“Um gesto de solidariedade
O
cenário brasileiro tem-nos apresentado histórias chocantes, com todo tipo de
violência, dirigida principalmente contra os pobres. Mas, eles continuam
entregues à própria sorte. Sequer são reconhecidos como o rebanho preferido do
grande Pastor de almas. Em geral, omitindo-nos de uma participação social
responsável e solidária, porque esperamos que aqueles que estão sofrendo com a
exclusão social tenham forças para lutar contra as condições adversas em que se
encontram. Cobramos deles a obrigação de serem fortes, quando nós mesmos não o
somos, diante de problemas pessoais menores.
Pouco
pensamos no esforço que os pobres têm de fazer para sobreviver, material e
emocionalmente, nesse Brasil de injustiça social, em que são sempre
discriminados. Participamos desse teatro preparado para atender a interesses de
uma minoria privilegiada, sem nos importarmos com o fato de que todos
protagonizam papéis que são verdadeiros, mesmo quando trágicos. Para o
desempenho desses papéis, a sociedade ainda cobra mais: a vestimenta adequada.
Assim, as roupas e acessórios, além de proteção ao corpo, representam uma
participação no jogo de aparências do mundo. Sabemos que esta participação,
felizmente, nem sempre implica uma renúncia à procura da essência da vida.
Esquecemo-nos,
no entanto, de que em condições sociais por demais adversas, as pessoas podem
perder a esperança de que a sua existência venha a atingir os direitos
previstos na constituição brasileira, ou determinados pela sua própria noção de
dignidade humana. Foi o que ocorreu na comunidade de José Roberto, Abre
Campo-MG, cuja população teve suas casas e “roças” inundadas pelas águas da
barragem de Cataguazes. Um dos moradores, Sílvio, diante da situação de
abandono em que foram deixados, depois da construção dessa barragem, acabou se
desesperando. Antes do gesto final, porém, deixou em casa o chapéu, sem o qual
nunca saía. O chapéu de Sílvio simbolizou o último adereço pessoal que o
vinculava à farsa social de que ele desistira de participar. Isto não passou
despercebido aos seus companheiros, pois no dia 14/03/01, Dia Internacional dos
Atingidos pelas Barragens, numa mobilização da comunidade em torno dessa data,
o sr. Manoel Clemente declarou que apesar de “tirar o chapéu para os que lutam
contra as barragens naquele dia, permaneceria com ele na cabeça, em lembrança
ao amigo morto” (Jornal Pelejando, Abril 2001, Comissão Pastoral da Terra-MG).
Gestos como estes fazem pensar na omissão da nossa sociedade em relação a
tantos brasileiros privados da sua dignidade. O que demonstra ser, apenas, em
teoria o Cristianismo vivido por pós.”.
(LAIR MATTAR. Mestre em Educação, professora da
Rede Municipal de Ensino/BH, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS,
edição de 23 de abril de 2001, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 25 de fevereiro de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Redes de dizeres
O
mundo contemporâneo vem sendo tecido e impulsionado por redes. Um fenômeno
impactante, facilitado, particularmente, pelos avanços tecnológicos. A
compreensão desse fenômeno exige estudos, adaptações e mudança de mentalidade,
para que não se produzam atropelos e se saiba encontrar soluções e respostas
adequadas. Uma novidade que revoluciona e imprime velocidade com força de
avalanche no conjunto dos processos da vida contemporânea em qualquer parte do
planeta. São muitas as possibilidades e incontáveis as exigências. Desafios que
acabam por pesar nos ombros da humanidade, sinalizando fortemente a exigência
de adequada administração. Uma gestão que não se esgota no viés técnico e não
abre mão, sobretudo, do que se guarda no âmago do existencial de cada indivíduo
e do conjunto da comunidade humana. São redes de todo naipe, compondo um
mosaico com singulares complexidades, com desenhos censitários apontando
relevantes desafios à mente e ao humanismo. Importante indicar a referência ao
humanismo que está em pauta neste momento, aquele que requer novas
configurações, enquanto integral, compreendido com força de modelação de rumos
e tempos novos para a civilização contemporânea, palco de gritos e clamores que
incomodam e precisam ser acolhidos como interpelação.
Menção
oportuna também sobre a importância da rede de solidariedade transformando a
solidariedade em rede, modo singular para se conseguir esperançar mudanças mais
rápidas em se considerando cenários de miséria e exclusão, envergonhando
sociedades e ferindo a intocável sacralidade da vida humana, em todas as suas
etapas. A solidariedade em rede é um remédio indispensável para reavivar o
sentido comprometido de fraternidade universal, a começar pelo efeito de
desconcertar os indiferentes, empurrar e balizar entendimentos políticos com
incidências transformadoras no esfarrapado tecido político, responsável por
rumos inadequados na economia, com vítimas causadas pela crueldade do mercado e
massacradas pela ganância alimentada pelo lucro e medo de não se ter, embora se
possua em excesso.
A rede
de solidariedade tem importantes interseções de influências com outros
circuitos. Promover o engajamento nas redes de solidariedade é investir também
em uma grande mudança cultural, despertando o conjunto da população para uma
sensibilidade que conta muito, e decisivamente, no desenvolvimento integral.
Tem relevância também na relação direta com a rede de solidariedade, a “rede de
dizeres”. Todo indivíduo tem direito a se expressar, no uso de sua liberdade e
de sua autonomia cidadã. Mas, a contemporaneidade, neste inquestionável
processo de viragem civilizatória, está fortemente afetada por uma “Babel de
dizeres” que, consequentemente, produz comprometimentos e contaminações –
talvez mais que avanços significativos em entendimentos construtivos e
corretivos, em se focalizando, especificamente, o nível comum do cotidiano das
relações edificadas pela força determinante do que se fala a todo momento.
Certamente,
além da normal influência do muito falar, particularmente do se expressar sobre
tudo, mesmo quando não se entende suficientemente daquilo que se fala, ou não
é, como se diz popularmente, “da sua conta”, as redes sociais facilitadoras têm
impactos determinantes e avassaladores na configuração desta “Babel de
discussões” com suas contaminações e comprometimentos no âmbito dos diálogos
indispensáveis e do próprio direito da livre opinião. O fato é que está posto
um desafio ao entendimento lúcido. Em curso está o exigente desafio de
contribuir, digerir e suportar a rede de narrativas. A dificuldade e
incompetência da falta desse traquejo estão pesando muito e requerem urgente
atenção e tratamento sob pena de prejuízos irreversíveis e também a imposição
de atrasos, frutos de escolhas inadequadas e tendenciosas. A “rede de dizeres”,
em contínua aceleração, no leito das redes sociais, está expondo mentalidades
estreitadas, acirrando sentimentos expressos pela impactante falta de sentido
de limites, dificuldades cognoscitivas de confrontos em vista de juízos lúcidos
e sóbrios, em se pensando a importância decisiva daquilo que se diz. Por isso,
a veiculação volumosa e acelerada de inutilidades equivocadas torna-se
preocupante. Constata-se um emaranhado que afeta cada indivíduo, até em razão
do que diz ou não, e incide sobre o conjunto de uma sociedade, confundindo
escolhas, atrasando processos. São muitos os aspectos do conjunto complexo da
“rede de dizeres”, do mais sofisticado e significativo ao comum nas esferas
populares.
Com o
apoio de especialistas dos vários campos, com tarefa primordial nos ambientes e
pelos meios educativos todos, torna-se urgente um investimento na competência,
em todas as camadas, de se suportar as narrativas e de se desenvolver sua
adequada produção. Há de se puxar fio por fio desta meada. Uma tarefa complexa
e também artesanal com propriedades de resgastes. Isso porque é visível a
ocorrência de um adoecimento emocional e também uma perda do sentido de limites
e dos balizamentos que assegurem o mínimo de racionalidade e equilíbrio. As
facilidades das redes sociais a serviço da “rede de dizeres”, não pode ser
espaço para narrativas que geram confusão e ativam o caos. É preciso lembrar
que, muitas vezes, ao se precipitar no caos não se conseguirá sair dele, e
ainda que se consiga sair, haverá um alto custo. Assim, é urgente investir,
corrigir, compreender e contribuir, para que o estrago dos discursos
ressentidos, polarizados e dissolutos não ganhem força, capitaneando pares que,
até inconscientemente, se envolvem com narrativas, na maioria truncadas e
amparadas em estatísticas inexatas.
Curioso
é conferir como as visualizações em publicações equivocadas, revelando o grau
de patologias disseminadas e alimentadas, conseguem volumosas audiências em
comparação ao número pífio alcançado por narrativas edificantes. Que as “redes
de dizeres” possam se tornar construtivamente narrativas que qualifiquem a
viragem civilizatória do momento atual, ao invés de vetores para mais
adoecimentos.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade
de nossas instituições, negligenciando a justiça,
a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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