segunda-feira, 4 de abril de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA E A SEGURANÇA NOS PLANOS ESPIRITUAIS E A CULTURA DA VIDA E DA SUSTENTABILIDADE

(Abril = mês 20; faltam 4 meses para a Olimpíada 2016)

“A segurança que reside 
nos níveis espirituais
        Vivemos em uma época de insegurança psicológica e material quase generalizada. Muitos não encontram mais apoio em instituições e organizações deste mundo. Já perceberam que atualmente só podem sentir-se seguros no nível espiritual, área da consciência que fica além do corpo físico, das emoções e da mente. É nesse nível que se encontra a alma, núcleo de consciência universal presente em nós.
         Chamamos de segurança o estado que quase todos buscam, mas essa não é a palavra que melhor traduz o que experimentamos ao contatar os níveis espirituais. Nesses níveis sutis de consciência tudo é tão dinâmico que não existe a estabilidade ou a tranquilidade como normalmente as entendemos.
         Que tipo de segurança então necessitamos?
         Dizem os livros antigos que, quando o mundo atinge uma grande decadência aparente, algo muito maior do que o mundo, em consciência,  manifesta-se nele.
         Seguindo essa lei, há dois mil anos uma grande força cósmica  encarnou num homem e “caminhou sobre a Terra”. Naquele tempo, Jesus Cristo ia de cidade em cidade e hospedava-se em casa de conhecidos. Um dia parou na casa de duas mulheres, Marta e Maria. Logo que chegou, ambas demonstram íntima alegria por recebê-lo, cada uma tomando a atitude que lhe era mais característica: Marta pôs-se a lidar, a limpar a casa, a preparar-lhe alimentos, ao passo que Maria sentou-se, recostou a cabeça e ficou em silêncio, junto a Cristo.
Como o labor era grande, Marta perguntou a Jesus se aquilo era justo: ela a trabalhar sozinha, enquanto Maria contemplava. Jesus respondeu que Marta fazia muitas coisas, mas que Maria fazia a única coisa realmente necessária.
Essa mensagem nos dá a chave da compreensão para uma ação verdadeira, que nenhuma relação tem com inércia. Sem desmerecer e tampouco anular a atividade externa em si, também necessária, a referida história simboliza uma atitude real diante dos fatos da vida.
         A necessidade premente de quietude, de silêncio e de privacidade, que quase todos sentem profundamente hoje em dia, provém do centro interior do homem, raramente buscado em virtude dessa atividade contínua à qual quase todos se entregaram na época moderna. Vivemos sem pausas, sem equilíbrio entre os momentos de ação exterior e os de recolhimento interior.
         De uma ação interior vem uma união com a totalidade da vida, e nessa totalidade todos são “um”. A transição de uma vida exteriorizada para uma vida equilibrada, onde o processo superior tem início, não se faz por um caminho rápido e fácil. Grandes caminhadas, porém, sempre começam com um primeiro passo, e aqui procuramos estimular aqueles que estiverem abertos para dá-lo.
         Aquela atitude interna de silêncio e de solidão, a que nos referimos, se compreendida amplamente, abre canais para que algo mais sutil desça para os níveis físico, emocional e mental.
         Neste ponto da evolução humana é preciso fazer certo esforço e ter certa concentração para sair desses esquemas distorcidos da atividade interessada em resultados, do trabalho que tem apenas metas humanas. Transformá-lo em ação livre, que acontece como consequência dessa abertura inocente, entregar o próprio ser ao Único, a Deus, assim como ele é, em uma oferta íntima, silenciosa e secreta – eis a chave para se compreender nossa época e o modo de serví-la.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cultura esgarçada
        O maior e mais grave desafio da sociedade brasileira é recompor o tecido da cultura, cheio de buracos. Aí está uma dos mais relevantes desarranjos a serem enfrentados para encontrar saídas diante dos muitos problemas que afligem o país. A cultura sustenta as dinâmicas da sociedade e, por isso, os muitos buracos em seu tecido são preocupantes. Não se pode deixar de constatar que a extrema fragilidade no mundo da política deve-se a esse horrendo fenômeno: o esgarçamento da cultura. No conjunto de tudo o que precisa ser corrigido está a política partidária, atualmente uma das mais potentes ameaças ao tecido cultural. Fragilizado, esse tecido não contribui suficientemente para o surgimento de líderes capazes de apontar novos rumos e promover a união.
