segunda-feira, 12 de abril de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DAS HUMANIDADES E CIÊNCIAS NA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DO AMOR E ALEGRIA FECUNDA NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE

“Fragmentação dos saberes

        Em livro publicado no final do século 20, com o sugestivo título de “A Religação dos Saberes”, o hoje quase centenário pensador francês Edgar Morin propunha, a partir de uma solicitação de propostas para o ensino secundário feita a ele pelo então ministro da Educação da França, Claude Allègre, que as barreiras entre as disciplinas fossem derrubadas.

         O texto reúne o resultado de discussões ocorridas nas jornadas temáticas entre intelectuais do país sobre religar as ciências da natureza e as ciências da cultura. A percepção de Morin e do grupo reunido em março de 1998 era a de que, apesar de fazer todo o sentido conectar humanidades e ciências exatas, as escolas, do ensino fundamental ao superior, continuavam a fortalecer o modelo de fragmentação e da disciplinarização.

         O conhecimento científico, afinal, evolui a partir do que se construiu ao longo do prazo do tempo, e os melhores cientistas, mesmo os que quebram paradigmas estabelecidos, estão sentados “sobre ombros de gigantes”, como escreveu Isaac Newton em carta a Robert Hooke, no século 17. De fato, faz pouco sentido ensinar ciências sem recorrer à história.

         Daí a relevância de ensinar história da ciência nas escolas, integrando as disciplinas e mostrando aos alunos como o processo de pesquisa científica evoluiu ao longo do tempo, como descobertas ocorreram e como artefatos usados em laboratórios resultaram de observações científicas e, ao mesmo tempo, aceleram novos achados. Nesse sentido, acerta a Base Nacional Comum Curricular de ensino médio, tanto ao integrar disciplinas por áreas de conhecimento quanto ao demandar que os currículos incluam maior integração entre história e ciências da natureza.

         Ao ler a biografia de Jennifer Doudna, bioquímica americana laureada com o Nobel de Química de 2020, escrita por Walter Isaacson, “A Decodificadora”, veio-me com força a percepção da fragilidade de um ensino que não incorpora história nas aulas de química ou biologia.

         A cientista, pioneira em pesquisas de edição genética que podem nos ajudar a enfrentar os vírus, avançou em suas investigações por duas razões: incorporou achados de outros contemporâneos e beneficiou-se de descobertas e invenções de pesquisadores que a precederam no grande movimento anterior do Projeto Genoma Humano. Doudna, ela mesma, sempre defendeu maior integração das humanidades na formação de futuros cientistas.

         A possibilidade de mostrar nas escolas, a crianças e jovens, o incrível processo de descobertas científicas e a evolução do conhecimento humano trará, sem dúvida, maior interesse no campo científico e contribuirá para a religação dos saberes que Morin preconiza.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 19 de março de 2021, caderno opinião, página A2).

         Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 09 de abril de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente transcrição:

“Alegria: pão e remédio

        O sol radiante brilha no horizonte de um mundo encoberto pelas sombras de uma grande tristeza. No início da tradição cristã, o sol, artisticamente retrato nos túmulos ou nas igrejas primitivas, se tornara o símbolo de Cristo Ressuscitado, o redentor vencedor da morte com a vida, do ódio com o amor. Este sol radiante – Cristo Ressuscitado – brilha luminoso no horizonte cristão deste tempo pascal. Um percurso litúrgico de cinquenta dias para oferecer o exercício da alegria aos que creem. As consequências humanitárias e existenciais do momento atual, com tantas injunções e pesadas consequências, particularmente aquelas que levam ao luto, ao agravamento de crises econômicas e políticas, estão pedindo uma ação terapêutica. Um tratamento para colocar, como canta o profeta Isaías, a alegria no lugar do luto, e no lugar das cinzas, o bálsamo da consolação. Não se busca algo paliativo, alívio passageiro, mas um revigoramento das forças, pois os pés estão cansados, os braços, enfraquecidos. E os corações padecem com sofrimentos, enfermidades e obscuridades. A humanidade precisa do pão e do remédio da alegria.

         Muitas providências precisam ser efetivadas – mais celeridade no processo de vacinação, esperança para se vencer a pandemia, adequadas políticas públicas capazes de garantir a seguridade alimentar, pois é espantoso o número dos que hoje sofrem com a fome. São necessárias eficazes estratégias de organização socioeconômica e política que levem a um desenvolvimento integral, na contramão da atual lógica perversa do mercado. As urgências são muitas, demandam inteligência e olhar compassivo para provocar uma grande virada civilizatória. A gestação de um novo tempo depende também da dedicação para se procurar experimentar a genuína alegria, com o seu tônus vivificante. Obviamente, não pode ser uma alegria que combata a tristeza por meio da fuga da realidade. Não se trata ainda de simples sensação que é fruto da mesquinhez, do egoísmo e da indiferença em relação aos que clamam por socorro – os vulneráveis da Terra. E jamais deve ser uma alegria alienante, alcançada por meio do conforto que produz cegueira, medo de lutar ou pouca disponibilidade para produzir respostas proféticas – capazes de efetivar novas lógicas com sabor do Evangelho de Jesus Cristo.

         A alegria indispensável existe para iluminar e fecundar o coração humano, de todos os que se deixam iluminar por este Sol cuja luz é eternamente incandescente, aquece corações para a compaixão, brilha na inteligência orientada para o bem, emoldurada pelo princípio inegociável de que a vida está em primeiro lugar. Essa alegria é oferecida a partir do serviço essencial da Igreja de Cristo, dedicado à humanidade há mais de dois mil anos, como legislação de amor. Por sua origem divina, ultrapassa em tradição, reconhecimento e operação, qualquer definição de tribunais humanos. A alegria oferecida vai além dos limites próprios de decretos. Gera discernimento, permite reconhecer sempre que a vida está em primeiro lugar, o que leva equilíbrio a procedimentos e gestos, escolhas e ações. Sem essa sabedoria que nasce da alegria autêntica, a humanidade fica sem rumo. Produz uma nuvem escura de tristeza que prejudica a lucidez e o exercício da solidariedade.

         A alegria necessária nasce sempre e unicamente do encontro com a pessoa de Cristo, crucificado e ressuscitado. Não se origina das posses acumuladas ou do sabor efêmero de muitas coisas. Vem do encontro com Aquele que muda toda pessoa. Quem busca essa proximidade deixa-se iluminar pela presença, pela palavra e pelo mistério do amor de Jesus. Importante recordar o apóstolo Paulo que, ao viver esse encontro, desceu do pedestal de sua soberba, redimensionou a sua importância, mesmo possuindo diferentes cidadanias, e fecundou a sua compreensão de modo construtivo. Transformado pelo encontro com Jesus, o apóstolo Paulo reconfigurou culturas e povos com a força do seu testemunho, mesmo em meio a perseguições e martírio.

         Paulo sempre compreendeu a fé cristã como experiencia da alegria. Dos 326 verbetes que designam alegria no Novo Testamento, 131 referências estão nas suas dez cartas. A alegria por estar em Cristo capacita para suportar a luta da vida, com suas adversidades em diferentes circunstâncias. É fruto do Espírito que produz alegre liberdade, com propriedade para enfrentar o sofrimento. Alimento da esperança – pão que sustenta o peregrino. A alegria pascal devolve serenidade aos corações, perspicácia à mente humana na busca de soluções humanitárias, disposição para o exercício da solidariedade, acalma espíritos belicosos, fecunda a cidadania e garante a sabedoria que vem do amor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

 a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a estratosférica marca de 326,68% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,93%; e já o IPCA, em março, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 6,10%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

  

                                     

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