quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DAS HABILIDADES E CONHECIMENTO NA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA SABEDORIA, ESPIRITUALIDADE E HUMANIDADE PARA A BOA GOVERNANÇA NA SUSTENTABILIDADE

“Habilidades e conhecimento

        Tem sido frequente, hoje em dia, em muitos países, incluir em currículos nacionais o desenvolvimento de habilidades em vez de uma lista daquelas a serem ensinadas. Isso permite maior flexibilidade no trabalho do professor e uma visão mais contemporânea do processo de ensino.

         Há, porém um risco associado a essa abordagem: alunos que vêm de famílias em situação de vulnerabilidade costumam ter um repertório cultural mais limitado, o que torna desafiadora a tarefa de ler e entender textos mais complexos. Se traduzirmos a competência de ler interpretar apenas como um conjunto de técnicas, corremos o risco de diagnosticar equivocadamente o problema de aprendizagem do aluno como uma falha na habilidade leitora.

         Steven Pinker, linguista canadense, costuma dizer que, como o aprendizado inicial de leitura envolve sobretudo decodificação, ou seja, associar letras a sons, o repertório cultural da família tem impacto menor no processo de alfabetização. Quando, porém, a criança avança nas séries escolares seguintes, a leitura de textos um pouco mais avançados passa a demandar referências históricas ou científicas que ela pode não ter adquirido fora da escola.

         Por isso, é tão importante que se ensinem na escola tópicos de história, ciências e geografia associados aos textos colocados para sua leitura, mesmo nos primeiros anos do ensino fundamental. Caso contrário,  estudantes vindos de meios mais vulneráveis terão poucas chances de remover os imensos obstáculos  para sua evolução na aprendizagem e na prática leitora.

         No livro recentemente publicado “The Knowledge Gap”, a historiadora da educação Natalie Wexler discute as desigualdades educacionais existentes nos EUA e mostra que elas crescem frente à inadequação do processo de ensino até pouco utilizado em boa parte dos sistemas escolares do país. Sem uma ação sistemática de ensino para a ampliação do repertório cultural dos alunos, maior proficiência em interpretação de textos não será alcançada e a desigualdade prosseguirá sendo uma característica definidora da educação americana.

         No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular recentemente aprovada e os currículos estaduais e municipais para o ensino fundamental já contemplaram a integração de habilidades com conhecimentos, valorizando saberes de diferentes disciplinas. Que isso se mantenha também nos de ensino médio, como no de São Paulo, aprovado na última semana, e que, na volta às aulas, possamos começar a diminuir a nossa grande desigualdade educacional, tanto mitigando os danos resultantes da pandemia como ensinando de forma bem mais efetiva.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 7 de agosto de 2020, caderno opinião, página A2.

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de dezembro de 2021, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“O rei filósofo

        O imperador Marco Aurélio (governante de 161 a 180 d.C.) transformou em realidade o sonho de Platão: “Haverá um bom governo quando os filósofos (aqueles que têm amor à verdade) chegarem a ser reis ou quando os reis se transformarem em bons filósofos”.

         Estoico, helenista, devotado à simplicidade, Marco Aurélio, desde a tenra idade, foi educado a jejuar, a dispensar luxos, a alimentar-se apenas do estritamente necessário, a ler, a estudar, a deitar-se sem colchão, a meditar, a conter os baixos instintos. Apesar de sua escolhas de governante terem sido ditadas pela “razão de Estado”, que exerceu com firmeza, transcorreu toda a sua vida a estudar como responder ao mal com o bem, quando, por fim, se diz certo de que “a benevolência é qualidade com que se deve tratar os delinquentes” e, portanto, “o melhor processo de nos vingarmos dos maus é não ser como eles”.

         Declarou-se convicto de que “a humanidade é unida por um parentesco que não é se sangue nem de nascença, mas comunga da mesma fonte de inteligência suprema”, e a quem quisesse seguir seu exemplo aconselhou: “Acautela-te, não te distingas por luxos e excessos. Conserva-te simples, bom, puro, austero, inimigo do fausto, amigo da justiça, religioso, humilde, benévolo, humano, firma na prática dos deveres” e “sempre vela pela saúde e conservação dos homens”.

         Gotas de sabedoria saindo de quem exercita o cargo de imperador no momento de maior expansão territorial de Roma, do monarca absoluto, do maior e mais poderoso homem de que se tem conhecimento e, ainda assim, capaz de escrever: “Sê de igual modéstia em todas as situações. Teu rosto espelhe santidade, serenidade, extrema doçura, desprezo pelas glórias vãs. Não escutes delatores, procura compreender o sentido profundo dos acontecimentos, não trabalhes para teu proveito, mas para o de toda a raça humana. Nela tu deverás pensar”.

         “Fica atento. Não te precipites. Examina, compreenda e, então, age”. “Contenta-te com pouco na habitação, na cama, no vestuário, na mesa e nos serviços de criadagem. Sê laborioso, paciente, sóbrio para enfrentar as tarefas que te cabem, tanto as mais singelas, como as mais grandiosas”.

         Marco Aurélio adotou um rigor extremo consigo e uma benevolência infinita com os outros, pois acreditava piamente que “o único fruto da vida terrestre é conservar a alma numa santa disposição e praticar ações úteis à sociedade”.

         Ele foi o maior, o mais respeitado e, também, o menos emulado de todos os governantes. Por isso, até hoje continua sendo o “único”, em milhares de anos de história, que mereceu o apelido de “rei filósofo”. Foi o único relâmpago no meio de uma noite interminável de tristezas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a estratosférica marca de 343,55% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 128,82%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,74%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 


Nenhum comentário: