quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DAS ESCOLAS E AS LUZES E CUIDADOS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS NA SUSTENTABILIDADE

“A Escola Brasil

        No próximo ano, a Lei do Ventre Livre completa 150 anos e o Fundeb será incorporado à Constituição. A extinção do Fundeb teria sido uma catástrofe, mas sua continuidade não vai trazer a educação de qualidade que necessitamos, nem vai fazer com que as escolas sejam igualmente boas para todos. Da mesma maneira que, em 1871, a Lei do Ventre Livre libertou mas não emancipou os filhos dos escravos.

         Precisamos implantar um Sistema Educacional Unificado Público com duas metas: ficarmos entre os dez melhores países em educação e eliminar a desigualdade na qualidade entre as escolas. Isso exige responsabilizar a nação pela educação das crianças brasileiras, com um ministério comprometido com a educação de base, que coordene a execução da estratégia da nacionalização.

         Um caminho seria a “voucherização”, que consiste em repassar uma bolsa com o mesmo valor para cada criança, deixando para sua família pagar a escola no mercado privado. Esse sistema pode servir em algum momento e lugar, mas não elevaria a qualidade do conjunto, nem diminuiria a desigualdade.

         Outra possibilidade seria a “fundebização”, que consiste no “voucher coletivo” para o prefeito cuidar de suas escolas públicas. Embora melhor do que a “voucherização”, a “fundebização” não dará a qualidade e muito menos a igualdade, porque educação não se compra em loja, e nossos municípios são pobres não apenas em receita, também em recursos humanos e gerenciais.

         O terceiro caminho seria pela “federalização”, que consistiria em um processo de substituição paulatina dos quase seis mil sistemas municipais por um robusto sistema nacional único, com carreira federal para professores, padrões equivalentes de construção e equipamento das escolas, todas com horário integral. Assegurando descentralização gerencial por escola e liberdade pedagógica para o professor, dentro da Base Nacional Comum Curricular.

         Por esse sistema seria possível implantar Escolas Brasil nos municípios, da mesma forma que temos as agências do Banco do Brasil. A estratégia de implantação deste Sistema Educacional Unificado Público requer diversos anos e um investimento de R$ 15 mil por aluno ao ano. Se a economia crescer apenas 2% ao ano, em 20 anos o custo total para as 50 milhões de crianças será um pouco maior do que os quase 6% do PIB que são gastos atualmente.

         Isso é possível e necessário. A maior dificuldade é formar uma consciência nacional que dê suporte à estratégia nacional de longo prazo e que aceite tratar a educação de base como a prioridade central com as duas metas: estarmos entre os países com melhor educação e não deixar um único cérebro desaproveitado por falta de escola com a máxima qualidade.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 11 de setembro de 2020, caderno OPINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 23 de outubro de 2020, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, e que merece igualmente integral transcrição:

“Na pandemia, medidas simples

explicam mais que modelos complexos

        Na reportagem “Letalidade da Covid-19 é semelhante à da pneumonia, calcula estudo”, publicada nesta Folha na terça-feira (20), noticiou-se artigo científico, que reúne 61 estudos, defendendo que a taxa de letalidade por infecção pelo coronavírus seria muito menor que a prevista anteriormente. Reunir dezenas de estudos não implica qualidade, muitas vezes o oposto.

         Na epidemia, o tempo precede o espaço. Assim, não se compara casos e mortes entre diferentes locais (países, estados, cidades) que se encontram em diferentes momentos da epidemia. A “taxa de letalidade” (que não é sinônimo de “taxa de mortalidade”) apresentada é a razão das mortes pelo número de infectados, e não de casos, um indicador de muitas debilidades.

         O artigo noticiado comparou a frequência de pessoas com sorologia positiva para o Sars-Cov-2. Eis estudos realizados no Brasil foram elencados, mas eles não são comparáveis entre si, porque utilizaram reagentes com acurácias analíticas muito distintas, tempos de infecção variáveis (há queda nos níveis de anticorpos, com o tempo) e amostragens populacionais diferentes. Na cidade de São Paulo, três estudos independentes (dois deles relacionados neste artigo) mostraram valores entre 0,89% a 19% de pessoas soropositivas para o coronavírus.

Se o denominador da “taxa de letalidade”, a prevalência de anticorpos, tem problemas irremediáveis, o numerador composto pelo número de mortes é mais confiável. Há de se atentar, porém, que se a informação da causa básica de morte não é trivial em situação de normalidade, torna-se mais complexa ainda em situação de pandemia.

         Acrescente-se o fato de que a infecção pelo Sars-Cov-2, ao contrário do que ocorre com os demais vírus respiratórios, não somente provoca pneumonia grave como também altera todo o equilíbrio do sistema circulatório, descompensando a grande proporção de pessoas com doença cardiovascular. Dessa forma, parte da mortalidade considerada como sendo cardíaca ou por acidente vascular cerebral foi deflagrada pela infecção pelo novo coronavírus. Tome-se como exemplo o caso, amplamente noticiado, de um homem que, após infectado pelo Sars-Cov-2, sofreu tromboses que o levaram à morte por acidente vascular cerebral.

         A contagem diária de mortes e casos pela Covid—19 não revela a magnitude real, porque existe uma diferença no tempo entre a morte e a comprovação da infecção. Uma morte anotada como “suspeita” por Covid-19 significa, na maioria das vezes, a diferença de tempo ocorrida entre a morte e a confirmação laboratorial da infecção pelo coronavírus. Para exemplificar, o primeiro óbito pela doença a ocorrer no país, no dia 12 de março, teve resultado do exame viral liberado em 31 de maio. Por essas razões, utilizar somente os casos confirmados pela Covid-19 representará subnotificação e redução artificial da taxa de letalidade.

         Uma formulação muito mais simples, direta e com menor variabilidade tem sido a de calcular o excesso de mortalidade durante a pandemia a partir dos dados de períodos equivalentes nos anos anteriores. Considerando que a diferença no número de mortes entre dois anos seguidos dificilmente ultrapassa 2%, porcentagens como 75% no Amazonas, em comparação a 15% no estado de São Paulo, expressam de forma muito mais clara o impacto da pandemia do que o ajuntamento de informações não comparáveis, como faz este artigo sobre taxa de letalidade.

         Além do excesso de mortalidade, torna-se necessário aprimorar a informação sobre a mortalidade, a fim de identificar causas associadas e calcular os anos potenciais de vida perdidos na pandemia. Essas informações, por serem provenientes de dados primários, terão utilidade permanente para dimensionar a mortalidade na pandemia, exatamente o oposto apresentado em artigo que adiciona dezena de informações imprecisas para obter resultado que era o desejado pelo autor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 309,88% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 114,16%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,14%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

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