segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A CIDADANIA E A CORTESIA

...QUE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL SEJA VERDADEIRAMENTE A DE TODOS OS BRASILEIROS E A DE TODAS AS BRASILEIRAS...

“Ninguém pode dar a si, como deve, todos os direitos fundamentais. Por isso nos reunimos em sociedade, onde cada um dá um direito a si e aos outros, desse modo tendo todos eles, um graças a si e os demais graças aos outros. Note-se que em tal sociedade o cidadão cumpre o seu dever e detém seus direitos: é a cidadania. Veja-se como o amor a si mesmo e ao próximo como a si tece a sociedade democrática, justa e solidária.”
(JOÃO DE FREITAS, professor titular na PUC-Minas, autor do livro “Filosofia Neo-socrática”, 2000, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de fevereiro de 2001, Caderno OPINIÃO, página 7, sob o título de A filosofia do social).

Buscamos, para enriquecer a PEDAGOGIA da nossa MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de mais de DEZESSEIS ANOS – 30 de maio de 1993, Segunda Seção – Em dia com a Psicanálise, página 2, de autoria de NILZA ROCHA FÉRES, psicanalista, em espaço compartilhado com Ana Lúcia Lutterbach e Regina Teixeira da Costa, com transcrição INTEGRAL:

“Da cortesia

Diariamente duas posições são veiculadas pela mídia: de um lado, os anúncios do Brasil – catástrofe, miserável inviável e que perdeu o trem da história dos estados civilizados modernos. De outro, os que apresentam as soluções para essa posição desesperadora. Extraídos da religião, da política, da economia, dos trabalhadores, empresários, dos sem-terra, dos sem-teto, donas-de-casa, dos menores de rua... enfim das instituições científicas e dos vários segmentos da sociedade, os salvacionistas proliferam.

Ao adágio de médico e de louco, acrescentando-se o de salvador da Pátria, todos temos um pouco no Brasil de hoje. São planos e mais planos que têm um ponto em comum em seu diagnóstico: o País está doente com sintomas de miséria, fome, corrupção, inflação.

Há urgência em seu tratamento.

Apesar dessa convergência de opiniões, há uma constante postergação, adiando-se sempre o início do tratamento., levando-nos a questionar: Será que os brasileiros, os políticos estão verdadeiramente interessados em curar o Brasil? A quem interessaria um Brasil doente ou um Brasil saudável?

Planos de especialistas para a eliminação da fome, erradicação do analfabetismo e melhoria de vida da população carente podem surpreender-nos de certa forma, pois além de conterem as operações econômicas, matemáticas e outras necessárias à implementação os objetivos, apontam também para pontos de não saber. Pontos que se pode ver demonstrados na seguinte conclusão de um desses projetos: “Porém, o que a proposta mostra é que a questão da pobreza tem solução, desde que estejamos dispostos a distribuir uma parte da riqueza do país entre seus habitantes. Apesar de existir consenso quanto à necessidade de se distribuir melhor o estoque de capital humano entre a população brasileira, será que este consenso permanecerá quando os custos deste processo ficarem claros para os que não são pobres”?

Questão que se articula com a opinião do autor do “Programa Segurança Alimentar” apresentado ao governo, quando afirma: “Acho positivo a fome estar virando uma questão política. Anos atrás, tentavam suavizar o problema falando de desnutrição dentro de um aspecto puramente biológico”.

Parece que aí está a chave da questão, chave que não abre todas as portas, pois há um fosso intransponível, um não sabido entre o biológico, o natural e a cultura. Daí ser fundamental que a Política opere com o saber: recursos para alimentos e para solucionar problemas da população estão disponíveis, mas esbarram nas formas de distribuição. Distribuição dos bens, além da economia, da política, da sociologia, tocando a estrutura do sujeito e do coletivo, no coração do seu ser, exigindo um tratamento ético.

A Ética é a ciência do fazer bem o que se deve fazer, como se afirma: toda arte, toda investigação, toda escolha tendem para o bem. E a Política , ocupando-se da organização da polis – que se refere à vida e às leis da cidade – é o lugar da máxima realização ética, sendo aí também o lugar onde aparecerão todos os problemas de resistência da estrutura do sujeito humano em seguir completamente um ideal, mesmo que aponte para a bondade, a beleza e o bem.

A Ética, como ciência do agir humano, expressa a vida do ser de uma forma cultural, onde o costume, o hábito e o exercício também determinam as maneiras do fazer, dando razão a todos os atos. Até o que não é determinado pela natureza mas resultante do encontro do homem com a cultura, deixando-o sempre em mal-estar, pois nenhuma concepção de vida ou programa político fará do homem uma criatura completamente satisfeita ou feliz. Não por defeito do plano, mas por impossibilidade. Impossibilidade ética que exige de cada um o dever de descobrir por si próprio – desde que a Política, em sendo ética, o permita – de que modo específico poderá encontrar o caminho de seu bem, que é a lei do desejo que o causa e de como faz laço com as leis da cidade. E a política que se quer Ética deve saber desse limite e tratar as questões da polis pela via da impossibilidade – que é saber que há um não saber sobre a satisfação e seu objeto, impossibilitando satisfazer o desejo de todos – e não pela via do discurso da impotência, que coloca a culpa do fracasso sempre no outro, esperando que algum dia um Mestre-Partido chegará para solucionar todos os problemas.

Diante de tais questões, como cada um poderá ter uma implicação ética na polis? Independente do dólar ou qualquer moeda indexada?

No livro “Na Sala com Danuza” vamos encontrar o diagnóstico e a prescrição do remédio: “Terminei de escrever este livro pensando no quanto o Brasil anda mal-educado. Da vulgaridade à grosseria, os homens que dirigem nosso se tratam – e nos tratam – sem o menor respeito. É possível que a boa educação tenha desaparecido dos nossos costumes? Ninguém respeita ninguém, os códigos desapareceram. Não será esse o momento de conviver mais educadamente com nosso semelhante? Um sorriso, segurar a porta para o outro passar significam a mesma coisa, aqui ou em qualquer outro lugar do mundo. Se tratada com gentileza, a pessoa, por um instante que seja,se sente especial, e isso a faz não se sentir tão só”.

Recuperar a cortesia, quer se trate de um mendigo, menino de rua, doméstica, professor, empresário, político, homem ou mulher, letrados ou ignorantes. E mesmo sabendo da impossibilidade do mandamento “amar ao próximo com a si mesmo” e da incompatibilidade entre amor e cultura, continuar restabelecendo o laço da cortesia na polis é possível, mesmo porque cortesia não paga imposto. E talvez até a cura de vários sintomas poderá ocorrer, pois é falta de cortesia fartar-se à mesma enquanto o semelhante está olhando com fome para você, assim como trata-se da maior gafe querer ser e ter mais com outros, exibindo força, poder, saber e dinheiro diante de menos dotados. Da mesma forma, é falta de cortesia assaltar, roubar, matar, seqüestrar, jogar lixo nas ruas, demolir obras do patrimônio histórico, incomodar vizinhos, mentir... E é a maior falta de cortesia ter uma cidade onde uns moram em casas ultra-confortáveis enquanto outros cidadãos estão expostos nas ruas.
E se há tanta falta de cortesia que impossível seria enumerar, quem sabe de moeda não indexada, a cortesia poderá tornar-se moeda forte, fazendo laço social, instaurando uma nova ética?”.

Então, movidos pela INABALÁVEL FÉ nos PROMISSORES DESTINOS de uma PÁTRIA nascida sob o manto da SANTA CRUZ, vamos REUNINDO estas LIÇÕES que servem de ALICERCE para a grande MOBILIZAÇÃO de TODOS para a realização dos nossos SONHOS e IDEAIS: construção de uma SOCIEDADE verdadeiramente JUSTA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, PRÓSPERA e SOLIDÁRIA, e ainda a CONSOLIDAÇÃO da nossa SOBERANIA e a INDEPENDÊNCIA seja de fato um grito vindo do fundo da ALMA de TODOS os BRASILEIROS e de TODAS as BRASILEIRAS, mais do que simples leitura de compêndios de HISTÓRIA.

O BRASIL TEM JEITO!...