segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DAS ESCOLAS NA QUALIFICAÇÃO DA CIDADANIA E AS LUZES DOS AVANÇOS CIENTÍFICOS E CONQUISTAS TECNOLÓGICAS DA HUMANIDADE SOLIDÁRIA E CUIDADORA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS NA SUSTENTABILIDADE

“Educar para a cidadania

        Os resultados do Ideb nos mostram que, pela primeira vez, as três etapas de escolaridade avaliadas avançaram e, mais ainda, que nos ensino médio houve um salto, depois de anos em que o indicador esteve estagnado num patamar muito baixo. Além disso, é positivo verificar que todos os estados tiveram melhoras no indicador, com um destaque para Goiás e Espírito Santo, ambos administrados por governadores que assumiram como oposição a governantes com um bom legado em educação e tiveram a grandeza de continuar o que havia sido feito, agregando suas contribuições próprias.

         Isso significa duas coisas: que educação foi percebida como política de Estado, e não de governo, e que vários secretários foram escolhidos com base em critérios técnicos, de competência para gestão da política educacional, e não para atender a demandas partidárias. Isso não ocorreu em todos os casos, mas é inegável que estamos diante de uma boa “safra” de secretários.

         Essa evolução positiva do Ideb traz também dados interessantes quando olhamos para outros estados: o avanço do Paraná, que saiu de inaceitáveis 3,7, para sua rede estadual do ensino médio, para 4,4, com um secretário que foi trazido de outro estado; ou Pernambuco, que continua em sua trajetória virtuosa, iniciada em 2007, superando inclusive a meta para o ano de 2019.

         Sim, os resultados poderiam ser ainda melhores se tivéssemos um senso de urgência com a educação, mas eles evidentemente contrariam uma percepção de parte da população de que estaríamos mais preocupados em educar para a cidadania que para o aprendizado básico necessário ao acesso mercado de trabalho.

         Na verdade, educar para a cidadania enfatiza a ideia de ensinar os alunos a conviver, a trabalhar em times, a resolver problemas colaborativamente e a viver no pluralismo, percebendo-se como sujeitos ativos e comprometidos com a coletividade. Certamente não é decorar a visão de mundo de seus professores, muito ao contrário. É formar pensadores autônomos, capazes de formular seus próprios julgamentos, presas menos fáceis de populismos.

         E, com o advento da inteligência artificial, as transformações no mundo do trabalho vão demandar jovens exatamente com essas competências. Em outros termos: não é formar para o mundo do trabalho ou, alternativamente, para a cidadania. As mesmas habilidades serão importantes para as duas condições.

         Precisaremos daqui para a frente, como previsto na Base Nacional Comum Curricular, desenvolver nos alunos tanto as competências básicas quanto as que os preparam para a vida no século em que vivem, o que inclui trabalho e cidadania.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 18 de setembro de 2020, caderno opinião, página A2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de o8 de janeiro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Cuidados e cuidadores

        A humanidade vive triste flagelo em razão de colapsos nos campos da saúde, da economia e da política, que impedem o início de um novo ciclo civilizatório, evidenciando um grave problema: a generalizada falta de cuidado. É preciso, e urgentemente, revitalizar em cada pessoa, a condição de cuidador, para inspirar uma cidadania qualificada. Se o ser humano não assumir sua condição de cuidador, dificilmente conseguirá debelar pandemias, mudar cenários flagelados por desigualdades sociais e superar situações vergonhosas de exclusão, que geram cenários de guerra quando se consideram as estatísticas de mortos, de famintos e de encarcerados.

         O compromisso de cuidar do próximo, que é irmão, se assumido pela humanidade, é alavanca propulsora capaz de tirar a sociedade de seus abismos. Possivelmente, há quem pense que essa constatação é simples inferência romântica, ingênua, com pouca incidência na realidade. Mas desconsiderar a força do cuidado é mais um obstáculo para se alcançar as metas desejadas pela sociedade, traduzidas nos votos repletos de esperança que tanto marcam o início de novo ano civil. O descuido com o próximo e com a Casa Comum comprova o tamanho da crise civilizacional que pesa sobre os ombros da humanidade. Faz a sociedade sofrer com processos de despersonalização, com desperdícios e, particularmente, com a indiferença que mata, pela economia, pela mesquinhez de apegos e por um precário sentido de corresponsabilidade em relação ao outro, que é irmão.

         Assim, assiste-se a uma realidade em que inimizades e disputas alimentam almas vorazes que se deleitam com o fracasso alheio. Pobres almas que se apegam à ilusória proteção, pois somente contribuem para consolidar uma humanidade com características autofágicas, na contramão de tudo o que os avanços científicos e as conquistas tecnológicas apontam. Sinal evidente dessa humanidade que se autodestrói é a dificuldade de se respeitar normas, a exemplo da recomendação para se usar máscaras, evitar aglomerações e, disciplinarmente, seguir protocolos sanitários, para combater a pandemia da Covid-19.

Há, pois, uma carência no sentido de corresponsabilidade que incide no exercício da cidadania, contamina instituições, domina segmentos e obscurece a ação de autoridades – sem força de liderança para articular propostas, intuir estratégias e agir com rapidez para superar a pandemia e outras graves crises. A situação global exige de líderes respostas qualificadas e não permite titubeios – responsáveis também pelo caos social, sanitário e econômico que pesa sobre os ombros de todos, embora alguns, pecaminosamente, lucrem com o sofrimento alheio.

Urgente é despertar e educar a consciência de cada pessoa para que todos assumam a condição de cuidadores. O ponto de partida é a conversão de hábitos políticos, culturais e espirituais, para estabelecer um novo estilo de vida. Trata-se de um movimento civilizacional complexo, exigente, de aprendizagem desafiadora, pois são muitos os hábitos já assimilados, que alimentam pesados riscos. A falta de cuidado com o próximo e com a Casa Comum é estigma consolidado, facilmente identificado em diferentes gestos que revelam indiferença, desperdícios e carência de lucidez. Por isso, avanços na ciência e na tecnologia, que oferecem oportunidades para novos passos civilizacionais, tornam-se oportunidades perdidas, pois processos espirituais e adequado exercício da cidadania, que deveriam ser a regência das mudanças almejadas pela humanidade, permanecem aprisionados nas estreitezas de obscurantismos, polarizações, fechamento ao diálogo. Consequentemente, compromete-se a paz, o desabrochar da cultura. Contenta-se com um “ar viciado”, incapaz de arejar o exercício da cidadania.

Muitas vezes a humanidade parece estar em um “beco sem saída”, pois continuam a aumentar os prejuízos que ameaçam o presente e o futuro. Hoje, é urgente e muito aguardada a vacina capaz de proteger o mundo da Covid-19. Mas é igualmente imprescindível que cada pessoa também busque imunizar-se de outro vírus pandêmico: o descuido com a Casa Comum e com o outro, que é irmão e irmã. Todos se tornem cuidadores uns dos outros. O gosto pelo cuidado seja assumido como ethos constitutivo e insubstituível do ser humano. A atitude de cuidar precisa alimentar processos de humanização.

O ponto de partida para tornar-se cuidador é a simplicidade de um princípio cristão de ouro: considerar que o outro é sempre mais importante. Assim, o cuidado com tudo e com todos se torna compromisso cotidiano, inspirando a opção preferencial pelos pobres e a preservação do meio ambiente. E a vestimenta interior de cada ser humano pode se livrar dos rancores e de outros males. Passa a ser tecida com os fios preciosos da solidariedade, que compõem a roupa do verdadeiro cuidador.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a estratosférica marca de 319,78% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 113,57%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a

proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário: