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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A CIDADANIA, O CONHECIMENTO ESPIRITUAL E OS VALORES CRISTÃOS NA GESTÃO EMPRESARIAL

“O conhecimento espiritual ajuda 
a iluminar e a redimir a vida
         A flor dos campos, que desabrocha, oferece generosamente sua beleza e seu perfume sem outra finalidade a não ser a de doar-se ao Criador. O canto do pássaro e o rumor do mar, que outra coisa são senão um permanente ofício divino? Nós, seres humanos, cremos sempre ter outras coisas a fazer, coisas mais importantes do que glorificar o Criador.
         O despertar espiritual não nos leva para fora deste mundo, mas nos ajuda a iluminar a estância terrena, e a redimi-la. Quando se percorre um caminho perigoso pela vida terrena, abandona-se tudo o que é inferior e parte-se em busca do Cosmos. Nesse caso, o exercício espiritual, por meio dos caminhos de uma Lei Maior, divina, levará o homem ao despertar.
         A essência do despertar é trazer luz à obscuridade, é transformar ignorância em conhecimento, é colaborar com o processo de redenção do planeta, é servir à Luz. Só os renascidos podem despertar. O verdadeiro poder é somente aquele que se tem sem que se o imponha. Enquanto o homem prosseguir usando o poder próprio, continuará a ser escravo dele e continuará impotente, como é agora.
         Em geral, nem todos compreendem essas relações. Espera-se que quem desenvolver em si certo “poder” se dê conta disso. Porém, o despertar cósmico verdadeiro jamais pretende “compreender”, pois era o próprio tentador que, segundo a Bíblia, queria provas visíveis. E não as recebeu.
         Aqui está a diferença entre o desertar cósmico e o esoterismo malconduzido. Enquanto o homem continuar a ser curioso, as portas do Cosmos permanecerão fechadas para ele.
         Depois de vivificar sua motivação, e de ter-se assegurado de que as causas das suas ações não são nem a curiosidade, nem o poder, o indivíduo estará, então, apto a dar os primeiros passos para o despertar cósmico.
         Aqui convém advertir sobre um ponto perigoso para toda e qualquer associação. O ensinamento que abarca só uma partícula da realidade, e que é apresentado como verdade salvadora única, desperdiça energias da própria evolução em burocracia, em cruzadas e em rivalidades com os que pensam de outro modo. Sistemas tornam-se uma meta em si mesmos e fixam o indivíduo em vez de liberá-lo de fixações.
         Cada um de nós tem hoje uma opção a fazer. Recordamos de que, na etapa em que nos encontramos, o caminho do Cosmos é o caminho da luz e não o da obscuridade.
         O verdadeiro conhecimento existe como ordem cósmica, interior; é a lei do universo. Estará à disposição para nos servir até quando necessitarmos. A lei mostra o caminho da liberdade e nunca leva o ser à dependência.
         Não será a dependência de grupos ou de mestres que nos dará a luz. Cada ser tem que percorrer caminho sozinho. Se em seu trajeto necessitar de ajuda, esta lhe chegará sem que ele tenha de busca-la. Para recebe-la é preciso necessitá-la realmente.
         O despertar de uma luz interna é, para cada indivíduo, um processo singular. Se ele transcender “as dores” que caracterizam esse momento, conhecerá a alegria que vem depois. Há em todos uma fortaleza semioculta que assegura essa realização. Na raiz de tal fortaleza está a essência mesmo do eu interno.
         A consciência do ser humano é infinita, pois se aprofunda e se amplia na existência universal. Tudo o que a conduz à expansão e que a retira do envolvimento com o mundo das formas auxilia a revelação da sua essência.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de outubro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Evangelho e empresários
        Parece novo e curioso relacionar o Evangelho de Jesus Cristo aos empresários, mas não se trata de novidade. A União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas e a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas, criadas em 1931, no âmbito internacional, e em 1961, em nível nacional, em seis estados brasileiros, realizam, em Belo Horizonte, seu Congresso Mundial, junto do 10º Seminário Internacional de Sustentabilidade. Empresários, políticos, construtores da sociedade pluralista, religiosos e outros representantes da sociedade civil, num ato inteligente e humanitário, aproximam o que é próprio do mundo empresarial dos valores do Evangelho. O horizonte é o indispensável parâmetro da responsabilidade social.
         Ora, é obsoleto, tirano e arbitrário produzir e negociar nos horizontes estreitos e perversos do lucro a qualquer custo ou do consumo doentio e predador. Responsabilidade social é escolha que aponta saídas para crises. Remete ao sentido humanístico que motiva a construção de uma sociedade justa e solidária. Trata-se de um ideal exigente, mas possível, quando é buscado a partir do Evangelho de Jesus Cristo, fonte incontestável e inesgotável de valores.
         A convicção a respeito da iluminação que o Evangelho traz para se alcançarem novos rumos nas dinâmicas sociais é consolidada. Por isso, o Congresso Mundial e o Seminário Internacional são esperança na construção de caminhos para superar o corrosivo veneno que a lógica do mercado impõe à humanidade. Esses eventos são particularmente importantes para ajudar os processos de reconfiguração da sociedade brasileira, imersa em caos político e em descompassos de crises que impactam o âmbito econômico. Os resultados são conhecidos por todos: aumento do número de desempregados e de pessoas que sofrem com a miséria.
         Na pauta do Congresso Mundial e do Seminário Internacional, não estão simplesmente as taxas, juros, números, dívidas, superávits e outros conceitos que compõem o “economês”. As reflexões incidem sobre a responsabilidade de empresas, governos e sociedade civil, reafirmando a importância e a urgência de todos trabalharem para construir o bem comum. Nessa tarefa, o papel do empresário e do dirigente de empresa é determinante, pois a iniciativa econômica é expressão da inteligência e da exigência de responder às necessidades da humanidade de modo criativo e colaborativo.
         À luz dos valores cristãos do Evangelho de Jesus Cristo é buscar, juntos, as soluções mais adequadas para se responder às necessidades dos cenários sociais e políticos. Inquestionável é a importância da participação de empresários e dirigentes de empresas na superação das muitas crises. Esses líderes ocupam lugar estratégico no coração das redes que abrangem aspectos técnicos, comerciais, financeiros e culturais. Por isso, a importância de cultivarem valores humanistas. É justamente a falta de referências que gera descompassos e sofrimentos – como a corrupção endêmica que fere a sociedade mundial e brasileira – com impactos mais graves na vida dos pobres. Valores cristãos são remédio para a corrupção. Possibilitam um horizonte de compreensão sempre novo e corajoso, inteligente e humanitário no apoio aos projetos, grandes e pequenos, que estimulam novas experiências humanitárias e democráticas.
         Não há outra fonte inspiradora mais completa e inesgotável que o Evangelho. Conhecê-lo e vivenciá-lo é uma experiência de grande impacto. É preciso coragem e disposição para aprender e praticar os valores que brotam dessa fonte. Os resultados serão imediatos e com força revolucionária capaz de modificar cenários, levar ao alcance de metas que efetivarão o sonho de sociedades mais democráticas, civilizadas e solidárias. Investir nos valores do Evangelho é caminho para que parâmetros humanísticos se desenvolvam com velocidade.
         Nesse urgência de se construir uma nova sociedade, o papa Francisco faz sábia advertência, na sua Exortação apostólica à alegria do Evangelho: “A dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica”. Somente assim é possível promover um verdadeiro desenvolvimento integral. Para isso, é imprescindível o horizonte espiritual e humanístico do Evangelho de Jesus Cristo, capaz de despertar, em cada empresário, o compromisso de viver a sua vocação. O papa ensina que a vocação do empresário é “uma nobre tarefa, desde que se deixe interpelar por um sentido mais amplo da vida; isto permite-lhe servir verdadeiramente o bem comum com o seu esforço por multiplicar e tornar os bens deste mundo mais acessíveis a todos”. Eis a inteligência e a possibilidade de se alcançarem as respostas necessárias: reconhecer a importância indispensável de se aproximarem Evangelho e empresários.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     


  

                

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A CIDADANIA E A BUSCA DA FELICIDADE, DA ÉTICA E DA SUSTENTABILIDADE

“Nada será como antes, amanhã
        O espanto com a existência e a procura do sentido da vida são bases da filosofia, assim como a história é a tentativa do homem de saber para onde vai, a partir de onde veio. No centro dessa incerteza, a eterna busca de orientar-se no mundo.
         É mundial, a propósito, a desorientação oriunda de um ambiente em transformação frenética em que pessoas nascem da engenharia genética, vivem em um ambiente virtual, surpreendem-se a cada momento com a biotecnologia e a nanotecnologia, e a emigração já não é para mudar de vida, mas para salvar a vida diante do horror da luta, sendo indiferente se a destruição é de instalações ou de lares.
         No Brasil, à desorientação dos tempos chamados pós-modernos acresce, como trágica herança de uma quadrilha que veio tomar a República e saquear seus cofres, a quebra da coluna vertebral da sociedade – seus valores – e, com isso, a desagregação dos laços sociais e a perplexidade que anula a capacidade de discernir e de agir.
         No entanto, onde tudo conduz à fixação no momento, à tensão com o agora, ao espanto, justamente agora cenários e previsões cedem lugar a um vislumbre, esse alumiar tênue que permite quase adivinhar o que temos em torno. O brasileiro é tomado por aquele estado de espírito que lhe é mais próprio quando desconfia: passa a cismar. Não interessa mais a perda do grau de investimento expressando que estamos privados da confiança dos investidores; já não importa que a presidente da República detenha inédito índice de aprovação de 7%; chega de lamentar a corrupção, a recessão econômica, a dívida pública irresponsável, o Orçamento que já chega com um rombo vergonhoso, o traiçoeiro avanço da inflação – tudo notícias velhas do jornal de ontem. Basta: Já sabemos onde estamos. Interessa saber para onde vamos. Em tempo: interessa saber para onde queremos conduzir o país que é nosso e pelo qual somos todos responsáveis. Quem cortou nosso selo de “bom pagador”, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, arremata com a possibilidade de o país enfrentar três anos seguidos de déficit e dívida crescente. Vamos esperar por isso?
         Alguma coisa liga desorientação a coragem. Comte-Sponville escreveu um livro desconcertante intitulado A felicidade, desesperadamente. E também escreveu o Pequeno tratado das grandes virtudes. No primeiro livro, ensina a não esperarmos pela felicidade, mas a lutarmos por ela. No segundo, situa, lado a lado com a prudência e tolerância, a coragem. Adverte que a virtude é um esforço e, por isso, a coragem pressupõe vencer o primeiro impulso que pede o repouso, conduz à frouxidão e pode resultar na fuga. Então, Sponville enfatiza a relação entre coragem e o instante: “Coragem é a intenção do instante em instância”, sentencia e chega ao alvo, cravando a coragem como “nosso ponto de tangência com o futuro próximo”.
         Tratando dessa forma a crise que parece trazer de volta o fantasma do “fim da história”, quero dizer que, ao contrário, esta conjuntura insólita, resultante de uma aberração ética, vai receber em troca o despertar dos brasileiros para o futuro. As manifestações de 2013 sinalizaram que o futuro desejado tem muito pouco a ver com a realidade que vivemos hoje. Nada a ver com o modelo político, a conduta, as práticas e muito menos com os personagens que nos são oferecidos. O que está no ar nesse “mal-estar comum” é uma derrubada de paradigmas, com a mudança fundamental de pensamentos, percepções e valores. Um modelo inteiramente novo é o que deve imperar e ele deve partir de perspectivas variadas, todas elas a serem utilizadas à exaustão, porque a intenção deve ser a de descobrir tudo é possível descobrir. Criaram-se tantas incubadoras de empresas, mas ninguém ainda se mostrou capaz de criar uma “incubadora do novo”. Que tal uma “incubadora Brasil século 21”?
         Na agenda desse projeto maior, a erradicação do atraso dever o primeiro item, por ser esse o mal endêmico de nosso país. Atraso, falta de cultura, ausência de civilização. Aquilo que embaraça, atrasa, retarda e prejudica. Atraso na educação, na saúde, na capacitação, atraso no comportamento, atraso que se pode perceber em um simples gesto. E é de se desejar que essa incubadora de uma nação desenvolvida e dirigida para a felicidade das pessoas tenha no conhecimento sua chave para o futuro, com a atenção voltada para a inovação, ciência e tecnologia. É que a educação seja a base de todo o esforço para a realização de um novo Brasil, por ser condição para que sejamos quem sonhamos ser.”

(LINDOLFO PAOLIELLO. Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ética e sustentabilidade
        A capital mineira tem a singular oportunidade de receber, entre os dias 30 de setembro a 2 de outubro, o Congresso Mundial Uniapac e o Seminário Internacional de Sustentabilidade. Esses eventos têm marcas e balizamentos que sublinham diferenciais muito evidentes. Reúnem empresários que pautam suas atividades e empreendimentos por valores cristãos. São gestores que integram a União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresa (Uniapac) e, em âmbito regional, a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE). Investem no desenvolvimento humano integral, na verdade e na caridade. Trata-se de grande diferencial, pois o crescimento econômico sem parâmetros como a ética e a sustentabilidade leva a situações que comprometem seriamente a humanidade.
         Esses grandes encontros são, pois, um facho de luz sobre sombras que pairam nos horizontes empresariais. Há um enorme desafio a ser enfrentado: eliminar a união entre os descompassos da política e as razões ilegítimas de empreendedores, fonte de corrupção. Essas sombras trazem prejuízos incontáveis, conhecidos e lastimáveis para a vida do povo. O Congresso e o seminário são valiosas oportunidades para renovar o compromisso de se trilhar o caminho do bem comum. A simples presença dos empresários constitui o esforço desses participantes de se trabalhar para construir uma nova dinâmica para o empreendedorismo na sociedade contemporânea. Também é antídoto contra o risco, sempre existente, de deixar-se mover por outras lógicas distantes da ética e da sustentabilidade. Renova-se, assim, o empenho para construir um mundo melhor, que não se edifica simplesmente a partir da lógica do lucro.
         A rentabilidade buscada não pode se desvincular da responsabilidade social, sob pena de se elegerem lógicas perversas do mercado como guia das escolhas, vitimando o planeta, a “casa comum”, com inúmeros descompassos: os focos de guerra e o desrespeito aos refugiados, o descaso com os excluídos que vivem nas ruas das cidades e com os pobres que estão no cinturão das protegidas áreas ocupadas pelos mais ricos e por quem deveria ser protagonista na construção do bem comum. O Congresso Mundial Uniapac e o Seminário Internacional de Sustentabilidade podem oferecer respostas indispensáveis diante da urgência na elaboração de novas pautas e na adoção de critérios para juízos adequados, escolhas inteligentes e éticas. O horizonte cristão desses eventos será possibilidade de iluminação: o inspirador propósito de buscar novos caminhos para maior cooperação entre governo, terceiro setor e empresários, visando à melhoria das relações sociais, à construção de uma economia sustentável e inclusiva e a uma sociedade ética com foco no ser humano e no bem comum.
         Esses objetivos não se alcançam apenas passeando pelos números. Deve-se priorizar cada pessoa. A inspiração cristã, comprometimento da Uniapac e ADCE, com o importante suporte da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, atrai empresas e empresários para um singular momento de reflexões. É genuína contribuição que pode e já faz a diferença em tantos ambientes, na reconfiguração de lógicas de governar e empreender. A dinâmica dos números, os arranjos indispensáveis para as organizações, a clarividência necessária aos gestores e o olhar com sensibilidade social têm duas valiosas referências de ensinamentos  cristãos: a carta encíclica do papa Emérito Bento XVI, Caritas in Veritate – sobre o desenvolvimento humano integral –, e a carta encíclica do papa Francisco, Laudato Si – sobre o cuidado da casa comum.
         A leitura dessas publicações é recomendada aos participantes dos encontros como preparação prévia, pois pode fecundar o terreno onfr sementes qualificadas serão lançadas a partir das palavras de competentes e relevantes conferencistas. Os textos também trazem ricos ensinamentos para todos os cidadãos. A bem arquitetada organização do congresso da Uniapac e do seminário de sustentabilidade é um investimento esperançoso e consistente. São redes novas lançadas em tentativas mais audaciosas de avançar rumo aos luminosos ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo. Uma solução inteligente para graves problemas sociais capaz de superar distâncias que existem em razão do desconhecimento do Evangelho e de sua força criativa e humanitária. A construção de um mundo melhor, incontestavelmente, uma meta alcançável quando se trilha o caminho da ética e da sustentabilidade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 350,79% ao ano; e mais, também em agosto, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,52%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     



         

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A CIDADANIA, A CELEBRAÇÃO DA PÁTRIA E A BUSCA DE NOVOS HORIZONTES

“Em 7 de setembro
        Celebramos o Dia da Pátria em 7 de setembro, dia em que, em 1822, dom Pedro I declarou nossa independência do império português. Os símbolos da pátria são a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. A bandeira e o hino são mais próximos do pertencimento e do amor absoluto à pátria. O peito explode ao fim do hino: “Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil!”. Lamentavelmente, o gigante pela própria natureza, belo, forte, impávido colosso parece nunca chegar ao futuro que espelhará sua grandeza.
         A terra é a grande mãe e nutriz. É a casa do homem, e todos os homens têm a sua terra, a sua pátria, o país em que se nasce, a terra dos pais, a terra natal ou adotiva, o espaço político, ético, cultural. É o espaço de amor e de convivência onde a natureza humana pode se realizar em sua plenitude, a terra que consolida a nação, pessoas com sua língua comum, seus valores e costumes, sensibilidade e formas próximas de pensar e de agir que criam a sua identidade, fortalecem seus laços e consolidam o seu pertencimento. A pátria brasileira que ser mãe e nutriz, e seu ventre, a obrigação de forjar senhores da vida e da esperança, com responsabilidades absolutas com todos os seus filhos. Ao se dizer “educadora”, a pátria assume garantir sólida base ética para uma educação como instrumento do desenvolvimento nacional. Inadmissível “Pátria Educadora” ser apenas um discurso circunstancial, utopia sempre jogada para o futuro. Somente será possível a sua construção se a educação for obsessão nacional, das famílias e das políticas públicas, e se a sociedade tiver compromissos com a verdade e com a ética. Sem trabalho e renda, como famílias educam seus filhos? Professores não suprem carências de educação familiar, e a escola não é inclusiva nem educadora; tranca o século 21 do lado de fora. Salas de aula não podem ter limites paredes e tetos; o conhecimento está em toda parte, e a inovação, acelerando a velocidade das mudanças. Não há pátria educadora sem famílias e escolas que eduquem para o saber de transformação, para a vida em dignidade e para o trabalho qualificado.
         A pátria não é educadora. Então, na segunda próxima, 7 de setembro, o Dia da Pátria nos impõe uma profunda reflexão sobre o Brasil que realmente queremos construir, uma avaliação sobre os erros que temos cometido e que nos trouxeram a tempos de extraordinárias dificuldades.
         Que o próximo 7 de setembro seja também o Dia do Bem, da Verdade, do Amor, da Dignidade Nacional e da Educação como Obsessão. O dia em que passaremos a exigir uma sociedade verdadeiramente humana, com sólida fundamentação ética, em que todos tenham compromissos absolutos com a verdade, com a sabedoria e a justiça para que os filhos muito amados da pátria brasileira sejam realmente educados para a cidadania e para o trabalho produtivo, a pátria verdadeiramente educadora. Panta rei.”.

(RUY CHAVES. Diretor da Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7)

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Empresários convidados
        Os empresários são destinatários de importante convite neste mês de setembro: se unir para combater a corrupção, mal que mancha a história do Brasil. Recentemente, ganharam evidência esquemas bárbaros em que políticos contracenam com empresários. Como acontece em todo âmbito institucional, os que caminham com seriedade, muitas vezes, são injustamente atingidos pelos equívocos dos outros. Por isso, o empresariado está desafiado a dar uma resposta nova, em um inventivo posicionamento, para contribuir na reconstrução da sociedade brasileira. O caminho mais indicado e assertivo é o exercício adequado da responsabilidade social. Um compromisso que dá saúde e força a toda empresa e faz, de cada uma delas, alavanca para possibilitar a retomada do crescimento econômico.
         A Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), em níveis regional e nacional, e a União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas (Uniapac) carregam a bandeira da responsabilidade social e, a partir desse compromisso, realizam o Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos em Belo Horizonte, neste mês. O congresso é valiosa oportunidade para se encontrarem respostas capazes de mudar os cenários de corrupção que, lamentavelmente, como ocorre no campo político-partidário, também mancham o mundo empresarial. Esses cenários estão na contramão do compromisso com o relevante alcance da responsabilidade social.
         A mera repetição de esquemas e os conchavos políticos não são soluções para as muitas crises que devem ser enfrentadas. Ao contrário, devem ser definitivamente extirpados da cultura brasileira. A empresa que quiser fortalecer sua credibilidade precisa da opção inteligente de investir na responsabilidade social, reger-se por princípios éticos, claramente indicados na doutrina social cristã. O empresariado deve se engajar e apoiar projetos que são reconhecidos, por toda a sociedade, como prática limpa, serviço à cidadania. Iniciativas que contemplem todos os segmentos. Respeitando a existência de interesses próprios da identidade empresarial, como rentabilidade e produtividade, é hora de recuperar a capacidade das empresas de trabalhar pelo bem comum.
         Os critérios para a agir adequadamente nessa direção e a clarividência para enxergar essa necessidade advêm de propostas que não são político-partidárias ou estreitadas no horizonte do interesse da lucratividade, mas da capacidade de conciliar a produtividade e a competitividade com o efetivo respeito ao bem comum. A empresa que não percorrer esse caminho navegará na contramão de uma nova cultura. Continuará a cavar sua sobrevivência e participação social em trilhas que levarão, cedo ou tarde, aos mesmos problemas que mancham os cenários da sociedade brasileira. Por isso, ser e atuar na condição de dirigente cristão de empresa faz diferença. O congresso internacional que ocorrerá em Belo Horizonte será um exercício de grande relevância. Os participantes ajudarão a cultivar o entendimento de que o lucro, como indicador de um bom andamento da empresa, nem sempre comprova que a corporação serve adequadamente à sociedade.
         O Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas e a audácia de se investir em projetos de grande importância social, cultural e educativa ajudam a superar as dinâmicas que geram atraso. O caminho não é, pois, apenas a repetição de práticas saturadas pelas alianças espúrias entre os setores dos âmbitos empresarial e público. Confrontar-se com valores – particularmente com os valores cristãos – o é uma possibilidade de indispensável revisão da própria vida, dos funcionamentos e propósitos das empresas.
         Torna-se oportuno trabalhar para que a vocação do empresário seja reconhecida e assumida como nobre tarefa, conforme sublinha o papa Francisco. Isso exige que cada empresário se deixa interpelar por um sentido de vida mais amplo. Assim, poderá oferecer uma real contribuição ao bem comum, esforçar-se para multiplicar os bens com o propósito de torná-los mais acessíveis a todos. Ouvir os clamores dos pobres, agir com transparência, buscar a lucratividade sem mesquinhez e ganância e apoiar projetos com força educativa são metas indispensáveis, segundo o que será indicado no Congresso Internacional de Dirigentes Cristãos. Os empresários são convidados a assumir esses compromissos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 395,3% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
      

