“A
crise e o temor da pobreza
Para falar sobre este
assunto é necessária uma breve análise da economia nos últimos três anos, porque
uma crise econômica faz estragos em todas as atividades e não somente na
chamada cadeia produtiva e segmentos financeiros. Essa crise brasileira atual,
que começa a dissipar-se, ainda timidamente, é, certamente, a mais grave de
toda a nossa história, não só pela velocidade espantosa como que ela nos
atingiu, mas, sobretudo, pela sua magnitude. O PIB brasileiro, em 31;12/2014,
era de US$ 2,456 trilhões. Fazendo a conversão para o real, como o dólar estava
baixo, cotado a R$ 2,65, tínhamos um PIB de R$ 6,508 trilhões. Em 31/12/2017, o
PIB acusou US$ 1,595 trilhão. Convertendo em reais, pois o dólar estava mais
alto, cotado a R$ 3,33, tínhamos um PIB de R$ 5,311 trilhões. Acontece que a
diferença é ainda maior porque o dólar sofre uma inflação de cerca de 2,5% ao
ano, e o Brasil teve inflação, nesse período, de 10,67% em 2015, 6,29% em 2016,
e 2,95% em 2017. Deixando de lado a inflação, o PIB brasileiro, em três anos,
recuou R$ 1,197 trilhão (R$ 6,508 trilhões/R$ 5,311 trilhões).
Essa
pancada na economia gerou a pior consequência: 12 milhões de desempregados.
Entretanto, há que se pensar no outro lado da moeda. Os chineses, que estudam
há milênios os opostos, defendem que na vida não há ganho, como também não há
só perda. O dinheiro quando é farto, a primeira impressão é que ele só traz
ganhos, mas não, ele pode fazer sérios estragos na alma. Como disse Santo
Agostinho: “O dinheiro, é a maior evidência de que o diabo existe”. Temos
visto, como frequência, o mal que ele a endinheirados e famosos, sobretudo jogadores
de futebol e artistas, que, sem preparo humano, não se sentem felizes e
escorregam nas regras sociais mais elementares. Estudo inglês mostra que nas
crises, como a nossa, aumentam os casos de alcoolismo, depressão, problemas
psiquiátricos, desintegração familiar, e até suicídios. As vítimas que sofrem
maior impacto são os ricos, executivos e empresários, porque o tombo é maior.
Acostumados aos luxos entram em pânico ao primeiro sinal de perda de status e
risco de uma vida modesta.
Em uma
empresa, começa pelos sócios e vai até o mais humilde empregado, que teme pelo
emprego. Uma breve consequência dessa insegurança, portanto, é a síndrome da
pobreza, que causa medos em todos aqueles que só veem segurança no dinheiro.
Esses medos, grande parte, são irreais. Quanto mais se tem, mais se quer e mais
sujeito ao temor de ser pobre. A sabedoria budista nos ensina que quem deseja
mais do que pode sofre. Quem deseja aquilo que pode, vive. Quem deseja menos do
que pode, vence. Em tese, essa crise não poupou quase ninguém, porque ela se
espalhou, silenciosamente. A origem de tudo está na ganância de muitas pessoas
que surrupiaram o país sem escrúpulos. Dessa forma, o primeiro a trilhar é ver
o outro lado, sustentado em pensamentos sólidos e genuínos, para transformar as
perdas de agora em ganhos futuros. Desejar menos, quem sabe, é a melhor saída.
Para os pobres, entretanto, a vulnerabilidade é cruel, porque eles dependem
totalmente do emprego e, é claro, dos governos que, hoje, estão sem rumo.”.
(GILSON E.
FONSECA. Sócio diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica (Soegeo), em
artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 1º de março de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de RONALDO
MOTA, chanceler da Estácio, e que merece igualmente integral transcrição:
“Economia
e educação
Vivenciamos grandes
transformações, rápidas, profundas e em todos os setores. O motor principal que
impõe tal velocidade e que define o nível de radicalidade das mudanças está
associado à migração, ainda em curso, em direção a uma sociedade em que a
informação se torna totalmente acessível, instantânea e basicamente gratuita.
Os
hábitos e os costumes se moldam também a partir de novos pressupostos,
despertando a necessidade de os interpretarmos sob diferentes ângulos. Em
resumo, algo está acontecendo, é de grande monta e a todos afeta, permitindo ser
visto sob qualquer ponto de vista.
Como
referência ilustrativa, adota-se aqui um aspecto específico, a capitalização de
mercado, que é somente uma das medidas do tamanho de uma empresa. Trata-se do
valor de mercado total das ações em circulação de uma empresa, também conhecido
como limite de mercado.
Durante
o século passado, as maiores empresas do mercado acionário estiveram associadas
à energia (basicamente petróleo), à indústria automobilística e ao setor
bancário. Na virada do século, há apenas 17 anos, entre as cinco primeiras
aparecia, de forma inédita, uma empresa do mundo da informática, a Microsoft.
Neste caso, dividindo as primeiras colocações com duas de energia (Exxon e GE),
um banco (Citi) e uma empresa de varejo (Walmart).
O
quadro atual, conforme descrito no Relatório 2017 da respeitável
PricewaterhouseCoopers, lembra pouco aquele anterior. A empresa que atualmente
é, pelo sexto ano seguido, a número um do ranking (Apple) nem seque constava
entre as cinco maiores no começo deste século. Além disso, a única que ainda
sobrevive nesse restrito clube é a Microsoft. Desnecessário chamar a atenção
para o fato de que atual, todas, sem exceção, estão diretamente associadas ao
mundo das tecnologias digitais. Por outro lado, empresas como a GE já não
constam entre as 100 maiores.
Atualmente,
empresas baseadas em tecnologias digitais representam a maioria, acompanhadas,
com certa distância, por aquelas do setor financeiro e, na sequência,
companhias do setor de varejos. Os Estados Unidos, ao contrário do que possa
parecer aos incautos, têm aumentado sua participação (hoje em 55%) entre as 100
maiores e é a sede das 10 principais empresas. É cada vez mais notável a
presença crescente de empresas chinesas, como era de se esperar, e a Europa,
que detinha 36% do mercado há 10 anos, agora detém somente 17%. A título de
comparação, o Brasil, em 2009, tinha três companhias listadas entre as 100
maiores, hoje resta somente uma.
As
transformações na economia impactam, bem como são afetadas pelos cenários educacionais
vigentes. As tecnologias digitais invadem as escolas e impregnam o seu entorno,
em especial no que diz respeito aos cidadãos e profissionais que nelas se
formam. Elas transcendem os espaços de aprendizagem e também ocupam e definem
as oportunidades de novos empregos e de negócios inovadores.
Assim,
as consequências educacionais são complexas, múltiplas e ilimitadas. Uma delas,
a mais simples e direta, é que os modelos educacionais e as estratégias de
ensino e aprendizagem fortemente influenciados pelos referenciais
Fordistas/Tayloristas, dominantes no século 20, já não são mais suficientes. Ou
seja, a escola tradicional, que desempenhou, com competência e pertinência,
papel central em tempos recentes, está distante de atender plenamente às demandas
do mundo contemporâneo.
Se no
século passado a capacidade de memorizar conteúdo e a aprendizagem de técnicas
e procedimentos eram centro, atualmente, o amadurecimento dos níveis de
consciência do educando acerca de como ela aprende torna-se gradativamente mais
relevante. Em termos mais simples, aprender a aprender passa a ser tão ou mais
importante do que aquilo que foi aprendido.
Explorar
esta nova realidade, em que todos aprendem, aprendem o tempo todo e cada um
aprende de forma personalizada e única, é o maior de todos os desafios do mundo
da educação.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro/2018 a ainda estratosférica
marca de 327,92% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,70%; e já o IPCA, também
no acumulado dos últimos doze meses, em fevereiro, chegou a 2,84%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.