quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA VERDADE, INTEGRIDADE E PENSAMENTO CRÍTICO NA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO BÁSICO NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E O PODER DA BOA GOVERNANÇA, LIÇÕES DAS PANDEMIAS, SOLIDARIEDADE E PRIMADO CIENTÍFICO NA SUSTENTABILIDADE

“Fatos e opiniões

        No último Pisa, exame da OCDE aplicado a jovens de 15 anos de diferentes países e territórios, a ênfase foi em leitura e interpretação de textos. Apesar de um pequeno avanço na pontuação, o Brasil se manteve num patamar baixo, ficando entre as 20 últimas posições do ranking.

         Algo que chamou a atenção nos resultados da prova foi que só 2% dos alunos brasileiros souberam separar fatos de opiniões, uma habilidade central para, segundo os organizadores da avaliação, “construir conhecimento, pensamento crítico e tomar decisões bem embasadas”.

         Sabemos o impacto que esse triste índice causa na sociedade. Em tempos de negacionismo científico, observa-se a constância com que são feitas declarações a “fatos alternativos”, largamente disseminados em redes sociais. Não tem sido raro, para mim, ali encontrar tanto a nova geração “torcendo” por verdades sem embasamento científico como antigos colegas de escola, muitos com diplomas universitários.

         Nesse sentido, alegrou-me ler o Guia da Educação Midiática, recém-publicado pelo Instituto Palavra Aberta, para apoiar professores de educação básica na sua tarefa de ensinar os jovens a acessar o ambiente informacional de forma crítica, entendendo bem a diferença entre fatos e opiniões e descartando desinformações. Escrevi o Prefácio desse interessante trabalho e nele citei a conexão da obra com os textos do inglês David Buckingham, um pioneiro em estudos de educação midiática, e com a própria Base Nacional Comum Curricular, que incluiu o tema nas habilidades a serem desenvolvidas entre nossas crianças e jovens.

         Buckingham, professor do Instituto de Educação da Universidade de Londres, lançou recentemente um manifesto pela educação midiática em que defende uma abordagem educacional compreensiva e coerente, centrada em pensamento crítico, para enfrentar a desinformação.

         Sim, ela sempre existiu, mas hoje atinge muito mais gente, dadas algumas ferramentas tecnológicas e o pouco cuidado de quem lê sem verificar. Além do que, como em redes sociais vivemos em bolhas de pessoas que pensam como nós, ficamos sempre com a sensação de que há uma quase unanimidade em torno dos fatos alternativos que disseminamos.

         Junte-se a isso uma campanha contra a “grande imprensa”, essa, sim, sujeita a processos, em democracias, se divulgarem falsas informações, e teremos uma sociedade rapidamente fazendo escolhas baseadas em dados falsos. Daí a urgência de se educar a nova geração para um uso competente e seguro das mídias, para evitar a emergência de um futuro distópico, em que sairemos todos perdendo.”.

(Claudia Costin. Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 18 de dezembro de 2020, caderno opinião, página A2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 7 de dezembro de 2021, caderno OPINIÃO, página 26, de autoria de Marco Aurélio Marques Félix, diretor executivo e fundador da Cmos Drake, fabricante de equipamentos médicos, e que merece igualmente integral transcrição:

“O legado do vírus

        A teoria evolucionista forjada por Darwin há 150 anos ensina que os animais e as plantas se desenvolvem ao longo do tempo para se adaptar ao ambiente em que estão estabelecidos. É uma reação poderosa da natureza à necessidade intrínseca de todo ser vivo de se manter... vivo! A sobrevivência é um desejo que está no DNA de qualquer coisa que pulsa no planeta.

         À espécie humana foi dado um bônus extraordinário que a coloca em superioridade sobre qualquer outro terrestre: a capacidade de raciocinar e de se reinventar, utilizando de todas as potencialidades que natureza permite para manter a própria preservação. Foi graças a esse complemento que o homem encurtou caminhos e alcançou longas distâncias; que fez nascerem novas espécies ao mesmo tempo em que exterminou outras; que fez surgir e extinguir doenças.

         E é nesse contexto que precisamos refletir sobre os efeitos da pandemia para a humanidade. O novo coronavírus é fruto da manipulação humana, mas também é das mãos humanas que surgiram as vacinas. De acréscimo, fizemos girar a roda evolutiva da ciência e experimentamos nosso real poder de adaptação ao caos global inesperado e instantâneo. Das imensas às microssociedades, todos passaram por um grande teste de sobrevivência e se viram obrigado a evoluir em diversos aspectos.

         É verdade que houve a turma dos reprovados. E, evidentemente, não me refiro aos milhões de mortos pela doença. As imagens do retrocesso serão entronizadas com as figuras de autoridades que tinham a caneta na mão para trabalhar em favor do avanço da vida – e não contra, como vimos em certos casos.

         Um momento representativo foi a falta de cilindros de ar para os pacientes de Covid-19 nos hospitais de Manaus, por exemplo. Ironicamente, uma calamidade que atingiu em cheio as vias aéreas de quem tinha o privilégio de viver rodeado por uma floresta que carrega consigo a alcunha de “pulmão do mundo”.

         O grave problema revelou o descompasso de políticos que detêm a chave financeira que liga o motor da ciência e, portanto, da própria evolução. Se em alguns lugares houve grandes avanços, em outros a doença deflagrou que a vida ainda está em risco por haver dirigentes que não conseguem ou não admitem compreender a diferença entre humanos e cobaias.

         Como explicar a falta de investimentos em saúde? Como compreender a existência de hospitais públicos entregues às traças, sem o suporte devido do poder público? Como justificar as cargas tributárias elevadíssimas sobre medicamentos e aparelhos avançados, que poderiam garantir aos hospitais públicos e privados condições mínimas para salvar vidas que parecem cair por entre os dedos?

         Entre muitas espécies de animais que vivem em manadas e que servem de comida para predadores, o senso de comunidade se esvai diante de um ataque à presa. A reação imediata é a fuga, de autoproteção. Numa visão antropológica, a inércia em Manaus, os ataques à vacina, ao uso da máscara e a falta de zelo com o ser humano, dentre outros tantos absurdos vistos mundo afora, talvez sejam traços persistentes de hábitos neandertalescos.

         São paradigmas que precisam ser quebrados. A vida em sociedade e o amparo ao próximo exigem que repensemos nosso senso de sociedade. O acesso às garantias individuais mais do que nunca deve ser reforçado, especialmente na saúde, na educação, no bem-estar e na segurança. O grande legado do coronavírus, que ainda não acabou, talvez seja uma incerteza não dita, mas que já sabemos qual é. O que sabemos é que, apesar dos grandes avanços da ciência, ainda temos muito a caminhar e que estamos à mercê de governanças descuidadas e descrentes.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a estratosférica marca de 349,62% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 127,57%; e já o IPCA, em janeiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,38%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

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