“A
necessária busca do equilíbrio e da harmonia pela humanidade
Sabe-se que na Terra
sempre houve violência e massacre de inocentes, bem como a exploração não só de
membros do próprio reino humano, mas também do reino animal, do vegetal e do
mineral.
Como
ciclos de ações desequilibradas e ciclos de impacto das consequências geradas
por elas, até agora foram alternando-se sem se resolver, o jogo do destino se
perpetua, e o homem custa a dar-se conta de que um reto viver, com renúncia ao
desejo, é o caminho direito para a libertação. Nesse ponto Buda bastante
explícito, mas através dos séculos, seus ensinamentos pouco repercutiram no dia
a dia da maioria das pessoas, embora estejam vivos em seu mundo moderno.
Enquanto
os seres humanos compreendem os fatos com base em suas crenças ou agem segundo
seu conhecimento pessoal, permanecem circunscritos ao retorno das ações que
praticam, à necessidade de equilibrá-las. Baseados em propósitos individuais ou
egoístas, seus atos pouco conseguem contribuir para o bem do Todo e demandam
sempre reações neutralizadoras, que podem vir por intermédio de outras pessoas
ou da natureza. Essas reações podem ser purificadoras, pois desmantelam
estruturas não sadias de indivíduos, de grupos ou mesmo de povos e civilizações
inteiras. Contudo, se estiverem imbuídas de forças humanas, provocarão novas
reações. E, assim, surgem e se propagam as complicações do destino desta
humanidade.
Muito
pode ser feito por aqueles que já estão conscientes da necessidade de uma
mudança nesse padrão repetitivo. Um novo estado poderá implantar-se neles e
contribuir para a transformação da face da Terra, à medida que forem entrando
nos ritmos de uma lei superior, divina.
Porém,
na vida, as dádivas são também provas: é preciso saber usar com correção os
dons e bens que nos são entregues.
Como
tudo está incluído numa Consciência Única, fonte de toda manifestação, não há
detalhe que não deva ser considerado na busca do equilíbrio e da harmonia. O
que nos cerca e o que somos, tudo precisa converter-se em instrumento de
serviço e ser utilizado de maneira adequada. Nesse sentido, a água, a
eletricidade, o alimento, o dinheiro, o transporte, o labor, o sono, a palavra,
o sentimento e o pensamento deixam de nos pertencer e passam a ser vistos pelo
que na verdade são: expressão dessa consciência onipotente.
Quem
se empenha em evoluir deve aprender a ter paciência e a aprofundar seu sentido
de observação. Em certas fases da vida a pessoa pode pensar que não está
progredindo ou que nada de promissor está acontecendo, embora esteja
trabalhando para isso. Entretanto, não é bem essa a realidade. Pelo fato de
dedicar-se com seriedade à evolução e de estar por isso sendo intensamente
transformada, muitos eventos na sua vida podem ser suavizados.
Sei de
indivíduos que viviam com grandes restrições materiais e as tiveram resolvidas
ao ingressarem abnegadamente no caminho espiritual e prestarem serviço com um
grupo altruísta; sei de outros que ficaram liberados de certos laços pessoais
para servir em âmbitos maiores, como, por exemplo, o de um país e o do planeta.
Pessoas que se mantinham limitadas por deveres básicos e circunscritos ao
âmbito familiar veem-se de repente nesses processos de transformação, livres
para dedicar seu tempo e energia a causas universais.”
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de março de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de março
de 2015, página 7, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Reconstrução
e reformas
Investir em reformas
vigorosas é a exigência que deve permear o sentimento cidadão no auge deste
momento crítico vivido pela sociedade brasileira, inserida em amplo e complexo
contexto de graves crises, locais e mundiais. Não se pode correr o risco de
tratar o momento atual como um assunto midiático, que passa como uma nuvem e se
esvai. Esse perigo é evidente em razão do modo como os problemas são enfrentados
na cultura contemporânea à semelhança do tratamento dado às críticas. Por um
tempo, é “quente” um assunto. Fácil e rapidamente, o que estava em pauta é
esquecido. Perde lugar para outros acontecimentos.
Essas
ondas que presidem as dinâmicas da cultura contemporânea enfraquecem a
sociedade na sua indispensável capacidade de reação. Também a afastam da
urgente competência para operar a sua própria reconstrução com vigorosas e
incidentes reformas. Por isso, é preocupante o modo como a sociedade brasileira
está lidando com o conjunto de suas crises. Um enorme conjunto de exigências,
urgências e intervenções que é tratado com lentidão. Mais grave ainda, tratado
por líderes que, pelas expressões, escolhas e posicionamentos pela falta de um
lastro humanístico mais consistente na sua formação e no seu caráter, não se
revelam preparados para os cargos que ocupam.
É
urgente disseminar e cultivar em todo o país um sentimento de que somos uma
sociedade em reconstrução. Indicam isso as estatísticas e os descompassos
graves, como a crescente violência, a exclusão social, a corrupção, a
dependência química, problemas que provocam terror semelhante ao de contextos
de guerra. Ainda que se considerem os avanços sociais e tecnológicos no
contexto brasileiro, o conjunto de crises em curso dizima vidas e deteriora a
cultura que a civilização necessita para se sustentar. Os cidadãos precisam ser
guiados pelo anseio de se promover a reconstrução do país, de modo semelhante a
exemplos históricos de nações que ressurgiram das cinzas depois das destruições
de guerras.
O povo
brasileiro tem a grande vantagem de contar com reservas e patrimônios –
culturais, religiosos, ambientais e históricos – para impulsionar esse processo
de reconstrução. É preciso superar um lado terrível e perverso do país que é
caracterizado pela corrupção, mediocridade na política e pela geração pífia de
líderes em todos os segmentos. Para isso, todos devem sustentar a cidadania em
patamares emoldurados pelo altruísmo, por um sentido nobre de pátria. Nessa
tarefa, o conjunto de discriminações e, particularmente, a vergonhosa exclusão
social que atinge o povo devem ser enfrentados.
Inspiradora
é a coragem do papa Francisco – com validade provocante para a Igreja Católica,
também para a sociedade civil – quando, na sua exortação apostólica Alegria do
Evangelho, se compromete com a conversão do papado. Essa corajosa indicação é
nobre ato de simplicidade e humildade tão necessário no mundo contemporâneo,
que deve inspirar a Igreja e a sociedade, com seus segmentos, o recôndito dos
lares e todas as instituições, no processo de reconstrução. Assim será possível
superar as mediocridades, que enjaulam o povo em condição asfixiante. Uma
triste situação que se verifica quando se percebe a supervalorização do status,
consolação dos medíocres em ocupar lugares de importância, em usufruir dos
benefícios. Certamente, a realidade seria outra se, em vez de procurar status,
cada pessoa se empenhasse para ampliar sua capacidade de oferta de serviços.
Compreende-se
por que não se avança no conjunto das reformas que precisam ser urgentemente
operadas na sociedade brasileira, atravancadas por interesses mesquinhos e
visões estreitadas. Para mudar esse contexto, é preciso cultivar uma onda
duradoura de sentimentos que envolva todos, da criança ao ancião, encharcando
mentes e corações como o senso de mutirão para a reconstrução e reformas
vigorosas na sociedade.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando contornos que
transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações
futuras...); III – o desperdício, em
todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade
da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);
c) a
dívida pública brasileira, com projeção
para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$
868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e
os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da
globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!
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