“Fatos e opiniões
No
último Pisa, exame da OCDE aplicado a jovens de 15 anos de diferentes países e
territórios, a ênfase foi em leitura e interpretação de textos. Apesar de um
pequeno avanço na pontuação, o Brasil se manteve num patamar baixo, ficando
entre as 20 últimas posições do ranking.
Algo que
chamou a atenção nos resultados da prova foi que só 2% dos alunos brasileiros
souberam separar fatos de opiniões, uma habilidade central para, segundo os
organizadores da avaliação, “construir conhecimento, pensamento crítico e tomar
decisões bem embasadas”.
Sabemos
o impacto que esse triste índice causa na sociedade. Em tempos de negacionismo
científico, observa-se a constância com que são feitas declarações a “fatos
alternativos”, largamente disseminados em redes sociais. Não tem sido raro,
para mim, ali encontrar tanto a nova geração “torcendo” por verdades sem
embasamento científico como antigos colegas de escola, muitos com diplomas
universitários.
Nesse
sentido, alegrou-me ler o Guia da Educação Midiática, recém-publicado pelo
Instituto Palavra Aberta, para apoiar professores de educação básica na sua
tarefa de ensinar os jovens a acessar o ambiente informacional de forma
crítica, entendendo bem a diferença entre fatos e opiniões e descartando
desinformações. Escrevi o Prefácio desse interessante trabalho e nele citei a
conexão da obra com os textos do inglês David Buckingham, um pioneiro em
estudos de educação midiática, e com a própria Base Nacional Comum Curricular,
que incluiu o tema nas habilidades a serem desenvolvidas entre nossas crianças
e jovens.
Buckingham,
professor do Instituto de Educação da Universidade de Londres, lançou
recentemente um manifesto pela educação midiática em que defende uma abordagem
educacional compreensiva e coerente, centrada em pensamento crítico, para
enfrentar a desinformação.
Sim, ela
sempre existiu, mas hoje atinge muito mais gente, dadas algumas ferramentas
tecnológicas e o pouco cuidado de quem lê sem verificar. Além do que, como em
redes sociais vivemos em bolhas de pessoas que pensam como nós, ficamos sempre
com a sensação de que há uma quase unanimidade em torno dos fatos alternativos
que disseminamos.
Junte-se
a isso uma campanha contra a “grande imprensa”, essa, sim, sujeita a processos,
em democracias, se divulgarem falsas informações, e teremos uma sociedade
rapidamente fazendo escolhas baseadas em dados falsos. Daí a urgência de se
educar a nova geração para um uso competente e seguro das mídias, para evitar a
emergência de um futuro distópico, em que sairemos todos perdendo.”.
(Claudia Costin. Diretora do Centro de
Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no
jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 18 de dezembro de 2020, caderno opinião,
página A2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 7 de
dezembro de 2021, caderno OPINIÃO, página 26, de autoria de Marco
Aurélio Marques Félix, diretor executivo e fundador da Cmos Drake, fabricante
de equipamentos médicos, e que merece igualmente integral transcrição:
“O legado do vírus
A
teoria evolucionista forjada por Darwin há 150 anos ensina que os animais e as
plantas se desenvolvem ao longo do tempo para se adaptar ao ambiente em que estão
estabelecidos. É uma reação poderosa da natureza à necessidade intrínseca de
todo ser vivo de se manter... vivo! A sobrevivência é um desejo que está no DNA
de qualquer coisa que pulsa no planeta.
À
espécie humana foi dado um bônus extraordinário que a coloca em superioridade
sobre qualquer outro terrestre: a capacidade de raciocinar e de se reinventar,
utilizando de todas as potencialidades que natureza permite para manter a
própria preservação. Foi graças a esse complemento que o homem encurtou caminhos
e alcançou longas distâncias; que fez nascerem novas espécies ao mesmo tempo em
que exterminou outras; que fez surgir e extinguir doenças.
E é
nesse contexto que precisamos refletir sobre os efeitos da pandemia para a
humanidade. O novo coronavírus é fruto da manipulação humana, mas também é das
mãos humanas que surgiram as vacinas. De acréscimo, fizemos girar a roda
evolutiva da ciência e experimentamos nosso real poder de adaptação ao caos
global inesperado e instantâneo. Das imensas às microssociedades, todos
passaram por um grande teste de sobrevivência e se viram obrigado a evoluir em
diversos aspectos.
É
verdade que houve a turma dos reprovados. E, evidentemente, não me refiro aos
milhões de mortos pela doença. As imagens do retrocesso serão entronizadas com
as figuras de autoridades que tinham a caneta na mão para trabalhar em favor do
avanço da vida – e não contra, como vimos em certos casos.
Um
momento representativo foi a falta de cilindros de ar para os pacientes de
Covid-19 nos hospitais de Manaus, por exemplo. Ironicamente, uma calamidade que
atingiu em cheio as vias aéreas de quem tinha o privilégio de viver rodeado por
uma floresta que carrega consigo a alcunha de “pulmão do mundo”.
O grave
problema revelou o descompasso de políticos que detêm a chave financeira que
liga o motor da ciência e, portanto, da própria evolução. Se em alguns lugares
houve grandes avanços, em outros a doença deflagrou que a vida ainda está em
risco por haver dirigentes que não conseguem ou não admitem compreender a
diferença entre humanos e cobaias.
Como
explicar a falta de investimentos em saúde? Como compreender a existência de
hospitais públicos entregues às traças, sem o suporte devido do poder público?
Como justificar as cargas tributárias elevadíssimas sobre medicamentos e
aparelhos avançados, que poderiam garantir aos hospitais públicos e privados
condições mínimas para salvar vidas que parecem cair por entre os dedos?
Entre
muitas espécies de animais que vivem em manadas e que servem de comida para
predadores, o senso de comunidade se esvai diante de um ataque à presa. A
reação imediata é a fuga, de autoproteção. Numa visão antropológica, a inércia
em Manaus, os ataques à vacina, ao uso da máscara e a falta de zelo com o ser
humano, dentre outros tantos absurdos vistos mundo afora, talvez sejam traços
persistentes de hábitos neandertalescos.
São
paradigmas que precisam ser quebrados. A vida em sociedade e o amparo ao
próximo exigem que repensemos nosso senso de sociedade. O acesso às garantias
individuais mais do que nunca deve ser reforçado, especialmente na saúde, na
educação, no bem-estar e na segurança. O grande legado do coronavírus, que
ainda não acabou, talvez seja uma incerteza não dita, mas que já sabemos qual
é. O que sabemos é que, apesar dos grandes avanços da ciência, ainda temos muito
a caminhar e que estamos à mercê de governanças descuidadas e descrentes.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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