“Quebrar o paradigma da vacina
Dados
atuais mostram que mais de um quarto da população mundial já recebeu pelo menos
uma dose da vacina contra a Covid-19. Em números, estamos falando de mais de
quatro bilhões de doses.
Quase
35,6 milhões de doses são administradas todos os dias, segundo o portal Our
World in Data. São avanços enormes da ciência, da sociedade e para o futuro da
humanidade. Nunca se desenvolveu tão rapidamente uma vacina nem se as produziu
numa escala e rapidez como estamos vemos hoje.
No
entanto, nossa jornada nessa pandemia ainda está longe de terminar. O desafio é
uma corrida contra o tempo. Quanto mais pessoas vacinadas, menos o vírus
circula. Quanto menos circula, menos mutações se desenvolvem e menos variantes
surgirão. Assim, maior a chance de as vacinas conseguirem, por fim, controlar a
disseminação do Sars-CoV-2.
A
eficácia de uma vacina está na sua capacidade em diminuir transmissão, e,
principalmente, o desenvolvimento de formas graves da Covid-19, internações e
mortalidade.
Esse
objetivo que parecia tão distante há 15 meses está hoje ao nosso alcance. Mas
onde a ciência avançou tão rapidamente, o mundo em sociedade não teve o mesmo
desempenho. Apenas 1,1% da população em países de baixa renda recebeu pelo
menos uma dose da vacina, como ocorre no Congo, no Iêmen e em Papua Nova Guiné,
de acordo com os dados do jornal The New York Times.
Enquanto
isso, países desenvolvidos, como Estados Unidos e Alemanha, já vacinaram
complemente, com duas doses, 49% e 51% das suas populações, respectivamente. Na
América do Sul, foram vacinados 64% no Chile, 63% no Uruguai e 19% no Brasil.
Esses
índices refletem mais do que apenas a disponibilidade de produto. Em alguns
lugares do mundo, não há falta de vacina, mas ausência de demanda.
Desinformação,
movimento antivacina, motivos religiosos ou pessoais podem ser responsáveis
pela desconfiança, mas não vamos avançar como sociedade se não conseguirmos
superar esse desafio e ampliar o alcance dos imunizantes.
O
princípio de enxergar a população como uma unidade é a base de diferentes
ideologias, mas para o objetivo coletivo de controlar o vírus Sars-coV-2,
trata-se de uma condição para o êxito. No fim do mês de janeiro, o Hospital
Sírio-Libanês publicou um parecer do seu comitê de bioética que deixou claro
que o princípio da equidade é fundamental para uma saúde pública, além de
importante pilar de sustentação do SUS (Sistema Único de Saúde).
“A
equidade refere-se a oferecer mais a quem precisa mais, procurando investir
mais onde a vulnerabilidade é maior”, diz o parecer. Ou seja, vacinar os mais
vulneráveis primeiro ajudará a reduzir hospitalizações e sofrimentos.
O
princípio de apoio à saúde pública é algo que o Hospital Sírio-Libanês conhece
bem, sendo responsável hoje por mais 500 leitos em unidades do SUS, quase a
mesma quantidade que gerencia na saúde privada.
Esse
princípio de colaboração fomentou também a busca de conhecimento.
Nacionalmente, a colaboração foi a base para a formação da Coalizão Covid-19
Brasil, um grupo formado por seus hospitais e duas redes de pesquisa para
desenvolver mais de nove estudos para entender como tratar as infecções
provocadas pelo Sars-coV-2.
É fato
que precisamos de pessoas imunizadas, pois só assim vamos evitar as variantes
que podem comprometer a eficácia das vacinas disponíveis.
Mas
temos hoje países com muita oferta e pouca demanda, e outros com muita demanda
e pouca oferta.
Temos
que quebrar esse paradigma da vacina. Todos precisam de vacina, não importa a
marca ou origem, desde que aprovada pelos órgãos regulatórios.
Mas será
a solidariedade que nos guiará para além da pandemia, atos guiados pela busca
de compreensão e cooperação que permitirão criar a coesão social que forma
nossa sociedade.”.
