios que se ligam mais à maldade do que à má política. Tudo se passa como se bastasse recuperar, em outra escala de valores, atitudes individuais, como a boa escolha dos ocupantes de cargos públicos. Onde é vigente a política de interesses se vê apenas a usurpação de posições. O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) devem ser afastados de seus cargos porque são pessoas erradas para a função (um é considerado racista e homofóbico, o outro é tido como corrupto). O que era universal na ética se torna particular na moral.
         No caso da PEC 478/10, em lugar da discussão sobre a melhor forma de regulamentar os direitos conquistados, passa-se a um jogo perverso de ameaçar com a redução de postos de trabalho a equiparação com os direitos de todo trabalhador formalizado. A mesma operação já foi feita, e detonada pela história real, quando se propôs, por exemplo, a ampliação da licença-maternidade, que, segundo as cassandras da classe média, iria deixar todas as mulheres desempregadas.
         No lugar da discussão sobre direitos no sentido contemporâneo e jurídico, entra em cena uma noção ultrapassada e interdita de direito como privilégio. Curiosamente, os mesmos profissionais ciosos de seus direitos trabalhistas se sentem perdidos quando têm que entender a expansão dos direitos a seus empregados domésticos. E dá-lhe programas de TV para mulheres modernas (não sei o que uma mulher moderna faz em casa na hora desses programas) e esqueminhas publicados pela imprensa para ajudar as pessoas a compreender uma legislação “nova” que tem mais de 50 anos, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
         Parece haver um acordo quando se trata de questões morais. Há o certo e o errado, o bom e o mal, o elogiável e o condenável. No interior desse tipo de discurso existe uma tendência à universalidade e ao imperativo categórico. A moral é o campo da obrigação, dos atos que devem ser seguidos por todos, dos comportamentos esperados pelos que participam da mesma comunidade de destino. No entanto, a moral também tem suas nuances. Seu universalismo não pode mascarar sua dimensão histórica, sua ligação com o tempo, sua pertinência em nome do aprimoramento da vida social. A moral é um ponto de partida que não pode tolher o dinamismo da política nem a busca de igualitarismo que deveria comandar as ações no campo econômico. Podemos ser bons, mas precisamos escolher ser justos.
        
DUAS CASAS Desde que Shakespeare sentenciou em Macbeth que uma praga pairasse sobre as “duas casas” que não se via uma nuvem tão escura sobre o Legislativo. O curioso na sensação de divórcio entre política e sociedade é o fato de recair sobre os homens – Feliciano e Calheiros – a responsabilidade pela situação. Como se, trocados os nomes, tudo se resolvesse. Ora, o que está em jogo, muito mais que as pessoas, é a naturalização de um sistema que permite tais desvios, como nomear para posições de comando pessoas sem os atributos necessários.
         Isso remete ao estilo de democracia de coalizão que hoje se tornou operacional no Brasil. Entendido que o jogo partidário é complexo, que as alianças exigem aproximação estratégica com outros partidos, que a divisão dos cargos atende ao projeto mais amplo de governabilidade, as posições de mando e os postos de execução de políticas (nos casos dos ministérios e secretarias, onde a situação não é diferente), a partição das benesses segue seu trâmite automático.
         Parece normal que um partido forte exija cargos que tenham em mão muito dinheiro. O interesse não é contribuir com a administração colegiada, mas usufruir das possibilidades de pavimentar sua permanência no poder. Por isso as áreas mais requisitadas  no toma lá dá cá da política são as secretarias de obras e assemelhadas, onde a grana rola, os interesses são mais facilmente traduzidos e o clientelismo grassa. A recente substituição do ministro dos Transportes, com a saída de um funcionário de carreira para entrada de um político do PR, o ex-governador da Bahia César Borges, não levantou na imprensa qualquer avaliação sobre a pasta, apenas sobre a recomposição da chapa da próxima eleição. E as pessoas continuam morrendo em estradas péssimas e se surpreendendo com atrasos de obras e superfaturamentos. Ministro não é sinônimo de competência, mas de cacife eleitoral. E ninguém liga lé com cré. A política está matando as pessoas.
         No caso da Presidência do Senado e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, a situação não é diversa. Na Câmara alta, apenas se consagrou o princípio da barganha partidária, seguida de forma acrítica, como bois de presépio, pela base aliada. O fato de a população, que elegeu os senadores, que por sua vez elegeram Renan Calheiros, não se sentir representada, mais que uma sensação de raiva e impotência, corrompe o próprio instituto da representatividade. Os senadores, neste como em outros casos, não votam por delegação de seus eleitores, mas de seus interesses.
         No caso de Feliciano entra em cena um complicador a mais, o desprezo da própria Câmara dos Deputados em relação à comissão que ele preside, considerada de pouca força e por isso abandonada pela esquerda, que migrou em direção a posições de maior repercussão. O que veio depois, com a reação da sociedade, mostra que, por si só, ou o poder emana diretamente do povo ou se perde nos corredores dos interesses partidários. A ação de bloqueamento da comissão é um dos atos políticos mais significativos dos últimos tempos: não se trata de condenar o homem Feliciano (em tudo condenável por suas posições abjetas), mas de inviabilizar a operação de uma instituição sem condições políticas explícitas de representação.
         Para completar, saindo da política rumo à economia, também se percebe aqui a torção espúria em direção ao julgamento moral. A aprovação da PEC das Domésticas evidencia, em pleno correr da segunda década do século 21, os preconceitos atávicos da sociedade brasileira. Ao responder à ampliação de direitos com discurso que apela para o caráter cordial da sociedade (até mesmo com a falsa defesa da empregabilidade das domésticas, consideradas despreparadas para o mercado), os “patrões”, travestidos de senhores de engenho, utilizam a retórica de sua situação particular. Todos têm sua cota de interesse a preservar (precisam trabalhar, não têm como deixar os filhos, são ótimos patrões etc.) e são lépidos em concordar com o princípio (os direitos) para negar suas consequências.
         O país que se orgulha de ser moderno convive com a informalidade dentro de casa, com duas medidas para os direitos trabalhistas e com a perpetuação da injustiça ao eternizar o trabalho doméstico como recurso dos despreparados. Nesse sentido, a igualdade dos direitos é o primeiro passo, algo como a última abolição da escravatura ainda vigente no país (sem contar os focos de trabalho escravo que ainda persistem).
         Esse não é um caso para ser tratado com os instrumentos da moral: não nos cabe ser bonzinhos ou magnânimos, mas justos. E muito mais está para ser feito. A classe média, mais uma vez, tem tudo para ser o bastião da resistência nesse processo. E o vem fazendo por meio da imprensa, que se mostrou presta em ensaiar os vários aspectos da mudança, quase sempre do lado do patrão (quanto vai gastar mais), além de aspergir ameaças para os empregados domésticos na forma de fechamento de mercado.
         Tem hora, quando a moral se apresenta como empecilho para as transformações, que é preciso ir na marra. Não parece ser o caso. Mas não estamos longe disso.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais –, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); habitação; emprego, trabalho e renda; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; agregação de valor às commodities; minas e energia; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros,especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...
                  

