sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A CIDADANIA, A REAL FORÇA DA CONFIANÇA E A TRANSCENDÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE

“Confiança e realidade
        A economia brasileira entrou em recessão no segundo trimestre de 2014 e não saiu até agora. Se a projeção para a variação do PIB do segundo trimestre estiver certa (-0,7%), a queda desde o pico terá sido próxima a 8%. A taxa de desemprego subiu quatro pontos percentuais no período. O clima, no entanto, está mudando. As sondagens com a indústria e o consumidor começam a mostrar uma volta importante da confiança, especialmente por conta de expectativas melhores no futuro. Os estoques na economia vêm recuando e os custos de produção estão menos pressionados. A perspectiva de uma política econômica mais estável e eficiente, que leve à queda da inflação e das taxas de juros, reforça a percepção de melhora na economia.
         O otimismo também contagiou o mercado financeiro. O Ibovespa subiu 30% este ano e a taxa de câmbio se valorizou quase 20%. O CDS spread, uma medida de risco-país, caiu pela metade, de 500 para menos de 300. É verdade que parte desse movimento foi global, após a sinalização dos bancos centrais do G-7 (especialmente o Fed) de políticas monetárias ainda mais expansionistas. Mas os ativos brasileiros apresentaram desempenho acima da média dos emergentes, por conta dos fatores domésticos. As contas públicas seguem deficitárias e o grau de alavancagem pública e privada ainda é elevado. Esta melhora da confiança e do ambiente de mercado é fundamental para a retomada da atividade. A confiança desperta o “espírito animal” dos agentes econômicos, que voltam a investir e consumir, fazendo a roda da economia girar. No entanto, a confiança não funciona como instrumento mágico, que, por si só, pode sustentar o crescimento.
         E como estão os fundamentos da economia brasileira? Em boa parte, de fato, melhores do que no passado recente. A taxa de câmbio está mais próxima de seu equilíbrio, o que permitiu o ajuste das contas externas. Os preços administrados se realinharam, e, depois de um período de alta, a inflação começa a recuar. O excesso de oferta gerado pela demanda artificialmente inflada vem sendo corrigido, ainda que com o penoso custo de demissões e fechamento de plantas e pontos comerciais. A política econômica parece mais coesa e mais alinhada com a busca da eficiência. O fundamental ajuste das contas públicas, no entanto, ainda está por vir. Não adianta uma nova equipe de bordo, motor mais potente, ajustes na aerodinâmica se persiste o rombo no casco do navio. O comprometimento da equipe econômica com o ajuste fiscal está claro, mas sabemos que o processo é longo e difícil. O limite para o crescimento dos gastos é importante, mas não basta. São necessárias medidas que tornem factível seu cumprimento. A lista é longa, começando pela reforma da Previdência, desvinculações, e passando por racionalização de gastos em diversas frentes. É preciso também equacionar as finanças de estados e municípios e de algumas empresas estatais.
         Há razões para o otimismo, mas é cedo para relaxar. As contas públicas seguem deficitárias e o grau de alavancagem pública e privada ainda é elevado. É fundamental que as reformas avancem para que a melhora da confiança se sustente e efetivamente impulsione a economia.”.

(CAIO MEGALE. Economista do Itaú Unibanco, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de agosto de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina e especialista em clínica médica e em medicina de família e comunidade, e que merece igualmente integral transcrição:

“Espiritualidade e saúde
        Os avanços advindos das observações e dos estudos realizados em várias partes do mundo têm demonstrado que a visão fragmentada do ser humano já não se sustenta, e precisa ser substituída por um olhar integral, que vê a pessoa como um todo. Isso tem a ver com a dignidade do ser humano e, com certeza, com a sua saúde. E é aqui que surge a necessidade de discutir sobre a importância da espiritualidade na saúde das pessoas.
         A Organização Mundial da Saúde (OMS), atenta a esses avanços, introduziu em 1998, em seu conceito de saúde, a dimensão espiritual. O conceito se ampliou e passou a ser “um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não meramente a ausência de doença”. No ano de 2002, a OMS, ao divulgar o conceito de cuidados paliativos, novamente destacou a preocupação com a dimensão espiritual.
         A palavra espiritualidade, entretanto, ganhou vários conceitos. Não há um consenso em relação a uma definição única. Muitos a confundem com religião ou religiosidade, que não são sinônimas de espiritualidade, embora possam alimentá-la e fortalece-la. A espiritualidade tem a ver com o “cultivo das coisas do espírito”, com os valores que estão no íntimo, no “interior do interior”, usando uma expressão do cantor mineiro Vander Lee, e que levam a redescobrir e a dar sentido àquilo que acontece no cotidiano da vida. Trata-se de um modo de ver e se posicionar diante das coisas, das pessoas, das questões relacionadas à existência. Cada pessoa, mesmo que não tenha se dado conta, tem a sua espiritualidade, que pode ser mais desenvolvida, mais madura, ou tímida e escondida.
         Lembro- de que em conversa com uma senhora, durante a atividade profissional, percebi quão interessantes e entusiasmadas eram as suas colocações, não obstante os seus problemas de saúde. Perguntei-lhe qual era o segredo para manter o entusiasmo e o bom astral. Ela me respondeu recitando, de forma firme e alegre, um texto de dom Helder Câmara: “É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca”.
         Escutei aquela senhora me falar sobre a fazia se encontrar com o significado das coisas, a lidar com as doenças e contratempos do cotidiano. Ao ouvi-la, pude constatar o que afirmam alguns estudos e observações dos profissionais de saúde: as pessoas que amam a vida e que, mesmo com os problemas do dia a dia, enfrentam paciente e esperançosamente as dificuldades, apresentam respostas melhores aos tratamentos e/ou conseguem lidar de forma mais tranquila com as doenças e agravos à saúde. Essas pessoas que mantêm uma relação amorosa com a existência e que se deixam conduzir por valores amadurecidos no coração, tais como solidariedade, alteridade, paciência, cuidado, atenção, acolhimento e fé, entre outros, são as que descobriram e desenvolveram a sua espiritualidade.
         Influenciada por diferentes motivações, o interesse pela espiritualidade cresce a cada dia. Nas discussões e nas produções científicas o tema ganha espaço e mobiliza as categorias profissionais. Entre os marcos históricos, podemos citar as pesquisas realizadas na década de 1960 pelos epidemiologistas George Comstock e Kay Partridge, da Universidade John Hopkins. Esses autores publicaram no Journal of Chronic Disease que as pessoas que apresentavam uma alta frequência a serviços religiosos mostravam taxas de mortalidade menores. A partir desse estudo, com recorte voltado para as práticas religiosas e outras dimensões da espiritualidade, surgiram outras pesquisas com enfoques e perspectivas diferentes, destacando a importância da espiritualidade e seus impactos na saúde e na qualidade de vida das pessoas.
         Não obstante as concepções divergentes sobre espiritualidade, é importante dizer que muitos estudos e artigos científicos têm destacado que as pessoas que têm um olhar mais abrangente e profundo em relação à vida e que, por isso, buscam um sentido e significado transcendente para o seu viver, tendem a lutar de forma mais leve com os seus problemas de saúde.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho a ainda estratosférica marca de 470,9% para um período de doze meses; e, em julho, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,74% e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 315,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        


    
  

          

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