“Construir coerência
Novos
secretários de Educação assumiram em muitos municípios brasileiros, em meio às
incertezas sobre o início das aulas presenciais e da possibilidade de
manutenção de alguma forma de aprendizagem em casa. Independente da escolha da
escola, da rede ou dos pais, será uma gestão
repleta de desafios, tanto para recuperar as perdas de aprendizagem, que
serão imensas, quanto para construir uma educação que assegure alguma
combinação de excelência com equidade. E disso depende o futuro do país.
Não há
exageros na frase: com um processo de ensino que não coloca a aprendizagem de
qualidade todas as crianças e jovens em primeiro lugar, não estaremos aptos a
promover um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. Mais ainda, cada
um desses jovens não terá chance de realizar seu potencial, fazer escolhas de
forma independente e competir com máquinas na busca por trabalho e realização
pessoal.
A
solução para isso? Certamente não há balas de prata, e sim a implementação
determinada e obsessiva de uma política educacional consistente, a cada nível
de governo, que transforme e integre os diferentes elementos do sistema de
ensino.
É a isso
que se refere o excelente livro do pesquisador e educador canadense Michael
Fullan, “Coeherence” (ou coerência, em tradução livre).
Analisando
escolas e sistemas educacionais que superaram desafios para assegurar
aprendizagem a todos, mesmo em áreas de vulnerabilidade, o autor traz a
importância de lideranças engajadas em todos os níveis que construam uma
abordagem integrada no processo de transformação.
As
estratégias sugeridas incluem focar na aprendizagem de todos, cultivar em cada
escola e no sistema uma cultura de colaboração profissional, com base em dados
e não apenas em meras percepções, tornar a aprendizagem mais aprofundada, que
forme alunos capazes de pensar de forma independente, e assegurar
responsabilidade individual e coletiva na promoção de melhorias. No modelo
proposto, a tecnologia funciona como um acelerador, mas o fundamental é uma
pedagogia adequada ao desafio, ou seja, um processo de ensino e de avaliações
de aprendizagem que possibilite que os alunos desenvolvam suas competências num
nível mais alto de proficiência. Não só os já motivados, mas todos eles.
Há muito
o que fazer nessa direção, e alguns municípios vêm mostrando que isso é
possível. Podemos aprender com o que Sobral ou Mucambo, ambos no Ceará, entre
várias outras cidades, estão fazendo. Precisamos agora, com urgência, estender
essas boas práticas para o país todo, especialmente em tempos tão desafiadores.
Sem isso, não haverá futuro!”.
(Claudia Costin. Diretora do Centro de
Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no
jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 22 de janeiro de 2021, caderno opinião,
página A2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 14 de maio de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Promover amizade social
O
cristão, fiel à sua identidade, obediente aos ensinamentos de Jesus, tem a
missão de estar no mundo para promover, de maneira cidadã, a fraternidade e a
amizade social. Jesus, na maestria da formação de seus discípulos, compartilha
recomendações e faz indicações preciosas. Forte e interpelante é a lembrança de
sua palavra, quando disse: “Como o Pai me amou assim também eu vos amei”. Dessa
forma, recomendou a cada discípulo permanecer neste amor, convocando ao ato
mais nobre e supremo da vida cristã, mandamento maior: “Amai-vos uns aos outros
como eu vos amei”. A força desta “carta magna” requer do discípulo de Jesus a
consciência de sua tarefa missionária insubstituível – ser promotor da
fraternidade e da amizade social. A compreensão de que essa responsabilidade é
irrenunciável deve repercutir, como incômodo terapêutico, no coração de cada
um, com força de conversão.
Viver na
contramão da fraternidade e da amizade social provoca impagáveis passivos, que
se revelam nas estatísticas sobre a violência, a exclusão social, os
preconceitos e as discriminações que ferem mortalmente a dignidade humana. O
prejuízo incide também nos parâmetros do desenvolvimento humano integral, com
consequências deletérias na cultura. Descompassos ameaçam a vida e minam as
condições para se alcançar mais justiça e paz. Por isso, é ainda mais
necessário o olhar genuinamente cristão, que possui uma luz intrínseca: a luz
da fé, que capacita o ser humano a enxergar além das aparências. Os que
verdadeiramente são discípulos de Jesus não recorrem à usura, nem se deixam
dominar pelo apego ou por lógicas que favoreçam a corrupção. Os cristãos devem
se opor à hegemonia de interesses exploratórios que depredam o meio ambiente e
os direitos, com injustificável indiferença em relação aos mais pobres.
Espera-se
sempre dos cristãos atitudes coerentes com a sua dignidade e identidade,
enraizadas nos valores do Evangelho. Por isso, são vergonhosas as lógicas
perversas e excludentes de uma sociedade de maioria cristã. Os discípulos de
Jesus, em diálogo e intercâmbio com cidadãos de outras confissões religiosas
também depositárias de relevantes contribuições humanísticas, precisam reagir.
O momento atual está urgindo uma atuação mais lúcida, incidente e
transformadora dos cristãos. Isto significa investir em ações individuais e
sociais mais fortes e produtivas, à luz de uma compreensão inspirada no diálogo
e na amizade social.
Muitos
comprometimentos são fruto da relativização do diálogo, que não raramente é
substituído até por barganhas políticas. Em vez de dialogar, investe-se
equivocadamente no preconceito ou em outras formas de exclusão, valendo-se de
frágeis justificativas – falta de afinidade ou divergência nas escolhas. Mas,
sem diálogo social – fenômeno mais amplo e importante que a simples tergiversação
político-partidária – não se tecerá a nova cultura que é imprescindível para
reconstruir o país. O diálogo deve ser sempre a alternativa possível entre a
indiferença egoísta e o protesto violento. O papa Francisco lembra, na carta
encíclica Fratelli tutti, que São Francisco de Assis propõe a adoção de
um estilo de vida com “sabor do Evangelho”, convidando cada pessoa a perceber
que todos são irmãos e irmãs uns dos outros. Nesta perspectiva, é preciso
reconhecer que um país cresce quando as suas diversas riquezas dialogam de modo
construtivo.
Diálogo
é mais que troca de opiniões – principalmente quando se pensa nos juízos
formados a partir de informações não confiáveis. Há uma grande urgência na
superação de tudo que possa impedir a sociedade de dialogar. O ponto de partida
é a derrubada de preconceitos e do fechamento às novas ideias. Assim, é
possível superar entendimentos limitados para alcançar a verdade. Também é
importante o cuidado com a linguagem midiaticamente produzida. Não se pode
investir no acirramento do ódio, caminho adotado por muitas campanhas
políticas. Os debatedores na sociedade não podem correr o risco de constituir
quartéis de manipuladores nos segmentos da política, da religião, da economia e
da mídia, em defesa de interesses econômicos e ideológicos cartoriais.
A
ausência do diálogo é a evidência do desinteresse dos cidadãos pelo bem comum,
prevalecendo a pequenez de se buscar apenas vantagens individuais. O para
Francisco, na carta encíclica Fratelli tutti, inspira o coração humano a
reagir quando diz: “os heróis do futuro serão aqueles que souberem quebrar esta
lógica doentia e, ultrapassando as conveniências pessoais e partidárias,
decidam sustentar respeitosamente uma palavra densa de verdade”. O compromisso
com a verdade é princípio inegociável da autenticidade cristã. E o cristianismo
ensina, com a sua doutrina, posturas que fermentam o diálogo social, cultivando
a capacidade de se respeitar o ponto de vista do outro. Essa capacidade é que
torna factível, em uma sociedade pluralista, o diálogo que ultrapassa um mero
consenso ocasional. A hora requer a qualificação do debate público, da
capacidade para dialogar, demandando de todos os cidadãos – exigência sobretudo
para os cristãos – dedicação na promoção da fraternidade e da amizade social.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a
proposta do Orçamento
Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade
Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca
de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a
título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta
última rubrica, previsão de R$ 1,603
trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da
justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
59
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem! ...
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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