“Escolhas poderosas
A
ideia de desperdício deixa um gosto amargo. Quando falamos de empreendedorismo
social, ele vem na forma de potencialidades mal aproveitadas, recursos mal
aplicados, ações inócuas... é como uma ‘frustração corporativa’ com impactos
institucionais e emocionais que, claro, queremos evitar.
A
vivência e a observação ensinam. Atuando no mundo ESG, tenho aprendido com
experiências que sempre apontam para uma questão essencial: os critérios para
definir a direção dos esforços das empresas.
Considerando
que o ecossistema do empreendedorismo social no Brasil está evoluindo (e
rápido), algumas concepções já estão ultrapassadas: o “fazer só para cumprir
tabela”; a distribuição indiscriminada de recursos; os interesses que se
distanciam da dinâmica virtuosa de resultados sociais combinados a resultados
de negócios.
Falta de
pragmatismo e de visão estratégica estão, felizmente, caindo em desuso. Em seu
lugar, entra um processo de alinhamento cada vez maior dos investimentos
sociais aos negócios e uma preocupação muito positiva em definir pautas de
atuação que tenham sintonia com os propósitos da organização e de seus
stakeholders.
Partindo
desse contexto e buscando uma resposta à questão dos critérios, gosto de pensar
em um tripé que estabelece uma lógica abrangente: relevância, consistência e
coerência. Qualquer que seja o formato adotado pelas empresas para seleção das
iniciativas que apoiam, ou para desenvolvimento de iniciativas próprias, a
sinergia entre esses três aspectos reduz a margem de erro.
A
relevância se refere à capacidade da iniciativa de atender aos aspectos
prioritários das agendas envolvidas – sociedade, empresa, stakeholders – de
forma positiva e desejavelmente contínua. O que é mais significativo: Também se
considera a pertinência dessas iniciativas à realidade das comunidades e
públicos afetados: o que vai ser realmente transformador e efetivamente
absorvido aqui, um projeto de educação, um aparelho urbano, capacitação
profissional? A escuta e interlocução com sociedade, governos e agentes
conectados às necessidades e expectativas dos locais e grupos atingidos, e a
avaliação constante dos nossos impactos como negócio e das nossas
possibilidades de ação e participação são vetores que impulsionam no sentido de
ações relevantes.
Em
termos de consistência, me refiro à estrutura das iniciativas em si. Sejam
operadas interna ou externamente, pontuais ou extensivas, devem idealmente se
caracterizar pela gestão profissional e eficiente, com objetivos e metas bem
definidas; pela capacidade de articular e operar as ações necessárias à
materialização; e por resultados verificáveis. Parece óbvio, mas bons
propósitos podem se perder em deficiências de competência técnica – no lazer ou
no gerir.
Sobre
isso, acho importante colocar que também é foco do empreendedorismo social
desenvolver essas capacidades: ao criar espaço para as pautas ESG,
identificamos expoentes que, se for o caso, podem e devem ser equipados e
estimulados em sua competência social-empreendedora – dentro e fora de casa. É
um olhar aprofundado, para a construção de um ecossistema mais sólido.
Por fim,
a coerência. A chave aqui é o alinhamento do investimento social: aos
propósitos e crenças organizacionais; aos nossos recursos e talentos, ligando o
know-how da empresa e sua contribuição social; à estratégia do negócio. E, por
que não, à conexão emocional entre iniciativas, públicos, empresa,
colaboradores, agentes envolvidos?
Afinal,
estamos, sempre, falando de pessoas. De transformar seu mundo. De conquistas e
melhorias que fazem a diferença. Pense nisso: muitas vezes, o equilíbrio entre
relevância, consistência e coerência no empreendedorismo social tem como
indicador mais evidente a sinceridade de um sorriso!”.
(Eduardo Fischer. CEO da MRV, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 2 de fevereiro de
2022, caderno OPINIÃO, página 16).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no mesmo veículo, edição de 14 de fevereiro de 2022, caderno A.PARTE,
página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Tocha acesa
Já
passei por muitas, graves e até inexplicáveis circunstâncias e continuo movido
por força juvenil. Como se o tempo não tivesse oxidado minha alma e apagado o
meu coração.
Os anos
aos poucos encolheram minhas necessidades e raio de ação, sem tolher a
felicidade. Para conhecer o mundo, não preciso mais viajar.
A pele e
os cabelos ressecaram, mas a serenidade ficou mais fácil de ser mantida.
As
aspirações, também, não são mais impetuosas. Agora desço em campo apenas para
enfrentar injustiças; amenizar sofrimento já me enche de satisfação, mesmo sem
qualquer agradecimento. Neste momento consigo aplaudir até adversários,
“inimigos declarados”, reconhecendo neles a companhia necessária e proveitosa
na longa viagem. Neles vejo a razão da superação, o cumular de experiências, o
aprendizado para estar mais preparado e um pouco mais sábio.
Nesta
minha vida, tão acelerada, vi a justiça se cumprir na forma de tristeza, de
doenças, de infortúnios, de solidão, de desprezo.
Aprendi
a avaliar os defeitos de outros com moderação, pois todos nós temos ainda
muitos para superar.
Felizmente,
passei a ver os adversários como úteis e estimulantes, os mais terríveis como
enviados daquele diabo do deserto que nos testa.
Sinto-me
espiritualmente mais sensível e evoluído, melhor a cada dia, sem pânico ou
preocupação com o fim da vida. Esse sentimento me atormentava na juventude.
Hoje, seja quando for, será no momento certo e bem-vindo. Será o começo de
outro estado da vida, sem esta carne velha. Shakespeare disse: “Apaga-te, fugaz
tocha! A vida nada mais é que uma sombra que passa, um pobre histrião que se
pavoneia e se agita uma hora em cena, e, depois, nada se ouve dele. É uma
história contada por um idiota, cheia de fúria e tumulto, que nada significam”.
Sou
cristão, sou budista, sou sufista e não nego a qualquer religião a sua bondade
e suas limitações. Sem Deus, a vida seria um tormento. A ciência, apenas a
ciência, é uma lata que enferruja. Deus é o passado, o futuro, o infinito, eu
uma parte dEle.
Tenho
como obrigação ser justo, não me envergonhar frente a esse Deus que me deu vida
e uma missão. A justiça é a garantia dos oprimidos, dos humildes, dos sem voz,
dos que sofrem. É meu dever.
É
estranho, entretanto, deparar-se com uma justiça nesta terra que falha
aparentemente. Limitada e incerta, quando exercida pelos homens.
Convenci-me:
a vida é uma missão que podemos viver com o dever de fazer dela uma obra de
arte.
Nos anos
que vivi, meus olhos viram festas de arromba na véspera de desastres, como
derrotas penosas pouco antes de vitórias incríveis. Nunca vi alguém ficar
realmente impune aos sofrimentos desnecessários que provocou. A lei cósmica
anota e devolve quando menos se espera.
Vi
arrogantes “invencíveis”, como Golias, derrubados por um simples descuido.
Soberbos quebrados a descer uma escada. Já vi humilhados admirando o passar de
seus torturadores arrastados pela correnteza.
Os bens
materiais são empréstimos temporários, que dão alegria e geram tormentos. Senti
como a glória é, enfim, uma ilusão, que passa mais rápido que a juventude.
Registrei que quem comemora com exageração esquece que voltará a sofrer
derrotas.
O sábio
comemora a verdadeira vitória com compaixão do derrotado.
A
ciência não é exata, mas relativa, maior que ela é uma cadela que dá à luz os
seus filhotes numa galeria abandonada e os defende sacrificando a própria vida.
Ainda me
convenci de que a paciência, a benevolência, a honestidade, o respeito à
verdade – atitudes ao alcance de qualquer um – acabam proporcionando uma
felicidade intensa. Mas a maior está no ato de receber o que vem como alegria,
sentir na dor uma experiência e o pagamento que estamos realizando de uma
dívida. Manter a serenidade.
Um
estudo científico encontrou a maior felicidade do planeta em monges orientais
que vivem nas ruas e de restos de comida. São aqueles que oferecem aos abutres
a carne dos familiares recém-falecidos, dando-lhe utilidade, como tudo tem que
ter.
O
estoico imperador Marco Aurélio repetia: “Viva sempre como fosse o último dia
de sua vida, não chore a perda de um corpo, porque na eternidade um dia, uma
semana ou cem anos são granéis que não valem pela quantidade, mas como
diamantes pela raridade e pureza”. Melhor um dia com honradez e bondade do que
cem anos desperdiçados sem proveito para o mundo.
Deparei
que a idade altera as necessidades, seleciona o que tem de melhor, de mais
simples, apaga a angústia dos sonhos mirabolantes. Concede a capacidade de
adorar a beleza dos seres vivos, o esplendor da juventude, como a pureza do
olhar puro de um sábio. Mostra que na simplicidade reside a elegância mais
agradável. Permite ler nas feições, nos gestos das pessoas o que se passou em
suas vidas e antever seu futuro.
Passa-se
a ter uma terna e amorosa atitude com os jovens, que, por não terem vivido
muito, se contorcem nas dúvidas, se perdem em julgamentos apressados, se
atormentam em aspirações efêmeras. Com minha idade a maior aspiração é a paz,
mas antes dela o dever de cumprir a missão que foi dada.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário