(Abril
= mês 20; faltam 4 meses para a Olimpíada 2016)
“A
segurança que reside
nos níveis espirituais
Vivemos em uma época de
insegurança psicológica e material quase generalizada. Muitos não encontram
mais apoio em instituições e organizações deste mundo. Já perceberam que
atualmente só podem sentir-se seguros no nível espiritual, área da consciência
que fica além do corpo físico, das emoções e da mente. É nesse nível que se
encontra a alma, núcleo de consciência universal presente em nós.
Chamamos
de segurança o estado que quase todos buscam, mas essa não é a palavra que
melhor traduz o que experimentamos ao contatar os níveis espirituais. Nesses
níveis sutis de consciência tudo é tão dinâmico que não existe a estabilidade
ou a tranquilidade como normalmente as entendemos.
Que
tipo de segurança então necessitamos?
Dizem
os livros antigos que, quando o mundo atinge uma grande decadência aparente,
algo muito maior do que o mundo, em consciência, manifesta-se nele.
Seguindo
essa lei, há dois mil anos uma grande força cósmica encarnou num homem e “caminhou sobre a
Terra”. Naquele tempo, Jesus Cristo ia de cidade em cidade e hospedava-se em casa
de conhecidos. Um dia parou na casa de duas mulheres, Marta e Maria. Logo que
chegou, ambas demonstram íntima alegria por recebê-lo, cada uma tomando a
atitude que lhe era mais característica: Marta pôs-se a lidar, a limpar a casa,
a preparar-lhe alimentos, ao passo que Maria sentou-se, recostou a cabeça e
ficou em silêncio, junto a Cristo.
Como o labor era
grande, Marta perguntou a Jesus se aquilo era justo: ela a trabalhar sozinha,
enquanto Maria contemplava. Jesus respondeu que Marta fazia muitas coisas, mas
que Maria fazia a única coisa realmente necessária.
Essa mensagem nos dá a
chave da compreensão para uma ação verdadeira, que nenhuma relação tem com
inércia. Sem desmerecer e tampouco anular a atividade externa em si, também
necessária, a referida história simboliza uma atitude real diante dos fatos da
vida.
A necessidade premente de quietude, de silêncio e de
privacidade, que quase todos sentem profundamente hoje em dia, provém do centro
interior do homem, raramente buscado em virtude dessa atividade contínua à qual
quase todos se entregaram na época moderna. Vivemos sem pausas, sem equilíbrio
entre os momentos de ação exterior e os de recolhimento interior.
De uma ação interior vem uma união com a totalidade da vida,
e nessa totalidade todos são “um”. A transição de uma vida exteriorizada para
uma vida equilibrada, onde o processo superior tem início, não se faz por um
caminho rápido e fácil. Grandes caminhadas, porém, sempre começam com um
primeiro passo, e aqui procuramos estimular aqueles que estiverem abertos para
dá-lo.
Aquela atitude interna de silêncio e de solidão, a que nos
referimos, se compreendida amplamente, abre canais para que algo mais sutil
desça para os níveis físico, emocional e mental.
Neste ponto da evolução humana é preciso fazer certo esforço
e ter certa concentração para sair desses esquemas distorcidos da atividade
interessada em resultados, do trabalho que tem apenas metas humanas.
Transformá-lo em ação livre, que acontece como consequência dessa abertura
inocente, entregar o próprio ser ao Único, a Deus, assim como ele é, em uma
oferta íntima, silenciosa e secreta – eis a chave para se compreender nossa
época e o modo de serví-la.”.
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de abril
de 2016, caderno OPINIÃO, página 9,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Cultura
esgarçada
O maior e mais grave
desafio da sociedade brasileira é recompor o tecido da cultura, cheio de
buracos. Aí está uma dos mais relevantes desarranjos a serem enfrentados para
encontrar saídas diante dos muitos problemas que afligem o país. A cultura
sustenta as dinâmicas da sociedade e, por isso, os muitos buracos em seu tecido
são preocupantes. Não se pode deixar de constatar que a extrema fragilidade no
mundo da política deve-se a esse horrendo fenômeno: o esgarçamento da cultura.