         Pensar o Brasil, neste momento, não é apenas uma questão de intervenção no mundo da política. Incontestavelmente, isso se configura em necessidade urgente em razão do lamaçal que se permitiu formar. Contudo, é preciso ir além e considerar o seríssimo problema de ordem antropológica, que é mais abrangente. A cultura brasileira precisa de reparos, seu tecido carece de remendos para que não aumentem os rasgões. Necessita de investimento para recompô-la, permitindo-a sustentar dinâmicas exigidas pela complexidade da vida moderna. No palco das discussões e preocupações não podem estar simplesmente mudanças de poder partidário, nem mesmo o considerável e relevante cumprimento da Constituição. A sociedade brasileira precisa de algo mais: uma correção de relevância antropológica que qualifique a cultura, sustentáculo indispensável para o funcionamento social, configuração com capacidade para fazer surgirem ações inspiradas no bem e na justiça.
         Essa urgente necessidade precisa estar na pauta de todos os segmentos da sociedade. Não se pode ficar somente, e, ao mesmo tempo, vendo “o circo pegar fogo” na política. Desconsiderar a importância de reformular a cultura é assistir passivamente suicídio de uma sociedade, com tristes consequências. Todos estão ameaçados diante dos graves desarranjos culturais, como a generalizada indiferença relativista, apontada pelo papa Francisco na sua exortação apostólica A alegria do Evangelho, relacionada com a desilusão e a crise de ideologias. Por um lado, há uma reação a tudo o que parece totalitário. Por outro, recrudescem-se os fundamentalismos, inclusive religiosos, que alavancam terrorismos de todo tipo. A vida social está prejudicada, portanto, não apenas pelos números da economia, mas, entre outros fatores, por uma cultura em que cada um pretende ser portador da verdade. Isso compromete a cidadania, pois inviabiliza a união de cidadãos em busca de projetos comuns, necessários ao bem de todos, que estão além de simplesmente contemplar ambições pessoais.
         Os desgastes da cultura que a incapacitam na tarefa de sustentar o bem a justiça têm uma lista enorme de razões. Consequentemente, para corrigi-la, várias atitudes precisam ser assumidas, a cada dia, e por todos. Uma exigência que pede, de todos os segmentos, urgente inovação para que possam contribuir na busca da solução dos problemas da contemporaneidade. É triste constatar que instituições – religiosas, governamentais, educacionais e tantas outras – continuem a funcionar como há 30, 40 anos, sem se atualizar. Gastam muito, inclusive tempo e a paciência alheia, e não trazem novas respostas. Não conseguem ser força para refazer o tecido da cultura e alavancar mudanças.
         As consequências são muitas e graves, a exemplo da crescente violência, claro reflexo do desgaste da cultura. O número de homicídios na capital mineira ultrapassa índices de guerra. No entanto, parece algo normal. Há lugares na região metropolitana em que, apenas uma noite, já se alcança o patamar de tolerância indicado pela ONU. Imagine se essa realidade for ainda mais temperada por fundamentalismos, pela cultura das facções e pelo ódio. A cultura brasileira não pode, inclusive, viver mais da ilusão de se considerar como pacata, de índole fortemente solidária e outros adjetivos que não correspondem aos cenários de desafeição, desrespeito e massacre, sobretudo dos indefesos e mais pobres. A situação é grave. Há de se incluí-la diariamente na pauta, e envolver, a partir de programas e ações, as instituições e segmentos todos da sociedade brasileira na recomposição do tecido de nossa cultura.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  


  
  


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