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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LIÇÃO DE MARIANA E UMA LUZ PARA O BANCO MUNDIAL NA SUSTENTABILIDADE

“A tragédia humana e ambiental sem reparação
        A tragédia em Bento Rodrigues está completando dois anos sem medidas enérgicas para reparar os danos patrimoniais, a desarticulação do cotidiano dos flagelados e a destruição de expressiva parcela da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Como foi o maior desastre ambiental neste país, tornou-se o mais contundente registro da inércia administrativa, incúria da empresa responsável pela barragem e lentidão da Justiça. Infelizmente, o Estado brasileiro nunca demonstra agilidade para apurar os fatos e determinar ações necessárias para ressarcir logos os cidadãos e recuperar áreas afetadas por catástrofes. Além das 19 vítimas fatais, houve, nesse caso, a morte de muitos animais e vegetais, atingindo espécies marinhas até o santuário ecológico de Abrolhos, no oceano Atlântico. Mesmo assim, as sucatas espalham-se por todo lado, a lama tóxica mantém-se no solo, e os cursos d’água estão assoreados por metais pesados. Ainda não foram abertos espaços para que a natureza se recupere por sua própria força, recompondo fauna e flora. As famílias continuam em casas alugadas em Mariana, sem reposição de seu principal patrimônio. Muitos ribeirinhos não retomaram a pesca como atividade profissional e garantia de sua alimentação. A qualidade da água nas cidades é ruim.
         Os prejuízos às comunidades atingidas são imensuráveis, porque vão além das perdas materiais. Houve fragmentação da cosmologia do grupo que se integrava a seu torrão natal, interpretando o mundo a partir dele. Ele perdeu, irremediavelmente, sua história sedimentada naquela área, com a consistência das experiências vividas desde o nascimento e compartilhadas em todos os momentos de dor ou alegria. A incerteza obscurece o horizonte de todos, pois percebem que ficará cada dia mais difícil recuperar sua casa, seu trabalho e seu cotidiano em povoado bicentenário. Os flagelados sentem a falta da igreja, da escola, do quintal e das reservas hídricas sem poluição, a poucos passos da residência.
         É inacreditável que o segundo Estado brasileiro em população e o quarto em área territorial não se tenha mobilizado para resolver os graves problemas decorrentes do desastre ambiental em Bento Rodrigues. Além de sua inoperância, não cobra empenho da União, que se beneficia com o extrativismo mineral voltado para exportação, assegurando resultados positivos na balança comercial pela comercialização do minério de ferro. Exaure, então, Minas Gerais, desencadeando sérios problemas ambientais e socioeconômicos. O poder público prefere submeter-se aos interesses das empresas para movimentar a economia, deixando que elas reduzam custos na montagem da infraestrutura, no respeito às comunidades do entorno e na absorção dos princípios da sustentabilidade, porque elas querem garantir altos lucros em meio às flutuações do câmbio e aos humores do mercado internacional. Nenhum país desenvolvido admitiria esse descaso em relação à população e ao ambiente depois de uma tragédia dessa magnitude.”.

(Gilda de Castro. Antropóloga, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de novembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de PAULA CRUZ, doutoranda do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisadora do BRICS Policy Center, e que merece igualmente integral transcrição:

“Banco Mundial e a educação
        O relatório elaborado pelo Banco Mundial para o governo Temer é questionável em vários aspectos. No que toca à educação superior, o que se verifica é um malabarismo argumentativo, cujas recomendações tendem a criar novos problemas para o já deficitário sistema de educação superior brasileiro, além de não combater a desigualdade.
         Primeiro, o Brasil não tem gastado muito em educação superior, se comparado a outros países. No caso da OCDE, são esses que, em geral, têm reduzido vertiginosamente investimentos públicos na área. Isso tem sido altamente criticado, tendo, inclusive, sido relacionado ao suicídio de um professor no Reino Unido, em 2014. Há hoje nesses países uma séria discussão sobre os efeitos nocivos da redução de investimentos e paralela adoção de critérios de produtividade e eficiência gerencialistas sobre questões de saúde mental nas universidades. Ademais, no Brasil, o recente aumento de investimentos deve considerar o patamar inicial excessivamente baixo decorrente das políticas adotadas nos anos 90, contextualização também ausente no relatório.
         Quanto aos Brics, o relatório ignora o fato de que, diferentemente do Brasil, em vários desses países as universidades são instituições majoritariamente direcionadas às atividades de ensino, recebendo, portanto, pouco ou nenhum financiamento para atividades de pesquisa (que, aqui, absorvem a maior parte dos investimentos em educação superior). Ao lado de alguns institutos de pesquisa, no Brasil, são as universidades públicas as maiores responsáveis por produzir ciência e tecnologia, fatores essenciais para a geração de crescimento econômico sustentável. Reduzir ainda mais os investimentos já altamente defasados nessas instituições significa aprofundar a crise, criando dificuldades ainda maiores para a retomada do crescimento.
         Segundo, a desigualdade de acesso à educação superior não será superada nem sequer minimizada, com a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Ao contrário, a tendência é de aumento de uma massa de jovens altamente endividados, que, ao aumentar a demanda por contratação imediata, tende a diminuir os já extremamente baixos salários praticados no Brasil, gerando graves problemas sociais e econômicos. Os efeitos negativos de políticas como essas são cada vez mais reconhecidos nos EUA, como mostra o estudo de Goldrick-Rab, Paying the price: college costs, financial aid, and the betrayat of the american dream (2016), e os documentários Ivory Tower (2014) e Starving the Beast (2016).
         Historicamente, a cobrança de taxas no sistema público de educação superior foi justificada em países como os EUA como forma de cofinanciamento de um sistema em expansão. Ao contrário, o que se está propondo ao Brasil não é a expansão, mas a simples transferência de responsabilidade pelo pagamento dos custos atuais do sistema, ou seja, do financiamento que hoje é feito com os impostos já pagos pelos cidadãos para os bolsos individuais das famílias do estudante ou através do seu próprio endividamento. O relatório argumenta que isso seria justo, pois a maioria dos estudantes das universidades públicas brasileiras pertence à parcela 40% mais “rica” do país. O que o relatório, curiosamente, deixa de salientar é que, no Brasil, esses 40% mais "ricos" incluem todas as pessoas cuja renda familiar mensal é igual ou superior a R$ 1.356. Segundo o Datafolha (2013), apenas 30% das famílias brasileiras têm renda mensal superior a R$ 2.034 e, destas, apenas 9% ganham mais de R$ 3.390. Ao propor a criação de bolsas para os 40%, mais pobres, o relatório exclui da possibilidade de elegibilidade, portanto, todos os jovens da classe média intermediária e classe média baixa brasileira. Isso significa não uma maior inclusão, mas perda do direito à educação superior por uma parte considerável da população brasileira que, ao contrário do que o relatório leva a entender, não pode, em absoluto, ser considerada rica.
         A cobrança de mensalidade só poderia ser justificada se, além de acompanhada da ampliação do sistema, atingisse, de fato, as famílias mais ricas do Brasil, o que corresponderia a, no máximo, 14% da população. Porém, essa é uma política que o atual governo não tem se mostrado disposto a adotar. Como o próprio relatório reconhece, “certamente, há escopo para aumentar a tributação dos grupos de alta renda (por exemplo, por meio de impostos sobre a renda, patrimônio ou ganhos de capital) e reduzir a dependência dos tributos indiretos, que sobrecarregam os mais pobres. [Porém,] Tais medidas não são discutidas em detalhe neste relatório”. Cabe perguntar, então, em que momento o governo Temer irá recomendar ao Banco Mundial um relatório para tratar dos privilégios daqueles que realmente se beneficiam da estrutura aristocrática que, ainda hoje, prevalece no nosso país, em vez de buscar justificativas enganosas para um arrocho ainda mais violento sobre a população brasileira assalariada e um golpe inaceitável nos direitos básicos a ela assegurados pela nossa Constituição.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, democráticas, soberanas, educadas, civilizadas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro/2017 a ainda estratosférica marca de 337,94% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.





    

sexta-feira, 10 de junho de 2016

A CIDADANIA, OS FASCINANTES DESAFIOS DAS CIDADES INTELIGENTES E A TRAVESSIA PARA A SUSTENTABILIDADE

“Cidades cada vez mais inteligentes
        Nas cidades inteligentes, o cidadão e os serviços essenciais estão conectados; utilizam energia limpa; reaproveitam a água; tratam o lixo; compartilham produtos, serviços e espaços, se deslocam com facilidade e usufruem de serviços públicos de qualidade. Além disso, a cidade inteligente cria laços culturais que unem seus habitantes, propiciam desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida.
         Em busca do status de Smart City, cidades de todas as regiões do planeta irão investir entre US$ 930 bilhões e US$ 1,7 trilhão ao ano até 2025. Porém, mais do que investimentos, a cidade para ser inteligente necessita de iniciativas inteligentes dos poderes Executivo e Legislativo.
         A iniciativa privada tem se reunido em fóruns mundiais, como o Smart Business America, para apontar soluções e oportunidades de negócios no mercado das Smart Cities. Entre as adaptações, que seguem o desejo da população, estão a adoção de conceitos e tecnologias sustentáveis; inclusão urbana, ao contrário do isolamento das periferias; educação agregadora para evitar a radicalização; foco total na educação presencial e inclusiva até os 18 anos; e planejamento urbano que contemple os espaços para ensino e educação, que hoje não é apenas uma questão acadêmica.
         Com essas novas características, as cidades inteligentes terão um aumento da oferta de emprego nos setores públicos, de hospitalidade e, principalmente, da economia criativa, área que tem crescido exponencialmente, tendo como processo principal o ato criativo e resultando, entre outros, na transformação da cultura local em riqueza econômica.
         Essa evolução social e cultural promete gerar novos desejos, fazendo com que a cidade seja utilizada cada vez mais por prazer e promovendo ideais como inclusão, aproximação, conectividade, relacionamento e compartilhamento. O conceito aborda, também, a verticalização das cidades, com práticas sustentáveis e encurtando distâncias com soluções inteligentes de transporte, com o carro deixando de ser sonho de consumo; e uma transformação legislativa, que deverá possibilitar e encurtar caminhos para o desejo da maioria.
         As novas tecnologias vão permitir, ainda, que as pessoas possam trabalhar em casa, além de não precisarem se deslocar para adquirir o básico ou resolver problemas burocráticos. Não tem mais lógica as pessoas se dividirem, diariamente, entre dois ambientes (residencial e comercial). Assim como não existe lógica no horário comercial padrão. Por qual motivo a maioria das pessoas é obrigada a se deslocar nos mesmos horários? Veremos, em breve, o fim dos prédios comerciais como conhecemos. Já os prédios residenciais ganharão novos conceitos e funcionalidades.
         Fica claro que os próximos anos serão de transformações intensas nos grandes centros urbanos. O conceito das Smart Cities tem ganhado força em todos os continentes e, em breve, seus benefícios estarão presentes em nossas vidas. Em um ambiente cada vez mais degradado e com dicotomias religiosas e políticas, as cidades inteligentes, apostando na inclusão, em soluções compartilhadas e em serviços públicos eficazes, podem representar a oportunidade de viver numa sociedade ideal.”

(CARLOS SANDRINI. Arquiteto e urbanista, fundador e presidente do Centro Europeu, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de junho de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas, e que merece igualmente integral transcrição:

“O Brasil em travessia
        Tenho em minha mesa de trabalho uma estatueta da Vitória de Samotrácia. É a réplica que se encontra no Museu do Louvre e chama a atenção por lhe faltarem a cabeça e os braços. Perguntam-me por que a preservo e respondo: ‘Para que eu não me esqueça de que a vitória nunca é completa’.
         Muita gente vive hoje no Brasil a sensação da vitória incompleta. O presidente Temer, em seus primeiros atos, errou aqui; acertou ali. Nossa estatueta da vitória terá perdido um ou dois dedos. Venhamos que tenha perdido uma das mãos. Mas agora é de um Brasil sendo esculpido que falamos. Convém termos consciência da encruzilhada em que estamos, no momento em que esta obra se inicia, para entendermos que a prudência é atitude crucial nesta travessia. Cabe, bem aqui, nos ancorarmos em um fato decisivo para a formação dos Estados Unidos: a atitude de Benjamin Franklin, no momento da aprovação da Constituição americana, em 1787. Ele não tinha menos incertezas sobre o momento do qual era protagonista do que temos agora, nós que temos que nos entender como protagonistas da reconstrução do Brasil: “Tenho que confessar que não estou inteiramente de acordo com esta Constituição no momento e, senhores, não tenho certeza de que eu a aprove inteiramente um dia”. Em seguida, o líder da criação da nação americana toma sua decisão: “Tenho que concordar com esta Constituição com todas as suas falhas porque acho que um governo geral é necessário para nós, e não existe forma de governo, quando bem administrado, que não seja uma bênção para o seu povo (...) Tentem junto comigo, nesta ocasião, duvidar de sua própria infalibilidade e, para manifestar nossa unanimidade, coloquem seu nome neste instrumento”.
         O governo Temer, com as suas falhas, é o que temos. Nós o constituímos, por meio de nossos representantes, para realizar aquilo que tantos gritaram e sobre o que tantos escreveram: “Mudar o Brasil”. Falamos tanto que o instrumento que defendíamos para mudar o Brasil não era um golpe e não vamos cometer o erro de querer que esta mudança seja feita como se faz um golpe: na pancada. Ao anunciarmos o posicionamento da ACMinas a favor do impeachment salientamos que apoiávamos o impeachment como ato saneador (portanto, urgente) cuja ação subsequente (de médio e longo prazo) deveria ser eficaz o suficiente para causar uma mudança salutar no organismo da nação. A prudência, à qual me referi acima, se expressa nessa etapa como a percepção do agora. O que precisa e o que pode ser feito já. Nesse sentido, o presidente Temer transmite uma atitude animadora: revela ter consciência de que, literalmente, precisa lançar mãos à obra. Agindo, assim, revela-se o “presidente do agora”. Essa atitude salta à vista em sua obstinação com o ganho do poder de articulação que irá lhe trazer governabilidade. Agilidade, articulação e governabilidade formam a trilogia que deve comandar essa travessia. A primeira ação a ser empreendida com a força dessa trilogia é a retomada de confiança na economia. Façanha que para ser realizada vai exigir um passo à frente por parte dos dois atores que até há pouco não se entendiam: o Legislativo e o Executivo. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) anunciada pelo ministro Meirelles, da Fazenda, estabelecendo um teto para as despesas públicas, pode abrir a temporada de medidas eficazes para uma travessia bem feita.
         Aonde vai levar essa travessia que o Brasil empreende? Eu diria: ao novo, naturalmente. Uma comoção nacional do porte daquela verificada entre março e junho de 2016, seguida da concertação que já reanima as decisões empresariais, não pode conduzir ao mesmo lugar. Fala-se tanto nas manifestações das ruas. Será imperdoável se for esquecido que a voz das ruas pede o novo. Novo modelo de país, novas e boas práticas de gestão, novo estilo de homens públicos. Seria muito esperar isso de temer. O respeitado doutor e professor de direito constitucional, político experiente e conciliador não tem como atuar fora do contexto em que se criou e se desenvolveu. Assim como não se espere, do governo, o novo. O próprio arcabouço do governo estabelece limites ao novo. A erradicação do atraso virá de propostas da sociedade e do associativismo, intervindo na criação de políticas públicas e monitorando sua implementação.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...