segunda-feira, 17 de maio de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA COERÊNCIA, QUALIFICAÇÃO DAS LIDERANÇAS E ENSINO NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E A TRANSCENDÊNCIA DO DIÁLOGO, FRATERNIDADE E AMIZADE SOCIAL NA SUSTENTABILIDADE

“Construir coerência

        Novos secretários de Educação assumiram em muitos municípios brasileiros, em meio às incertezas sobre o início das aulas presenciais e da possibilidade de manutenção de alguma forma de aprendizagem em casa. Independente da escolha da escola, da rede ou dos pais, será uma gestão  repleta de desafios, tanto para recuperar as perdas de aprendizagem, que serão imensas, quanto para construir uma educação que assegure alguma combinação de excelência com equidade. E disso depende o futuro do país.

         Não há exageros na frase: com um processo de ensino que não coloca a aprendizagem de qualidade todas as crianças e jovens em primeiro lugar, não estaremos aptos a promover um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. Mais ainda, cada um desses jovens não terá chance de realizar seu potencial, fazer escolhas de forma independente e competir com máquinas na busca por trabalho e realização pessoal.

         A solução para isso? Certamente não há balas de prata, e sim a implementação determinada e obsessiva de uma política educacional consistente, a cada nível de governo, que transforme e integre os diferentes elementos do sistema de ensino.

         É a isso que se refere o excelente livro do pesquisador e educador canadense Michael Fullan, “Coeherence” (ou coerência, em tradução livre).

         Analisando escolas e sistemas educacionais que superaram desafios para assegurar aprendizagem a todos, mesmo em áreas de vulnerabilidade, o autor traz a importância de lideranças engajadas em todos os níveis que construam uma abordagem integrada no processo de transformação.

         As estratégias sugeridas incluem focar na aprendizagem de todos, cultivar em cada escola e no sistema uma cultura de colaboração profissional, com base em dados e não apenas em meras percepções, tornar a aprendizagem mais aprofundada, que forme alunos capazes de pensar de forma independente, e assegurar responsabilidade individual e coletiva na promoção de melhorias. No modelo proposto, a tecnologia funciona como um acelerador, mas o fundamental é uma pedagogia adequada ao desafio, ou seja, um processo de ensino e de avaliações de aprendizagem que possibilite que os alunos desenvolvam suas competências num nível mais alto de proficiência. Não só os já motivados, mas todos eles.

         Há muito o que fazer nessa direção, e alguns municípios vêm mostrando que isso é possível. Podemos aprender com o que Sobral ou Mucambo, ambos no Ceará, entre várias outras cidades, estão fazendo. Precisamos agora, com urgência, estender essas boas práticas para o país todo, especialmente em tempos tão desafiadores. Sem isso, não haverá futuro!”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 22 de janeiro de 2021, caderno opinião, página A2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 14 de maio de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Promover amizade social

        O cristão, fiel à sua identidade, obediente aos ensinamentos de Jesus, tem a missão de estar no mundo para promover, de maneira cidadã, a fraternidade e a amizade social. Jesus, na maestria da formação de seus discípulos, compartilha recomendações e faz indicações preciosas. Forte e interpelante é a lembrança de sua palavra, quando disse: “Como o Pai me amou assim também eu vos amei”. Dessa forma, recomendou a cada discípulo permanecer neste amor, convocando ao ato mais nobre e supremo da vida cristã, mandamento maior: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A força desta “carta magna” requer do discípulo de Jesus a consciência de sua tarefa missionária insubstituível – ser promotor da fraternidade e da amizade social. A compreensão de que essa responsabilidade é irrenunciável deve repercutir, como incômodo terapêutico, no coração de cada um, com força de conversão.

