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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA CULTURA ORGANIZACIONAL NAS EMPRESAS E AS GRAVES EXIGÊNCIAS DA MODERNIDADE DAS ESCOLAS NA SUSTENTABILIDADE


“Importância da cultura organizacional nas empresas
        As transformações do século XXI, cada vez mais aceleradas e impactantes, têm pressionado as empresas a se adaptarem a novos cenários para se manterem competitivas e relevantes. Em busca de alcançar esses objetivos, novos modelos de organização interna, voltados para o crescimento da mentalidade de que o trabalho deve ser um local prazeroso e coeso, são colocados em prática.
         A principal forma de trabalhar os costumes é por meio da cultura organizacional, que consiste no conjunto de hábitos e valores que regem as ações do cotidiano. Ela funciona como uma diretriz para guiar o comportamento e a mentalidade dos colaboradores de uma empresa. Por se tratar de um conceito bastante abrangente, é preciso defini-lo. Para isso, é necessário reunir um sistema de valores compartilhados que orientem a rotina de todas as equipes, contendo normas, princípios e expectativas. O material criado precisa estar bem estabelecido e coerente com as atividades do dia a dia.
         Esses aspectos definidos são capazes de consolidar a instituição. Dessa forma, uma cultura organizacional forte e bem precisa consegue influenciar a forma como os profissionais se relacionam entre si e com os clientes, proporcionando um entendimento da personalidade da empresa, que qualifica uma identidade e o compartilhamento de seus valores. Isso fortalecerá a produtividade, o ambiente de trabalho e, por consequência, os resultados.
         O grande caso de sucesso de uma cultura corporativa bem trabalhada é da multinacional norte-americana Google. Uma das principais marcas do mundo atribui grande parte do seu sucesso ao desenvolvimento da gestão de seus colaboradores. Conhecida por ter uma atmosfera casual e democrática, o ambiente é aberto e propício para que os funcionários possam expressar suas opiniões e ideias, de forma a amenizar as relações de poder entre as hierarquias.
         A empresa aplica suas crenças e condutas desde o processo de contratação, no qual busca pessoas alinhadas com o discurso da companhia. Guiados pela inovação, os valores e as missões são claros e de conhecimento de todos, o que impulsiona a criação e a dá propósito ao trabalho. O jeito Google de ser criou uma identidade, que é exportada para seus clientes e induz a percepção que eles têm sobre a marca e reflete nos rendimentos.
         A criação e a implementação da cultura organizacional são essenciais para a construção de uma marca e de diretrizes para a rotina de trabalho. Para que esses valores funcionem, é importante que esteja bem difundido entre todos os colaboradores e que o discurso e a prática sejam coerentes. A cultura forte e bem-definida é capaz de estruturar a companhia, traçando o rumo e os objetivos que deseja alcançar, o que vai influenciar diretamente nos resultados.”.

(Matheus Vieira Campos. Coordenador regional da Câmara Americana de Comércio de Belo Horizonte (Amcham_BH), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 25 de janeiro de 2020, caderno OPINIÃO, página 13).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de setembro de 2018, mesmo caderno, página 9, de autoria de EUDÁSIO CAVALCANTE MELO, professor, graduado em filosofia, pós-graduado em história, psicopedagogia, gestão educacional e mídias na educação, e que merece igualmente integral transcrição:

“Política, educação e modernidade
        Ao acompanharmos o desfecho de recentes acontecimentos na política nacional, fica evidente a pouca consciência política dos nossos representantes quanto à gestão pública, ou seja, uma política cristalizada em velhas ações e conceitos ultrapassados com relação às novas demandas da sociedade moderna.
         Pode parecer desalentador às pessoas que têm postura ética. Não é por acaso que a sociedade moderna está desnorteada, diante desse volume incontrolável de mudanças que a obriga a pensar e a construir novos paradigmas. E que a força a rever alguns conceitos e valores construídos ao longo desses últimos séculos, que deram sustentação a um modelo sóciopolítico e econômico que tem sofrido sérias rachaduras na sua estrutura vital.
         Quando falamos de mudanças na história, vêm logo à mente fatos importantes que deram rumos novos e significativos à vida das pessoas que compõem as diferentes culturas mundo afora. Mudanças provocadas em função das exigências circunstanciais de cada povo, ocorridas ora de forma pacífica, ora de forma violenta. O que nos leva a afirmar que as mudanças são necessidades inerentes à própria condição humana.
         Se retomarmos a história, na Grécia antiga, encontramos uma ideia de participação coletiva onde o homem era considerado como ser essencialmente político. Todas suas ações giravam em torno de um único interesse: o bem-estar e felicidade de um coletivo calcada numa prática sustentada por ações virtuosas, qual seja, a prática do bem. A democracia, neste modelo político grego, tinha como fundamento a ética.
         Transpondo esta ideia de democracia para nossa realidade moderna e contemporânea, não será difícil admitir e entender que vivemos numa sociedade bem mais complexa na sua constituição cultural. Mas, afinal, o que caracteriza a política, hoje? Nossa prática política é egocêntrica – uma política do eu para mim mesmo.
         Não podemos, porém, perder a esperança de sermos representados por pessoas dignamente políticas. Se isso se tornar realidade, poderemos, quem sabe, pensar num país cuja democracia seja diluída em possíveis promessas de oportunidade para todos, em que a qualidade de vida não se restrinja a uns poucos, mas que tenhamos uma população orgulhosa de viver neste Brasil. E que esse reflexo de bem-estar comece nas famílias, passe pelas escolas e se estenda a todos, em nome no interesse comum.
         Esse sonho se tornará realidade se construirmos uma consciência do nosso compromisso como cidadãos e cidadãs comprometidos com nossas escolhas vitais. Essa esperança e esse sonho passam pela educação. Assim podemos afirmar, porque uma das características do mundo contemporâneo é o dinamismo exigido na forma de interatividade. Estamos vivendo experiências novas a todo momento. E quando nos referimos ao novo como resultado da evolução e explosão tecnológica não podemos deixar de lado a escola como espaço que exige, de forma constante, práticas que atendam às necessidades, desafios e demandas que o mundo moderno contemporâneo nos impõe. Tudo em vista da formação do cidadão e da cidadã que carrega em si, potencialmente, o desejo de mudar e de ser diferente dentro de um universo escolar que insiste em não querer enxergar, muito menos construir perspectivas nesse sentido.
         Trazer a modernidade para as escolas não tem sido uma tarefa tão fácil, pois as mudanças que precisam ocorrer dentro das instituições escolares devem passar pelo crivo particular de cada pessoa que faz parte da comunidade escolar. Ou seja, a escola não muda se as pessoas que fazem parte dela não estiverem dispostas a mudar. Portanto, educar dentro desse novo olhar moderno e contemporâneo é, simplesmente, criar possibilidades, oferecendo, assim, condições aos alunos de se tornarem atores protagonistas da sua própria aprendizagem, com olhares atentos para um futuro calcado em bases sólidas e consistentes em experiências mais humanas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a ainda estratosférica marca de 318,85% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 302,48%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



sexta-feira, 7 de junho de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS NOVOS E DESAFIANTES HORIZONTES DA TECNOLOGIA E A LUZ DAS HISTÓRICAS TRANSFORMAÇÕES DA ESCOLA NA SUSTENTABILIDADE


“Até onde irá a tecnologia?
        A velocidade da evolução tecnológica que vivemos hoje é espantosa. A impressão é que esse crescimento exponencial não terá fim, dada a diversidade de aplicações e as crescentes demandas que surgem a cada momento.
         Do uso militar à mobilidade, os softwares, sistemas e aplicativos vêm melhorando a performance do que podemos chamar de hardwares tradicionais, vide o caso de – hoje grandes – empresas como Uber, Airbnb, Trivago e Yellow. Hoje, os carros são compartilhados e utilizados de uma forma totalmente diferente de 10 anos atrás; apartamentos e casa concorrem com hotéis por hóspedes; a antiga loja de bicicletas não vende tantas bicicletas como antigamente porque em praticamente toda esquina você encontra uma compartilhável.
         Não enxergamos claramente o que vem primeiro. É a mudança dos hábitos que direciona as tecnologias ou são as novas tecnologias que mudam os nossos hábitos? Há cinco anos, por exemplo, eu não me imaginava viver sem carro. Há três anos, vivo muito feliz sem esse “estorvo” na minha vida. Essa mudança de hábito e cultura, já que fui doutrinado desde pequeno a ter um belo carro, só foi possível graças às evoluções tecnológicas.
         Estamos vivendo uma transformação da sociedade de consumo, no que tange à obtenção de bens, transformação que permeia todas as camadas da sociedade e todos os segmentos da economia. A relação “ter X usar” nunca foi tão pensada e aplicada. O uso e a qualidade da experiência do usuário hoje têm mais apelo do que o simples fato dele possuir algo.
         Essa transformação não é diferente no mercado imobiliário, um segmento até então ultraconservador e, diga-se de passagem, de baixíssima evolução tecnológica no Brasil. Hoje, um grande incorporador ou construtor é uma espécie de vendedor/fabricante de hardwares antiquados, robustos e quase sempre incapazes de se adequar às velozes evoluções que estamos vivendo.
         As mudanças de hábitos, norteados ou não pelas tecnologias, começam a transformar a forma de conceber os edifícios e a cidade. Como sou arquiteto e respondo pela concepção, viabilidade e projeto de vários empreendimentos pela cidade, vejo constantemente a necessidade de transformação do segmento que impacta totalmente a criação de um produto imobiliário.
         Em relação ao carro, à vaga e aos estacionamentos, por exemplo, além da mudança de comportamento, os custos da área construída e a menor pressão dos compradores e locatários por um número grande de vagas nos edifícios e locais públicos mudaram as relações dos construtores. Há também mais bicicletas e patinetes nas ruas, ciclovias e maior uso de transporte coletivo.
         Sobre a relação Compartilhar X Usar X Ter, destaco aspectos como lavanderia, academia e equipamentos como quadras, sauna e piscinas, já que os empreendimentos começaram a migrar para o modelo de espaços compartilhados ou mesmo para operações comerciais nos embasamentos dos empreendimentos. Ninguém mais quer arcar com a ociosidade e manutenção e as pessoas preferem pagar pelo uso, buscando custos fixos menores.
         Além disso, as pessoas têm preferido viver e trabalhar de forma compacta, com acesso à infraestrutura urbana, áreas menores e otimizadas com o intuito de baratear o custo das unidades. Os produtos comerciais também estão sofrendo profundas transformações com grandes torres corporativas perdendo espaço na preferencia para os escritórios compartilhados.
         Enfim, ainda assim, o modo de vida humano, ao longo de milênios, pouco evoluiu nos aspectos do abrigo, da morada. Há sempre o foco na questão de determinar ambientes, para determinados usos e seus produtos, com seus utensílios específicos e uma gama enorme de “coisas”. O que quis mostrar é que estamos entrando em uma era em que essas “coisas” já não têm tanto valor. O que terá grande significância daqui para frente será o uso e as experiências e os ambientes serão suportes transitórios para isso.”.

(ALEXANDRE NAGAZAWA. Arquiteto urbanista, sócio-diretor da Bloc Arquitetura, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de maio de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de maio de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de EUDÁSIO CAVALCANTE MELO, professor, graduado em filosofia e pós-graduado em história, psicopedagogia, gestão educacional e médias na educação, e que merece igualmente integral transcrição:

“A educação pela história
        Para entendermos um pouco o sentido da educação, gostaria de iniciar este artigo levantando uma questão um tanto instigante: nascemos humanos ou nos tornamos humanos? Somos seres pré-determinados ou nos determinamos ao longo da vida? Existem defensores de ambas as teses. As respostas giram em torno da ideia de que ora fazemos parte de um projeto pensado por um ser superior definido previamente, ora somos resultado de um projeto pensado e construído na individualidade de cada pessoa, como teorizam os existencialistas. Quis aqui apenas fazer uma provocação, mas não é este o propósito inicial para a produção deste artigo, e sim o de entendermos o ser humano como resultado de um processo formativo que chamamos de educação, e esse processo ocorreu antes e ocorre hoje de forma intencional dentro das diferentes comunidades humanas de acordo com sua organização sociopolítica e econômica.
         Entre as civilizações antigas, nessa perspectiva, podemos destacar a civilização grega, que com a sua Paideia revolucionou a educação. Nasce a filosofia, que destaca a importância do conhecimento na condução da vida humana. Aqui encontramos as primeiras academias como forma embrionária do que hoje conhecemos como escola. E também os primeiros grupos humanos que se reuniam em defesa de uma ideia ou de uma causa, que tiveram como referências nada mais, nada menos educadores como Sócrates, Plantão, Aristóteles e tantos outros. A partir desses referenciais a construção de uma única ideia: preparar o ser humano para a vida como condição norteadora na condução do exercício da cidadania.
         Continuando com esta viagem educativa, uma breve parada na medievalidade da história. A educação então apresenta um formato diferente, novo ingrediente: o pensamento cristão. O homem recebe uma formação cujo princípio fundamental era a obediência àquilo que a Igreja, como representante do poder divino, pregava. Uma sociedade cuja preocupação maior era a salvação da alma. A classe intelectual, na sua maioria, bem como toda a produção do conhecimento, estava sob o controle da Igreja Católica. O pensar independente torna-se algo perigoso.
         Mas é dentro desse contexto que surgem as primeiras universidades, sob a coordenação e vigilância da Igreja. A questão continua: mais fé ou mais razão? Uma grande tempestade intelectual está prestes a acontecer. A Terra perde o seu trono e o Sol assume de forma soberana a centralidade universal. Uma nova visão de mundo emergente. A razão volta a ocupar lugar de destaque na produção do conhecimento. Nasce a ciência como resultado do domínio humano sobre a natureza.
         Um novo mundo, nova história. Academia, liceu, escola tradicional, profissionalizante, técnica, tecnológica. Essas são faces diferentes da educação em seu percurso histórico. A escola contemporânea está inserida numa grande explosão tecnológica/revolucionária que mudou o rumo da humanidade. Com os instrumentos da nova cultura tecnológica, o homem é mais máquina, menos homem.
         Na educação, mudanças significativas. A princípio, a impressão de mudança de foco; algumas escolas têm preocupação exacerbada em manter uma estatística elevada com relação ao índice de aprovação, em detrimento da formação humana mais consistente que prepare melhor o aluno para a vida. Uma nova relação entre professor/aluno dá um tom diferente no processo ensino/aprendizagem, instituindo-se uma horizontalidade, sobretudo no desenvolvimento e fortalecimento da ideia do protagonismo do aluno na aprendizagem, o que é muito positivo. Há uma maior aproximação entre gestores com os demais segmentos da comunidade escolar.
         Porém, dentro desse quadro desafiante, a escola não pode perder a sua autonomia, ainda que precise dar autonomia àqueles que colaboram para a sua sobrevivência dentro dessa nova realidade. A escola, porém, não pode permitir que vozes exteriores a ela ditem normas de como deve ser conduzido o processo educativo com verbos conjugados na primeira pessoa, mas, sim, criar possibilidades para que o nós prevaleça sempre.
         A escola moderna deve exercer o papel de condutora e não de controladora no processo ensino/aprendizagem, bem como deve provocar mudanças necessárias em vista da contribuição de novos paradigmas que lhe dê sustentabilidade na missão de educar. Com pessoas livres e conscientes de que a verdadeira educação acontece quando todos os segmentos convergem para um único ponto: o futuro do ser humano. Portanto, educar é gerar provocação que resultará num movimento de expansão intelectual. Se a nossa prática, através da nossa fala, não provocar esse movimento, a nossa fala será vazia e estéril.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 298,57% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 323,31%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,94%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



   
   




quarta-feira, 13 de junho de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TECNOLOGIA DIGITAL NA NOVA ESCOLA E A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DOS GOVERNOS NA SUSTENTABILIDADE


“Tecnologia: virada na história cultural da humanidade
        O que mais nos impressiona numa leitura sobre a evolução do homem é a capacidade de criar, como forma de adaptação, diante dos desafios ao longo da história. Das ferramentas criadas a novos modos de pensar a vida, de pensar o próprio mundo. Na medida em que os grupos foram crescendo, foi sendo instituída uma complexidade nas relações sociais. E quando se pensa nessas relações, não podemos deixar de abordar a questão da educação como necessidade inerente à conservação da própria cultura. Toda criação humana é convergente.
         Entre as várias criações humanas, e aqui haveria milhares a citar, podemos dar destaque especial à tecnologia digital, a criação do computador. Num primeiro momento, para uso restrito, mas que diante de um novo quadro e contexto social contemporâneo atingiu dimensões para a própria surpresa humana. Essa tecnologia contribuiu para que se instituísse nova concepção de mundo, nova visão de homem. Através das redes, o homem transforma o mundo e transforma-se.
         Com esse avanço, o que ficou mais evidente foi a capacidade humana de se comunicar, de aproximar, de criar convergências. Como em toda mudança, há aspectos negativos e positivos. Porém, o que é mais importante e necessário realçar é que nesse novo contexto a concepção de mundo muda de forma assustadora, bem como as pessoas criam formas diferentes para se relacionar utilizando diferentes mídias. Entre essas, destaque à telefonia móvel. O celular, que num primeiro momento teve a função de facilitar a vida das pessoas, possibilitando a comunicação em mobilidade, hoje congrega recursos diferentes e diversificados, o que deu condição ao homem de ampliar as suas relações sociais através das diversas redes instituídas com a chegada da internet.
         Essas transformações provocadas pela tecnologia digital também foram sentidas na educação. As relações também foram afetadas. O espaço escolar já não é o mesmo. Podemos fazer uma distinção entre uma escola conectada e uma escola desconectada – aquela faz parte de um grande universo ligado via satélite, enquanto esta reduziu o seu universo ao próprio espaço da escola. As duas falam linguagens diferentes porque o acesso ao conhecimento ocorre por vias diferentes. Contudo, de uma forma geral, as escolas estão interligadas, o que tem provocado mudanças drásticas no processo de ensino/aprendizagem. O que na verdade aconteceu, com a chegada da tecnologia às escolas, foram alguns deslocamentos na forma de ensinar.
         Dentro desse novo contexto, professores e alunos, por exemplo, passam a ser parceiros que se movimentam juntos na construção de uma educação que favoreça o pensar o mundo de uma forma mais crítica, em que o conhecimento é construído – e não oferecido pronto. Essa nova parceria deve ter como aliada fundamental a tecnologia. Esta deve ser meio, e não o fim dentro desse novo processo educacional. Uma escola aparelhada tecnologicamente é uma escola comprometida com a nova realidade que se apresenta, e que aponta em direção a uma nova era que se renova a cada instante e que exige de todo o corpo escolar um comprometimento com o futuro de uma sociedade educada e sustentada por pilares amparados na consciência de que a pesquisa será o caminho mais seguro e efetivo para se conhecer melhor a si mesmo e ao mundo que nos cerca. E a educação o único caminho que provoca a libertação do homem na busca pelo conhecimento.”.

(EUDÁSIO CAVALCANTE MELO. Professor graduado em filosofia e pós-graduado em história, psicopedagogia, gestão educacional e mídias na educação, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de junho de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 8 de junho de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Governos e ‘desgovernos’
        A vida de um povo depende muito da maneira como seus representantes e dirigentes governam, mas determinante é a força da participação cidadã nos rumos de seu país. Pode-se dizer que os sucessos de uma administração, ou o seu oposto, os “desgovernos”, são também de responsabilidade de todos os cidadãos. Afinal, cada pessoa é responsável por acompanhar, fiscalizar e contribuir com as ações de seus representantes. Essa participação do povo é processo complexo, pois exige investimentos educativos e culturais, para que as atitudes cidadãs sejam pertinentes e capazes de incidir nos processos de gestão. Uma qualificada participação popular não pode ser confundida com as configurações ideológico-partidárias que, não raramente, limitam-se à proliferação confusa de siglas, de conceitos equivocados sobre a realidade, com atitudes que beneficiam pequenos grupos, alimentando esquemas de corrupção que tanto prejudicam o bem comum.
         A qualificada participação popular relaciona-se à profunda compreensão dos próprios direitos e deveres. Alicerça-se no reconhecimento da dignidade de todos. É incontestável a força que está no povo, capaz de promover grandes transformações, principalmente quando investimentos educativos enriquecem o tecido cultural de uma população. A cultura pode permitir ao povo estabelecer dinâmicas marcadas pela solidariedade, respeito mútuo e por um fecundo sentido de objetividade. Consequentemente, reconhece-se o valor da vida e são reduzidos os índices de violência, por exemplo. Eis, pois, uma verdade: são necessários investimentos em processos educacionais para uma eficaz participação popular. E diante dessa verdade, causa particular preocupação o comprometido estado da educação na sociedade brasileira.
         Além do espantoso número de jovens que não têm a oportunidade de ingressar nos processos da educação formal, é alarmante a quantidade dos que já abandonaram as salas de aula. Percebe-se que o mundo da educação é um dos que são mais impactados pelos “desgovernos”, com pessoas despreparadas ocupando cargos de gestão. Mesmo diante de graves erros, insistem nos equívocos, preocupando-se apenas com a manutenção do próprio cargo. A incompetência, aliada à falta de capacidade para uma autocrítica, produz passivos. Corroem não apenas os funcionamentos institucionais, mas também causam um vício – a síndrome da desconexão. O sintoma é a incapacidade para enxergar os males que certos processos causam na vida de organizações e indivíduos.
         A cura para esse mal não é simples, demanda muito tempo. Por isso, instituições, não raramente, contam, em seus quadros, com profissionais de sólida formação conceitual e acadêmica, mas incapazes de exercerem bem as suas atribuições. Desconectados da realidade, permanecem presos ao egoísmo, atuam de modo descompromissado com o bem comum. Por isso, as metas não são alcançadas e as soluções para os problemas nunca são encontradas. No lugar da inventividade e da inovação, contentam-se com a própria mediocridade.
         Assim os “desgovernos” são consolidados. A sociedade torna-se mais complacente com os medianos, e até se assusta quando surge alguém capaz de propor algo novo. A incompetência que se generaliza faz com que muitos passem a tratá-la como algo natural. E as terríveis consequências manifestam-se em diferentes âmbitos, a exemplo do campo político. O exercício da política, que deveria ser entendido como ação solidária, passa a ser percebido com desconfiança e rejeição. As pessoas se distanciam da tarefa de escolher bem seus candidatos, postura que é fruto dos “desgovernos” e, ao mesmo tempo, contribui para gerá-los. É importante reconhecer que a mudança social almejada depende da adequada escolha dos nomes que representarão o povo nos próximos anos. E isso depende da participação cidadã mais efetiva, do investimento nos processos educativos e culturais que consolidem atitudes orientadas pela solidariedade.
         Na contramão da qualificada participação do povo estão os descompassos gerados em muitos lugares, inclusive nas redes sociais. No ambiente digital, por exemplo, em vez de se aproveitarem as oportunidades da tecnologia para criar conexões e formatar novos costumes, são propagados infrutíferos ataques pessoais. Ora, para se construir uma sociedade melhor é preciso que todos caminhem juntos, vencendo as diferentes formas de egoísmo. Isso significa abandonar radicalismos e a indiferença diante da exclusão social. Esses males atrapalham a qualificada participação cidadã e o povo precisa combatê-los. Assim se encontrará lucidez para superar os “desgovernos” e, com a participação de todos, efetivar governos que priorizem a promoção do bem, da justiça e da paz.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 331,57% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 320,96%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,76%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.