sábado, 14 de maio de 2016

A CIDADANIA, OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E AS EXIGÊNCIAS DAS CIDADES SUSTENTÁVEIS

“Formação profissional
        Todos os dias, temos muitos desafios na carreira. Certamente, o de auxiliar pessoas em seu local de trabalho, para que estejam satisfeitas e produzam numa escala melhor e maior, é um dos maiores para qualquer profissional. Muitos se especializam em seus processos, mas esquecem de que não podem executá-los sozinhos, por todo o tempo. É aí que entram as pessoas que vão auxiliar e gerir as partes que compõem o todo, de cada setor na empresa.
         O papel de cada gestor, após a entrada e acompanhamento feito pela profissional de recursos humanos, passou primeiramente por essa conscientização do papel do gestor como sendo o RH de seu setor. É claro que esse é um processo longo e que, muitas vezes, temos a tentação de demandar o setor de origem a fazê-lo. Mas a principal função é acompanhar e desenvolver os gestores para lidar com sua equipe, desenvolvendo-a e se desenvolvendo ao mesmo tempo.
         Todo esse processo demanda grande controle e inteligência emocional de ambas as partes, pois, são muitas as formas e ferramentas que temos e que foram implantadas em um curto espaço de tempo em nossa empresa. A estruturação de todas essas etapas passa pela participação de cada gestor na seleção de pessoas para seu setor, pelo feedback no dia a dia de trabalho, estando o mais perto possível do fato, podendo ser positivo ou negativo. Da implementação da pesquisa de clima e a avaliação de desempenho, anualmente, até a criação e desenvolvimento do Programa de Desenvolvimento de Sucessos (PDS), no qual os sucessores diretos de cada gestor foram submetidos a um treinamento de 30 horas de gestão de pessoas, e ainda o projeto Trilha de Carreira, no qual os sucessores desenvolvidos agora desenvolvem novos possíveis sucessores no ano de 2016.
         Também foi criado um programa focado no desenvolvimento pessoal e profissional. Para isso, estimulam-se as participações em cursos, palestras, worshops e rodadas de negócios. Cada participação é valorizada, registrada e comemorada. Compondo este programa, são realizadas ainda três semanas na empresa que procuram abrir novos horizontes aos nossos colaboradores. Semana da Cultura – incentivando a inserção nos movimentos culturais; Semana da Saúde – para um olhar mais cuidadoso com a saúde pessoal e a Semana do Conhecimento com temas relacionados às atividades já desempenhadas e às possibilidades de melhoria e crescimento pessoal e profissional.
         Mantendo o foco no desenvolvimento e antecipando-se às possíveis ocorrências, em 2015, o Programa de Desenvolvimento de Sucessores foi de 30 horas de contato com o material teórico da gestão de pessoas. Já em 2016, estamos com o novo projeto Trilha de Carreira, que fará com que os sucessores já desenvolvidos desenvolvam outra pessoa, aplicando o conhecimento do PDS.
         O caminho é longo, mas um aspecto já pode ser comemorado: a redução do turnover. Valorizar as pessoas que permanecem por mais tempo em nossa organização é uma tarefa diária de cada um, auxiliada pelo respectivo gestor e com suporte das altas hierarquias e do consultor de RH, que deve ter sempre uma postura de visão em duas frentes: empresa e colaborador!”.

(VIVIANE NERY DA MATA SOUZA. Consultora interna de recursos humanos, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de maio de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de SÉRGIO MYSSIOR, arquiteto e urbanista, é diretor de sustentabilidade do Sinaenco-MG, conselheiro do CAU/MG, e que merece igualmente integral transcrição:

“A cidade que queremos
        É interessante observar o ingresso da bicicleta no cotidiano urbano das principais cidades e metrópoles em todo o mundo. Aliado a este novo modal de transporte ativo, uma filosofia voltada para a sustentabilidade das cidades, com ações que buscam resgatar a vida em comunidade, o equilíbrio entre o urbano e o ambiental e a redução das graves desigualdades sociais. O desabamento de um trecho da ciclovia Tim Maia, na cidade do Rio de Janeiro, suscita a necessidade de uma profunda reflexão em relação ao modelo de “cidade que queremos”.
         Após esforço global, uma nova agenda mundial foi recentemente instituída para acabar com a pobreza até 2030 e buscar um futuro sustentável para todos. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial com 17 objetivos e 169 metas. Entre estas, destaco o Objetivo 11, que trata das cidades e comunidades sustentáveis, com o desafio de tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
         A Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Perfil dos Municípios (Munic) 2015, divulgada na semana passada pelo IBGE, estampa um panorama preocupante em relação ao processo de planejamento e gestão urbana, incompatível com a agenda global desafiadora, que indica uma clara e urgente necessidade de reorientar o desenvolvimento para um futuro sustentável. Tendo em vista que a maior parte da população urbana se multiplica, determinando uma completa revisão no modelo de cidade que construímos no país, especialmente em relação ao território que reproduz e torna ainda mais aguda a grave desigualdade e a fragilidade dos instrumentos de planejamento, gestão e participação.
         Conforme o Munic 2015, o Plano Diretor, instrumento básico para orientar a política de desenvolvimento e ordenamento urbano no município, existe em 50% (2.786) dos municípios brasileiros. Cerca de um terço (30,4% ou 1.696 municípios) realizava licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local. Entre 2012 e 2015, o percentual de municípios que iniciaram o processos de elaboração da Agenda 21 Local subiu de 18,1% (1.010) para 22% (1.225). Além disso, verificou-se que apenas 20,7% (1.152) dos municípios brasileiros têm base cartográfica municipal digitalizada e 10,3% (572) sistema de informações geográficas, instrumentos importantes para uma gestão urbana e ambiental mais eficiente.
         Aliado a esse panorama urbano preocupante, temos ainda o advento do Regime Diferenciado de Contratação – RDC, instituído em 2011 com o objetivo de agilizar as obras da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas 2016. Recentemente ampliado para a área de segurança pública, infraestrutura, habitação e mobilidade, o RDC permitiu a licitação de empreendimentos de grande envergadura sem a necessidade de elaboração prévia do projeto completo, transferindo para o contratado a responsabilidade de projetar e construir. O resultado pode ser percebido pelo “legado” desses investimentos, com problemas recorrentes, atrasos nas obras, estouro de orçamento e desempenho questionável em diversos empreendimentos, sendo este último determinante para o desabamento da ciclovia carioca.
         Mas qual a relação entre a bicicleta, os objetivos do desenvolvimento sustentável e o RDC?
         É importante observar que o planejamento do território, da infraestrutura, das edificações e dos equipamentos públicos é um dever intransferível do Estado. Criar e manter uma cultura de planejamento e gestão requer investimentos em pessoas, processos e sistemas, valorizando e respeitando a etapa de projetos e a gestão participativa para a construção de soluções de alto desempenho e custos compatíveis. Pesquisas científicas indicam que no mínimo 40% das patologias em edificações têm origem na etapa de concepção e projeto.
         Portanto, o futuro sustentável do nosso país pode ser mensurado pela nossa capacidade de planejamento e gestão, aliado à ousadia transformadora que a sustentabilidade demanda.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, com os juros do cheque especial de março em históricos 300,8%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  







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