(Fernando Ganem. Médico cardiologista, é
diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês e coordena o programa de residência de
clínica médica da instituição, em artigo publicado no jornal FOLHA DE
S.PAULO, edição de 31 de julho de 2021, caderno folhacorrida, página
B8).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de julho de 2021, caderno opinião,
coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de autoria de Ana Toni,
Emílio La Rovere e Mercedes Bustamante,
Diretora-executiva
do Instituto Clima e Sociedade
Professor
titular do Instituto de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ
Professora
titular do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília
e que merece igualmente integral transcrição:
“Quais são os planos do Brasil para a
Neutralidade de carbono em 2050?
Na
Cúpula de Líderes sobre o Clima, promovida em abril deste ano pelo governo
americano, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a intenção de atingir a
neutralidade de carbono no país no ano de 2050. Em dezembro de 2020, a nova
versão da Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil ao Acordo de Paris
(NDC, na sigla em inglês) indicava que o Brasil poderia atingir a neutralidade
em 2060.
A
neutralidade de carbono ocorre com a redução das emissões ao máximo através de
ações de mitigação, e a compensação das emissões residuais integralmente por
sumidouros, naturais (como vegetação nativa) ou artificiais (tecnologias de
sequestro e estocagem de carbono).
Pelo Acordo de Paris, ao atualizarem
suas contribuições individuais a cada cinco anos, os países devem observar o
requisito da progressividade da ambição. O governo defende que a meta de longo
prazo de neutralidade climática caracterizaria maior compromisso de mitigação.
Necessário observar,
inicialmente, que o compromisso climático de 2020, o mesmo que trouxe a meta de
neutralidade até 2060, permite que o Brasil emita 33% a mais de gases de efeito
estufa (GEE) em 2030 em relação ao compromisso anterior (2015), em afronta ao
dever de progressão da ambição do Acordo de Paris.
Simplesmente anunciar uma
meta de neutralidade climática de longo prazo não significa necessariamente uma
maior contribuição aos esforços de mitigação, pois a trajetória de redução das
emissões é que indicará qual será o volume acumulado de GEE por cada país.
Relatório do Painel
Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC, na sigla em inglês) de 2019
estimou que os países têm um “orçamento de carbono” restante de 1 trilhão de
toneladas/CO2-eq para se manter
dentro da meta de 1,5° C de aumento de temperatura do Acordo de Paris, contados
a partir de 2015.
Apesar de não haver uma
individualização exata do “orçamento” por país, deve existir um esforço maior
de cada um, dentro de suas capacidades, para que a soma de suas emissões seja a
menor possível até 2050, quando se deve atingir a neutralidade climática em
escala global.
Portanto, mais do que o
ponto de chegada, é no planejamento e no detalhamento de metas intermediárias e
setoriais (por exemplo, indústria, transporte, energia, agricultura, florestas
etc.), para os anos de 2020-2030 (período da atual NDC) e para 2030-2050, que
se poderá aferir se a meta de neutralidade implica ou não maior ambição,
dependendo, ainda, do desempenho das ações para sua realização.
A ausência de um
instrumento de planejamento para a implementação das metas brasileiras
inviabiliza a adoção de ações de mitigação de curto prazo, especialmente no
setor de uso da terra.
Dados indicam que as
emissões brasileiras estão aumentando, e não diminuindo, como seria esperado
para pavimentar a transição para uma economia de baixo carbono. As crescentes
taxas de desmatamento na Amazônia pressionam ainda mais a curva das emissões
brasileiras no curto prazo.
Se, nesta década, o país
emite mais GEE, terá de tomar medidas drásticas em momento posterior, a um alto
custo econômico e social. Uma abrupta queda das emissões apenas no período final
do prazo estipulado na meta não traz, portanto, o benefício climático e social
esperado.
Os objetivos de curto e
médio prazo estão, portanto, intrinsecamente relacionados aos objetivos de
longo prazo. Atrasar ações urgentes de mitigação nesta década implicará
dificuldades substanciais, ou mesmo a impossibilidade, de atingir a meta de
neutralidade em 30 anos.
Infelizmente, a imagem
internacional do Brasil pode sofrer ainda mais desgastes com possíveis
questionamentos sobre a meta da NDC brasileira.
Urge elaborar, com
participação da sociedade, uma NDC mais ambiciosa e estratégica de
desenvolvimento de longo prazo de baixas emissões de GEE, outra demanda do
Acordo de Paris ainda não cumprida pelo governo.
O artigo é endossado pela Coalizão Ciência e Sociedade
(www.cienciasociedade.org.br)”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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