segunda-feira, 9 de março de 2015

A CIDADANIA, A PÁTRIA EDUCADORA E A EXPRESSÃO DO DIA DA MULHER

“Receitas para a pátria educadora
        A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) acaba de divulgar estudo analisando mais de 450 iniciativas implementadas por 34 países com o objetivo de aperfeiçoar seus sistemas educacionais. O grupo reúne em sua maioria países considerados ricos, e não inclui o Brasil. Certamente, as soluções educacionais dizem respeito a cada realidade específica e não podem ser simplesmente copiadas e transportadas, sem inteligência, para outros países. Mesmo assim, vale a pena prestar atenção a algumas delas, tomando por base a compilação feita pela BBC Brasil.
         1)Mercado de trabalho ou continuidade dos estudos: a medida mais comum observada diz respeito à preparação dos estudantes para o mercado de trabalho, principalmente via ensino profissional e técnico, fazendo intenso uso de tecnologias digitais, resultando em forte impacto na produtividade dos trabalhadores. 2)Melhorias no ambiente das escolas: ênfase na redução do número de alunos por turma, reformas curriculares e, principalmente, capacitação de professores. Esses foram os objetivos de um quarto das reformas analisadas. Alguns criaram institutos dedicados exclusivamente à formação contínua e permanente de professores, aliando a preparação prática e teórica. Outros desenvolvem programas que visam a atrair os melhores estudantes para as faculdades de educação. 3)Garantir qualidade e equidade na educação: em torno de 16% das iniciativas adotam como ponto central a implementação de políticas para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a um nível mínimo de educação, independentemente de circunstâncias pessoais ou sociais. Evitar que a seleção para escolas de ensino fundamental tenha como critério renda ou performance, limitar a possibilidade de as escolas expulsarem alunos com resultados ruins ou financiar adicionalmente escolas que consigam manter nas classes crianças em risco social têm mostrado bons resultados. 4)Sistemas de avaliação: aproximadamente 14% das medidas centraram em aprimorar as médias de rendimentos, tanto dos alunos quanto das escolas. Padronizar as avaliações, estimular a adesão voluntária e consciente das escolas e tornar públicos os resultados são boas medidas. 5)Reformas de financiamento: melhorar as formas de financiar os sistemas de educação é um dos grandes desafios e foi o ponto central para 12% das medidas adotadas. Em geral, os agentes recebem fundos com base em seus planos para o futuro e qualidade dos professores, alunos e escolas. Construir um forte sistema de aferição posterior aos resultados obtidos, frente às propostas apresentadas, é a solução mais adotada pelos países pesquisados.
         Não seremos jamais competitivos, tampouco poderemos almejar um desenvolvimento econômico, social e ambienta sustentável, sem uma política educacional consistente que conheça sua própria realidade, valorize suas próprias iniciativas e que não se iniba em conhecer as boas experiências dos demais países. Precisamos que as receitas funcionem, sejam elas quais forem e venham de onde vier, mas precisamos urgentemente de bons resultados.”

(RONALDO MOTA. Reitor da Universidade Estácio de Sá e diretor de pesquisa do Grupo Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de fevereiro de 2015, caderno OPINIÃO, página7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 7 de março de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Por que o Dia da Mulher?
        Infelizmente, temos que ter no nosso calendário o Dia Internacional da Mulher em 8 de março para continuar chamando a atenção das pessoas em todo o mundo para as graves violações dos nossos direitos mesmo em pleno século 21. Esse dia, além de comemorar os feitos econômicos, políticos e sociais alcançados pela mulher, estimula os avanços ainda necessários para melhorias. Essa proposta surgiu na virada do século 20 com o rápido processo de industrialização e expansão econômica, levando aos protestos sobre as condições de trabalho. Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e reivindicaram melhores condições de trabalho: redução de jornada para 10 horas, equiparação de salários com os homens (recebiam um terço) e tratamento digno no ambiente de trabalho. Reprimidas com violência, 130 tecelãs morreram carbonizadas.
         Em 1910, foi proposto o Dia Internacional da Mulher em homenagem a essas mulheres, mas somente em 1975 a data foi oficializada pela ONU. Um marco histórico importante para as mulheres em todo o mundo, mas, apesar dos extraordinários avanços tecnológicos e melhorias sociais, as mulheres e outros grupos sociais, como negros, analfabetos, idosos e crianças, continuam sendo desrespeitados nos seus direitos básicos. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas no Brasil. Há dez anos, eram oito mulheres no mesmo período e, infelizmente, em todas as classes sociais e econômicas. Absurdamente, muitos homens, apesar da alta escolaridade e, bons salários, nunca aprenderam a respeitar as mulheres. Em direitos humanos, uma importante reflexão: “Nunca faça com as outras pessoas o que não gostaria que fizessem com você”. Infelizmente, a maioria dos agressores não tem essa reflexão cidadã necessária.
         As violações dos direitos das mulheres infelizmente ainda ocorrem aqui e em todo o mundo: discriminação, humilhação, agressões e mortes podendo envolver também abusos e crimes sexuais. No Brasil, a Lei Maria da Penha defende os nossos direitos e pune o agressor, mas homens brutais ainda acham que podem agredir mulheres. Muitos, além de espancar, ameaçam as mulheres se houver denúncia. É uma situação dramática e cruel e por isso vemos diariamente mulheres sendo agredidas e mortas na maioria das vezes pelo próprio marido ou companheiro. Violações de direitos e morte dentro de casa. Para maior rigor na punição, acaba de ser aprovada na Câmara uma lei que torna hediondo o crime do homem que mata uma mulher e pode dar até 30 anos de prisão.
         No Brasil, temos dados alarmantes dessas violações e, infelizmente, a situação ainda é preocupante em todo o mundo, mesmo na Europa e nos EUA. No entanto, é dramática e extremamente cruel especialmente na África, Ásia e Oriente Médio. Nesses continentes, mesmo com tantos tratados internacionais e vigilância da ONU, ocorrem episódios horripilantes como o ocorrido recentemente na África, quando um grupo extremista sequestrou quase 300 meninas, até hoje nas mãos dos terroristas, provável e cruelmente sendo usadas como escravas sexuais. Sem contar os perversos estupros coletivos principalmente na Índia e no Paquistão. No Oriente Médio, as mulheres vivem rigorosamente sob as normas e regras dos homens, que ainda podem ter várias mulheres. Se a mulher desobedecer, muitas vezes é apedrejada e morta em praça pública.
         A situação brasileira e mundial ainda é cruel para mulheres. É preciso adotar urgentemente a punição exemplar de criminosos sexistas, ter excelente programa de reeducação de homens e a educação de crianças desde pequenas para aprender a respeitar os direitos das meninas. Isso é uma obrigação dos meninos, dos homens e de cada um de nós – respeitar os direitos humanos. Esse importante trabalho deve começar dentro de casa com as famílias e depois continuar nas escolas. Urgente reeducar a geração atual e formar novas gerações de homens que respeitem as mulheres. Somente dessa forma teremos todos os dias homens e mulheres num convívio de respeito e de paz com igualdade de direitos, sem necessidade de ter o Dia da Mulher.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria, a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando contornos que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (a propósito, as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!

   

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