“Vida
pessoal e empresarial
No atual cenário, mais
do que nunca, há a necessidade de as empresas se modernizarem e serem mais
produtivas para se manterem competitivas, ao mesmo tempo em que variadas crises
testam os limites e a longevidade das organizações. Manter custos competitivos,
produtos inovadores, clientes leais e uma liderança inspiradora são desafios
impostos pelo mercado. Os cenários prometem negócios crescentemente
competitivos e instáveis. Ciclos cada vez menores de mudança ditam a
necessidade de reorientação de visão. Para tempos incomuns, exigem-se ainda
mais profissionais com sensibilidade para compreender o todo, propor soluções e
agir. Em um tempo de pressão por resultados, o jogo intenso da rotina requer
determinação, equilíbrio emocional e perspicácia. Diante desse cenário, como
equilibrar uma vida profissional mais exigente com vida pessoal plena e feliz?
Acredito
que o ser humano tenha que olhar para tudo isso de forma integrada, sempre
balanceando as questões pessoais. Tem que se dedicar ao trabalho e dar o melhor
que puder, mas essa não pode ser a única dimensão de sua vida. Precisa conviver
com a família, desfrutar o tempo com os amigos, manter a própria saúde, sem a qual
não poderá fazer mais nada. Cuidar da sua espiritualidade e do seu interior. E
não me refiro à religião, mas à própria individualidade, considerando a
importância do autoconhecimento, da visão sistêmica e da ética. Todas essas são
formas de assegurar o equilíbrio. As grandes doenças hoje estão ligadas ao
estresse, ao lado psíquico desbalanceado. As próprias estatísticas e estudos da
medicina mostram que o estresse é resultado da incapacidade das pessoas de
equilibrar as várias dimensões da própria vida, gerando problemas em cascata.
Harmonizar essas dimensões vai permitir ao indivíduo uma vida melhor. E buscar
a felicidade em todas as suas interações. As empresas e as pessoas com uma
visão amplificada ajudarão a construir uma relação que evolui continuamente
para a busca do equilíbrio, sendo boa para os dois lados. A meu ver, à empresa
cabe preparar líderes diferenciados, capazes de enxergar a diversidade em um
tempo em que receitas prontas de gestão sucumbem diante da necessidade de
flexibilidade, inovação e de uma única certeza: a mudança. Uma liderança
inspiradora com profissionais que se autoconheçam, exercitem a visão sistêmica
e se preocupem em manter o próprio equilíbrio antes de gerir uma equipe. O
grande líder é que lidera pelo exemplo, ou seja, pelas suas ações. A capacidade
do capital humano de uma empresa de otimizar recursos e, sobretudo, inovar só
acontece em um clima organizacional que favoreça a criatividade, o trabalho
cooperativo, a saúde e a segurança das pessoas. Um dos aspectos da liderança
transformadora é conseguir adequar os interesses pessoais aos resultados
organizacionais e acreditar no desenvolvimento permanente das pessoas.
Aos
demais profissionais, é preciso ter inteligência emocional para suportar os
desafios que estão postos pela realidade contemporânea. E pensar sobre suas
escolhas. Quem está realizado, satisfeito, vendo valor e sentido naquilo que
faz, certamente estará mais atento à saúde, à segurança e à qualidade de vida
em geral. Em tempos de crise como o atual, essa pode ser, também, oportunidade
para uma reflexão sobre todos esses aspectos.”.
(RICARDO
GARCIA. Vice-presidente de recursos humanos e tecnologia da informação da
ArcelorMittal Américas Central e do Sul, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de agosto
de 2015, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
17 de maio de 2008, mesmo caderno, página 13, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, presidente da
Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Educação com qualidade
Graças à continuidade
de uma política econômica adequada, à ampliação do mercado interno e ao
crescimento mundial, o Brasil apresenta taxa de aumento do Produto Interno
Bruto (PIB) da ordem de 30% nos últimos oito anos. Investimentos empresariais
significativos geram empregos, ampliam a renda, elevam as exportações, o saldo
de divisas beira US$ 200 bilhões e o país acaba de receber o grau de
investimento internacional. O governo federal bate recordes sucessivos de
arrecadação tributária, mesmo sem a CPMF e, ainda que gaste muito e mal, as
contas públicas permanecem sob controle. Mas como está o Brasil? Aproveitou o
bom momento para construir uma base sólida que garanta transformar o atual
crescimento em desenvolvimento? Foram realizadas reformas visando transformar o
país num Estado moderno? Em que situação se encontra a infra-estrutura
(rodovias, ferrovias, energia, portos, aeroportos, saneamento)? E as pessoas,
os jovens, cidadãos do futuro? Será que estamos na rota de nos tornarmos um
país de Primeiro Mundo, numa nação? Lamentavelmente, a resposta é não.
Na
agende de mudanças essenciais, avançamos muito pouco. Além disso, não
progredimos no fator crucial para a base sustentada de desenvolvimento, que é a
formação de capital humano. Estão muito aquém do desejável a educação formal
dos jovens na escola, o ensino de valores morais e princípios de cidadania,
direitos e obrigações cultuados e respeitados, a família estruturada, o
respeito ao outro, o desejo de servir, num ambiente onde as pessoas acumulem
conhecimento e o transmitam para as próximas gerações. Esses temas estão
negligenciados e fora da pauta dos governos e da própria sociedade.
Desenvolvimento é um conceito mais amplo que o mero crescimento, representado
pelos números frios da economia.
Um
dado revela a distância que estamos dos países desenvolvidos. O exame do
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que é realizado pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para medir o
grau de conhecimento de jovens de 15 anos do mundo todo em idioma, matemática e
ciências, revela que a posição dos brasileiros é muito ruim e encontra-se
estagnada nas últimas posições entre as nações industrializadas. O país avançou
na inclusão escolar. Hoje, 95% dos jovens de sete a 14 anos frequentam a
escola, no entanto a qualidade do ensino ficou esquecida. Educação precede o
desenvolvimento. Só é possível pensar em desenvolvimento com a principal
matéria-prima, um povo educado, que tenha atitudes éticas, cidadania, respeito
às leis e que esteja preparado para os desafios do futuro. Países que há pouco
tempo eram considerados do Terceiro Mundo e que conseguiram sair dessa
condição, como Japão e Coréia do Sul, só deram um salto de qualidade ao
investir maciçamente em educação ao longo de décadas. O Brasil vai bem no
aspecto econômico, mas a sociedade tem pressa. O ritmo dos nossos homens
públicos não é compatível com a velocidade das mudanças que a sociedade
precisa. As demandas são grandes e os recursos, limitados.
Por
esse motivo, é indispensável planejar, fazer escolhas prioritárias voltadas
para o desenvolvimento efetivo. A Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas
(ADCE) fez sua opção há 77 anos, quando a entidade foi fundada na Bélgica por
empresários preocupados quanto à situação de opressão e descaso com os
trabalhadores. A instituição e todos aqueles que a integram hoje escolheram
trabalhar em prol dos seres humanos, pela justiça social, pelo respeito à
dignidade das pessoas. A sociedade também precisa fazer sua escolha e cobrar de
seus representantes, os políticos, que optem pelo mesmo caminho, pois são
eleitos para fazer o necessário pelo país e não o que é melhor para eles
próprios. Que a opção principal seja pela educação, pois só assim o país poderá
atingir a condição de desenvolvido e construir uma verdadeira nação. Os
brasileiros têm características fantásticas, como alegria, flexibilidade,
adaptabilidade, criatividade, sagacidade, inteligência, emotividade e fé.
Quando tudo isso for alavancado pela educação formal e técnica e pela
disseminação e assimilação de valores, aí, sim, poderemos dizer “ninguém segura
este país”.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho a marca de 372,0% ao ano... e mais, em
julho, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico
de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem
mostrando também o seu caráter transnacional;
eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos
borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um
verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque,
rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim,
é crime...); III – o desperdício, em
todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O
Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 868 bilhões), a exigir alguns
fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”