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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DAS LETRAS NA PROMOÇÃO HUMANA E AS LUZES DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NA SUSTENTABILIDADE


“Homenagem a um antigo pós-moderno
        ‘O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço’. A fórmula lapidar de Machado de Assis é aplicável com a máxima justiça a um novo mestre cuja obra se destaca no horizonte da nossa literatura: Jacyntho Lins Brandão. Helenista reconhecido internacionalmente, a relevância da sua obra vem receber o merecido destaque com a eleição à Academia Mineira de Letras, em cerimônia que acontece hoje, às 20h, onde assume a cadeira 25 (antes ocupada pelo ex-governador de Minas Gerais Francelino Pereira dos Santos).
         Professor titular da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG desde 1977, onde leciona língua e literatura grega, além de pesquisador, tradutor, crítico literário, romancista e dramaturgo, Jacyntho possui uma carreira que alia a prática docente à atividade literária, sempre atento à necessidade de assumir responsabilidades pessoais: diretor da Fale por duas vezes (1990-1994 e 2006-2010) e vice-reitor da UFMG (1994-1998), atuou ainda como professor visitante em várias instituições estrangeiras.
         A maior parte dos seus livros transita pelas áreas de teoria, crítica e história da literatura, ensino de grego antigo, filosofia e tradução. Defensor da tese de que as origens da ficção estariam na própria Antiguidade, Jacyntho escreveu obras que se tornaram referências incontornáveis, como Antiga Musa: arqueologia da ficção (2 ed., Relicário, 2015) e A Invenção do romance (Ed. UnB, 2005). Além disso, trabalha, incansavelmente, pela divulgação entre nós da obra de Luciano de Samósata, um importante escritor da Antiguidade tardia, cuja influência se estende sobre nomes tão relevantes quanto os de Rabelais, Voltaire, Dostoiévski e até Machado de Assis. O seu principal estudo sobre este autor “pós-antigo” é ainda A poética do hipocentauro (Ed. UFMG, 2001), embora títulos mais recentes complementem a sua bibliografia sobre o assunto: Como se deve escrever a história (Tessitura, 2009) e Biografia literária (Ed. UFMG, 2015) oferecem traduções de importantes textos de Luciano, constituindo uma fonte inestimável para quem se interessa por um diálogo que – segundo Mikhail Bakhtin – atravessa séculos sob o nome de “tradição luciânica”.
         Como não poderia deixar de ser, o próprio Jacyntho faz parte de tal tradição, posto que as suas obras ficcionais abusam de elementos luciânicos e revelam que o riso é coisa para ser levada muito a sério. Seja no romance O fosso de Babel (Nova Fronteira, 1997), seja na peça Que venha a Senhora Dona (Tessitura, 2007), um complexo jogo intertextual se vale de inúmeras estratégias narrativas para criar uma trama em que o humor coloca em xeque as certezas do leitor e o leva a uma profunda reflexão crítica.
         Em plena era digital, Jacyntho começa a se dedicar também ao estudo de civilizações antigas do Médio Oriente e tem decifrado os segredos inscritos em tabuinhas de argila de povos tão antigos quanto os acádios, os assírios e os babilônicos. Um primeiro fruto dessas pesquisas é a sua tradução comentada da epopeia de Gilgámesh (composta por Sin-léqi-unnínni): primeira versão em língua portuguesa traduzida diretamente do acádio, o livro – indicado ao Prêmio Jabuti na categoria tradução em 2018 – saiu com o título Ele que o abismo viu (Ed. Autêntica, 2017).
         Se a sua eleição à Academia Mineira de Letras, hoje, vem coincidir com a aposentadoria na carreira docente – em momento de profundas dúvidas quanto ao futuro da educação e dos educadores no Brasil –, permanece a certeza de que, tratando de “assuntos remotos no tempo e no espaço”, Jacyntho se mostrará sempre “homem do seu tempo e do seu país”, como Luciano e o próprio Machado já haviam se mostrado antes dele.”.

(RAFAEL GUIMARÃES SILVA. Doutorando em estudos clássicos, UFMG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de dezembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7)

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DANIEL MEDEIROS, mestre e doutor em educação histórica pela UFPR, professor do Curso Positivo, e que merece igualmente integral transcrição:

“O trabalho no futuro
        Vivemos na era das incertezas. Essa expressão tornou-se comum não porque as incertezas tenham passado a existir só agora, mas porque se multiplicaram exponencialmente nas últimas décadas. Como sabemos, nunca tivemos certeza de nada, exceto da morte. Agora, nem isso. Já se fala em escaneamento da consciência, uma espécie de pen drive que seria conectado a um androide e permitiria que vivêssemos e vivêssemos long time. Ficção científica? Não. A ficção tornou-se o nome do que ainda não foi realizado e não mais do fantasioso e do mirabolante. E todas as mudanças mudarão as pessoas e as coisas em volta delas. Como entender e participar desse mundo?
         É fato que há 30 ou 40 anos, quando pensávamos no futuro, apareciam na tela de nossa imaginação não mais do que umas seis ou sete possibilidades de trabalho: médico, engenheiro, advogado, militar, funcionário do Banco do Brasil ou de algum cartório, motorista de ônibus ou ajudar o pai na loja (lembrando que astronauta e arqueólogo eram profissões desejadas em um tempo ainda mais remoto). Agora, o problema é que, diante da mesma pergunta, são dezenas as profissões possíveis, muitas das quais ainda nem têm nome, outras conhecemos de ouvir falar, mas não sabemos exatamente quais habilidades seriam necessárias para exercê-las: energias renováveis, inteligência artificial, manipulação genética, robótica, internet das coisas etc. e tal. Jovens miram perplexos o horizonte dos próximos anos e se perguntam: vai ter lugar para mim?
         Tudo vai sendo virado de cabeça para baixo e as tradições que ancoraram tantas práticas sociais, conceitos e valores do mundo do trabalho, rapidamente vão se tornando obsoletas. Isso gera um desconforto, quando não um sentimento de revolta. Mas a saída continua a ser uma só: buscar entender as mudanças em vez de maldizê-las. Quanto maior a compreensão do que está acontecendo, maiores as chances de assumir um protagonismo nesses novos tempos. E então, o que está acontecendo? Como um jovem de hoje pode ter chance de uma boa colocação profissional no mundo de amanhã?
         Em primeiro lugar, compreendendo que precisa aprender o tempo todo e precisa se comunicar com o mundo. Ou seja: a ideia de “estar formado” em algo, de “ter feito seus estudos” em tal lugar, de “ter terminado a escola” em tal ano não tem mais nenhum futuro. Viver é aprender permanentemente e da maneira mais heurística possível. Heurística? É, trata-se do aprendizado constante e do uso intensivo da imaginação, da criatividade, do pensamento disruptivo. Disruptivo? Sim, refere-se ao pensamento que rompe com o padrão da normalidade, que rastreia novos paradigmas, que está sempre atento para outras maneiras de associação, composição, reorganização dos fatos e dos saberes.
         Além de aprender o tempo todo, é preciso também poder se comunicar com todo mundo. Daí a importância de dominar as linguagens: línguas estrangeiras, linguagens da programação, mas também a linguagem social do network, a linguagem emocional das negociações, a linguagem afetiva das parcerias. Em resumo: conectividade e capacidade de tradução, esses são os dois pilares do trabalho no futuro.
         A escola, em algum momento, vai precisar contribuir para essa reconstituição de saberes, rompendo com a ideia de que há coisas que precisam ser aprendidas porque são coisas importantes. Não é assim que funciona. Tudo o precisa ser aprendido não é importante por si, mas porque tem um papel no processo de transformação constante do mundo. A linguagem matemática é fundamental, assim a compreensão histórica ou o conhecimento dos seres vivos, mas apenas à medida que estão inseridos no contexto da descoberta, que é o lugar da problematização; da justificação, que é onde se analisam os dados e apresentam-se as conclusões; e da aplicação, quando esses conhecimentos agem como ferramentas de transformação da realidade.
         Assim, pensar uma escola a partir de cases, de questionamentos, de problematizações, associando diversas disciplinas com diferentes mentes de diversas idades, estimulando a formulação de hipóteses, sendo rigoroso na apresentação e verificação dos dados, premiando o esforço, a criatividade e o espírito de equipe são os passos para colocar a escola no lugar de relevância para as exigências desse tempo, que é o de olhar o horizonte e não enxergar o que há, mas imaginar o que haverá lá. Um tempo cujo futuro será uma invenção do presente.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 275,68% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 300,37%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,05%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



        

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DO ENSINO HÍBRIDO E AS LUZES DA TOLERÂNCIA NA SUSTENTABILIDADE

“Vantagens do ensino híbrido
        A sala de aula somente com o professor falando está mudando. Tradicionalmente, a pedagogia de projetos estabelece que o estudante desenvolva habilidades sobre os temas diários. A matéria era ensinada na escola e estudada em casa para fixação e complementação. Hoje, o jovem é protagonista no processo educacional. A pedagogia de pesquisa é uma tendência e propõe o ensino híbrido, ou seja, estudantes e professores constroem conceitos sobre o assunto.
         Não se pode ignorar que a nova geração estudantil já chega à sala de aula com informações diversas. Os livros deixaram de ser a única fonte de pesquisa para cederem espaço aos e-books, portais e redes sociais. Cabe ao professor auxiliar o aluno a organizar conceitos e ideias, propiciando correlações entre as disciplinas. O mundo cresce ao redor do conhecimento e não se pode ignorar que todos aprendem e ensinam ao mesmo tempo.
         Ao contrário do que acontece na pedagogia de projetos, a pedagogia de pesquisa propõe um educador em sala de aula com temas abertos para discussão. Em um trabalho em grupo, por exemplo, cada participante tem a incumbência de estudar diferentes formas para apresentação do projeto, visando uma complementação. Cada aluno prioriza um dos aspectos sobre o tema e o grupo elabora junto a conclusão.
         Colocamos esses projetos em práticas nas aulas do 2º ano do ensino médio, com os jovens estudando o livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, propondo um novo desafio: levar a história para a vida real. O desafio foi aceito com a promoção de um júri simulado para avaliar se Bentinho deveria ser punido por calúnia e difamação. O projeto começou com a disciplina de literatura e envolveu outras matérias, como português, filosofia, sociologia e matemática. A multidisplinaridade é uma das novas habilidades exigidas pelo Enem.
         Os estudantes se dividiram em três grupos: defesa de Bentinho, defesa de Capitu e jurados, além da personificação dos próprios personagens centrais. A turma analisou a obra para definir estratégias argumentativas de defesa e acusação. Desde o princípio, ficou claro que o propósito não era fazer juízo de valor sobre o comportamento de Capitu e, sim, desenvolver habilidades de escrita e oralidade com a redação de argumentos contextualizados. A atividade estimulou o estudante a praticar as habilidades de negociação e criatividade, pois, enquanto o júri ocorre, é preciso rever as estratégias e argumentações.
         As novas abordagens em sala de aula devem reunir as habilidades exigidas pela última reformulação do Enem. O estudante precisa desenvolver um pensamento crítico, correlacionando disciplinas e aprimorando o poder de argumentação. A atividade do júri simulado foi apenas uma demonstração sobre como é possível engajar os jovens num processo mais prático, extrapolando a sala de aula para o cotidiano. Com certeza, também é possível reinventar a aprendizagem, para sair do ensino médio com maior capacidade analítica e contextual.”.

(CHRISTINA FABEL. Diretora de ensino do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de outubro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de outubro de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fundamentalismo e tolerância
        ‘O sonho da razão produz monstros’. A frase, cunhada numa célebre pintura de Goya, me veio à lembrança ao refletir sobre a febre ideológica laicista que está tomando conta de certos ambientes europeus e, infelizmente, também daqui. O laicismo, tal como hoje se apresenta e “milita”, não é apenas uma opinião, um conjunto de ideias ou uma convicção, que se defende em legítimo e respeitoso diálogo com outras opiniões e convicções, como é próprio da cultura e da praxe democrática.
         Também não se identifica com a “laicidade”, que é algo positivo e justo, e consiste em reconhecer a independência e a autonomia do Estado em relação a qualquer religião ou igreja concreta, e que inclui, como dado essencial, o respeito pela liberdade privada e pública dos cultos das diversas religiões, desde que não atentem contra as leis, a ordem e a moralidade pública,
         O laicismo militante atual, no entanto, é uma “ideologia”, ou seja, uma cosmovisão – um conjunto global de ideias, fechado em si mesmo –, que pretende ser a “única verdade” racional, a única digna de ser levada em consideração na cultura, na política, na legislação, no ensino etc. Por outras palavras, o laicismo é um dogmatismo secular, ideologicamente totalitário e fechado em sua “verdade única”.
         A humanidade, imaginam os defensores de uma cultura agnóstica e laicista, seria mais civilizada feliz num mundo liberto das amarras espirituais. Será? Penso que não. O fundamentalismo islâmico é apresentado como a comprovação definitiva dos males que a religião provoca no mundo. Sonega-se uma dado essencial: o terrorismo é um desvio covarde, uma instrumentalização cínica, uma apropriação criminosa de uma marca que não lhe pertence.
         Na verdade, a história das utopias da razão está manchada de sangue, terror e privação. Frequentemente, salienta Oscar Wilde com boa dose de argúcia, “as melhores intenções produzem as piores obras”. A Revolução Francesa, por exemplo, não gerou apenas um magnífico ideário. A utopia de 1789, em nome da “igualdade”, da “fraternidade” e da “liberdade”, desembocou no terror da guilhotina.
         A Segunda Guerra Mundial não foi acionada por gatilhos religiosos. O Holocausto do povo judeu, fruto direto da insanidade de Hitler, teve alguns de seus pré-requisitos precisamente na filosofia da morte de Deus. Nietzsche, o orgulhoso idealizador do super-homem, está na raiz imediata dos campos de concentração e de extermínio programado. E não foi a religião que desencadeou o Arquipélago Gulag do stalinismo. Feitas as contas, com isenção e honestidade intelectual, é preciso reconhecer que o sonho racionalista projetou poucas luzes e muitas sombras.
         A utopia, concebida no ambiente rarefeito dos gabinetes intelectuais, padece do mal da abstração. Perfila um homem impecável, um sistema irretocável. Depois, ao topar com o homem real, com suas grandezas e misérias, não admite a evidência das limitações teóricas. Brota, então, o delírio persecutório, a síndrome da conspiração. Radicaliza-se o sonho. A abstração quer se impor à realidade. E o humanismo inicial cede espaço ao obscurantismo.
         O autêntico fenômeno religioso, ao contrário, só pode medrar no terreno da liberdade. Na verdade, entre uma pessoa de convicções e um fanático existe uma fronteira nítida: o apreço pela liberdade. O fanático impõe, fulmina, empenha-se em aliciar. A pessoa de convicções, ao contrário, assenta serenamente em suas ideias. Por isso, suas ideias não a movem a impor, mas a estimulam a propor, a expor à livre aceitação dos outros os valores que acredita dignos de ser compartilhados. Sabe que somente uma proposta dirigida à liberdade pode obter uma resposta digna do homem.
         Precisamos, todos, promover um clima da racionalidade e de tolerância na discussão das ideias. O debate não pode ser travado em clima de Fla x Flu, marca registrada de certas manifestações nas redes sociais. Não devemos demonizar quem diverge da nossa opinião. O confronto das ideias é enriquecedor. O fechamento à discussão é tremendamente empobrecedor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 480,28% para um período de doze meses; e também em setembro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,48% e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 324,90%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 
        


