“Desastres: estamos atacando o real problema?
Acompanhamos
nos noticiários as tragédias que levaram sofrimento para a Bahia e Minas Gerais
em razão dos impactos derivados das fortes chuvas, que causaram inundações,
estradas fechadas e pontes destruídas. Como não se comover com as famílias
desabrigadas que perderam tudo em plena pandemia e os negócios que tiveram
prejuízos e precisarão fechar as portas?
Ao mesmo tempo, vemos um calor recorde no Rio Grande do Sul, com as
temperaturas passando dos 40ºC.
É
necessário ainda considerar toda a amplitude dos impactos socioeconômicos deste
cenário. A queda de produtividade e a perda de plantações levam a uma menor
quantidade de alimentos disponíveis e, com a redução da oferta, teremos a alta
de preços alimentando a inflação. E, com a economia paralisada em razão do
município estar embaixo d’água, ocorre a queda de arrecadação de impostos,
prejuízos e aumento de desemprego. Dados da Confederação Nacional de Municípios
(CNM) falam de R$ 1,6 bilhão de prejuízo apenas na Bahia. Já o calor extremo no
Sul e o contato com água não tratada aumenta o caso de problemas de saúde nas
populações atingidas. Tudo culpa da natureza, certo? Errado.
Não
podemos confundir as consequências com as suas causas. Existem diversos estudos
demonstrando os efeitos dos gases de efeito estufa nas mudanças climáticas.
Temos testemunhado uma maior recorrência de chuvas e ventos fortes, seca e
calor intenso no Brasil e no mundo. A isso se soma a falta de planejamento
urbanístico, a inadequação da infraestrutura, as injustiças sistêmicas e a
marginalização destacados em artigo recente de Baju, Boyd e Otto, publicado
pela revista Nature. A humanidade precisa entender e assumir o seu papel e sua
responsabilidade de formas individual e coletiva. Temos responsabilidade na
forma que consumimos, trabalhamos, colaboramos e vivemos.
E este é
um tema tão relevante que, no recém-publicado “Relatório de Riscos Globais
2022” do Fórum Econômico Mundial, dos dez riscos de maior severidade para os
próximos dez anos em escala global, os oito primeiros estão relacionados à
questão ESG (em português, Ambiental, Social e Governança), sendo nas ações
climáticas, extremos climáticos e perda de biodiversidade os mais críticos. O
problema está visível e exige ação. A boa notícia é que existem soluções que,
contudo, precisam urgentemente serem adotadas: redução das emissões dos gases
de efeito estufa, transição energética, economia circular e minimalismo, entre
outros. E para isso a vontade política, a pressão e o engajamento da sociedade,
das empresas e demais organizações devem se fazer presente.
No caso
do mundo corporativo, o tema ESG voltou a ganhar relevância. Precisamos de
líderes e profissionais conscientes e proativos para fazer com que as mudanças
tão necessárias de fato aconteçam. Negar ou minimizar o problema só contribui
para que tragédias e desastres como estamos vendo em Bahia, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul se perpetuem e ampliem. A adoção pelas empresas de práticas de
sustentabilidade é condição para a perenidade dos negócios e da humanidade.
Vamos para a ação?”.
(Jefferson Kiyohara. Diretor de Compliance
& Sustentabilidade na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções
para gestão de riscos, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo
Horizonte, edição de 27 de janeiro de 2022, caderno OPINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de junho de
2003, mesmo caderno, página 9, de autoria de SILO MEIRELES, engenheiro
industrial, com curso de extensão na Universidade de Paris, e que merece
igualmente integral transcrição:
“O fim da escola pública
O
último relatório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep) dá contornos dramáticos a uma sucessão de fracassos em que foi
transformado o ensino básico no País: 41% dos brasileiros não terminam o ensino
fundamental e 60% deles não concluem o ensino médio.
O
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef) e o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e
Estatística (Ibope) já haviam mostrado que os alunos brasileiros são os piores
em leitura, lideram a repetência na América Latina e estão entre os nossos 74%
de analfabetos funcionais. O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registram, há bastante tempo, uma queda
sensível na qualidade do nosso ensino.
