quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A CIDADANIA, AS NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E A FORÇA DO BEM

“Nova tendência na educação
        Nos últimos anos, o acesso à informação, que já havia sido facilitado pela massificação da internet, está, literalmente, nas mãos dos alunos por meio das tecnologias móveis (tablets, smartphones, entre outros). Essa nova variável do mercado – mobilidade informacional – revolucionou não apenas o cotidiano das pessoas, mas também da educação, criando novas formas de produzir conhecimento no ambiente escolar. As novas tecnologias permitem o acesso e o compartilhamento de informações e conhecimento em qualquer momento e em qualquer lugar, possibilitando que todos sejam protagonistas na produção de conteúdo.
         Nesse cenário, a tendência e, por que não dizer, o desafio da educação é se modernizar. O modelo do processo ensino-aprendizagem, no qual temos a figura do professor como único detentor do conhecimento, e os alunos como espectadores passivos de suas aulas, será cada vez mais raro nas escolas. O conhecimento, agora, deve ser passado pela interatividade entre professor, aluno e o meio, ou seja, o cenário externo à sala de aula também faz parte da dinamicidade desse contexto, representando, no processo ensino-aprendizagem, um fator enriquecedor para a geração e consolidação do conhecimento. A educação deve acompanhar os hábitos de comunicação e relacionamento, em que o conhecimento também é adquirido e compartilhado, ou ela se afastará da realidade dos alunos. Seguramente a tecnologia estará cada vez mais inserida no ambiente escolar e nossos conteúdos acadêmicos, obrigatoriamente, estarão em ambientes digitais, de construção coletiva, integrando alunos, educadores, família e comunidade. Nesse contexto, os espaços físicos também podem e devem contribuir para essa evolução na educação. É crescente a demanda por espaços inovadores que possibilitem o desenvolvimento da criatividade e a aplicação do conhecimento, modernizando e até mesmo ampliando o conceito de sala de aula. Ambientes de coworking, trabalhos em grupos, espaços informais, que promovam o diálogo e a troca de experiências, serão cada vez mais úteis e necessários. O aluno, foco do processo educativo, agora se posiciona como autor do seu processo de aprendizagem, fazendo suas próprias escolhas. Nós, educadores e instituições de ensino, não somos mais os detentores absolutos do conhecimento. O nosso maior desafio é conseguirmos nos reposicionar como agentes desse processo, atuando como mediadores entre o aluno e a construção do conhecimento, facilitando o desenvolvimento de competências para a vida.
         O caminho para esse reposicionamento passa pela significância daquilo que fazemos e lecionamos. O conhecimento deve dar embasamento teórico e ferramental para os alunos seguirem o seu caminho. Somente assim, em um ambiente estruturado e constantemente aberto ao diálogo, tendo o professor como mediador e os alunos como sujeitos ativos do processo de aprendizagem, conseguiremos construir o conhecimento de forma coletiva, instigante e inovadora. Essa abordagem ratifica o papel social da escola, num ambiente dinâmico e contemporâneo, de formar cidadãos dotados de atitudes que os permitam contribuir para a transformação da sociedade, gerando conhecimento com o propósito do bem comum.”

(LEONARDO MEDINA. Diretor da Escola de Formação Gerencial (EFG-BH) do Sebrae Minas, graduado em administração e pós-graduado em gestão estratégica de negócios, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de fevereiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30 de janeiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Vencer o mal pelo bem
        O crescente processo de desumanização que atinge a sociedade contemporânea é assustador. Tem origem diversa – da violência à indiferença, da corrupção ao conformismo com situações aviltantes da dignidade humana. Debelar o avanço dessa desumanização deve ser preocupação cidadã. O papa Francisco, na Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, adverte sobre o risco de atingirmos níveis irreversíveis desse processo. Por isso mesmo, não se pode simplesmente constatar, lamentar ou defender-se de maneira egoísta e mesquinha de suas consequências. Ora, se o medo e o desespero tomam conta do coração das pessoas, compromete-se, gravemente, a vivência da fraternidade. Com isso, a humanidade se distancia do compromisso com a solidariedade, eficaz remédio para redesenhar os cenários de injustiça que escravizam tantas pessoas.
         Para mudar essa realidade, são importantes as complexas estratégias no âmbito da segurança pública, dos reajustes de funcionamentos e em outros tipos variados de dinâmicas, pois o descontrole, gradativamente, toma conta de tudo. No entanto, embora fundamentais, essas estratégias não são suficientes. Estatísticas diversas comprovam que a sociedade convive com um excesso de incivilidades, consequência do processo de desumanização. Processo alimentado pelo desejo sem limites de apossar-se das coisas e pela busca irracional do prazer. São impulsos que viciam e impedem as grandes conquistas. As maiores vitórias, para serem alcançadas, requerem sacrifício ou esforço maior. Muitas vezes, exigem que se reparta e se ofereça o tempo e as próprias posses para quem não os tem.
         As instituições religiosas, educacionais, particularmente a família, os ambientes variados de trabalho, também os de entretenimento e lazer, precisam readotar princípios simples, com força educativa e incidente na vida de cada pessoa. Somente assim é possível estabelecer um contraponto à desumanização que faz multiplicar a violência. Entre esses princípios, está um de grande alcance e significativa força educativa. “Não te deixes vencer pelo mal, vence antes o mal com o bem”, exortação de São Paulo na Carta aos Romanos. A adoção séria deste princípio, incidindo nos contextos comuns da vida, poderá transformar as relações entre as pessoas. Só o bem derrota o mal, em sua longa batalha que inclui o apreço pela fraternidade, em lugar das guerras; adoção de atitudes simples e generosas, em vez de mesquinharias e fofocas.
         O bem como princípio é vetor determinante na promoção da paz. Nesse horizonte, é necessário redobrar a atenção e analisar as tragédias provocadas pelo mal, que se alastra com muita facilidade. Suas raízes precisam ser conhecidas e extirpadas. Nessa tarefa, fundamental é refletir sobre a liberdade humana, que é um bem, mas, não raramente, torna-se porta de entrada para o mal que dizima vidas, destrói projetos e prejudica as relações. A experiência maravilhosa da liberdade não pode ser pautada apenas pelos critérios e interesses políticos ou sociais. É preciso incluir a fonte indispensável da ética, que inspira condutas orientadas pelo bem.
         Há uma gramática da lei moral que encanta o coração para viver de modo amoroso e, consequentemente, convencer-se de que é necessário vencer o mal pelo bem. Essa gramática da lei moral é o amor único, capaz de iluminar para além da inteligência, de encontrar motivos maiores que os oferecidos pela razão e de conseguir ver além dos limites e estreitezas do humano. Capacita todos para enxergar a dignidade fascinante de cada pessoa, merecedora de todo respeito, deferência e cuidado.
         Investir mais na aprendizagem da gramática da lei moral é urgente. Trata-se de experimentar o amor fraterno e solidário, edificando em cada pessoa uma interioridade que a torne sensível aos mais pobres, comprometida com o bem dos sofredores e a promoção da justiça. Não basta, pois, a sofisticação de aparatos externos que, por si só, são insuficientes para mudar quadros trágicos mundo afora, incluindo aqueles nos quais estamos inseridos. Os cenários que afligem serão redesenhados com a gramática da lei moral, com a força do amor, na medida em que for aprendido e vivenciado o princípio de que se deve sempre vencer o mal pelo bem.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e diante de novas facetas, a agudíssima crise da dupla falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        


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