“A 2ª onda do auxílio é mais contagiosa
A
segunda onda do vírus teme sido muito mais contagiosa do que a primeira, no
mundo inteiro. Seja devido às mutações do vírus ou à baixa adesão das
sociedades ao distanciamento social, o fato é que os mais diversos governos
voltaram a adotar medidas tão restritivas quanto as do começo do ano passado.
Na esteira, vieram mais estímulos fiscais, principalmente na Europa.
No
Brasil, a despeito de o aumento do número de novos casos estar apenas
começando, o atraso do programa de imunização e a falta de perspectiva de
normalização elevam a pressão pela extensão do auxílio emergencial.
A
transferência de renda é de fato um efetivo instrumento de estabilização
macroeconômica durante as fases mais severas da pandemia quando as restrições
de mobilidade são significativas.
Em “Effective
demand failures and the limits of monetary stabilization policy”, Michael
Woodford, um dos ícones da teoria monetária, apresenta a Covid-19 como um
desafio para a política econômica bem diferente daqueles resultantes dos
conhecidos choques de “oferta” ou “demanda” que afetam de forma semelhante
todos os setores da economia.
Como a
pandemia leva à suspensão temporária do funcionamento de alguns setores, o
fluxo de pagamentos da economia é interrompido. A atividade econômica acaba
sendo impactada além do necessário para minimizar o problema de saúde pública.
Mesmo
sendo razoável, por exemplo, que restaurantes e teatros suspendam o
fornecimento de seus serviços, a perda de renda desses setores afeta todos os
demais.
As
transferências desempenham, assim, um papel relevante na recomposição dos
fluxos da economia, permitindo que esta opere da forma mais eficiente possível,
dadas as restrições sanitárias.
A
discussão sobre a extensão do auxílio para lidar com os efeitos da paralisação
da economia deve ser separada da discussão sobre o uso do auxílio como meio de
reduzir as disparidades sociais.
O
impacto do auxílio sobre a massa de rendimentos, a pobreza e a desigualdade em
2020 foi extremamente significativo. Não obstante a vacinação em massa e a
volta das atividades, o desemprego é uma variável que se ajusta mais
lentamente. A demanda por uma rede de proteção social mais abrangente é
legítima.
No
entanto, não foi um programa desenhado para reduzir as desigualdades sociais.
Um eficaz programa social deve ser focado, levando em conta a distinção entre
as pessoas que já são pobres e não conseguem se encaixar no mercado de trabalho
e aquelas que conseguem se sustentar, mas têm oscilação de renda.
É
imprescindível pensar em incentivos que levem à inclusão produtiva de ambos os
grupos. Há várias maneiras de preparar a população mais pobre para o mercado de
trabalho e de aumentar a formalização, com programas direcionados para isso,
como projetos de qualificação da mão de obra e de crédito. A superação da
pobreza vai muito além da simples transferência de renda.
Diante
de uma elevada dívida pública e de gastos obrigatórios crescendo a uma taxa
acima do PIB, a sustentabilidade das contas públicas está em risco.
Perdemos
o timing de fortalecer o teto de gastos. Não faltaram boas propostas que
viabilizariam políticas sociais mais bem focalizadas respeitando a regra
fiscal. Tampouco preparamos um programa de vacinação que permitiria uma
retomada mais rápida da economia.
A
extensão do auxílio tende a ter um impacto muito diferente na economia desta
vez. A condição inicial das contas públicas é pior, e já nos revelamos
incapazes de cortar despesas obrigatórias, mesmo por apenas dois anos.
Ao invés
de mais PIB, é muito provável que o auxílio traga menos PIB desta vez. E a
inflação dificilmente não continuará alta com a taxa de câmbio permanecendo
depreciada.
O Brasil
foi o único país a questionar a validade de sua âncora fiscal no pós pandemia,
ao mesmo tempo que ficava evidente o agravamento da crise social. Agora, o país
está mais vulnerável para enfrentar as consequências da crise da saúde que não
tem hora marcada para acabar.”.
