quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

 A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DAS ESCOLAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES REDENTORAS DAS FUNÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA SUSTENTABILIDADE

“As crianças não votaram

        Os governos da Europa e dos EUA parecem perdidos diante da nova alta de casos de coronavírus.

         Pressionados por uma sociedade exausta e revoltada, eles respondem de forma errática e caótica. Protestos violentos contra o confinamento tomaram conta de quase todas as capitais.

         Porém, um consenso predomina: a necessidade de proteger a educação. Os estabelecimentos escolares, sobretudo para crianças com idades abaixo de oito anos, devem continuar abertos a qualquer custo.

         Além das vantagens evidentes para os alunos, a manutenção da atividade escolar oferece importantes vantagens econômicas, pois liberam os pais – principalmente as mulheres – para o mercado de trabalho.

         Ela também traz benefícios logísticos: o incentivo para a fuga da população urbana para o interior diminui consideravelmente, com impacto positivo no controle da disseminação do vírus.

         A medida tem como base os últimos estudos científicos: está demonstrada, até para os leigos, a baixa transmissibilidade dos estabelecimentos escolares. Países africanos e asiáticos estão seguindo o caminho dos países desenvolvidos, apesar das limitações de infraestrutura. A América Latina parece cada vez mais uma exceção a uma tendência global.

         No Brasil, o deboche da crise sanitária é diretamente imputável ao comportamento irresponsável do presidente da República, mas o descaso com a educação ultrapassa o governo federal. O debate sobre a reabertura das escolas segue refém da polarização política.

         Os candidatos que prezam pela ciência sequer tentaram evoluir na abordagem da questão escolar. Os críticos das medidas de proteção, que aplaudiram as carreatas a favor da abertura do comércio, jamais mostraram interesse pelo assunto.

         A ideia justa de que os adultos, e não as crianças, deveriam assumir o fardo do isolamento em caso de segunda onda foi tratada como um suicídio eleitoral. O sacrifício da educação no altor do consumo acabou ratificado pela sociedade durante a campanha municipal.

         As consequências estão à vista: nos meses que precederam as eleições, os governantes desperdiçaram a última chance de tentar uma reabertura segura dos estabelecimentos escolares em condições epidemiológicas minimamente favoráveis. Eles condenaram uma grande parte das crianças brasileiras a ficar em casa pelo até o começo da campanha da vacinação, agendada para meados do próximo ano.

         Essa infelicidade traz dois desafios para os novos prefeitos. O primeiro é preparar o traumático processo de reinserção dos alunos, que terá implicações cognitivas, psicológicas, nutricionais e, claro, pedagógicas. O segundo desafio passa pela constatação de que milhares de crianças perderam a janela de oportunidade para assimilar conceitos elementares, indispensáveis para a alfabetização.

         Nada disso começou a ser discutido fora dos círculos de especialistas. A tragédia escolar pós-pandemia continua sendo tratada como um vulgar regresso de férias. Na indiferença quase generalizada, o Brasil está vendo emergir a primeira geração de analfabetos da era democrática.”.

(Mathias Alencastro. Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e doutor em ciência política pela Universidade de Oxford (Inglaterra), em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 30 de novembro de 2020, caderno mundo, página 1).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 14 de dezembro de 2020, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“O Ministério Público e sua importância vital

        Fui convidado para a posse, realizada na sexta-feira última, do novo procurador geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior.

         O evento transcorreu dentro das recomendações sanitárias de distanciamento, uso irrepreensível de máscaras e álcool em gel.

         A cerimônia durou apenas uma hora. Todos os discursos foram inquestionavelmente concisos, sem divagações, e essenciais.

         O mais extenso, como recomenda o protocolo, foi do próprio PGJ, Jarbas Soares Júnior.

         Afinal, todos os participantes e aqueles que assistiam pela Rede Minas mereciam conhecer o que pensa e propõe realizar o PGJ, no importantíssimo cargo que exercerá nos próximos dois anos, até dezembro de 2022, quando o atual governador, reeleito ou não, escolherá manter o PGJ no cargo para mais dois anos ou substituí-lo. De regra, a confirmação se repetiu nos últimos mandatos, fazendo com que o cargo se estendesse a uma missão de quatro anos.

