A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA HUMANIDADE DO ENSINO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E OS DESAFIANTES CUIDADOS NA VOLTA À SALA DE AULA NA SUSTENTABILIDADE
“Educação
para humanizar o mundo e a história
No último dia 15 de
outubro, Papa Francisco participou, por meio de uma mensagem em vídeo, de um
encontro promovido pela Congregação para a Educação Católica, sobre o Pacto
Educativo Global. Essa iniciativa vincula-se à percepção do Papa quanto à
fratura da corresponsabilidade na tarefa de educar as novas gerações. Observou
o Papa, em diferentes ocasiões, que assistimos à quebra do pacto educativo,
isto é, família, escola e sociedade.
Pelo
mundo afora existem muitas iniciativas interessantes no campo da educação que
precisam ser mais divulgadas e conhecidas. Há sempre caminhos possíveis para
maior integração da família com a escola e a universidade. As instituições de
ensino, por sua vez, têm grande potencial para mobilizar a comunidade educativa
não apenas nos processos de ensino-aprendizagem, mas também na abertura de
novas perspectivas para as relações interpessoais e incidência nos diferentes
âmbitos da vida social. Diferentes expressões da sociedade são desafiadas a
interagir com escolas e universidades e com as famílias para ajuntar forças em
favor da humanização do mundo e da história.
Nesse sentido, Papa Francisco, em sua mensagem em vídeo,
nos convida a nos comprometermos e conjuntamente com os seguintes objetivos:
“1º) colocar no centro de cada processo educativo – formal e informal – a pessoa,
o seu valor, a sua dignidade para fazer emergir a sua especificidade, a sua
beleza, a sua singularidade e, ao mesmo tempo, a sua capacidade de estar em
relação com os outros e com a realidade que rodeia, rejeitando os estilos de
vida que favorecem a difusão da cultura do descarte; 2º) ouvir a voz das
crianças, adolescentes e jovens a quem transmitimos valores e conhecimentos,
para construir juntos um futuro de justiça e paz, uma vida digna para toda a
pessoa; 3º) favorecer a plena participação das meninas e das jovens na
instrução; 4º) ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; 5º)
educar e educarmo-nos para o acolhimento, abrindo-nos aos mais vulneráveis e
marginalizados; 6º) empenhar-nos no estudo para encontrar outras formas de compreender
a economia, a política, o crescimento e o progresso, para que estejam
verdadeiramente ao serviço do homem e da família humana inteira na perspectiva
duma ecologia integral; 7º) guardar e cultivar a nossa casa comum, protegendo-a
da exploração dos seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e
apostando na utilização exclusiva de energias renováveis e respeitadoras do
ambiente humano e natural, segundo os princípios de subsidiariedade e da
economia circulante”.
Como se percebe, o transfundo desses objetivos é a visão
humanista integral, capaz de agregar parceiros em busca de uma nova cultura e
de uma sociedade justa, fraterna, inclusiva, participativa e poliédrica.
Sabendo da proximidade das eleições municipais, a educação é um tema bastante
pertinente para os que pretendem servir a cidade no executivo ou no
legislativo. E um critério para identificar a visão de educação de quem se
candidata é verificar seu parecer sobre a relação família-escola-sociedade.”.
(Dom João Justino de Medeiros Silva. Arcebispo de Montes Claros, em
artigo publicado no site www.cnbb.org.br/educação-para-humanizar-o-mundo-e-a-história/,
edição de 16 de outubro de 2020).
Mais uma importante e
oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado
no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição
de 15 de outubro de 2020, caderno opinião,
coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3,
de autoria de José Ruy Lozano,
sociólogo e autor de livros didáticos, é membro da Comunidade Reinventando a
Educação (coredu.org), e que merece igualmente integral transcrição:
“Voltar
à sala de aula para reinventá-la
‘Uma escola é uma fábrica
é um poema é uma prisão é academia é tédio, com flashes de pânico.’ A frase do
poeta russo Joseph Brodsky, retirada de um de seus ensaios autobiográficos, diz
muito sobre as imagens associadas à instituição escolar ao longo do tempo – de
centro de difusão de conhecimento e formação humana até estabelecimento
repressivo normatizador de condutas. Nas últimas semanas, porém, a expressão
“flashes de pânico” pode defini-la melhor, diante da iminente autorização para
retorno às aulas presenciais em meio à pandemia de Covid-19.
O receio do contágio é plenamente justificado diante de
números que não cedem, ou cedem lentamente. Mas o retorno às atividades
presenciais nas escolas pode desencadear outros medos, frustrações ou, pelo
menos, necessidades de adaptação – e não apenas no que se refere a normas de
higiene e distanciamento.
Em pouquíssimo tempo, e de forma quase heroica, educadores
do mundo todo fazem a transferência de sua atuação presencial para o espaço
virtual, com maiores ou menores recursos e êxitos. No ambiente on-line, no entanto,
vemos com frequência a aula como commodity: mera transmissão de informações. O
professor fala, o aluno escuta. De aulas assim, o YouTube está cheio, sobre
todos os tópicos tradicionais da educação básica. Por que investir tempo e
disposição para assistir ao professor, se posso acessar os mesmos conteúdos com
recursos visuais mais interessantes e “professores” por vezes mais divertidos?
A adaptação forçada aos meios virtuais e a constatação da
reprodução de práticas analógicas no universo digital devem levar os educadores
a uma importante reflexão: como aproveitar ao máximo a permanência do aluno em
sala de aula? A presença do estudante diante do professor, de cuja falta tanto
nos ressentimos, é fundamental para quê? Se conteúdos e treinamentos podem ser
disponibilizados em vídeos, o que fazer quando estivermos de volta às escolas?
Se há alguma herança positiva do período da pandemia, em
meio a um cenário tão desolador, é a constatação de que a escola já não pode
mais se estruturar como transmissora de conteúdos. Além de seu fundamental
papel na socialização e na aprendizagem de tudo o que ela envolve (cooperação,
solidariedade, respeito ao outro e ao espaço público), sua função contemporânea
é desenvolver a reflexão – crítica, problematizadora, cidadã – sobre conceitos
e informações há muito instantaneamente acessíveis na sociedade em rede.
O trabalho começa com a intensa e necessária curadoria de
fontes de informação, cada vez mais urgente nesses tempos de terraplanismo e
fake News, negacionismo e revisionismo histórico. A inserção inteligente na
cultura digital é imprescindível para que o debate sobre pontos de vista
divergentes seja feito em bases sólidas.
Também aprendemos nos tempos de pandemia que as aulas
on-line mais bem-sucedidas foram aquelas que solicitaram ao aluno a observação,
a pesquisa, a experiência e a aplicação prática de conceitos, realizadas
previamente, cujos resultados, satisfatórios ou não, eram colocados em
discussão durante a aula.
Foi possível igualmente perceber que o aluno poderia ler um
texto ou assistir a um vídeo-aula antes da interação ao vivo com o professor,
chegando a ela já com as informações necessárias para pensar sobre o assunto
estudado, responder perguntas, propor questionamentos e reflexões a respeito do
que viu ou leu.
Inverter, enfim, a ordem dos fatores. Deixar de priorizar a
transferência de dados – commodity – para agregar valor à indispensável reunião
presencial denominada aula. Aperfeiçoar a proximidade com o que aprendemos na
distância. Assim poderemos evitar os “flashes de pânico” do retorno a um normal
escolar que há muito já deveria ter sido superado.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de
310,20% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 112,59%; e já o IPCA, em
setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,14%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de
R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma
lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$
100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor
privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia,
ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário