“A pobreza da independência
O
Brasil comemora 200 anos de nação independente, sendo campeão de desigualdade,
com 33 milhões de pessoas famintas e mais de 100 milhões com alimentação
deficiente; cerca de 13 milhões de analfabetos, 25% da população pobre. Este é
o maior fracasso de nossos 200 anos: a persistência da pobreza, apesar do êxito
na economia que nos colocou entre as dez nações mais ricas.
Desde
1822, tivemos dois imperadores, 38 presidentes, cerca de 10 mil parlamentares,
milhares de intelectuais, mas a pobreza continua, porque não desperta
sentimento político de solidariedade nem entendimento conceitual correto. O
problema está no coração dos políticos que não sofrem por causa da pobreza. A
elite no poder e o pensamento econômico sequestraram a pobreza.
Da mesma
forma que, por 350 anos, a minoria branca e livre não se importou com os
escravos nem entendeu a importância da Abolição, e há 135 anos as classes
privilegiadas aceitam com naturalidade o abandono de brasileiros na pobreza. Se
os abolicionistas pensassem como economistas, a escravidão existiria até hoje.
A escravidão foi abolida ao ser tratada como uma imoralidade social.
A
principal causa da pobreza é a pobreza no entendimento de sua causa. Ela não é
causa por falta de crescimento e de renda na economia, mas por falta de comida,
moradia, água, esgoto, atendimento médico, segurança. Desses itens, apenas
comida e transporte dependem da renda pessoal, o resto exige políticas de
Estado. É preciso perceber que, com a escravidão, ela afeta não apenas os
pobres, mas amarra toda a sociedade.
Depois
de 200 anos, a independência precisa criar o que Joaquim Nabuco chamou, no
século XIX, de “instituto nacional” pela erradicação da escravidão, com
entendimento correto das políticas sociais e com estratégia que assegure a cada
um o que precisa para sair da pobreza.
A
pobreza não é pobre porque falta dinheiro, mas porque falta sentimento político
solidário. A pobreza foi sequestrada pela economia, no lugar de a economia ser instrumento
de estratégia de sua erradicação. E em consequência a economia seria
dinamizada, porque a pobreza é uma das causas do estancamento do progresso
civilizatório, tanto quanto foi a escravidão ao longo de 66 dos 200 anos de
independência.
Os Estados
Unidos colocaram a missão de chegar à Lua antes das comemorações dos 200 anos
de sua independência, o Brasil precisa definir sua missão “segunda abolição”
para as primeiras décadas de nosso terceiro século que se inicia amanhã. Para
tanto, precisa querer politicamente superar a pobreza e entender corretamente
as causas e estratégias para a superação.
Ao
tolerar a permanência da pobreza, nossa independência é pobre: faz pobre
milhões de brasileiros e esbarra no progresso.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e
membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de setembro de
2022, caderno OPINIÃO, página 23).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso
trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo
publicado no site www.domtotal.com,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Cultivar a concórdia
‘Amai-vos
uns aos outros como eu vos amei,’ o princípio do amor cristão está representado
neste mandamento maior de Jesus Cristo, ensinado aos seus discípulos. Assim,
cultivar a concórdia é um compromisso com esse princípio máximo da fé cristã: o
apóstolo Paulo, neste horizonte, faz essa indicação como valor existencial e
civilizatório de grande importância para o desenvolvimento integral da
comunidade. Ao cultivar a concórdia cabem os dissensos, como processos de
avaliação crítica e de juízos, com força construtiva para desenhos de horizonte
largos e novos caminhos. Já na contramão da concórdia, corre-se o risco de
haver barbáries e torna-se impossível a construção de projetos em comum.
Cultivar a concórdia jamais significará, como popularmente se diz, “fazer vista
grossa” para incongruências e prejuízos impostos a valores cristãos.
Os
dissensos construídos como diálogos civilizados têm propriedades para depurar
escolhas e promover os necessários consensos em torno da verdade, com a vida, a
justiça e a paz. Não se pode calar diante de escolhas e silêncios quando se
trata da defesa da vida, em todas as suas etapas, isto é, da concepção ao
declínio com a morte natural. Concórdia nunca será sinônimo de conivência. O
respeito concedido ao outro não negocia as diferenças em termos de princípios e
valores. Ora, neste horizonte, se desenham as escolhas, incluindo políticas,
considerando-se a impossibilidade de se negociar o inegociável.
A
concórdia como valor evangélico primordial, fermento para o diálogo e relações
civilizadas, não relativiza valores. A concórdia como qualidade espiritual e
humana, importante no combate a violências e desrespeitos, não perda sua força
ao assentar-se em princípios inegociáveis. O cultivo da concórdia propicia o
relacionamento civilizado entre diferentes e até opostos, fecundando atos
civilizatórios na contramão de barbáries e absurdos que atingem vidas, atrasam
processos de desenvolvimento integral, acirram as desigualdades. A concórdia,
na propriedade de seu significado, é indispensável no incremento das mudanças
civilizatórias urgentes da contemporaneidade. Nunca jamais deve significar
relativização de posturas éticas. O cultivo da concórdia permite diálogos entre
diferentes, sem conivência de negociações que relativizem valores.
Na mais
genuína tradição mística e espiritual do cristianismo, os cristãos sabem que
não têm aqui cidade permanente, estão a caminho e, pelo caminho, têm a missão
de marcar a sociedade, na qual se inserem e vivenciam a sua cidadania, como
sabor do Evangelho de Jesus Cristo. Por isso, sabe-se não ser o mundo um
paraíso, mas caminho para o Reino de
Deus. A convicção a respeito dos preceitos do Reino não permite relativizações
e negociações espúrias. O bem maior há de valer sempre. E o cristão não foge ao
embate do diálogo e do testemunho. A clareza a respeito das contradições no
interior da sociedade lhe dá a possibilidade da concórdia e da firmeza, que não
deixa espaço para negociações sobre o que é intocável. Um exemplo claro é a
força dos valores evangélicos na contramão da ideologia de gênero, que força a
entrada nos ambientes educativos e nas práticas culturais, ameaçando famílias.
Sem belicosidade, em nome da concórdia que não é conivência ou um pactuar
silencioso e omisso, está o exercício de narrativas que afirma as convicções
cristãs, engaja-se em defesa dos princípios e. firmemente, faz escolhas de
ordenamentos, de nomes na política e de práticas que perpetuem o compromisso
com estes mesmos valores.
Cultivar
a concórdia é uma urgência num tempo de violências diversificadas e
aterrorizantes, como exercício civilizatório indispensável para não se fazer
inóspita e beligerante a convivência, aumentando medos e pânicos, impulsionados
por agressividades e juízos míopes de situações humanas. Reafirma-se que a
concórdia, como bem evangélico e das civilizações, só se alicerça na fidelidade
e vivência de um conjunto intocável de valores e princípios que precisam ser
ensinados e praticados, narrados e testemunhados como aposta em um tecido
cultural consistente e no pluralismo contemporâneo. Antes de se esvair no
desatino de opiniões e subjetivismos, urgente é projetar no horizonte do
cotidiano humano a reafirmação de princípios que fecundam e geram a força da
concórdia.
A
concórdia, para além de simples irenismo, é o caminho para a paz, construída na
verdade, sem permitir que alguém dela se esquive, fugindo de diálogos
esclarecedores. É preciso colocar sobre a mesa opções a serem confrontadas,
cotidianamente, sobretudo em se tratando da representatividade popular. É hora
de investir na concórdia como sinônimo da verdade e da paz, como ordem a ser
respeitada e como compromisso com a justiça a ser promovida. Vale cultivar a
concórdia como valor evangélico para fecundar o novo humanismo, esperado e
urgido neste tempo.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
61
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2022)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído
com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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