         Viver na contramão da fraternidade e da amizade social provoca impagáveis passivos, que se revelam nas estatísticas sobre a violência, a exclusão social, os preconceitos e as discriminações que ferem mortalmente a dignidade humana. O prejuízo incide também nos parâmetros do desenvolvimento humano integral, com consequências deletérias na cultura. Descompassos ameaçam a vida e minam as condições para se alcançar mais justiça e paz. Por isso, é ainda mais necessário o olhar genuinamente cristão, que possui uma luz intrínseca: a luz da fé, que capacita o ser humano a enxergar além das aparências. Os que verdadeiramente são discípulos de Jesus não recorrem à usura, nem se deixam dominar pelo apego ou por lógicas que favoreçam a corrupção. Os cristãos devem se opor à hegemonia de interesses exploratórios que depredam o meio ambiente e os direitos, com injustificável indiferença em relação aos mais pobres.

         Espera-se sempre dos cristãos atitudes coerentes com a sua dignidade e identidade, enraizadas nos valores do Evangelho. Por isso, são vergonhosas as lógicas perversas e excludentes de uma sociedade de maioria cristã. Os discípulos de Jesus, em diálogo e intercâmbio com cidadãos de outras confissões religiosas também depositárias de relevantes contribuições humanísticas, precisam reagir. O momento atual está urgindo uma atuação mais lúcida, incidente e transformadora dos cristãos. Isto significa investir em ações individuais e sociais mais fortes e produtivas, à luz de uma compreensão inspirada no diálogo e na amizade social.

         Muitos comprometimentos são fruto da relativização do diálogo, que não raramente é substituído até por barganhas políticas. Em vez de dialogar, investe-se equivocadamente no preconceito ou em outras formas de exclusão, valendo-se de frágeis justificativas – falta de afinidade ou divergência nas escolhas. Mas, sem diálogo social – fenômeno mais amplo e importante que a simples tergiversação político-partidária – não se tecerá a nova cultura que é imprescindível para reconstruir o país. O diálogo deve ser sempre a alternativa possível entre a indiferença egoísta e o protesto violento. O papa Francisco lembra, na carta encíclica Fratelli tutti, que São Francisco de Assis propõe a adoção de um estilo de vida com “sabor do Evangelho”, convidando cada pessoa a perceber que todos são irmãos e irmãs uns dos outros. Nesta perspectiva, é preciso reconhecer que um país cresce quando as suas diversas riquezas dialogam de modo construtivo.

         Diálogo é mais que troca de opiniões – principalmente quando se pensa nos juízos formados a partir de informações não confiáveis. Há uma grande urgência na superação de tudo que possa impedir a sociedade de dialogar. O ponto de partida é a derrubada de preconceitos e do fechamento às novas ideias. Assim, é possível superar entendimentos limitados para alcançar a verdade. Também é importante o cuidado com a linguagem midiaticamente produzida. Não se pode investir no acirramento do ódio, caminho adotado por muitas campanhas políticas. Os debatedores na sociedade não podem correr o risco de constituir quartéis de manipuladores nos segmentos da política, da religião, da economia e da mídia, em defesa de interesses econômicos e ideológicos cartoriais.

         A ausência do diálogo é a evidência do desinteresse dos cidadãos pelo bem comum, prevalecendo a pequenez de se buscar apenas vantagens individuais. O para Francisco, na carta encíclica Fratelli tutti, inspira o coração humano a reagir quando diz: “os heróis do futuro serão aqueles que souberem quebrar esta lógica doentia e, ultrapassando as conveniências pessoais e partidárias, decidam sustentar respeitosamente uma palavra densa de verdade”. O compromisso com a verdade é princípio inegociável da autenticidade cristã. E o cristianismo ensina, com a sua doutrina, posturas que fermentam o diálogo social, cultivando a capacidade de se respeitar o ponto de vista do outro. Essa capacidade é que torna factível, em uma sociedade pluralista, o diálogo que ultrapassa um mero consenso ocasional. A hora requer a qualificação do debate público, da capacidade para dialogar, demandando de todos os cidadãos – exigência sobretudo para os cristãos – dedicação na promoção da fraternidade e da amizade social.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

 a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 334,91% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 121,04%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 6,10%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a

proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

        

 

        

          

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