No conjunto de tudo o que precisa ser corrigido está a política partidária,
atualmente uma das mais potentes ameaças ao tecido cultural. Fragilizado, esse
tecido não contribui suficientemente para o surgimento de líderes capazes de
apontar novos rumos e promover a união.
Pensar
o Brasil, neste momento, não é apenas uma questão de intervenção no mundo da
política. Incontestavelmente, isso se configura em necessidade urgente em razão
do lamaçal que se permitiu formar. Contudo, é preciso ir além e considerar o
seríssimo problema de ordem antropológica, que é mais abrangente. A cultura
brasileira precisa de reparos, seu tecido carece de remendos para que não
aumentem os rasgões. Necessita de investimento para recompô-la, permitindo-a
sustentar dinâmicas exigidas pela complexidade da vida moderna. No palco das
discussões e preocupações não podem estar simplesmente mudanças de poder
partidário, nem mesmo o considerável e relevante cumprimento da Constituição. A
sociedade brasileira precisa de algo mais: uma correção de relevância
antropológica que qualifique a cultura, sustentáculo indispensável para o
funcionamento social, configuração com capacidade para fazer surgirem ações
inspiradas no bem e na justiça.
Essa
urgente necessidade precisa estar na pauta de todos os segmentos da sociedade.
Não se pode ficar somente, e, ao mesmo tempo, vendo “o circo pegar fogo” na
política. Desconsiderar a importância de reformular a cultura é assistir
passivamente suicídio de uma sociedade, com tristes consequências. Todos estão
ameaçados diante dos graves desarranjos culturais, como a generalizada indiferença
relativista, apontada pelo papa Francisco na sua exortação apostólica A alegria do Evangelho, relacionada com
a desilusão e a crise de ideologias. Por um lado, há uma reação a tudo o que
parece totalitário. Por outro, recrudescem-se os fundamentalismos, inclusive
religiosos, que alavancam terrorismos de todo tipo. A vida social está
prejudicada, portanto, não apenas pelos números da economia, mas, entre outros
fatores, por uma cultura em que cada um pretende ser portador da verdade. Isso
compromete a cidadania, pois inviabiliza a união de cidadãos em busca de
projetos comuns, necessários ao bem de todos, que estão além de simplesmente
contemplar ambições pessoais.
Os
desgastes da cultura que a incapacitam na tarefa de sustentar o bem a justiça
têm uma lista enorme de razões. Consequentemente, para corrigi-la, várias
atitudes precisam ser assumidas, a cada dia, e por todos. Uma exigência que
pede, de todos os segmentos, urgente inovação para que possam contribuir na
busca da solução dos problemas da contemporaneidade. É triste constatar que
instituições – religiosas, governamentais, educacionais e tantas outras –
continuem a funcionar como há 30, 40 anos, sem se atualizar. Gastam muito,
inclusive tempo e a paciência alheia, e não trazem novas respostas. Não
conseguem ser força para refazer o tecido da cultura e alavancar mudanças.
As
consequências são muitas e graves, a exemplo da crescente violência, claro
reflexo do desgaste da cultura. O número de homicídios na capital mineira
ultrapassa índices de guerra. No entanto, parece algo normal. Há lugares na
região metropolitana em que, apenas uma noite, já se alcança o patamar de
tolerância indicado pela ONU. Imagine se essa realidade for ainda mais
temperada por fundamentalismos, pela cultura das facções e pelo ódio. A cultura
brasileira não pode, inclusive, viver mais da ilusão de se considerar como
pacata, de índole fortemente solidária e outros adjetivos que não correspondem
aos cenários de desafeição, desrespeito e massacre, sobretudo dos indefesos e
mais pobres. A situação é grave. Há de se incluí-la diariamente na pauta, e
envolver, a partir de programas e ações, as instituições e segmentos todos da
sociedade brasileira na recomposição do tecido de nossa cultura.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda
estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também
em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento
Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...