         As palavras do novo procurador geral foram exemplares, disse o que todos os bem-intencionados cidadãos de Minas gostariam de ouvir. Mostrou sentir-se responsável pelo bem do Estado e disposto a defendê-lo, de todas as formas à sua disposição.

         Acenou, como fez em entrevista ao jornal O TEMPO publicada na última terça-feira, 8 de dezembro, descer fundo nas investigações. Poderia entender-se como a abertura de uma Lava Jato de Minas, que passasse a limpo as suspeitas de fraudes e de desvios em várias obras e contratos lesivos ao erário.

         Suspeitas de irregularidades, fraudes no Estado, prefeituras, autarquias e sociedades de capital misto, como Cemig, Copasa e Codemig, abundam e repousam numa quietude imerecida.

         Existe um território imenso, que, se for levado a termo, poderá fazer a diferença entre entes fraudulentamente quebrados e outros recuperados com a anulação de dívidas e até recuperação de desvios do passado. Trata-se de dezenas de bilhões que estão nas gavetas pela omissão generalizada, pela falta de apetite, que precisam ser reviradas.

         Os maiores precatórios e indenizações constituídos contra municípios apresentam fraudes mirabolantes e fabricadas pela participação de mandatários e funcionários públicos infiéis e sociedades historicamente envolvidos em fraudes de dimensões mundiais.

         Cabe ao Ministério Público recuperar valores desviados com dolo, como fez a operação Lava Jato, que em desfavor do erário se tornam imprescritíveis.

         A questão não é desprezível, algo fundamental, e até irrenunciável, por parte do Estado e de sua população. São valores quantificáveis, em todas as suas estratificações estaduais e municipais, de dezenas de bilhões de reais com as quais pode se erguer uma nova realidade em benefício de todos.

         Existem, também, em discussão, indenizações pela devastação do patrimônio ambiental do Estado, provocada por mineradoras, superior a R$ 50 bilhões; mais ainda, acordos indenizatórios, nunca executados, pela subsidiária da Vale, a VLI, em valores atualizados de R$ 3 bilhões. Adentrando-se nos maiores precatórios dos municípios, encontrar-se-ão dezenas de bilhões consolidados pela omissão ou direta participação dos agentes públicos, ainda superfaturamento das maiores obras públicas, invariavelmente concedidas às mesmas empresas investigadas pela Lava Jato.

         Somando-se tudo, encontra-se um acervo podre de ações indenizatórias que uma atuação destemida e eficiente do MP poderá reconduzir bilhões ao erário, que podem ser tão importantes quanto os próprios acordos do Estado com a União na renegociação da dívida pública. Ainda tem a constituição de ônus para as Previdências municipal e estadual fraudadas, somando dívidas bilionárias.

         O MPMG está realmente assoberbado e desaparelhado, circunstância que requer medidas excepcionais, como poderia ser um investimento na contratação de empresas de auditoria independentes, que atuem sob o controle do próprio MP, e remuneradas com parte dos recursos recuperados. A devassa de precatórios, das maiores dívidas e contratos públicos, indisfarçadamente marcada por coincidências atípicas, deve ocorrer pelo bem do Estado.

         A investigação das relações tentaculares de algumas empresas a “delinquere” com o Estado merece uma força-tarefa como a Lava Jato teve, conseguindo recuperações de enorme importância.

         Lembremos o gênio Arquimedes, que no campo da física descobriu o princípio da alavanca, cuja citação é: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio, e eu moverei o mundo”. Desafiado pelo rei de Siracusa, sua cidade natal, ele conseguiu mover um navio carregado e cheio de gente, girando uma alavanca com apenas uma mão. Podemos dizer, assim, “dê ao MP condições reais de atuação, que o Estado será saneado, para proveito de sua população, especialmente aquela que mais aguarda atenção e respeito”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a estratosférica marca de 317,48% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 112,91%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

  

 

          

        

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