segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ARTE NAS ESCOLAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS COLUNAS DA ÉTICA, INTELECTUALIDADE E ESPIRITUALIDADE NA QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA NA SUSTENTABILIDADE

“Arte na escola

        Há cerca de 30 anos, sob a liderança de Evelyn Ioschpe, foi criado o Instituto Arte na Escola, para apoiar professores em seu trabalho de desenvolver nos alunos habilidades perceptivas, capacidade reflexiva e a formação de uma consciência crítica, todas competências importantes para o século em que vivemos.

         Acompanhei de perto o trabalho do instituto quando fui secretária de Cultura no estado de São Paulo e oferecemos um curso para professores da rede estadual paulista, a partir de uma proposta do Marcelo Araújo, então diretor da Pinacoteca. Os docentes tiveram uma formação sólida em arte-educação e conheceram bem o acervo do museu, forte em arte brasileira do século 19 e começo do 20.

         A partir daí, os alunos das escolas envolvidas tiveram visitas guiadas ao museu com seus professores e puderam fazer releituras das obras que mais gostaram, a partir de um estudo cuidadoso das circunstâncias da sua produção.

         Lembrei disso ao ler o interessante livro de Jal Mehta e Sarah Fine, “In Search of Deeper Learning” (Em Busca de Aprendizado Profundo, em tradução livre). Nele, os autores tentam entender os esforços de escolas de ensino médio dos Estados Unidos para construir um ensino mais contemporâneo.

         Sabemos que em tempos de 4ª Revolução Industrial, em que a automação substitui trabalho humano em grande velocidade, apenas contar com habilidades básicas não será suficiente. Assim, teremos que desenvolver nos alunos competências de nível mais sofisticado, como análises mais aprofundadas, pensamento crítico ou resolução colaborativa de problemas com criatividade. Isso demanda outra lógica educacional.

         Mehta e Fine buscaram, nesse contexto, descobrir escolas que propunham uma nova abordagem no processo de ensino. Em que engajamento, colaboração, investigações mais completas se combinassem, na aprendizagem dos alunos, com criatividade e pensamento sistêmico.

         Acharam diferentes exemplos, mas o que me chamou atenção foi o papel das eletivas, especialmente as de teatro, na análise dos autores. Segundo eles, foi nessas aulas que encontraram mais aprendizagem profunda. Os alunos montavam uma peça de teatro inteira, ensaiavam, preparavam o cenário e o vestuário colaborativamente, atuavam e aprendiam, ao mesmo tempo, a entender um contexto, uma mensagem e uma estética de outra época. Tudo isso em comunidade.

         Da mesma maneira, aprender a ler e reinterpretar obras de arte não somente amplia o repertório cultural como desenvolve habilidades urgentes em tempos de Revolução 4.0. Afinal, precisaremos de mais arte na escola e uma abordagem nela inspirada nas demais disciplinas.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 9 de outubro de 2020, caderno opinião, página A2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 28 de dezembro de 2020, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Tolos

        Economizar gastos prescindíveis é um deveer “sagrado” da gestão pública. O conceito, apesar de universalmente reconhecido, não é posto em prática. O “pecado” é próprio do egoísmo humano, da falta de respeito com o cidadão contribuinte, especialmente com aquele que mais precisa de atenção pública, o carente. O respeito ao princípio da austeridade levaria à diminuição da cobrança de impostos (o que parece utopia), com impacto universal sobre a população.

         Os planos lançados pelos diferentes governos dos últimos 200 anos se limitaram, mesmo quando declararam querer diminuir a carga tributária, a ampliar a fatia de recursos retirados do bolso do cidadão. Não há um caso sério para se analisar. É fato incontestável o constante avanço da carga tributária, nas últimas décadas, sobre a renda da família, concomitantemente ao crescimento da dívida pública, embora devesse ser exatamente o contrário. Não existe lei que obrigue peremptoriamente a geração de superávits reais, apenas intenções e sofismas.

         No Brasil, os superávits no passado, na maioria das vezes, eram apenas arranjo contábil e “pedaladas” indecentes. Os melhores momentos de expansão econômica sustentável se deram após alguns anos de estabilidade entre gastos e despesas. O equilíbrio das contas refletiu positivamente no orçamento das famílias, nos investimentos, nas atividades que empregam e expandem a produção de bens, alimentos e serviços, as exportações e o recolhimento de impostos que sustentam os serviços públicos.

         É simples, todavia impossível de se pôr em prática num ambiente em que grassam setores que enxergam apenas seus privilégios em prejuízo de quem trabalha. É claro que um ciclo de diminuição de gastos públicos, adotando austeridade e eliminação de desperdícios e de acintosos privilégios, provocaria maiores recursos para as famílias gastarem. Mais pessoas subiriam de renda, adquirindo autonomia para resolver seus problemas pessoais. O Estado tenderia a diminuir suas despesas, sem precisar asfixiar as atividades produtivas.

         No Brasil, parece utópico imaginar uma gestão pública responsável que possa merecer um prazo suficiente para um ajuste de arrecadação pelas vias da austeridade – embora seja essa a via mais curta e correta para diminuir desemprego, sofrimento e miséria e para alavancar o país inteiro no cenário mundial. Os gastos privados de uma economia pujante são diferentes dos gastos públicos; os primeiros engrandecem o PIB, distribuem, democratizam oportunidades e rendas.

         Como de fato essa regra singela nunca foi adequadamente ou minimamente adotada em nosso país, ocorre que os déficits públicos se ampliaram, e os juros decorrentes se transformaram no maior gasto público nacional, superior a tudo quanto se despende com previdência, saúde, educação e investimentos. Quem pensa ser necessária a adoção de uma fórmula liberalista ou socialista para consertar o Brasil se engana. A fórmula mais bem-sucedida dos últimos 30 anos é da China, baseada no pragmatismo.

         A economia, para dar certo, não reconhece direita ou esquerda, mas normas universais de sustentabilidade, de austeridade quase primitiva, que sempre estiveram no receituário dos países hegemônicos. Um regime democrático sem maturidade moral, ética e intelectual está fadado a enfrentar sérios obstáculos. Os piores inimigos são os setores privilegiados, os mais recalcitrantes, aqueles que temem perder poder e ganhos.

         A China se esbaldou do seu centralismo e da prática coercitiva – e até repressiva – para conduzir ao sucesso econômico a nação anteriormente mais miserável do planeta. Talvez essa miséria extrema tenha atiçado as medidas extremas. Foi assim que meio bilhão de seres humanos saíram da pobreza absoluta. Expandiu-se produção nacional incessantemente, incluindo as benesses do emprego e da modernidade sua população. Hoje, a China produz 90% dos computadores e smartphones do mundo e lidera a produção de aço, de veículos e de bens de consumo.

         Noutro lado do planeta, o Brasil é pautado pelas intrigas, pela “ineptissima vanitas” (tolíssima futilidade), pela abjeta disputa, pela luta pelos privilégios, pela ausência de planos e metas para alcançar o futuro. Incentivam-se as vias fáceis, os subterfúgios, o jeitinho. A burocracia (irmanada à corrupção) embrulha o progresso, defende privilégios de poucos, tornou-se refratária à justiça social.

         Uns, a título de socialismo, e outros, de fajuta modernidade, arrebentaram as contas públicas nas últimas décadas. Quem tem poder decisório não concorda em dar o exemplo, em ceder algo, em se prestar ao sacrifício momentâneo para reerguer o país. Tem hora que parece que a democracia, órfã de ética, intelectualidade espiritualidade, de pouco serviu.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a estratosférica marca de 319,78% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 113,57%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

  

 

 

 

 

 

 

 

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