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A CIDADANIA NO PROCESSO DE JUNTAR OS CACOS

“Por que foi tão ruim?

[...] DEUS E O DIABO O Brasil não é um país simples. Mas se pode sintetizar seus problemas em três grandes fontes e, a partir delas, ensaiar formas de superação e avanço. A questão básica: somo um país rico com muita injustiça e muita gente pobre. Para mudar essa situação, é necessário um esforço de compreensão que aponte de onde partimos e por que atolamos nessa contradição.

Há razões estruturais, que não são destino inelutável. Somos resultado da colonização concentradora, escravocrata, que desvaloriza o trabalho e cria o monopólio da terra. Em seguida – segunda questão estrutural –, nosso processo de desenvolvimento e industrialização foi armado, durante a ditadura militar, em cima da produção de bens de consumo de luxo, o que deformou o mercado interno e concentrou ainda mais a renda, além de impedir o amadurecimento de formas de participação popular. Mais recentemente, com o neoliberalismo e a financeirização da economia, a hegemonia do capital especulativo concentrou ainda mais a renda e empobreceu o Estado, que foi se retirando de suas funções sociais e de garantia da infraestrutura para o crescimento. No salve-se quem tiver competência do mercado, demandas populares são sempre signo de atraso. Moderno é não ter direitos trabalhistas e privatizar riquezas estratégicas, por exemplo.

Se a eleição é o momento de passar o país a limpo, o que se esperava das campanhas e dos candidatos eram propostas para mudar esse quadro: como resolver a questão da terra, como dinamizar o mercado interno, como crescer com distribuição de renda, como dar ao Estado condições de sustentar as demandas sociais, como democratizar o jogo político e ampliar os espaços de participação. Cada candidato tinha propostas para todos esses pontos.

Eles sabiam disso, a imprensa e os eleitores também. Preferiram discutir deus e o diabo. Deus entrou na questão do aborto. O diabo pôs seu rabo nas demais trapalhadas e manipulações a que fomos submetidos por muitos meses. Foi muito ruim, mas acaba amanhã.”
(JOÃO PAULO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de outubro de 2010, Caderno PENSAR, página 2).

Mais uma IMPORTANTE, e também OPORTUNA, contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, Caderno CULTURA, edição de 4 de novembro de 2010, Caderno CULTURA, página 10, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Cartas da prisão (Agir), entre outros livros, que merece INTEGRAL transcrição:

“Juntando os cacos

Campanha eleitoral, apurado o resultado das urnas, funciona como abalo sísmico: súbito, o que era findou, a estrutura política se encontra alterada e o que será ainda não se firmou (o que só ocorrerá depois de 1º de janeiro de 2011).

Deveria existir uma psicanálise do poder, à qual Shakespeare e Machado de Assis dariam excelentes contribuições. Talvez exista. Eu é que, em minha sobeja ignorância, não a conheço.

Não é fato que o processo eleitoral tudo desarruma? É um festival de contradições e contrariedades: amigos se tornam inimigos, inimigos viram correligionários; irmãos discutem com irmãos; princípios ideológicos cedem lugar a interesses eleitoreiros; propostas são encobertas por meras promessas; o discurso ético quase nunca coincide com o modo como se financia a campanha...

E ainda há cidadãos que se recusam a votar, têm raiva de políticos, vociferam contra tudo e contra todos, esquecendo o elementar, meu caro Watson: o ódio destrói quem odeia e não quem é odiado. Este nem sequer fica sabendo das repetidas ofensas proferidas ao seu nome.

Terminado o pleito para as funções legislativas, cada candidato tem o direito de se olhar no espelho. Há eleitos que estufam o peito aliviados, sentem o doce beijo de Narciso – nem tanto como belo, e sim como poderoso – e se esquecem de reparar que, no fundo do espelho, há uma multidão de pessoas, seus eleitores, a quem devem a vitória eleitoral e a quem estão obrigados a não decepcionar.

Os derrotados se dedicam ao triste balanço: tanto esforço, tantas viagens e reuniões, tantos apertos de mãos e cafezinhos; e, sobretudo, tanto dinheiro despendido para... nada! Epa, não é bem assim! Para nada não. E o investimento eleitoral a longo prazo? Afinal, mereci uns tantos votinhos, tornei-me conhecido, criei um potencial base de sustentação política. Claro, esperava mais, julgava-me mais elegível que outros concorrentes... Mas seu que não sou de se jogar fora. Quem sabe nas próximas eleições...

De fato, gastos eleitorais são pesados. Deus meu, quantas dívidas! Alguns candidatos derrotados fizerem fofrem de DPE: Depressão Pós-Eleitoral.

Mas não nos enganemos. Uns tantos derrotados fizerem seu pé de meia. É a tal “sobra de campanha”. Sobra? Na verdade, quinhão retirado do milhão. Nada como um dinheirinho extra caído do céu. Ou melhor, das mãos dos eleitores. Com a vantagem de dispensar prestação de contas ou pagamento de tributos.

Depois do bate-boca de quem foram os responsáveis pela derrota (a vitória é quase sempre exclusivamente do candidato), o prêmio de consolo de uns tantos é a tradicional boquinha assegurada por quem foi eleito. Não virei deputado ou senador mas, felizmente, o companheiro ali agora é governador; aquele de elegeu senador; o outro, deputado. Quem sabe me consolam com uma nomeação! O dinheiro não sai mesmo do bolso deles. Vem dos cofres públicos. Se for preciso, até topo assinar receber cinco, embolsar três e deixar dois para o companheiro que agora me estende a mão...

Muitos vitoriosos não se aguentam de tanto de tanto convencimento. Adeus patrão, adeus relógio de ponto, adeus rotina! Agora é não pisar em falso para não cair do palanque. O que mais importa, desde hoje, é tratar de garantir a reeleição daqui a quatro anos.

Quem foi eleito para o Executivo trata de montar sua equipe de governo atento às alianças, aos correligionários bem votados, porém não eleitos, às promessas mais repetidas.

Os derrotados amargam a boca de fel. Como aconteceu? Tudo indicava que eu seria eleito. Cadê as pesquisas fajutas, os puxa-sacos, o coro do “já ganhou”? Ganhei foi experiência. E perdi meses dando braçadas, engolindo água para, na hora H, morrer na praia.

E nós, eleitores? Votamos por votar ou estamos dispostos a cobrar duro de quem elegemos? Sim, sei que alguns foram às urnas porque a lei obriga. É o time do voto facultativo. Estou fora! Darei meu apoio a tal bandeira no dia em que pagar imposto também for facultativo. Por que devo sustentar economicamente a máquina do Estado e não decidir quem a ocupa?

Não basta delegar e se sentir representado. É preciso participar: fazer todo tipo de pressão sobre os eleitos, nossos servidores. E reforçar os movimentos sociais, a sociedade civil organizada, para que haja permanente controle social do poder público. Sobretudo, exigir transparência e competência.

Ah, a política...”

Estamos, portanto, diante de mais COMPETENTES e PERTINENTES reflexões que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, CRÍTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES como TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...