  

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A CIDADANIA E OS DESAFIOS DA QUALIDADE DE VIDA E DA EDUCAÇÃO

“Vida pessoal e empresarial
        No atual cenário, mais do que nunca, há a necessidade de as empresas se modernizarem e serem mais produtivas para se manterem competitivas, ao mesmo tempo em que variadas crises testam os limites e a longevidade das organizações. Manter custos competitivos, produtos inovadores, clientes leais e uma liderança inspiradora são desafios impostos pelo mercado. Os cenários prometem negócios crescentemente competitivos e instáveis. Ciclos cada vez menores de mudança ditam a necessidade de reorientação de visão. Para tempos incomuns, exigem-se ainda mais profissionais com sensibilidade para compreender o todo, propor soluções e agir. Em um tempo de pressão por resultados, o jogo intenso da rotina requer determinação, equilíbrio emocional e perspicácia. Diante desse cenário, como equilibrar uma vida profissional mais exigente com vida pessoal plena e feliz?
         Acredito que o ser humano tenha que olhar para tudo isso de forma integrada, sempre balanceando as questões pessoais. Tem que se dedicar ao trabalho e dar o melhor que puder, mas essa não pode ser a única dimensão de sua vida. Precisa conviver com a família, desfrutar o tempo com os amigos, manter a própria saúde, sem a qual não poderá fazer mais nada. Cuidar da sua espiritualidade e do seu interior. E não me refiro à religião, mas à própria individualidade, considerando a importância do autoconhecimento, da visão sistêmica e da ética. Todas essas são formas de assegurar o equilíbrio. As grandes doenças hoje estão ligadas ao estresse, ao lado psíquico desbalanceado. As próprias estatísticas e estudos da medicina mostram que o estresse é resultado da incapacidade das pessoas de equilibrar as várias dimensões da própria vida, gerando problemas em cascata. Harmonizar essas dimensões vai permitir ao indivíduo uma vida melhor. E buscar a felicidade em todas as suas interações. As empresas e as pessoas com uma visão amplificada ajudarão a construir uma relação que evolui continuamente para a busca do equilíbrio, sendo boa para os dois lados. A meu ver, à empresa cabe preparar líderes diferenciados, capazes de enxergar a diversidade em um tempo em que receitas prontas de gestão sucumbem diante da necessidade de flexibilidade, inovação e de uma única certeza: a mudança. Uma liderança inspiradora com profissionais que se autoconheçam, exercitem a visão sistêmica e se preocupem em manter o próprio equilíbrio antes de gerir uma equipe. O grande líder é que lidera pelo exemplo, ou seja, pelas suas ações. A capacidade do capital humano de uma empresa de otimizar recursos e, sobretudo, inovar só acontece em um clima organizacional que favoreça a criatividade, o trabalho cooperativo, a saúde e a segurança das pessoas. Um dos aspectos da liderança transformadora é conseguir adequar os interesses pessoais aos resultados organizacionais e acreditar no desenvolvimento permanente das pessoas.
         Aos demais profissionais, é preciso ter inteligência emocional para suportar os desafios que estão postos pela realidade contemporânea. E pensar sobre suas escolhas. Quem está realizado, satisfeito, vendo valor e sentido naquilo que faz, certamente estará mais atento à saúde, à segurança e à qualidade de vida em geral. Em tempos de crise como o atual, essa pode ser, também, oportunidade para uma reflexão sobre todos esses aspectos.”.

(RICARDO GARCIA. Vice-presidente de recursos humanos e tecnologia da informação da ArcelorMittal Américas Central e do Sul, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de agosto de 2015, caderno OPINIÃO, 
página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de maio de 2008, mesmo caderno, página 13, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, presidente da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação com qualidade
        Graças à continuidade de uma política econômica adequada, à ampliação do mercado interno e ao crescimento mundial, o Brasil apresenta taxa de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 30% nos últimos oito anos. Investimentos empresariais significativos geram empregos, ampliam a renda, elevam as exportações, o saldo de divisas beira US$ 200 bilhões e o país acaba de receber o grau de investimento internacional. O governo federal bate recordes sucessivos de arrecadação tributária, mesmo sem a CPMF e, ainda que gaste muito e mal, as contas públicas permanecem sob controle. Mas como está o Brasil? Aproveitou o bom momento para construir uma base sólida que garanta transformar o atual crescimento em desenvolvimento? Foram realizadas reformas visando transformar o país num Estado moderno? Em que situação se encontra a infra-estrutura (rodovias, ferrovias, energia, portos, aeroportos, saneamento)? E as pessoas, os jovens, cidadãos do futuro? Será que estamos na rota de nos tornarmos um país de Primeiro Mundo, numa nação? Lamentavelmente, a resposta é não.
         Na agende de mudanças essenciais, avançamos muito pouco. Além disso, não progredimos no fator crucial para a base sustentada de desenvolvimento, que é a formação de capital humano. Estão muito aquém do desejável a educação formal dos jovens na escola, o ensino de valores morais e princípios de cidadania, direitos e obrigações cultuados e respeitados, a família estruturada, o respeito ao outro, o desejo de servir, num ambiente onde as pessoas acumulem conhecimento e o transmitam para as próximas gerações. Esses temas estão negligenciados e fora da pauta dos governos e da própria sociedade. Desenvolvimento é um conceito mais amplo que o mero crescimento, representado pelos números frios da economia.
         Um dado revela a distância que estamos dos países desenvolvidos. O exame do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que é realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para medir o grau de conhecimento de jovens de 15 anos do mundo todo em idioma, matemática e ciências, revela que a posição dos brasileiros é muito ruim e encontra-se estagnada nas últimas posições entre as nações industrializadas. O país avançou na inclusão escolar. Hoje, 95% dos jovens de sete a 14 anos frequentam a escola, no entanto a qualidade do ensino ficou esquecida. Educação precede o desenvolvimento. Só é possível pensar em desenvolvimento com a principal matéria-prima, um povo educado, que tenha atitudes éticas, cidadania, respeito às leis e que esteja preparado para os desafios do futuro. Países que há pouco tempo eram considerados do Terceiro Mundo e que conseguiram sair dessa condição, como Japão e Coréia do Sul, só deram um salto de qualidade ao investir maciçamente em educação ao longo de décadas. O Brasil vai bem no aspecto econômico, mas a sociedade tem pressa. O ritmo dos nossos homens públicos não é compatível com a velocidade das mudanças que a sociedade precisa. As demandas são grandes e os recursos, limitados.
         Por esse motivo, é indispensável planejar, fazer escolhas prioritárias voltadas para o desenvolvimento efetivo. A Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) fez sua opção há 77 anos, quando a entidade foi fundada na Bélgica por empresários preocupados quanto à situação de opressão e descaso com os trabalhadores. A instituição e todos aqueles que a integram hoje escolheram trabalhar em prol dos seres humanos, pela justiça social, pelo respeito à dignidade das pessoas. A sociedade também precisa fazer sua escolha e cobrar de seus representantes, os políticos, que optem pelo mesmo caminho, pois são eleitos para fazer o necessário pelo país e não o que é melhor para eles próprios. Que a opção principal seja pela educação, pois só assim o país poderá atingir a condição de desenvolvido e construir uma verdadeira nação. Os brasileiros têm características fantásticas, como alegria, flexibilidade, adaptabilidade, criatividade, sagacidade, inteligência, emotividade e fé. Quando tudo isso for alavancado pela educação formal e técnica e pela disseminação e assimilação de valores, aí, sim, poderemos dizer “ninguém segura este país”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em  junho a marca de 372,0% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c
     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”