(Solange Srour. Economista-chefe de Brasil do
banco Credit Suisse. É mestre em economia pela PUC-Rio, em artigo publicado no
jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 14 de janeiro de 2021, caderno mercado,
página A16).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 15 de janeiro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Analfabetismo emocional
É
uma expressão forte, carregada de interpelação, um alerta no horizonte da
campanha anual vivida neste mês – o Janeiro Branco –, indicando a importância
do cuidado com a saúde mental. Hoje, torna-se particularmente importante cuidar
das emoções, pois a Covid-19 escancara, de modo singular, a condição frágil de
toda a humanidade. A pandemia amplia descompassos em diferentes países,
desafiando instituições, famílias e cidadãos. O distanciamento social deste
tempo, as mudanças de hábitos, com o espectro atemorizante do adoecimento,
agravado pelo luto imposto a muitas famílias, acentuam a fragilidade emocional
da humanidade. Mas é preciso ter presente que o agravamento das doenças
psíquicas é fenômeno que antecede a pandemia. Em uma sociedade que convive com
acelerados processos de mudança, referências são perdidas, com comprometimento
de narrativas que geram equilíbrio para o ser humano. Consequentemente, ocorre
progressiva e cada vez mais generalizada deterioração da saúde emocional, que é
indispensável.
A saúde
psíquica é importante para se conquistar bem-estar, felicidade, alegria de
viver, alicerces primordiais do sentido da vida. Quando a saúde emocional é
perdida, reflexos são percebidos em diferentes campos existenciais, com
incidências terríveis e demolidoras nas relações, na política, na cultura, na
religião e na economia. Por isso mesmo, é preciso recuperar a dimensão psíquica
da humanidade. Com a urgência e a indispensabilidade da vacinação contra a
Covid-19 está a também emergencial necessidade de se promover a saúde mental e
emocional. Essa urgência e necessidade tornam-se evidentes quando são
percebidos os desvarios de muitas pessoas. Desvarios em pronunciamentos
inconsequentes que, de modo lamentável, ecoam fortemente. O nível de
adoecimento da mente, em toda a sociedade, é tão expressivo que discursos e
narrativas equivocados têm mais repercussão e adesão que as perspectivas
construtivas, educativas, capazes de desencadear qualificada configuração
social, política e emocional.
A
fragilização emocional constatável em toda sociedade hospeda discursos
obscurantistas, sem contribuições para a solução de problemas da civilização
contemporânea, mas que contraditoriamente seduzem, atraindo a atenção de
muitos. Por isso, a humanidade, ainda mais dolorida pela Covid-19, é convocada
a pensar sobre si, avaliar seus erros e acertos, motivando-se a contribuir com
novas luzes para dissipar as sombras que a impedem de encontrar novo rumo.
Particularmente, é preciso qualificar e promover o humanismo, superando tudo
que gera o adoecimento mental e emocional das pessoas. É a falta de humanismo
que faz com o desenvolvimento civilizacional esteja em descompasso com o ritmo
dos progressos tecnológicos. E a falta de solidariedade, o crescimento de
racismos, discriminações e desigualdades sociais comprovam a incompetência
emocional de sociedades na administração de seus recursos, que seriam capazes
de sustentar uma realidade mais justa e igualitária.
A dor
lancinante sofrida pela humanidade, por suas muitas feridas, por não se saber
bem o que fazer para superar as muitas crises, pela adoção de “bandeiras”
sustentadas por discursos sem credibilidade, necessita do remédio-bálsamo da
espiritualidade. A humanidade está em confronto com o mistério de um amor
maior. Sejam, pois, superados discursos viciados e muito propagados,
ilusoriamente exitosos, com uma experiência espiritual que gere reunificação,
articulando diferenças. Com espiritualidade e humanismo integral, a civilização
contemporânea poderá se libertar de fundamentalismos e lideranças caricatas,
vencendo o preocupante e pesado analfabetismo emocional.”.
Eis, portanto, mais
páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que
acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de
valores –, para a imperiosa e
urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a
efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a) a excelência
educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a
estratosférica marca de 319,78% nos últimos
doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em
históricos 113,57%; e já o IPCA, em dezembro, também no acumulado dos últimos
doze meses, chegou a 4,52%); II – a corrupção,
há séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e
comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador
chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela
trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é
que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter
transnacional; eis, portanto, que todos
os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos,
pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina,
fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso
patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a
proposta do
Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões
(53,83%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao
menos com esta última rubrica, previsão de R$
1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito
e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
São, e bem o sabemos,
gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande
cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o
nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
59 anos de testemunho de um servidor público
(1961 – 2020)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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