             

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A CIDADANIA NO PROCESSO DE JUNTAR OS CACOS

“Por que foi tão ruim?

[...] DEUS E O DIABO O Brasil não é um país simples. Mas se pode sintetizar seus problemas em três grandes fontes e, a partir delas, ensaiar formas de superação e avanço. A questão básica: somo um país rico com muita injustiça e muita gente pobre. Para mudar essa situação, é necessário um esforço de compreensão que aponte de onde partimos e por que atolamos nessa contradição.

Há razões estruturais, que não são destino inelutável. Somos resultado da colonização concentradora, escravocrata, que desvaloriza o trabalho e cria o monopólio da terra. Em seguida – segunda questão estrutural –, nosso processo de desenvolvimento e industrialização foi armado, durante a ditadura militar, em cima da produção de bens de consumo de luxo, o que deformou o mercado interno e concentrou ainda mais a renda, além de impedir o amadurecimento de formas de participação popular. Mais recentemente, com o neoliberalismo e a financeirização da economia, a hegemonia do capital especulativo concentrou ainda mais a renda e empobreceu o Estado, que foi se retirando de suas funções sociais e de garantia da infraestrutura para o crescimento. No salve-se quem tiver competência do mercado, demandas populares são sempre signo de atraso. Moderno é não ter direitos trabalhistas e privatizar riquezas estratégicas, por exemplo.

Se a eleição é o momento de passar o país a limpo, o que se esperava das campanhas e dos candidatos eram propostas para mudar esse quadro: como resolver a questão da terra, como dinamizar o mercado interno, como crescer com distribuição de renda, como dar ao Estado condições de sustentar as demandas sociais, como democratizar o jogo político e ampliar os espaços de participação. Cada candidato tinha propostas para todos esses pontos.

Eles sabiam disso, a imprensa e os eleitores também. Preferiram discutir deus e o diabo. Deus entrou na questão do aborto. O diabo pôs seu rabo nas demais trapalhadas e manipulações a que fomos submetidos por muitos meses. Foi muito ruim, mas acaba amanhã.”
(JOÃO PAULO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de outubro de 2010, Caderno PENSAR, página 2).

Mais uma IMPORTANTE, e também OPORTUNA, contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, Caderno CULTURA, edição de 4 de novembro de 2010, Caderno CULTURA, página 10, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Cartas da prisão (Agir), entre outros livros, que merece INTEGRAL transcrição:

“Juntando os cacos

Campanha eleitoral, apurado o resultado das urnas, funciona como abalo sísmico: súbito, o que era findou, a estrutura política se encontra alterada e o que será ainda não se firmou (o que só ocorrerá depois de 1º de janeiro de 2011).

Deveria existir uma psicanálise do poder, à qual Shakespeare e Machado de Assis dariam excelentes contribuições. Talvez exista. Eu é que, em minha sobeja ignorância, não a conheço.

Não é fato que o processo eleitoral tudo desarruma? É um festival de contradições e contrariedades: amigos se tornam inimigos, inimigos viram correligionários; irmãos discutem com irmãos; princípios ideológicos cedem lugar a interesses eleitoreiros; propostas são encobertas por meras promessas; o discurso ético quase nunca coincide com o modo como se financia a campanha...

E ainda há cidadãos que se recusam a votar, têm raiva de políticos, vociferam contra tudo e contra todos, esquecendo o elementar, meu caro Watson: o ódio destrói quem odeia e não quem é odiado. Este nem sequer fica sabendo das repetidas ofensas proferidas ao seu nome.

Terminado o pleito para as funções legislativas, cada candidato tem o direito de se olhar no espelho. Há eleitos que estufam o peito aliviados, sentem o doce beijo de Narciso – nem tanto como belo, e sim como poderoso – e se esquecem de reparar que, no fundo do espelho, há uma multidão de pessoas, seus eleitores, a quem devem a vitória eleitoral e a quem estão obrigados a não decepcionar.

Os derrotados se dedicam ao triste balanço: tanto esforço, tantas viagens e reuniões, tantos apertos de mãos e cafezinhos; e, sobretudo, tanto dinheiro despendido para... nada! Epa, não é bem assim! Para nada não. E o investimento eleitoral a longo prazo? Afinal, mereci uns tantos votinhos, tornei-me conhecido, criei um potencial base de sustentação política. Claro, esperava mais, julgava-me mais elegível que outros concorrentes... Mas seu que não sou de se jogar fora. Quem sabe nas próximas eleições...

De fato, gastos eleitorais são pesados. Deus meu, quantas dívidas! Alguns candidatos derrotados fizerem fofrem de DPE: Depressão Pós-Eleitoral.

Mas não nos enganemos. Uns tantos derrotados fizerem seu pé de meia. É a tal “sobra de campanha”. Sobra? Na verdade, quinhão retirado do milhão. Nada como um dinheirinho extra caído do céu. Ou melhor, das mãos dos eleitores. Com a vantagem de dispensar prestação de contas ou pagamento de tributos.

Depois do bate-boca de quem foram os responsáveis pela derrota (a vitória é quase sempre exclusivamente do candidato), o prêmio de consolo de uns tantos é a tradicional boquinha assegurada por quem foi eleito. Não virei deputado ou senador mas, felizmente, o companheiro ali agora é governador; aquele de elegeu senador; o outro, deputado. Quem sabe me consolam com uma nomeação! O dinheiro não sai mesmo do bolso deles. Vem dos cofres públicos. Se for preciso, até topo assinar receber cinco, embolsar três e deixar dois para o companheiro que agora me estende a mão...

Muitos vitoriosos não se aguentam de tanto de tanto convencimento. Adeus patrão, adeus relógio de ponto, adeus rotina! Agora é não pisar em falso para não cair do palanque. O que mais importa, desde hoje, é tratar de garantir a reeleição daqui a quatro anos.

Quem foi eleito para o Executivo trata de montar sua equipe de governo atento às alianças, aos correligionários bem votados, porém não eleitos, às promessas mais repetidas.

Os derrotados amargam a boca de fel. Como aconteceu? Tudo indicava que eu seria eleito. Cadê as pesquisas fajutas, os puxa-sacos, o coro do “já ganhou”? Ganhei foi experiência. E perdi meses dando braçadas, engolindo água para, na hora H, morrer na praia.

E nós, eleitores? Votamos por votar ou estamos dispostos a cobrar duro de quem elegemos? Sim, sei que alguns foram às urnas porque a lei obriga. É o time do voto facultativo. Estou fora! Darei meu apoio a tal bandeira no dia em que pagar imposto também for facultativo. Por que devo sustentar economicamente a máquina do Estado e não decidir quem a ocupa?

Não basta delegar e se sentir representado. É preciso participar: fazer todo tipo de pressão sobre os eleitos, nossos servidores. E reforçar os movimentos sociais, a sociedade civil organizada, para que haja permanente controle social do poder público. Sobretudo, exigir transparência e competência.

Ah, a política...”

Estamos, portanto, diante de mais COMPETENTES e PERTINENTES reflexões que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, CRÍTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES como TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...