“Educação e seus sabores
Uma
das atividades humanas mais importantes é comer. Comer é, antes de tudo, uma
necessidade fisiológica. Todo ser humano necessita comer para se manter vivo. E
o que tem a ver comida com educação? Acredito que educação seja tão importante
quanto comer.
Rubem
Alves, em seu livro “Variações sobre o prazer”, faz uma analogia com as figuras
da nutrição e da cozinheira. Constrói um paralelo entre o comer por necessidade
e saciedade, com o desejo de sabor e a busca por prazer no ato de comer.
A
nutricionista, segundo ele, tem o intuito de saciar a fome, por isso, prepara
um cardápio balanceado, onde cada nutriente e caloria são postos na balança e
medidos para a saciedade e a saúde. A cozinheira, não, porque ela visa ao
sabor. Ela quer que o comensal se sinta amado com sua culinária. Ela “sonha com
os efeitos que os sabores irão produzir no corpo de quem come”. A cozinheira
não quer matar a forme. “A cozinheira deseja que o seu convidado morra de
prazer”!
A
cozinheira quer que seu convidado tenha mais fome, a fome de sabor.
Talvez
seja este o modo que deveríamos viver a educação. Não como raciocínio frio de
conteúdos e substratos curriculares. Mas como uma mistura de sabores, toques
pessoais. Elaborar uma aula acerca de temas e estímulos do saber deveria aguçar
os sentidos, porque saber é “sapere” em latim, que tem duplo sentido: “saber” e
“ter sabor”. Ou seja, “saber”, conhecer, é saborear, degustar, fazer parte da
nutrição da existência.
A
educação deve retomar a comensalidade como elemento poderoso de construção para
ser relevante na realidade escolar. Mas não deve projetar-se nas limitações
aderindo ao corte e à redução para se fazer aceitável, que quase nunca é
palatável, agradável de executar e experimentar. Ela deve ser servida como
alimento de “sustança”. Como um prato preparado em uma cozinha onde as receitas
suportam experimentações, cozidas sem pressa. Como comida de vó, na qual o
cheiro e o sabor são indispensáveis. Sem necessidade de contar calorias ou impor
restrições.
Uma
educação que fuja da mesa talvez não seja a mais adequada para os nossos
tempos, tão famintos de sentido, afeto e educação. Estamos famintos de
compreensão, paciência, afago, saberes. Nosso desafio está em reverter essa
situação a nosso favor, instigando todos a saborearem o melhor, o prato
preparado com a mistura do conhecimento, com o tempero da persistência, da
socialização, do respeito, do acolhimento que faz a diferença.
Precisamos
de “professores cozinheiros”, que, na magia das misturas, encantem com sabores
e estimulem seus alunos a quererem degustar sabores, criar novas receitas,
arriscar na busca de novas experiências, desbravando com audácia os caminhos da
educação!”.
(Irmã Eliane Viana. Diretora do Colégio Nossa
Senhora das Dores, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte,
edição de 2 de maio de 2022, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 06 de maio de 2022, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Recomeços cidadãos
Clássico,
consagrado e bem atual é o que expressa o imortal Rui Barbosa, ao referir-se
sobre o triunfo das nulidades e o crescimento das injustiças. Ante essa
constatação, a cidadania é interpelada a não abrir mão de virtudes, a superar a
desconsideração da honra e a eleger como prioridade a honestidade. Aí está o
exigente programa, em cada etapa da história e em todos os momentos da (re)
construção da sociedade, buscando edificar “um mundo aberto”, isto é, sem
fechamentos que comprometem o humanismo integral. A grande mudança
civilizatória em curso não permite relativizações ou soluções que podem parecer
fáceis, mas conduzem a fracassos que são consequências de escolhas equivocadas,
de respostas que contemplam parte dos anseios de uma parcela da população, em
um contexto que exige mais compromisso com a solidariedade universal.