O mais
grave, entretanto, é que os indicadores mostram que a queda é muito mais
acentuada na rede oficial. Os esforços do Ministério da Educação, padronizando
projetos pedagógicos com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e
estimulando o avanço escolar com as promoções continuadas, os ciclos de
aprendizagem e as classes de aceleração, não se mostraram capazes de reverter a
tendência. O sistema de cotas é uma tentativa grosseira de passar a conviver
com esta intolerável distorção.
A
qualidade do ensino básico é um fator de reordenamento dos países no mundo
globalizado. Isto porque ela se refere diretamente na competitividade dos bens
e dos serviços que cada um deles é capaz de produzir. Por este motivo, nesta
última década, os países que mais se destacam no cenário mundial, são
exatamente os que orientaram os seus modelos pedagógicos por critérios
objetivos de eficácia.
O
domínio da leitura e da escrita é percebido, nestes países, como um requisito
básico para o sucesso em toda a vida escolar. As diversas estratégias e
metodologias disponíveis para ensinar a ler e a escrever passaram a ser
discutidas publicamente, utilizando e realimentando projetos de pesquisa
comparada, tendo como objetivo central minimizar as possibilidades de fracasso.
O
resultado é que os governos de países como França, Estados Unidos, Inglaterra,
Chile, Itália, Portugal e muitos outros passaram a recomendar ostensivamente, a
professores, escolas e pais de alunos em geral, que adotem a concepção fônica
do ensino de leitura e da escrita. Agem assim porque constataram que a
habilidade de reconhecer e de manipular os sons do idioma e os fonemas em
particular – consciência fonológica e consciência fonêmica – é a variável
isolada que melhor permite prever o sucesso na alfabetização. Um número
crescente de avançados centros acadêmicos de todo o mundo vem aprofundando
essas pesquisas e reforçando essa convicção.
Os
analfabetos aprendem inicialmente a identificar e a manipular os sons
elementares do idioma (fonemas). Aprendem então as relações entre estes sons e
as letras do alfabeto (grafemas). Entendem as palavras escritas como sequências
de letras que correspondem a combinações de sons que formam as palavras
faladas. Desenvolvem a mecânica e a compreensão da leitura com a própria
leitura supervisionada. Trabalham as habilidades da escrita, em paralelo, com
as mesmas premissas.
Cuba,
França, Portugal, Chile, Canadá, Austrália, Itália, Inglaterra, Escócia,
Irlanda, EUA, Finlândia, Alemanha, Israel, Suécia, Dinamarca, Noruega, Holanda
e Bélgica alfabetizam desta forma, e a esmagadora maioria das suas crianças,
com um ano de instrução, é capaz de ler e de escrever com segurança, fluência e
compreensão, coordenando os indicadores fônicos, gráficos, sintáticos e
contextuais, para guiar e corrigir seus erros.
O
Ministério da Educação insiste em ignorar todos estes fatos. Recusa qualquer
critério objetivo de eficácia e continua a recomendar que as suas escolas
coloquem os analfabetos para ler e produzir textos e esperem que eles formulem
hipóteses e descubram sozinhos as relações entre os sons e as letras. Os
pouquíssimos alunos que aprendem a ler assim parecem ser motivo mais do que
suficiente para justificar os milhares de analfabetos que frequentam as séries
avançadas das escolas de todo o País, os milhares de diplomados reprovados pelo
Saeb e pelo Enem e os milhares de desistentes que vão engrossar as estatísticas
do Inep ou vão frequentar um dos inúmeros programas que se eternizaram tentando
ensinar jovens e adultos a ler.
A rede
oficial de ensino nos países onde existe, promove a igualdade de oportunidades
e a melhoria contínua dos padrões de qualidade. Se no Brasil ela promove o
fracasso, a evasão e a exclusão, podemos denunciar o fim da escola pública.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação
dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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