quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DOS EDUCACIONISTAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA SUSTENTABILIDADE

“Faltam educacionistas

       O Brasil tem alguns dos mais renomados educadores do mundo e um dos sistemas educacionais de pior qualidade. A explicação é que não temos educacionistas. Educadores definem métodos, educacionistas determinam metas, estratégias, políticas. O educador é como o cientista que descobre a vacina, o educacionista é o sanitarista que desenha a logística para a distribuição da vacina.

          Para o educacionista, a educação é o vetor do progresso. Ele acredita que o Brasil precisa escolher uma estratégia para atingir excelência educacional e assegurar que, desde a primeira infância, todo brasileiro tenha acesso à educação com a máxima qualidade. A estratégia educacionista passa pelo envolvimento do governo federal na educação de base. Toda criança deve ser primeiro brasileira, não municipal.

          Para alguns educacionistas, o caminho seria o governo federal transferir a cada família o mesmo valor necessário para que ela busque a escola de seus filhos. Para outros, essa solução não traria igualdade. Por isso, há quem proponha aumentar o valor do Fundeb por criança, deixando cada prefeito administrar as escolas de seu município. E há os que acreditam que esse caminho não quebre a desigualdade entre cidades, porque a educação exige professores bem-formados e capacidade gerencial que não estão disponíveis na cidade.

          Um terceiro grupo de educacionistas defende a substituição paulatina dos frágeis sistemas municipais por um robusto sistema nacional único: uma carreira federal de professores com requisito mínimo de formação, dedicação, avaliação e plano de remuneração, padrões nacionais para a qualidade de edificações e equipamentos.

          Para obter excelência, o custo de cada aluno deve ser de cerca de R$ 15 mil por ano, que permite pagar um salário de R$ 15 mil por mês ao professor, em salas com 30 alunos, e financiar todos os demais gastos da escola. Se a implantação desse sistema ocorresse ao ritmo de 200 novas cidades por ano, o sistema nacional se completaria em 25 a 30 anos. Supondo que se mantenha o número de 50 milhões de alunos, e assumindo um crescimento econômico de 2% ao ano, com a manutenção da atual carga fiscal, o custo total, ao final dos 25 anos, não passaria de 6,6% do PIB. Essa alternativa é necessária e possível.

          Quatro fatores dificultam que o Brasil aceite o educacionismo. Nossos líderes não veem educação como vetor do progresso; a mentalidade nacional não tem o sentimento de que o Brasil é vocacionado para a produção intelectual com padrões de qualidade internacional; nossa consciência sofre resquícios da escravidão e aceita a ideia de que a escola não deve ter a mesma qualidade para todos; e o imediatismo brasileiro não quer esperar os resultados de uma estratégia que demora décadas para chegar a todo o país.

          Por isso, é mais fácil ter bons educadores do que educacionistas de sucesso.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de outubro de 2020, caderno OPINIÃO, página 25).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 8 de outubro de 2020, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Julio Vasconcellos, economista, é sócio do fundo de venture capital Atlântico; foi fundador do Peixe Urbano e do Canary e primeiro representante do Facebook no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“O tsunami da transformação digital

       Em ‘O Sol Também se Levanta’, de Ernest Hemingway, um empresário explica como faliu: “Gradualmente e, então, de repente”. São recorrentes as histórias de respeitados negócios que têm sido derrubados pela onda da transformação digital. A velocidade da transformação já estava acelerando, mas, com a pandemia, a onda virou um “tech tsunami”.

          Todos os anos fazemos um estudo extenso de centenas de indicadores para entender o estado atual da transformação digital. Em 1º de outubro último, pela primeira vez decidimos abrir os resultados ao público na conferência anual da empresa de educação executiva StartSe e mostrar como o avanço da tecnologia ocorre de forma exponencial. Aqui compartilhamos alguns dos aprendizados mais marcantes.

          Para não atribuir total evolução ao coronavírus, é importante lembrar que o Brasil já está nessa jornada há mais de uma década. Avaliamos que o valor das empresas de tecnologia como percentual do PIB triplicou na última década. Mesmo assim, estamos longe de um teto. Enquanto o Brasil está com 3% de penetração de tecnologia, os Estados Unidos chegam a 39%, e a Índia, emergente como nós, bate os 13%.

          Percebemos a transformação digital no varejo há tempos. Quando cruzamos dados da Euromonitor com a MCC-ENET, que levanta indicadores do mercado online brasileiro, vimos a participação do e-commerce no varejo aumentar 5% na última década, chegando a 7% no início da pandemia, em março. Em seguida, avançamos em dez semanas os mesmo 5% que havíamos percorrido em dez anos. Em maio, estávamos em 12,6%, antes de o comércio reabrir e voltarmos a números ainda bem acima da tendência histórica.

          No sistema financeiro, o Nubank, líder dos bancos digitais, também caminha a passos largos. Demorou dois anos para chegar ao seu primeiro milhão de clientes e hoje, já com 25 milhões, adiciona 1 milhão de clientes a cada mês.

          Após a pandemia, estima-se que 20 milhões de brasileiros tenham se “bancarizado” por conta da ajuda emergencial distribuída, em grande parte, por meio de canais digitais (o aplicativo Caixa Tem foi baixado 30 milhões de vezes, de acordo com nossa análise de dados do Appfigures).

          Para prever o curso da digitalização, vale olhar para onde o capital financeiro e humano estão fluindo. No caso do primeiro, a tendência é clara: investimentos em venture capital no Brasil superaram US$ 2 bilhões, depois de quase dobrarem anualmente por três anos seguidos. Fontes de capital mais conservador também apontam uma forte migração. Em entrevistas, 30 das famílias mais ricas do país nos afirmaram a intenção de dobrar a alocação de investimento de venture capital, nos próximos cinco anos, para participarem da imensa criação de valor que traz a digitalização.

          Quanto ao capital humano, em pesquisa com cerca de 2.000 alunos das faculdades mais seletivas, ouvimos de 26% deles a vontade de trabalhar em empresas de tecnologia. Não só isso: 36% declararam sua intenção de empreender. Os incumbentes que se segurem.

          A digitalização tem facilitado o acesso, tanto físico quanto financeiro, à educação. A Faculdade Descomplica oferece cursos de graduação e pós-graduação a distância por um preço 70% abaixo do de faculdades tradicionais – um valor viável para uma faculdade que nasce 100% digital. O número de alunos no ensino a distância foi multiplicado por dez vezes na última década, e agora, com a crise sanitária, esse crescimento acelerou.

          É fácil ficar perdido em dados e esquecer que por trás de cada número existe uma história. Em junho, Dona Lúcia se matriculou no curso de pedagogia do Descomplica. Dona Lúcia, que só terminou o ensino médio depois dos 40 anos, agora quer atuar como professora na mesma escola pública em que trabalha como faxineira há mais de 25 anos.

          A transformação digital é o grande equalizador: Vai além do glamour dos unicórnios e do aplicativo da vez. Histórias como a de Dona Lúcia são retratos de uma maioria num país onde 25% da população vive na pobreza, mais que metade dos adultos não terminam o ensino médio e 14 milhões estão desempregados.

          Quando paramos de buscar figuras mitológicas, e começamos a enxergar o contexto maior, a promessa da digitalização fica mais evidente: um futuro melhor, mais igual e acessível a todos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)    a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 310,20% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 112,59%; e já o IPCA, em setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,14%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)    a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

         

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