Essenciais
são valores e princípios iluminadores, a exemplo daqueles que integram a
doutrina cristã, com propriedades para configurar respostas adequadas a este
tempo. Por isso mesmo, o desafio partilhado por todos inclui o adequado
exercício da cidadania, alicerçando-o sobre valores e princípios
insubstituíveis. Esse desafio pede o reconhecimento das consequências de “um
mundo fechado”, para que sejam geradas mudanças. Adverte o Papa Francisco: as
sombras de “um mundo fechado” trazem o risco de prejuízos pesados. Isso se
comprova quando são observadas as guerras que mancham a história da humanidade.
Mesmo diante de tantos sofrimentos registrados no passado, os conflitos
permanecem, com focos de guerra mundo afora. Os anseios por integração não têm
alcançado seus bons propósitos, que são necessários e urgentes. Ao invés disso,
sinais apontam para um processo de regressão da humanidade, indicando ser
essencial investir no cultivo de envergadura humana, moral e política para
inspirar recomeços cidadãos.
O atual
contexto pede mais inteligência e generosidade solidária da civilização
contemporânea, para que sejam efetivadas mudanças alicerçadas no bem, no amor,
na justiça e na paz. Trata-se de um processo exigente, que inclui consciência
individual e coletiva, na construção de um caminho que efetivamente seja
recomeço cidadão. Oportuno lembrar que a grave crise sanitária enfrentada por
todo o mundo vem produzindo grandes perdas, a morte de muitas pessoas, trazendo
no reverso uma série de lições que precisam ser aprendidas, a exemplo da adoção
de um novo estilo de vida e de novas dinâmicas. Mas, infelizmente, o que se
verifica é a pouca disponibilidade para mudar, conforme revelam certas ações
que ignoram a inadiável necessidade de se respeitar o meio ambiente. Privilegia-se
alógica do lucro, que cega, fazendo tantos acreditarem que o dinheiro rápido na
mão é o que mais vale, sem considerar que logo virão as perdas arrasadoras, a
exemplo da escassez de água potável.
Neste
tempo de grandes possibilidades ainda se convive com a discriminação crescente,
desconsiderando a fraternidade, endurecendo corações, incapacitando-os para
vencer situações de injustiças. O antídoto para esses males é recuperar o
sentido de família, reconhecendo-se parte de um grupo marcado por laços
sanguíneos, mas também integrante de um conjunto maior, a família humana.
Importam os recomeços cidadãos para dissipar as sombras de “um mundo fechado”.
É
preciso vencer o desânimo, conforme alimenta e alicerça a esperança cristã. O
Papa Francisco, na Carta Encíclica Fratelli Tutti, adverte, de modo simples e
muito assertivo, a respeito deste tempo, apresentando três perigosos verbos:
exasperar, exacerbar e polarizar. As atitudes conceituadas por esses três
verbos obscurecem a sociedade e o horizonte urgente que inspira recomeços
cidadãos. Pertinente e sempre interpeladora é a interrogação do Papa: “Nesta
luta de interesses que nos coloca todos contra todos, onde vencer se torna
sinônimo de destruir, como se pode levantar a cabeça para reconhecer o vizinho
ou ficar do lado de quem está caído na estrada?”.
O que se
verifica é um conjunto de consequências desastrosas, capazes de enfraquecer até
mesmo o sentido de família, afrontando seus valores e princípios intocáveis.
Debelam também os sentimentos de solidariedade, desprezando a disposição para o
diálogo e a capacidade para reconhecer a nobreza da dignidade humana de cada
pessoa. Dentre essas situações graves que causam um verdadeiro terremoto social
está a política que deixa de ser debate saudável, buscando o desenvolvimento de
todos e o bem comum. Essa política, conforme bem sublinha o Papa Francisco,
limita-se a receitas efêmeras de marketing, cujo recurso mais eficaz está na
destruição do outro. É preciso reagir evocando um sentimento amplo e irrestrito
para emoldurar a cidadania e iluminar a consciência coletiva pela luz da
humildade, pelo mecanismo do diálogo e pelo sentido imprescindível de
solidariedade. Todos, tecendo riquezas a partir das muitas diferenças, são
convocados a contribuir: com a força do respeito, é hora de importantes
recomeços cidadãos.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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