quarta-feira, 15 de abril de 2015

A CIDADANIA, OS DIREITOS NA SUSTENTABILIDADE E A BUSCA DE NOVOS TALENTOS

“A realização dos direitos humanos e da natureza
        O tema “direitos humanos” é uma constante em todas as agendas. Há momentos em que se torna um clamor universal, como atualmente, com a criação do Estado Islâmico, que comete sistemático genocídio das minorias. Por que não conseguimos fazer valer efetivamente os direitos não só humanos, mas também os da natureza?
         A Carta da ONU de 1948 confia ao Estado a obrigação de criar as condições concretas para que os direitos possam ser realizados para todos. Ocorre que o tipo de Estado dominante é classista. Como tal, é perpassado pelas desigualdades que as classes sociais originam. A ideologia política desse Estado é o neoliberalismo, que se expressa pela democracia representativa e pela exaltação dos valores do indivíduo; a economista é capitalista, vigora  hegemonia da propriedade privada, o mercado livre e a lógica da concorrência. Esse Estado é controlado pelos grandes conglomerados, que hegemonizam o poder. Estender os direitos sociais para todos seria contraditório com sua lógica interna.
         A solução que as classes subalternas encontraram para enfrentar essa contradição foi elas mesmas se organizarem e criarem as condições para impor seus direitos. Assim surgiram vários movimentos sociais e populares. É mais que uma luta por direitos; é uma luta política para a transformação do tipo de sociedade e do tipo de Estado vigentes. A alternativa social, participativa, de baixo para cima, na qual todos possam caber. Enquanto isso não ocorrer, não haverá uma real universalização dos direitos humanos.
         As classes subalternas expandiram o conceito de cidadania. Não se trata mais daquela burguesa, que coloca o indivíduo diante do Estado e organiza as relações entre ambos. Agora se trata de cidadãos para, juntos, enfrentarem o Estado privatizado e a sociedade desigual de classe. Daí nasce a concidadania: cidadãos que se unem entre si, sem o Estado, e muitas vezes contra o Estado, para fazer valer seus direitos e levar avante a bandeira política de uma real democracia social.
         Esses movimentos fizeram crescer a consciência da dignidade humana, a verdadeira fonte de todos os direitos, que remete à preservação das condições de continuidade do planeta Terra, da espécie e da vida.
         Por isso, os valores e direitos básicos que devem entrar mais e mais na consciência coletiva são: como preservar a Terra? E como garantir ass condições ecológicas para que o experimento Homo sapiens/Homo demens possa continuar, se desenvolver e coevoluir? Ao redor desse núcleo, se estruturarão os demais direitos. Eles serão não somente humanos, mas também sociocósmicos. O ser humano tem a função, já assinalada no Gênesis, de ser o guardião da vida. Daqui resulta o sentimento de responsabilidade e de veneração que facilita a preservação e o cuidado por todo o criado e por tudo o que vive.
         Ou faremos a viragem necessária para essa nova ética, ou poderemos conhecer o pior – a era das grandes devastações. Até hoje, todos davam por descontada a continuidade da natureza e da Terra. Essa situação se modificou totalmente, pois os seres humanos projetaram o princípio de sua autodestruição.
         A consciência dessa nova situação fez surgir o tema dos direitos humanos-sociocósmicos e a urgência de que, se não nos mobilizarmos para as mudanças, a contagem regressiva do tempo se coloca contra nós e pode nos surpreender com um bioecoenfarte de consequências devastadoras. Devemos estar à altura dessa emergência.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de setembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de OFIR DE VILHENA GAZZI e PEDRO ELIAS FERREIRA PINTO, sócios-diretores da Academia Brasileira de Talentos, e que merece igualmente integral transcrição:

“Depois da crise
        Como tantas outras, a crise atual veio e vai passar. Mas o que vem depois? Como as organizações vão se comportar? Juntar os cacos e chorar o leite derramado? Alívio e euforia? Olhar para a frente e seguir com projeto traçado, sem sobressaltos? A resposta depende de como cada organização vai agir no presente e, mais, como cada uma vislumbra o futuro. O ajuste fiscal e monetário certamente será implementado, mesmo que parcialmente e talvez sem muitas das reformas estruturantes que a população clama nas ruas. Mas será que depois da crise tudo voltará a ser como antes? Pouco provável. Tudo aponta para novos tempos quando olhamos para o que está acontecendo no mundo e no Brasil.
         Não bastará, portanto, repetir o passado. Será necessário sincronizar-se com a nova realidade, atualizar e inovar e, menos comentado, mas igualmente importante, estar tranquilo e em paz consigo mesmo para lidar com o vazio, com a transição e encontrar sabedoria que conduz aos caminhos mais saudáveis e promissores. Parece certo que vamos precisar de profissionais e de parceiros preparados para atuar no desconhecido, sem caminhos preconcebidos, dispostos a captar as novas tendências, ler e interpretar cenários e propor novos arranjos e soluções, além de serem firmes o suficiente para manter foco nos objetivos, metas e resultados importantes para a empresa. Por essa razão, as palavras “serenidade” e “equilíbrio emocional” assumem proporções até agora pouco consideradas nos negócios.
         Temos essas pessoas? Com quem podemos contar? Quem são os líderes ou talentos com competência e ao mesmo tempo integridade e serenidade para conduzir projetos e times? Eles serão capazes de criar ambientes produtivos, gerar a confiança necessária, manter as equipes unidas, focadas e atuantes? Quem já está pronto e pode ajudar? Quem precisa ser cuidado, melhorar sua base pessoal ou passar por programa de formação, treinamento ou desenvolvimento? Por outro lado, quem não tem o perfil, a vontade e não se ajusta às necessidades da empresa hoje e, principalmente, para o novo amanhã que virá?
         São muitas perguntas e todas elas fundamentais para a reflexão e a tomada de decisões neste momento tão delicado para as organizações e para as pessoas.
         A revisão do projeto empresarial diante do novo cenário mundial e nacional talvez seja a ferramenta mais adequada no momento para ajustar o foco dos negócios estratégicos mais importantes, para otimizar as vantagens competitivas existentes, para utilizar de modo mais eficaz as competências essenciais disponíveis e para construir, agora, as bases para aproveitar as novas oportunidades por vir.
         Atenção especial deve ser dada para não contar, no sufoco gerado pela crise, processos, sistemas e, principalmente, pessoas e competências fundamentais para a retomada no pós-crise, engano comum quando o financeiro, isoladamente, passa a orientar o ajuste das empresas durante períodos de dificuldades. Porém, o pragmatismo deve imperar para evitar o desperdício de recursos, bem como a dispersão de tempo e de energia em produtos, serviços, projetos e iniciativas de pouco retorno e de viabilidade duvidosa quando se pensa um pouco mais adiante. Afinal, dispor de capital de giro e de liquidez são armas igualmente poderosas nas estratégias de enfrentamento de crises, pois, de um lado, o crédito costuma ficar escasso e com custos proibitivos se for preciso deficiências de caixa com financiamentos de mercado, e, de outro, oportunidades únicas podem ser perdidas para aquisições de negócios sinérgicos e complementares por falta de capacidade de investimento.
         Parece óbvio que, quanto maior a crise, maior e mais qualificado deve ser o trabalho em recursos humanos, pois as pessoas podem estar mais fragilizadas, inseguras e/ou necessitando de informação, apoio e perspectiva de futuro. Porém, paradoxalmente, muitas empresas se fecham e fazem muito pouco em relação a essa dimensão. Aproximar, estreitar e tornar mais frequente o contato com as equipes podem ser fatores decisivos para manter a unidade, a motivação, a parceria e o comprometimento com a empresa e com seu desempenho. Animar sem esconder a realidade, montar grupos de trabalho com missões especiais, seja para discutir cenários e propor estratégias, seja para economizar recursos e melhorar a eficiência e a produtividade da organização, pode ser um bom caminho para manter o moral, a participação, a energia e a confiança em alta. Se puder, reforce seu time. Na crise, boas empresas têm maior facilidade para atrair talentos insatisfeitos ou não aproveitados de outras organizações.
         Manter o foco, gerar perspectiva, dar resposta, motivar pessoas, sobreviver, inovar e crescer em um mundo repleto de conflitos de várias ordens, e onde a complexidade, a ambiguidade e os paradoxos parecem comandar a vida de todos nós, estão, sem dúvida, entre os grandes desafios da atualidade. Para isso, mobilizar, alinhar e integrar as pessoas e os times são condições sine qua non para reduzir o risco dos sobressaltos e atingir o sucesso.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            




         

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