quinta-feira, 8 de abril de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA PERSUASÃO E COMUNICAÇÃO EFICAZ NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E OS FUNDAMENTOS DA DEMOCRACIA REPUBLICANA NA SUSTENTABILIDADE

“Persuasão

        Com tantas notícias falsas circulando atualmente, reina uma sensação de que as referências fundamentadas na ciência e nos métodos estão desaparecidas. Isso não é verdade! Elas continuam aí esperando os que corajosamente construirão argumentos claros e fundamentados. Uma competência de performance pode ajudá-lo, caro leitor, a fazer uma interpretação melhorada do que pode estar por trás dessas falsas ideias.

         A persuasão, como toda competência, busca suas bases na história antiga. Desde a Grécia, século V, essa capacidade de elevar a linguagem, escrita ou falada a um nível tão eficaz que conseguiria agradar, comover e persuadir o interlocutor, é aplicada e estudada. Entretanto, três conceitos são muito importantes para sua compreensão: a retórica (do latim “rhetorica” ou do grego “rhêtorikê” está ligada ao convencimento e à persuasão.

         De forma objetiva, é a arte de se expressar e prender a atenção. Nas suas origens, nos remete aos ensinamentos do filósofo Aristóteles e sempre foi apresentada ao lado da lógica. Naquela época, os chamados “sofistas” utilizavam-se das estratégias da fala e da argumentação para conduzir o povo e convencer os juízes.

         A retórica elabora os argumentos fortes, a oratória constrói uma forma agradável, ritmada e eficaz de transmitir o discurso, e a dialética promove o confronto e o debate das ideias pelo diálogo. Toda a ciência grega foi utilizada para estruturar e fortalecer os argumentos, fossem eles religiosos ou político-sociais. A evolução político-social foi aprimorando as formas de inter-relação, e a ciência da argumentação ganhou novas roupagens. Na linguística, nomes fortes como Ferdinand de Saussure ou Hans-Georg Gadamer modernizaram os conceitos, e estes ganharam espaço em outras ciências, como nas teorias de Jacques Lacan, na psicologia e na psicanálise.

         Acredito que essa competência, por ora, pode ajudar você em dois pontos. Primeiro: estabeleça, escolha e estruture o texto, o contexto, o pretexto e o intertexto quando for se expressar. Uma pessoa que usa o mesmo texto o tempo todo cansa as relações. Uso aqui um texto fundamentado e estruturado porque escrevo um artigo; se o contexto fosse outro, outro texto, outra maneira de me expressar seria usada. Esclareça o pretexto, ou seja, o objetivo-chave que quer quando se comunicar. O intertexto é a necessária percepção de tudo o que envolve o processo de persuasão e que não fica evidente.

         Segundo ponto: falar de persuasão é pensar em caminhos de negociação efetiva. Um método fundamentado é amplamente apresentado pelo professor William Ury, em um dos TEDs mais visualizados: “O caminho do não ao sim”. Em suas obras “Chegando ao Sim com Você Mesmo” e “Negocie para Vencer”, o professor fala de alguns passos para quebrar as objeções e transformar seu processo de comunicação em uma conquista emocional. Em momentos de negociação, saiba: a) vá para o camarote, aprenda a distanciar-se do fato, em alguns casos saia de cena mesmo; b) reformule. Pode parecer simples, mas aprenda a adequar seu discurso. Reformular pode ajudar muito, primeiramente a você; c) passe para o lado do outro. Dizem que essa ação no fundo é impossível, mas o movimento de compreensão da “pele na qual o outro habita” facilita a persuasão. Compreender o outro no cenário desafiador dele nos humaniza; d) construa pontos douradas. Significa fortalecer pontos de ganhos mútuos. Pontes douradas significam o mais importante caminho construído nas duas direções dos que negociam; e) por último, faça o outro cair em si, não de joelhos.

         Quando buscamos os caminhos da persuasão, precisamos ajustar nossas intenções fundantes. A vida não é um jogo de cabo de guerra, em que se busca freneticamente ter razão. Que nosso discurso seja tão bem elaborado que fique claro por si mesmo. Não é uma busca louca por convencer o outro, mas é, sobretudo, um caminho de elaboração de ideias claras. Mesmo obtendo-se isso, ainda deve sobrar espaço para o que o outro consegue ou permite perceber da vida, de si mesmo, dos outros e do mundo. Persuasão não é ditadura da palavra. Persuasão é celebração de bons argumentos democraticamente apresentados! Boas escolhas!”.

(Otávio Grossi. otaviogrossi@saudeintegral.com.br, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de março de 2021, caderno INTERESSA, página 31).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 28 de março de 2021, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Luiz Carlos Bresser Pereira, professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, ex-ministro da Fazenda (1987, governo Sarney), da Administração e da Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia (1995-1998 e 1999, governo FHC), e que merece igualmente integral transcrição:

“Democracia liberal ou

democracia republicana?

        Fernando Schüler é um brilhante intelectual liberal. Recentemente escreveu um belo artigo nesta Folha (“Rawls em tempo de barricadas”; 10.fev.21) em homenagem a John Rawls – o grande filósofo político liberal progressista que renovou a filosofia política ao publicar nos Estados Unidos, em 1971, “Uma Teoria da Justiça”. Rawls não foi um neoliberal: não defendeu nem o liberalismo econômico radical nem um individualismo exacerbado, que definem o neoliberalismo.

         Em meados do século 19, os liberais se tornaram conservadores e, desde o início do século 20, defensores da democracia – à qual antes de opunham. Mas de uma democracia adjetivada, que chamam “democracia liberal”. Expressam assim seu conservadorismo panglossiano, sua crença de que os países ricos vivem no melhor dos mundos possíveis.

         Eu respeito o liberalismo político porque foi no seu quadro que, no século 18, foram definidos e começaram a ser garantidos os direitos civis, mas sei o mal que seu vezo individualista causou à democracia americana. Por isso prefiro chamar as melhores democracias hoje existentes no mundo, como a dinamarquesa ou a suíça, de “democracias republicanas”, que rejeitam o individualismo exacerbado e defendem a prioridade do interesse público sobre os interesses individuais.

         Schüler lembra que Rawls definiu dois princípios de justiça. O primeiro, o da igualdade de oportunidades; o segundo, o “princípio da diferença” – poderíamos admitir a desigualdade desde que suas causas beneficiassem a todos, não existindo alternativas que beneficiassem mais ou menos favorecidos.

         Os dois princípios foram apresentados por Rawls como o resultado kantiano do uso da razão moral, mas eu não posso deixar de ver neles seu condicionamento histórico – o fato de seu livro ter sido escrito nos Estados Unidos no pós-guerra.

         A igualdade de oportunidades é “o sonho americano” que nunca efetivou. É um princípio meritocrático, que é preciso avaliar criticamente.

         O princípio da diferença reflete o sucesso do capitalismo americano naquela época, quando a produtividade não parava de aumentar. A desigualdade era enorme, mas os impostos eram progressivos e todos experimentavam melhoria do seu padrão de vida. Embora Rawls não diga isso, a premissa de sua teoria era a de que os Estados Unidos do seu tempo não estavam longe do ideal de justiça. Eu conheci aquele capitalismo, porque estudei ali 18 meses entre 1960 e 1961. Era impressionante a coesão da sociedade americana daquela época, que transparecia nas pessoas e sua convicção de que a democracia americana era o modelo para o resto do mundo.

         Sessenta anos depois, o quando é diferente. Os impostos se tornaram regressivos, a desigualdade aumentou, a taxa de crescimento diminuiu, o padrão de vida de metade da população americana estagnou, a coesão social desapareceu. E hoje a democracia americana se aproxima de uma plutocracia.

         Os fatos históricos novos que explicam essa decadência foram a virada neoliberal de 1980 e o abandono do republicanismo. Foi o mergulho da sociedade americana no liberalismo econômico e em um liberalismo político radicalmente individualista. Virada de um país que fora sempre desenvolvimentista (manteve elevadas suas tarifas sobre a importação de bens manufaturados até 1939) e começara a se tornar social com Franklin Delano Roosevelt e o “New Deal”.

         A virada neoliberal levou o capitalismo rico a abandonar os princípios social-democráticos, e, no caso dos Estados Unidos, os princípios republicanos que foram influentes desde a Revolução Americana.

         Hoje, a democracia liberal é o regime político de sociedades polarizadas nas quais os adversários políticos são transformados em inimigos. É a democracia de “um mundo em barricadas”, como assinala Schüler.

         Barricadas que não precisariam existir se a democracia fosse uma democracia republicana; se não estivesse baseada no individualismo, mas no civismo; se não falasse apenas em direitos, mas também das obrigações que cada cidadão tem para sua nação.

         Schüler diz que vivemos em sociedades abertas, não em comunidades. De fato, pensar que sociedades de massa possam ser comunidades é utópico. Mas podemos caminhar nessa direção se deixarmos de reforçar o individualismo liberal e definirmos como valor maior o republicanismo e tivermos como objetivo uma democracia republicana.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

 a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a estratosférica marca de 326,68% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,93%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 5,20%);

 

II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

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